P.O.V Jack Frost

−Jack! Jack! −abro a porta e saio para encontrar minha irmã.

–Oi, Pippa. –sorrio para ela e me agacho ao seu lado. –Poderia me dizer o porquê de tanta felicidade?

Minha irmãzinha abre um grande sorriso e diz:

–Eu ganhei o papel principal na peça de ballet da escola. Vou entrar na Olympic quando tiver sua idade! –ela diz, toda alegre e tenho pena de lhe dizer que na Olympic bailarinos não são aceitos, não sei realmente o motivo, acho que é porque ballet não é considerado um esporte ou algo assim.

–Que legal, Pippa! –bagunço seu cabelo e levanto-me. –Vamos comemorar? –pergunto para mamãe.

–Sim, vamos para uma pizzaria que inaugurou há algumas semanas. Vá logo se arrumar. Tem 1 hora.

“Como se eu demorasse tanto tempo para me arrumar...”, penso.

Uma hora e meia depois, eu e meu pai, Kevin Frost, estamos sentados no sofá esperando mamãe e Pippa descerem. Pippa finalmente desce. Ela está vestindo jeans, uma blusa cor de rosa e um casaco cinza. Eu mesmo vestia um jeans, sapatos confortáveis e uma blusa verde de manga e gola em v. Mamãe desce alguns minutos depois, ela usa um vestido azul e está incrivelmente linda, meu pai está boquiaberto e eu assobio. Mamãe cora e depois diz:

–O que é isso, meninos? –ela tenta parecer brava, mas ela está é constrangida.

–Você está linda, Karen. –meu pai fala.

–É, mamãe. –diz Pippa.

–Pois é, mãe. –digo e sorrio para ela, ela cora novamente e vamos para o carro.

A pizzaria é muito bonita, é aconchegante. Sentamos numa mesa perto da janela e eu fico observando as pessoas que passam na rua. Até que quatro pessoas, três garotas e um cara passam, mas duas delas parecem familiares demais. A morena olha para cá e a reconheço, a namorada de Kristoff, irmã de Elsa, Anna, as duas outras loiras devem ser Elsa e mais alguém. Elas estão agarradas a um cara, ele é grande, alto, meio musculoso, cabelo desarrumado, o tipo que faz as garotas pirarem. Como eu sei? Eu também sou desse tipo de cara, e as garotas definitivamente piram por mim, sem querer me gabar.

“Menos uma.”, meu subconsciente cutuca.

Eles entram no restaurante e eu me escondo atrás de um cardápio, fingindo lê-lo.

–O que vai querer, querido? –minha mãe pergunta.

–An? –do que eles estão falando?

–Sua pizza, vai querer de quê? –Pippa explica.

–Ah... pode ser uma calabresa.

–Uma mussarela e outra meio frango com catupiri, meio mussarela. –fala meu pai para o garçom, que anota tudo em seu bloquinho de notas e sai.

–Então, filho, alguma novidade na escola? –minha mãe pergunta.

–Não, mãe. –respondo, observando Elsa.

Pippa segue meu olhar e olha para Elsa.

–É aquela, Jack? Aquela garota que você falou? –ela pergunta-me em um cochicho para mim.

–Shhh, Pippa. É sim. –respondo-lhe, também sussurrando.

Ela faz um som animado que chama a atenção de minha mãe, que se vira para olhar o que estávamos observando.

–O que foi, meninos, quem é aquela? –Elsa se vira e seu rosto fica de perfil. –Ei! Eu já vi ela em seu colégio, Jack! É sua amiga? Por que não nos apresenta a ela? Parece que eles estão com dificuldades em achar uma mesa, por que não os convida para sentarem-se aqui?

–Mãe, por favor...

–Você gosta dela, Jack? É uma garota bonita. –meu pai me corta.

“Ótimo, pai. Agora diga-me algo que eu já não tenha percebido.”

–Ela parece bem menos atirada do que aquela sua ex namorada, Jack. Ela é bonita, parece ser educada e gentil. –mamãe diz.

–Mamãe, não fale assim de Vanessa. Ela é legal.

–Não, filho, aquela garota não prestava, tenho certeza que ela deveria estar te traindo.

–MÃE! –digo.

–Papai, mamãe. Parem com isso, o Jack gosta da Elsa, mas não precisa ficar falando mal da outra namorada dele. –diz Pippa, cheia de sabedoria.

–Pippa!

Olho para Elsa. O garotão que estava com ela fala algo em seu ouvido e depois ela o abraça forte. Será que ele é namorado dela? Claro que ele parece ser uns 3 ou 4 anos mais velho, mas pode ser que Elsa goste de garotos mais velhos...

–Eu não gosto dela. –minto. –Olhem. –indico com a cabeça a cena que acontece ao lado.

–Oh. –minha mãe e meu pai dizem.

–“Oh” mesmo. –falo e fecho a cara, quando Elsa e seus amigos(irmã, amiga e possível namorado) arranjam uma mesa.

–Que besteira, Jack. Todo mundo sabe que você gosta dela, pelo menos eu sei. E ele pode ser só amigo dela. Você não abraça seus amigos? E suas amigas? –Pippa, sempre muito inocente, esperta e doce, diz.

–Realmente, Jack. –mamãe fala.

–Arrg. –levanto-me e vou ao banheiro.

Olho-me no espelho por alguns segundo e bufo. “Tantos lugares para essa menina ir, e ela escolhe logo o que eu e minha família vamos?”.

Bufo e caminho para sair do banheiro, mas nesse exato momento o Garotão da Elsa aparece. Não deve ser necessário dizer que lhe lancei um olhar de profundo ódio, que ele, sem dúvidas, ignorou.

–Mané. –resmungo.

Ele se vira para mim e diz:

–Desculpe, cara?

Olho-o uma vez e depois saio, como se nada tivesse acontecido.

“Nada como uma garota para pirar sua cabeça”, lembro-me que Zach uma vez nos disse quando sua ex namorada, aparentemente neurótica e naquele tempo atual, o pegou com uma líder de torcida no banheiro feminino.

Claro que ele é o mais errado dessa história, mas eu não posso deixar de concordar com ele.

P.O.V Elsa

Flynn havia nos levado para passear, já que ele havia ganhado uma promoção no trabalho ou uma boa nota na faculdade, dos dois um. Ele escolhera uma pizzaria bem charmosa, assim como ele, devo dizer. O tempo que ando convivendo com Flynn – que, cá entre nós, está se tornando grande – vem me mostrando que ele é um fofo e que é muito gentil, inteligente, legal e blá blá blá.

Além do fato dele querer agradar as primas da namorada, é claro.

Rapunzel nos avisou logo cedo, assim que entramos no carro, que Flynn nos levaria para jantar fora, o que já estava se tornando uma rotina. Tia Silvia nunca ia, pois estava sempre non trabalho, o que me deixava um pouco triste, aquela mulher, mais do que ninguém, merece um descanso!

Flynn havia chegado cedo lá em casa, e passado um tempo conversando com tia Silvia, enquanto ela não ia pro trabalho. Anna e eu tratamos de fazer com que Rapunzel ficasse ainda mais bonita do que ela já é, o que não foi muito difícil, com seus lindos olhos verdes e seus longos cabelos dourados. No final da nossa “transformação”, ninguém diria que ela não era uma modelo. Não que eu e Anna soubéssemos o que estávamos fazendo quando começamos a experimentar blushes e sombras no rosto de nossa prima, mas ela teve que admitir, ficou o máximo.

Eu e minha irmã também tratamos de nos embonecar, mais ela do que eu, já que ela havia ligado para Kristoff e ele disse que havia uma grande chance de aparecer no jantar, o que a fez dar cambalhotas de alegria. Literalmente.

Descemos as escadas para encontrar um não tão impaciente Flynn nos esperando no sofá. Claro que ele agia como se fosse de casa, o que não deixava de ser, até porque ele passava as tardes lá antes mesmo de nós sonharmos em nos mudar.

Flynn vestia uma camiseta branca com decote em V, uma jaqueta de couro e uma calça jeans que caía desleixada na sua cintura, apesar deu imaginar que desleixo fosse a última coisa que ele quisesse aparentar.

Zel estava com um vestido rodado, de estampa de flores coloridas que ia até seus joelhos. Ela usava muita maquiagem, apesar de parecer natural. Seu cabelo estava preso em um belo rabo de cavalo no alto da cabeça. Ela estava absolutamente linda.

Anna vestia uma blusa rosa claro com um único ursinho de pelúcia bem no meio, short jeans e um All Star rosa. Seu cabelo estava solto.

E eu estava com uma blusa azul clara com brilhinhos e um grande floco de neve estampado bem no meio, um jeans azul escuro, um casaco branco e All Star azul claro com estampa de floquinhos de neve. Eu estava uma trança de lado.

Então saímos. Fomos para uma pizzaria, que logo eu descobri, tinha sido aberta há pouco tempo e aparentemente o plano de Flynn era nos levar para conhecer toda a cidade.

A pizzaria era linda, mas quando entrei e olhei para os lados, logo vi cabelos brancos de uma pessoas desconfortavelmente familiar. Virei para o outro lado. Passamos alguns segundos procurando uma mesa, mas logo encontramos.

Eu estou sentada agora com Anna e Rapunzel, porque Flynn acabou de ir ao banheiro.

–Ei, Elsa, aquele não é o Jack? –ela fala com um tom de Cupido.

Como se eu não tivesse percebido suas sutis – ou não – tentativas – e de Kristoff – de me fazer prestar atenção em Jack Frost. “Como se eu já não prestasse atenção suficiente.”, ironizo mentalmente e reviro os olhos.

–Hey, Jack! –ela chama.

Ele se vira para nós e há um verdadeiro espanto e temor em seu olhar, não, não é isso... é o extremo contrário de alívio, que nesse momento não me recordo o nome.

–Oi, Anna. –ele cumprimenta a mim e a Rapunzel com a cabeça, meio contrariado e nesse momento uma menininha surge.

–Jack! Jack! A nossa pizza chegou.

Então seus pequenos olhinhos infantis seguem o olhar de Jack para nós e ela se alegra toda.

–Oi! Você é a Elsa, né? –diz para mim e eu fico genuinamente surpresa, lanço um olhar para Jack Frost e vejo que suas bochechas pálidas estão tingidas de vermelho. Ela não espera minha resposta e continua: –O Jack fala muito de você, diz que você é fofa, bonita, gentil, talentosa, que deu um fora nele, –ela faz uma pequena pausa para respirar –e nossa, eu te adoro por isso, sabia?

Sorrio para ela, sem saber mais o que fazer.

–Obrigada. –digo, meio sem jeito.

Olho para Anna que me dá um sorriso tipo: “Eu e meu namorado somos ótimos cupidos.” Rapunzel está avaliando Jack de cima a baixo e Flynn acaba de chegar.

–Oi, meninas. Quem é esse?

–Ahnn... –levanto-me para fazer as apresentações. –Bem, Jack esta é Rapunzel, minha prima, eu moro na casa da mãe dela e esse é seu namorado, Flynn. –Jack suspira aliviado baixinho e eu me pergunto o porquê.

–Ahnn... Essa é Pippa, minha irmã. –ele diz para nós.

–E aqueles são nossos pais. –diz a menininha apontando para uma mesa onde um casal nos olhava. Pippa acenou para eles e eles viraram a cabeça para o outro lado.

–Pais. –Jack murmura e revira os olhos, Flynn ri.

Olho para ele e para a irmã e é linda a adoração que vejo em seus olhos em relação ao Garoto do Hóquei, é fofo. E pensar que ele é um esnobe chato.

–Bem, vamos indo, já que nossa pizza chegou. –Jack diz, sorrindo educadamente, mas sei que seu sorriso é de mentira. Ele acena para mim, minha irmã, minha prima e seu namorado, depois vai embora.

–Elsa, prima, você não disse que estava fincando com um gatinho como aquele! –Rapunzel comenta quando Jack está longe o suficiente para não ouvir seu comentário.

Flynn lhe lança um olhar irritado, mas ela o ignora.

–Mas eu não estou...

–Eu sei, eu falei para ela que era para aproveitar a atenção dele. –me corta Anna, como se eu nem estivesse lá.

–E não ficar de vela. –completa Rapunzel, rindo e as duas começam a rir.

Lanço-lhes um olhar de raiva, levanto-me e saio. Ouço suas risadas cessarem e Flynn dizer alguma coisa e quando alcanço a porta da pizzaria uma mão agarra meu braço. Viro-me para mandar Flynn ir embora.

–Ah, qual é, Flynn? Me deixa em paz. Já não basta aquele menino estar aqui, sua namorada ainda tem que... –paro quando vejo que não é Flynn que me encara, mas Jack Frost.

“Ah, bosta!”, penso quando ele solta meu braço, parecendo magoado e volta para sua mesa.

Saio para o ar frio da noite. Esqueci meu cachecol na mesa, mas e daí? O Frio não vai mesmo me incomodar.