O vestido longo deslizava por meu corpo. Eu ia me casar, mesmo que obrigada.

Minha vida nunca foi uma das melhores, para ser sincera. Minha mãe sempre foi boa comigo, mas meu padrasto já é outra história. E descobrir que Ronald havia me traído com minha amiga, Lilá, foi o cúmulo. Aquilo havia me deixado tão triste que eu acabei me isolando de todos.

Mas claro, meu padrasto cruel tinha que piorar mais ainda as coisas. Estamos em tempos modernos, mas ainda sim sou obrigada a me casar com Draco Malfoy, o detestável herdeiro de toda aquele rede de empresas. Naturalmente o garoto é muito rico.

Eu também era, há um tempo atrás, mas a empresa de minha família foi falindo e finalmente chegou em um tal ponto em que sou obrigada a me casar com Malfoy.

Chequei-me no espelho e coloquei um sorriso superficial e falso no rosto, mesmo eu estando infeliz. Meu cabelo estava preso numa trança, meu vestido era maravilhoso, meus saltos eram médios, minha maquiagem era perfeita, mas meu interior era um caos.

Suspirei novamente e abri a porta do grande quarto onde eu me escondia, digo, me preparava para a grande hora.

Minha mãe me esperava do lado de fora com um sorriso compreensivo e uma lencinho nas mãos. Ela enxugou os olhos com o lencinho e falou:

- Sinto muito que esteja tendo que fazer isto, querida, sinto mesmo. Mas você sabe como o seu padrasto é irredutível, se ele mete algo na cabeça, essa ideia não sai. - ela deu um sorriso fraco, enxugando os olhos outra vez e tomando os braços, levando-me para onde o carro nos esperava.

Entramos no carro e chegamos rápido demais na igreja. Meu terrível presente estava ali, encarando-me nos olhos daquele que seria meu marido.

Mamãe me entregou meu buquê e correu para dentro da igreja. Meu padrasto pegou meu braço num movimento brusco e então a música típica começou a tocar.

Seguimos até o altar e então meu padrasto entregou-me a Draco, com um sorriso que ia de orelha a orelha. Claro que ele estava feliz, ia sair da miséria.

Sorri falsamente para Draco e para o padre e então o padre começou a falar. Não prestei muita atenção, pois estava refletindo o fato de Ronald estar ali, naquela igreja, de mãos dadas com Lilá.

Não deixei a raiva me atingir e continuei encarando o padre firmemente.

Finalmente o padre perguntou:

- Draco Malfoy, você aceita Hermione Granger como sua esposa?

Malfoy encarou-me com um sorriso largo e falso e prometeu, numa voz triunfante:

- Sim.

- Hermione Granger, você aceita Draco Malfoy como seu esposo?

Um filme de toda a minha vida rodou pela minha cabeça antes de eu prometer, numa voz que não deixava transparecer toda a minha tristeza:

- Sim.

O padre pronunciou algumas palavras e então:

- Pode beijar a noiva.

Draco tomou-me nos braços e demos um beijo. Foi, na verdade, um beijo técnico, pois não tinha amor.

Quando finalmente ele me largou, todos os convidados bateram palmas calorosas.

Dei outro sorriso falso enquanto olhava Malfoy e ele retribuía. Desviei meu olhar e dei de cara com uma cena que me fez ter vontade de chorar e vomitar, tudo ao mesmo tempo.

Ronald e Lilá estavam agarrados, olhando-me com uma mescla de pena e felicidade. Ronald tinha as mãos passadas pela cintura de Lilá num meio abraço, e Lilá descansava a cabeça no peito de Ronald.

Ergui minha cabeça e desviei o olhar daquela cena deplorável, pronta para passar pela chuva de arroz. Quando entramos no carro, Draco suspirou de alívio e falou:

- Ocorreu tudo bem.

Isso era o que ele achava.