Challenges of The Love escrita por Liz Rider, Kiera Collins


Capítulo 30
Sumida


Notas iniciais do capítulo

Então, coração apertado pela Elsa e pelo Jack? E feliz pela Merida e o Hans? Imagino - Ginger, você é um caso à parte, não me culpe pelo forninho ser pesado.
Vamos ver...



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P.O.V Elsa

Naquela noite, fui para casa de Elly. Ainda estava meio desnorteada, principalmente por uma pequena parte de mim gritar que não havia motivo para aquela tenda toda, enquanto outra – uma outra bem vulgar, para completar –, bem maior e mais... expressiva berrasse mil vezes mais alto que ele não devia olhar para uma qualquer, não na minha frente. Para falar a verdade, nem pelas minhas costas, mas definitivamente não na minha frente.

Quando eu o vi olhando para ela, não sei... senti algo tão ruim dentro de mim, é como se dentro de mim algo acabasse de ser estilhaçado violentamente, jogado no chão, pisoteado e depois os cacos foram postos numa pazinha e devolvidos para dentro de mim.

Na hora, a emoção que me dominou foi a mágoa, a insegurança, a tristeza. Eu não acreditava que ele havia feito aquilo comigo, ele não tinha o direito... peguei aquela garrafa sem pensar, mas minha intenção era acertá-lo com o máximo de força e, no mínimo, quebrar seu nariz. Porém, nenhuma dor física que eu pudesse lhe afligir chegaria perto da que ele acabara de me proporcionar.

Mas poucos segundos depois a mágoa e dor fora, substituídas por raiva. Muita raiva. Porém, eu já estava longe. Meus pés haviam me levado sem meu consentimento para longe dele, mas talvez tenha sido o melhor.

Fui para o banheiro. Percebi que chorava um pouco. A voz dizendo que eu havia exagerado – e que ainda exagerava – tinha aparecido para aumentar ainda mais minha angustia. Mas a voz que culpava Jack, também havia erguido seu forte, pego suas armas, juntado seus guerreiros e ido para a batalha.

Olhei para meu reflexo no espelho. Uma pequena e solitária lágrima escorria lentamente pela minha bochecha direita. Aquela pequenina era uma prova que talvez eu e Jack não estivéssemos realmente destinados um ao outro, como eu havia insistido tanto em pensar. Talvez só fôssemos mais um casal de namorados fadados a terminar alguns meses depois de começar o namoro. Ou talvez só estivéssemos passando pelos embate amoroso que todos os relacionamentos realmente bons passavam. Aquela pequena lágrima era uma perfeita mistura de amor, mágoa e ódio.

Limpei-a antes que caísse no chão. Olhei para ela em meu dedo e a sacudi de minha mão.

Saí do banheiro e fui procurar as meninas, mas elas não pareciam estar em lugar nenhum. Depois de, talvez uma hora, desisti e liguei para Elly. Não queria continuar ali e correr o risco de ver Jack. Não queria vê-lo naquele momento e talvez, nunca mais.

Perguntei a ela se eu poderia dormir na casa dela naquela noite, já que ela disse que poderíamos fazer algo do tipo qualquer dia desses, e ela, super contentíssima, aceitou.

Tomei um táxi e fui para casa, onde me troquei e peguei duas ou três mudas de roupa.

Assim que saí de casa com as roupas, Merida me ligou, parecendo meio desesperada, perguntando onde eu estava e por quê eu havia desaparecido. Como assim, desaparecido?

Foi o que lhe perguntei.

– O Pessoal disse que você sumiu. – ela explica.

– Que pessoal? – pergunto.

– Sua irmã, cunhado, prima, namorado da prima e namorado.

Ouve uma pequena pausa. Será que ela já sabia? Será que eu realmente deveria reconsiderar meu estado civil? "Foi só uma olhada", dizia a Elsa Team Jack incondicional; "Uma olhada que estilhaçou seu coração.", replicava a não tão Team Jack.

Parecia besteira, mas lembro-me que minha mãe dizia: "São nas pequenas coisas que medimos o caráter das pessoas, filha." E minha mãe sempre estava certa, duvido que seria nisso que ela erraria pela primeira vez. Aquilo fora só uma olhadela – "Uma grande secada.", contradisse minha parte raivosa. –, mas eu estava ao seu lado, observando tudo, então o que ele não faria quando eu não estivesse lá com ele..?

Mas não queria pensar nisso.

– Okay. – lhe respondi. – Vou ligar para eles. Não precisa se preocupar. Beijos, Meri.

– Meri? – ela pergunta.

– Apelido de Merida. – há uma pausa. – Você não gostou?

– Na verdade, é legal. Bem melhor que ruivinha.

– Me engana que eu gosto! Como se ninguém soubesse que você é caidinha pelo Hans.

– Não sou nada.

– Rum... a mim você pode até pensar que engana, mas e a si mesma?

Posso até vê-la do outro lado da linha fazendo careta.

– And now I'm fallin' for ya! Fallin' for ya! Can't hold on any longer! And I'm now fallin' for ya. – canto uma música de um filme que Anna, no auge dos seus 13 anos me fez assistir com ela. Não era tão ruim assim, era um musical e eu passei de uma semana cantarolando as músicas do filme, tipo essa, Fallin' for ya.

Que em uma tradução literal seria: E agora estou apaixonada por você! Apaixonada por você! Não consigo segurar por mais tempo! E agora estou caidinha por você. Ou algo do tipo. Mas já dá para entender do que se trata.

– Elsa... – diz Merida num tom ameaçador e eu dou risada.

– Tá bom! Tchau! – desligo antes que ela fale mais alguma coisa.

Esperei um tempo antes de ligar para Rapunzel.

– Elsa? – ela atende no primeiro toque e sua voz parece um pouco desesperada.

– Oi, Zel... – ela me interrompe.

– Você tá louca, é, menina? Sumir desse jeito? Quer que a gente pire? Sua irmã já estava falando até em ligar para a polícia! Flynn estav...

Interrompo-a, se deixar, reclamará para sempre.

– Relaxa, Zel, tô falando com você agora, não estou? – não espero ela responder e ouço um grito de fundo.

É a Elsa? – é a voz de minha irmã.

Sim. – ouço Flynn responder-lhe.

Põe no viva voz. – é Jack que sugere.

Não ponha no viva voz. – digo, cortante.

– Nossa! Por que tanta raiva?

– Rapunzel, você sabe o porquê.

– É verdade, eu sei. – ela diz e posso ouvir o sorriso em sua voz. – Mas, poxa, Elsa, como foi isso? Jack não me explicou bem, mas você parece ter ficado bastante chateada para agir tão impulsivamente.

– Vocês acham que sou uma bonequinha perfeita, que tenho que cumprir sempre com todas as expectativas, mas, notícia urgente! Não é o caso. Eu erro. Posso ser impulsiva. Posso ser malvada. Posso ser fria. Descontrolada. Rebelde. Entendam! – quase berro para o outro lado da linha.

– Okay, fofa. Não sou surda e nem pretendo ficar, então, por favor, pare de gritar, sim?

Olho para o motorista do táxi, que, percebo, me encara como se eu fosse uma louca desvairada pelo espelho retrovisor, mas assim que nossos olhares se encontram, ele se volta novamente para a frente, parecendo constrangida. Tento me acalmar.

– Tá legal, desculpa. Estou um pouco fora de mim.

– Percebi.

Reviro os olhos.

– Mas, então, Elsa, o que você vai fazer?

– Vou para a casa de Elly?

– Mas por que? Você está com raiva do Jack, não da gente.

– Queria mudar o ambiente, Rapunzel.

– Não vou dizer que entendo, mas não vou condená-la.

– Acho bom.

Depois disso ela marcou de ela, Anna e Flynn darem uma passadinha na casa de Elly para me verem. A fiz jurar que Jack não iria. Ela jurou e assim o fez.

A noite na casa de Elly fora normal. Ela é filha de pais separados e vive com a mãe, uma mulher super simpática e atenciosa, amei ela e prometei voltar lá sempre que desse.

No sábado ao anoitecer, voltei para casa e fiquei feliz ao perceber que tia Silvia não estava desesperada me procurando ou achando que eu tinha dormido na casa de Jack – o que eu achava que aconteceria em breve. Sim, eu ia me desculpar com Jack sobre todo aquele carnaval no shopping, garotos tinham o direito de dar uma olhadinha ou outra às vezes, o que não podiam era deixar de comer com os olhos e comer em outros sentidos. Palavras da mãe de Elly, não minhas.

Mas na hoje tudo mudou. Acabara de chegar no colégio, já estava indo procurar Jack quando o encontrei. Meus livros caíram no chão. Não sei se fizeram barulho, eu não ouvia nada. Olhava para a cena como se fosse um flashback indesejado, mas ao contrário do anterior, esse não poderia ser contestado.

Jack e Vanessa. Novamente. Ele a segura nos braços com o que parece ser muita ternura e lhe beija os lábios com uma fúria apaixonada. Não. Não. Não. Não, de novo não. Sinto o mundo desabar debaixo de meus pés.

Mas não posso deixar isso assim. Por isso, por mais que me doa, caminho até eles e toco no ombro de Jack. Assim que ele se vira – ele parece muito afobado e surpreso, seus cabelos tão belamente desgrenhados pelas mãos da vadia que ele acabara de largar e que havia caído de bunda no chão. “Bem feito.”, não pude deixar de pensar –, dou um belo de um tapa em sua bochecha que, em poucos segundos, já fica uma enorme marca vermelha em sua pele tão branca.

– Nunca mais olhe para mim, Jack Frost. Nunca mais fale comigo. Nunca mais sequer pense em mim. – ele se aproxima, ainda parece chocado demais, seus olhos parecem vazios, como se não me visse realmente ali. – NÃO ME TOQUE! – grito alto o bastante para que toda a escola ouça. – Não chegue perto de mim, Jackson. – falo num tom baixo, cortante e mortal, espero eu, quero que ele sinta medo de mim, que não me procure mais. – Não me procure mais. Não me mande e-mails, SMSs, mensagens no WhatsApp ou Facebook. – Afasto-me rapidamente deles, antes que as lágrimas fluam por meus olhos como se ele fosse uma nascente de rio.

Não acredito. Não acredito. Não acredito. Ele não fez isso. Ele não fez isso. Sim, ele fez isso. Meu coração dói e se recusa a acreditar no que acabei de ver.

– Elsa. – meu nome sai como um suspiro esganiçado.

Sinto sua mão – mais gelada do que nunca – tocar a minha, me puxar. E eu me viro. Dou um passo à frente e ele recua, dou outro e ele anda mais dois para trás, dou três passos e ele recua dois, até tenta recuar uma terceira vez, mas suas costas batem no armário.

– Não, Jack Frost. – Aproximo-me tanto dele que meu nariz toco o seu de leve, posso até sentir sua respiração tão gelada que parece quente quando falo. Tão próximos que poderíamos nos beijar, mas não vamos. Nunca mais. – Acho que você não entendeu. Você não existe mais. Eu e você? Puff. Nunca existiu. Você é e será sempre só mais um cara idiota que perambula pelos corredores da Olympic, sempre tão vazio quanto o vácuo. Um idiota. – Repito, tanto para ele quanto para mim. – Você morreu para mim, Frost. Está morto.

E me afasto. Não sem antes anunciar alto, muito alto, para todos os curiosos ouvirem.

– Você, Jackson Overland Frost, está morto para mim. – digo sem me virar.

E quando ouço meu nome ser chamado mais uma vez, viro-me, prometendo a mim mesma que seria a última vez que olharia para ele e tento memorizar todos seus traços, mas Jack não está em seu melhor estado, na verdade, parece bastante miserável e uma parte de mim, uma parte cada vez maior, adora isso.

– Aproveite sua vadiazinha, Frost.

Não preciso dizer o que acontece em sequência. Bem, na verdade preciso. Eu não fui chorar no banheiro como eu achei que iria. Eu também não chorei nos intervalos ou nas diversas aulas que dividia com ele. Não chorei quando perguntaram o que tinha acontecido entre a gente. Simplesmente não chorei. Até que cheguei em casa. Anna havia mantido uma distância respeitosa de mim o dia todo, após saber das “boas novas” e eu a agradecia por isso. Quando cheguei em casa, fui direto para o banheiro, só me livrei da bolsa e dos sapatos. Entrei no chuveiro de roupa e tudo e o liguei. E só então chorei. Chorei como se não houvesse amanhã.

Minha semana foi simplesmente uma bosta. Uma grande e fedida bosta. Certo que ainda tinha o aniversário de Merida, mas isso não importava. O Rapaz que Não Deve ser nomeado Jack Frost tentou chamar minha atenção diversas vezes como na aula de artes:

– Ei, Elsa.

– O que é? – não olhei para ele. Minha promessa ainda valia.

– Você tem uma caneta?

– Tenho.

– Me empresta?

Estranho. Ele sempre tinha canetas. Olhei em sua direção – mas não para ele – e vi que em sua mesa havia pelo menos duas canetas. Voltei-me novamente para a frente.

– Não.

– Mas...

– Dá para parar de encher o saco dela? Você já não percebeu que ela não quer mais nada com você? Então deixe de ser um merda e se coloque no seu lugar. – Astrid estourou.

O professor voltou-se para ela, lançou-lhe um olhar de censura irritado, mas não falou nada. Virou-se de novo para o quadro e voltou a escrever mais alguma coisa sobre Monet, eu acho. Não sem antes me lançar um olhar de pena.

Até os professores estavam sabendo.

E aquilo foi a gota d'água.


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Notas finais do capítulo

Desculpa aí, tá gente? Sei que tá difícil, eu nem ia por isso. Ia deixar a Elsa e o Jack nos arco-íris e unicórnios novamente, mas tive que fazê-lo.
Só eu que tô achando isso muito suspeito? Que tô achando um Jack um tremendo idiota? Imagino que não.
Beijinhos,
Drama Queen se vai.



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