Challenges of The Love escrita por Liz Rider, Kiera Collins


Capítulo 49
Gente maluca


Notas iniciais do capítulo

OLÁ!!!!!!1
Demorei mas postei. Não, não abandonamos a fanfic. Somos malucas que conversam durante a aula sobre fanfic, a ponto de uma professora nos odiar. É. Se acalmem, a gente vai terminar essa droga, até porque temos conteúdo suficiente para 10 temporadas q



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/559487/chapter/49

Biologia, última aula antes do intervalo. Os raios de sol que entram pela janela vão direito pro meu rosto, mas eu nem noto. Estou com tanto sono que a única coisa que me incomoda é não estar em casa, deitada na minha cama, de preferência. Desisto de tentar manter os olhos abertos e deito a cabeça na banca, me concentrando no que a professora fala. Mas as duas criaturas ao lado não me ajudam.

Gustavo e Bruno são meio que oposto de mim: enquanto eu luto para continuar acordada, eles não poderiam estar mais agitados. Não param de conversar e a professora já chamou a atenção deles várias vezes.

— Calem a boca, por favor. - Peço, sem levantar a cabeça.

— Oh, olha quem fala. A aluna exemplar. - Bruno revira os olhos e cutuca o seu fiel escudeiro.

— Merida dormiu a aula toda e acha que pode reclamar de algo. - Gustavo balança a cabeça em reprovação. Os dois bobos riem juntos e eu faço cara feia.

— Vocês vão sair de sala e eu vou ficar rindo, rindo bastante.

— Grupinho aí perto da janela! - A sra. Roberts fala e eu levanto a cabeça imediatamente. - Querem compartilhar a piada?

— Não, obrigado. - Bruno responde, segurando o riso.

A sra. Roberts nos lança um último olhar mortífero e retoma a aula, escrevendo algo no quadro branco. Ela está revisando assuntos do ano passado, no momento são os sais minerais e o que a falta deles causa.

Zach, que eu mal tinha notado a presença, levanta a mão. - Tem cura pro cara que é viado?

O grupinho perto da janela olha para Zach imediatamente.

Bruno abre a boca e faz menção de se levantar. Ele desiste e fecha os olhos, respirando fundo. Por fim, levanta a mão. - E isso é doença, pra precisar de cura?

— Não sei. É? - Zach pergunta. Estreito os olhos para ele, um garoto alto com cara de confuso. Ele está falando sério ou só quer ofender alguém? Eu, sinceramente, não sei.

— Claro que não! - Respondo. Bruno bate a mão contra a testa.

— Doença é ser burro desse jeito, socorro. - Bruno levanta e se dirige a professora, apontando para Zach. - Faltam sais minerais pra ele! Qual o sal mineral que previne burrice?

— Por que se revoltou? Por acaso é viadinho? - Zach ri. Pobre garoto.

— Opa. Sou. Por quê? Está interessado? - Bruno sorri ironicamente.

A sala se torna um campo de guerra. Zach pula as duas fileiras de cadeiras que nos separa e fica de frente para Bruno. Oh-oh, parece que alguém teve sua masculinidade ferida.

Eu e Gustavo assistimos a tudo sentados em nossas cadeiras, gritando palavras de apoio a Bruno, como "arrasa". Até que Zach o empurrou.

— Ei, cara! Você tá maluco? - Gustavo se levanta e empurra Zach.

Os dois começam a se encarar e falar como dois lutadores antes de uma briga. Puta que pariu. Nesse momento, percebo que a professora não está na sala.

A porta é aberta e ela entra, trazendo a diretora. Sra. Tooth tem uma autoridade natural e os alunos se calam ao perceber sua presença. Ela põe as mãos na cintura e mantém o olhar calmo. - Gustavo, Bruno e Zach. Na minha sala, os três.

— Quando ela me chamou, eu pensei "mulher, você está louca, eu só estava me defendendo", mas lá na sala dela, a Tooth foi um amor! Ai, eu amo ela. - Bruno explica enquanto nós descemos as escadas em direção ao refeitório. 

— Por quê?

— Ah, ela fez um discurso sobre aceitar as diferenças e ter respeito. Ela vai ter mais conversas com o Zach. - Gustavo fala, fazendo esforço para abrir um pacote de cookies de chocolate. Sentamos numa mesa e eu me ofereço para abrir o pacote. Ele recusa a ajuda e, depois de tentar um pouquinho mais, abre o lanche e pergunta se eu quero.

Primeiro eu faço a educada, mas é difícil resistir a cookies de chocolate. Pego três, quase esvaziando tudo. Gustavo me olha com cara feia. - Ué. Foi você que ofereceu. - Dou uma mordida no cookie. - Mas sabe? Acho que Zach não fez por mal. Ele não é homofóbico, só burro e mal informado.

— Eu sei. A Tooth nem pediu, mas ele pediu desculpas pra mim. Foi fofinho. - Bruno responde, rindo. 

— "Foi fofinho"? - Franzo o cenho. - Bruno, Bruno...

— O que foi? - Ele põe a mão no peito. - Olha, você não pense besteira. Foi fofo, mas até se fosse uma garota eu ia achar fofo, ok?

— Ok. - Sorrio. Devolvo um cookie para Gustavo e me despeço dele.

Antes de ir me sentar junto com as meninas, vou comprar meu próprio lanche. Eu nem estava com fome, mas o cheiro de fritura me fez mudar de ideia. Vou até a mesa de Astrid e Elly equilibrando um copo de refrigerante e um potinho de plástico com batatas fritas, cheio até demais. Elsa está com Anna e as amigas de Anna, de acordo com elas.

Gustavo e Bruno passam pela nossa mesa, rindo. Acho fofa a amizade deles. Hoje quando Gustavo foi defender o Bruno, por exemplo. Eles são fofos. E estão tão juntos ultimamente.

Ok, eles são amigos desde que chegaram ao colégio. Bruno era novato e eu conversava com ele durante os treinos, mas depois Gustavo chegou. Carismático, ele fez amizade com todos da equipe rapidinho, muito mais rápido que eu quando cheguei na Olympic, um ano atrás. Eu o apresentei a eles e logo ele já os conhecia melhor que os veteranos. E então ele fez amizade com o Bruno, eu e ele viramos os melhores amigos de Gustavo.

Mas agora, eles estavam junto demais. Me deixando um pouquinho de fora. É, talvez eu esteja com um pouquinho de ciúme.

Hans passa e rouba uma batata frita, me tirando de meus pensamentos. 

— Ei! - Exclamo, assustada com a aproximação repentina e o braço que leva as batatinhas na velocidade da luz. - Elas são minhas!

Ele leva a minha pobre batatinha raptada até a boca e dá um sorrisinho, sem parar de andar. Andando de costas e roubando a minha comida, espero que tropece, caia e morra.

Elly e Astrid me olham, esperando uma explicação.

— O que foi? - Dei de ombros e suguei o refrigerante pelo canudinho.

— Vocês estão tipo, de boas? - Astrid pergunta, me olhando confusa.

Elly cutuca a amiga com o braço, rindo. - Você não ouviu o que ele disse ontem? O pedido de desculpas que ele fez pra todos ouvirem? É claro que eles estão de boas. - Ela apoiou a cabeça com as mãos, com um ar meio apaixonado. Franzo o cenho.

Na verdade, eu estava um pouco arrependida de ter aceitado as desculpas e, principalmente, ter beijado Hans. Quando cheguei em casa, pensei no que ele tinha feito. Não foi nada leve, bobo. Eu não deveria ter sido tão boazinha. Hans merecia algo pior, ele deveria ter uma lição.

Talvez eu devesse dar um gelo nele, ser fria. Mas quem disse que eu consigo?

— Ah, calma aí. Nós não voltamos. Eu só admiti... Que não odiava mais ele. - Explico.

— E? O que isso muda? - Elly pergunta.

— Tudo? Existe uma diferença enorme entre não odiar e gostar de uma pessoa. No momento, eu só não o odeio.

Elas fazem mais perguntas, mas eu enfio batatas fritas na boca, usando como desculpa para não falar. Estou cansada de falar sobre meninos, de ter problemas com meninos, de falar sobre problemas com meninos.

Que droga. Minha vida não gira em torno disso.

— E as novidades? - Forço um sorriso e tento mudar de assunto.

Elly e Astrid riem baixinho, elas sabem de algo que eu não sei.

— Ué. O que foi? - Desencosto da cadeira e me aproximo delas, rindo também.

— O Soluço e a Astrid! - Elly exclama, talvez um pouco alto de mais. Ela bate palminhas, não podendo conter sua animação.

— Ah. - Suspiro e cruzo os braços. Lá vamos nós falarmos de meninos, de novo. Aff.

Saio do vestiário e caminho pelo corredor, Gustavo me espera encostado num armário.

— Hm, cadê o seu companheiro? - Pergunto e dou um soquinho no ombro dele. Ele não entende de primeira sobre quem eu estou falando, mas quando entende, dá um sorrisinho e balança a cabeça.

— Ele ainda está no vestiário. - Gustavo responde.

5 minutos depois ele vem caminhando com uma cara de sono, carregando a mochila com dificuldade.

— Eu realmente não estou com vontade de treinar. Estou com muito sono, sem vontade pra fazer qualquer coisa, ainda mais se essa coisa envolve movimentos corporais. - Bruno diz quando se junta ao grupinho.

— Mas você nunca está com vontade de treinar. Você está sempre com sono, Bruno.

— É verdade. - Sorrio. O loiro dá um longo suspiro e bate o pé no chão. 

— Mas hoje eu estou com muito sono! - Ele se arrasta e se apoia no armário. Gustavo e eu ficamos parados, esperando Bruno parar de ser dramático. Ele suspira de novo e olha para nós dois. - Vamos matar aula?

Franzo o cenho. 

— Só hoje, por favor. - Bruno continua. - Enquanto todos estão indo para as áreas de treinamento, o portão de trás fica meio vazio. Nós saímos por lá e ninguém nem vai perceber.

Cruzo os braços e encaro Gustavo. Ele dá de ombros. - Tanto faz pra mim. - E os dois garotos ficam esperando a minha resposta.

— Não sei se vocês perceberam, mas eu só pago de durona. Nunca matei aula. - Mantenho os braços cruzados. Bruno arregala os olhos.

— Olha, e eu que pensava que você era uma bad girl. - Ele zomba. - Mas essa não é a questão.  Então, garota bela, recatada e do lar? Vai ir com a gente ou vai ficar? Você sabe, sempre há uma primeira vez pra tudo.

Reviro os olhos. Abaixo o corpo e fico de joelhos, tiro a mochila das costas e coloco no chão. Pego o meu moletom verde e visto, colocando o capuz. - Pronto, vamos. 

Bruno comemora e Gustavo dá uma risadinha. Balanço a cabeça e sorrio. - Vocês são uns otários.

— Ah, ninguém te obrigou a nada. - Gustavo ri. - Só uma pressão psicológica de levinho.

— Ah, relaxa, eu já fiz isso. - Bruno explica e faz um sinal com as mãos pra nós o seguirmos.

O portão de trás que ele falou era uma outra saída da escola, ficava perto do refeitório. Nós só seguimos o nosso caminho normal, como se fossemos para a área de arco e flecha. Normalmente eu via um funcionário da Olympic lá, mas na hora estava realmente vazio, como o nosso bad boy havia dito. Me perguntei como ele sabia disso.

O portão dava numa saída duas ruas antes da entrada principal da Olympic, pertinho de um ponto de ônibus.

— E agora? Vamos pra onde? - Pergunto.

— Gustavo, você não disse que estava com vontade de comer um hambúrguer? - Bruno olha para o amigo.

— É, mas foi antes do intervalo. - Ele franze o cenho.

— Tanto faz... Quero ir ao shopping. Lá tem hambúrgueres. - Bruno diz, enquanto sentava no banco do ponto. O céu está nublado, mas vou me sentar na sombra junto com ele. Por último, Gustavo nos segue.

— Então é isso? Shopping? - Pergunto, enquanto pego dinheiro na mochila. 

— Se alguém tiver algo contra...

— De novo, pra mim tanto faz. - Gustavo dá de ombros. Já é a segunda vez que ele faz esse gesto. Sugaram a energia dele? Que desânimo.

Ficamos conversando até nosso ônibus chegar, o que não demora muito. 

Demoramos cerca de 10 minutos para chegar ao destino, o suficiente para me deixar com fome. Paro num quiosque de sorvete do Mc Donald's, Gustavo me faz companhia e Bruno entra numa loja que vende todos os tipos de acessórios.  Compro uma casquinha de chocolate e me ofereço para comprar uma para ele, mas Gustavo está afim de um hambúrguer. Esperamos Bruno na frente da loja, que vem pulando e feliz com uma pequena sacola de papel preta.

— Olha. - Ele me entrega o pacote. Abro e fico surpresa com o que tem dentro, um esmalte preto.

— Ah, obrigada. Mas as minhas unhas são patéticas. - Digo, observando o estado delas. A maioria está roída e suja, uma vergonha.

— E quem disse que é pra você? - Bruno me encara com uma expressão confusa. - É pra mim.

Franzo o cenho. - Mas você me entregou.

— Era só pra olhar! - Ele ri. - Desde que eu vi o Troye Sivan, fiquei com essa ideia fixa de pintar as unhas.

— O vocalista do The 1975 também usa esmalte preto. - Gustavo entra na conversa.

— Quem? - Bruno pergunta. - Ah, tanto faz. O que importa é que as moças me venderam sem nenhum problema, sem nenhum olhar estranho! Vai sociedade! - Ele levanta os braços e comemora.

— Mas elas podem ter pensado que era um presente. - Gustavo põe as mãos nos bolsos e faz o questionamento. 

Bruno pensa por um minuto e por fim dá um soco no ombro do amigo. - Não estraga o momento, seu merda. - Ele faz bico e cruza os braços. - Mas agora eu fiquei curioso. Vou tirar essa história a limpo!

Bruno segura a mão de Gustavo e o arrasta de volta pra loja. Eu os acompanho com o olhar, de longe. Vejo quando um magrelo loiro pergunta algo para a atendente, quando ela responde e quando o magrelo aponta para a cara de seu amigo emo gigante e grita "Wow!".

Balanço a cabeça.

É incrível. Eu só ando com gente maluca.

Espero os dois saírem da loja. Gustavo está vermelho. - Todo mundo nos encarou. Eu te odeio tanto, Bruno. - Ele ri. Caminho em direção até a praça de alimentação, levando eles comigo, porque se não tiver uma pessoa guiando os dois, eles se perdem, entram nas lojas, fazem bagunça. Podem explodir o shopping. Por segurança, fico no meio de Bruno e Gustavo e seguro no braço dos dois, quase como uma mãe. Mas sou uma mãe menor que os filhos.

Vamos ao Burguer King. Procuro uma mesa próxima à lanchonete na praça de alimentação, enquanto os meninos entram na fila. O lanche sai bem rápido, como sempre.

— Chegamos com nosso veneno. - Gustavo anuncia. É realmente um veneno, mas porra, que veneno bom. Rio e pego uma batatinha frita. Bruno vem logo atrás, equilibrando uma bandeja com dois refrigerantes e um sanduíche. Ele deixa a bandeja na mesa e faz menção de se sentar, mas volta para a lanchonete.

Olho pra Gustavo e ele dá de ombros, como quem diz “ele é apenas maluco. Ignora”. Um minuto depois, Bruno volta com duas das coroas típicas do Burguer King. - Quase ia me esquecendo. - Ele coroa Gustavo e a si mesmo.

— E a minha? - Finjo estar ofendida.

— Você está comendo? Não.  Então cale-se, súdita. - Gustavo diz, pega um canudo para usar como cetro e bate na minha cabeça. Eu olho pra ele como se ele estivesse louco e ele ri. Depois dá uma mordida gigante no sanduíche. Bruno olha e tenta dar uma mordida maior. Gustavo tenta superá-lo, e assim começa uma competição pra ver quem come do jeito mais feio quem tem a maior mordida. Observo os dois aos risos, me sentindo levemente excluída.

— Vocês tem sorte por eu não estar participando. - Cruzo os braços.

Gustavo termina o sanduíche e lambe os dedos, não percebendo que está todo sujo.

— Tem molho na sua bochecha. - Bruno lambe o próprio polegar e tenta limpá-lo. Gustavo arregala os olhos e bate na mão do amigo.

— Eca, porra! Tem guardanapo na mesa! - Ele grita. Dou uma gargalhada e passo um guardanapo pra Bruno. Ele lambe o guardanapo e faz a mesma coisa que fez com o polegar.

Gustavo olha para ele com cara de tédio. Bruno sorri em resposta. - Calma que você fica limpinho.

— Eu vou lavar o rosto.

— É engraçado. Ele fica bravo por qualquer coisa. - Bruno ri, depois que Gustavo se levanta e se afasta da mesa, enquanto rouba umas batatas dele. Observe ele de longe, entrando no banheiro.

Dou um sorrisinho para Bruno e também roubo batatas. - Pode ter certeza que ele não ficou bravo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Essa cena do começo do capítulo, a pergunta do Zach na aula de biologia. Foi baseada em fatos reais. Pois é. Um menino da minha sala fez essa pergunta na aula de biologia. Pois é. Sabe o que é pior? Que ele realmente fez uma pergunta séria, ele tinha essa dúvida. Pois é.
...
Então, digam o que acharam. Eu achei esse capítulo foi curtinho, mas eu também achei que não podia demorar mais pra postar. Revisei rapidão, me avisem se encontrarem qualquer erro.
Beijinhos da (sumida) tia Ki :*

P.S.: está liberado xingar as autoras pela demora. aheuhaue



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Challenges of The Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.