Boneca escrita por Lady Murder


Capítulo 7
Uma outra noite de bebida


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu comecei essa fic em 2008, eu tinha 14 anos, então peguem leve ok? XD



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Capítulo 7 – Uma outra noite de bebida

"Olha aqui, Sakura, se você não falar agora o que foi eu te dou uns socos!" Karin exclamou, irritada. Já se passara pelo menos meia hora desde que ela chegara a seu apartamento e encontrara a Haruno sentada no sofá com o olhar distante e deprimido. E, por mais que Karin sacudisse, gritasse ou a ameaçasse, Sakura simplesmente não falava nada. Só ficava lá, com aquele ar deprimentemente triste.

Karin olhou para o próprio punho cerrado. "Muito bem... se prefere da maneira difícil...".

"Ok, ok, pronto. Já estou falando." Sakura agitou as mãos, com os olhos verdes levemente arregalados.

"Ah, então está viva!" pela voz de Karin, dava para notar que ela não estava lá muito calma.

"Desculpa é que... não. Nada." Sakura pensou em falar, mas preferiu deixar o que acontecera a pouco em segredo.

"É, claro. Você estava aí, com um ar completamente melancólico e eu vou acreditar que não foi nada. Ta achando que eu sou idiota, garota?"

"Por que, ao invés de falar de mim, não falamos de você? Onde estava?" Sakura cortou, astutamente.

"Isso não... tem importância agora." Karin murmurou, com um rubor leve nas bochechas brancas.

"Bem, eu digo o mesmo, então." E sorriu triunfante.

"Argh..." Praguejou a ruiva, saindo da sala e indo a direção à cozinha.

Sakura riu levemente antes da lembrança do que ocorrera um pouco mais cedo vir como um baque em sua mente. Ele havia... ela havia... eles haviam... se beijado? Seu corpo, sua mente, tudo nela dizia que sim. Mas algo a fazia não acreditar nisso. Se eles realmente se beijaram, por que não estavam agora sentados no sofá vendo um filme enquanto trocavam carícias? Por que ele não estava ali? Por que ele havia simplesmente saído após um beijo simplesmente maravilhoso, na opinião dela?

Isso só poderia significar três coisas: ela beijava mal, ele não gostava dela ou ele era um completo idiota. Sakura torcia internamente pela terceira opção. Ela poderia até conviver com o fato de beijar mal, mas o sentimento dela por ele não ser recíproco? Isso seria terrível.

A Haruno já não tinha mais como negar que estava com seus quatro pneus arriados por ele. Já não podia negar que vivia pensando nele, que sonhava com ele, que sentia ele todo tempo perto dela. Não ligava por parecer uma idiota apaixonada, afinal, ela era isso mesmo.

Ela se sentia meio ridícula por estar dessa forma só porque conversara um pouco com ele. Tudo bem, eles haviam se beijado, mas ele simplesmente saíra correndo pela porta! E... havia sido somente um beijo! Por que ela, uma mulher de 23 anos, estava agindo como uma menina de 15? Sakura realmente se sentia uma idiota confusa.

Lentamente, ela se dirigiu ao seu quarto. Jogou-se na cama sem ao menos trocar de roupa. Fechou os olhos em uma vã tentativa de não lembrar de mais nada daquela noite. Mas é claro que as lembranças povoariam também seus sonhos naquela noite.

::

Sasori observava a porta pelo qual Kitsune acabara de sair. Estava sozinho na loja, sozinho com seus pensamentos.

A cena que ocorrera no apartamento de Sakura passava repetidas vezes em sua cabeça. Tão real, tão nítida, tão presente... ele poderia até tocar nessa lembrança.

Ainda podia sentir em seu corpo o toque de Sakura. As mãos que passavam rápidas pelo seu cabelo. A coxa que roçava na pele dele. Os cabelos que se emaranhavam. E os lábios. Ah, os lábios. Carnudos, macios, suaves, não dava para esquecer. Ele poderia continuar naquele beijo eternamente.

Mas ele fugira. Ele interrompera aquele beijo impecável e fugira. Por quê?, ele não conseguia parar de se perguntar. Sasori sabia por que: por medo. É, ele era um grande covarde.

Mas... por quê? Ele ainda não sabia a resposta dessa pergunta. Seu medo ainda era algo obscuro para ele. Sasori não conseguia se entender.

Seus olhos estavam vidrados na porta, mas ele não a via realmente. Seus pensamentos o confundiam.

Uma campainha. Um barulho de passos. Uma voz o chamando.

Logo a mente de Sasori voltou a se focar e ele já sorria fracamente para a cliente que acabara de chegar.

— Foi uma ótima escolha, obrigada. – A cliente disse, após a compra.

E, logo depois, a mente de Sasori voltou a vagar.

::

Um caco. Era o Sakura estava naquela manhã. Suas olheiras pareciam estar mais evidentes naquele dia, seus cabelos pareciam não querer desemaranhar, suas forças pareciam ter sumido.

"E tudo isso por um cara? Como você é idiota, Sakura!" ela murmurou, quase se socando.

Pegou a primeira blusa e a primeira calça que viu. O brilho foi deixado de lado. Com seus livros em mãos, foi para a sala.

Um ressonar baixo vinha do sofá. Karin dormia tranqüilamente ali, uma bandeja com restos de melancia no chão ao seu lado. Sakura sorriu levemente antes de pegar uma maçã e sair do apartamento.

::

No caminho para o metrô, Sakura se reprimia internamente por não ter preparado um café. Estaria muito mais desperta para ir para a faculdade. Suspirou e olhou para o relógio em seu pulso. É, ela se atrasaria se fosse atrás de um expresso agora.

Chegou ao metrô e esperou o seu. E esperou. Esperou. Esperou.

"Com licença, mas sabe dizer se o metrô de 6:30 já saiu?" Sakura perguntou à uma senhora ao seu lado.

"Sim, há muito tempo."

"Oh Deus, e qual é o próximo metrô?"

"O de 7:30."

"Não! Droga, droga, droga, droga!" resmungou Sakura, deixando a senhora um tanto quanto assustada.

"Ótimo. Ótimo. Parabéns, Sakura. Vai perder a primeira aula. E uma aula importante. Lindo! Começou o dia bem, hein?" ela pensou, com raiva.

Quando deu sete e meia, Sakura foi a primeira a se esgueirar para o metrô.

::

Uma garota de cabelos rosa corria apressada pelo campo da faculdade. Se não se apressasse, perderia também a segunda aula. "Oh Deus, eu preciso de um café..." ela murmurou, enquanto corria para a máquina de café ali perto. A aula podia esperar uns segundinhos.

Remexeu sua bolsa atrás da carteira. Achou. Porém... onde estavam seus trocados? "Ok, Sakura. Calma. Respire. Você pagou o metrô, certo. E agora onde está o resto do seu dinheiro?" vasculhou a bolsa mais um pouco até que se convenceu de que, realmente e de novo, havia deixado seu dinheiro em casa.

O pensamento de que fora em um dia assim, azarado, em que ela tivera sua primeira conversa real com Sasori não deixou de vir em sua cabeça.

Sakura suspirou antes de se dirigir para sua sala. Ela só não notara que, de longe, um garoto ruivo a observava, confuso.

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A campainha do apartamento de Karin tocava. A ruiva coçou preguiçosamente a cabeça enquanto se levantava de sua cama. Ainda vestia sua camisola, pois não estava com muito ânimo para se trocar.

Foi até a porta e a abriu, se deparando com dois olhos muito negros. "Não..." ela sussurrou.

"Vai me deixar entrar ou vai dar um ataque como ontem?" ele falou, friamente.

"Eu..." Karin começou, mas não conseguiu prosseguir. Se sentia incrivelmente fraca perto dele.

"É. Foi o que pensei." Sasuke deu um leve sorriso antes de tomar os lábios da ruiva.

Ela não queria. Não queria retribuir tão fervorosamente. Não depois do dia anterior. Mas simplesmente não conseguia. Ele a controlava facilmente. A tinha na palma de sua mão. E Karin não fazia simplesmente nada para mudar isso.

Quando percebeu, já estava em seu quarto, com a blusa completamente tirada. "Você... não devia estar... trabalhando?" Karin conseguiu soltar.

"Isso não importa. Afinal, você deveria estar fazendo o mesmo, mas continua aqui, sendo uma desocupada." Ele retrucou. E aquela frase pareceu perfurar Karin como se fosse uma flecha.

Mas ela não tivera muito tempo para pensar nisso, pois logo percebera que suas roupas estavam sendo tiradas.

::

Sakura praguejava alto. A roupa que estava usando estava encharcada. E por quê? Porque do nada começara a chover, apesar do sol que estava anteriormente. E, como a Haruno estava sem guarda-chuva, ela foi pega de surpresa, se molhando toda enquanto saía da faculdade.

"Lindo, muito lindo!" ela murmurou, passando a mão nos cabelos molhados. Correu para ficar debaixo de uma tenda de um mercador e pegou seu celular. "Vamos Karin, atenda!" pediu Sakura, enquanto do outro lado da linha só fazia chamar. "Merda." Murmurou novamente, antes de ir novamente para a chuva.

::

Sakura agora vestia seu jaleco no hospital. Em sua mente estava a lembrança de quando fora para seu apartamento para trocar de roupa e ouvira certos ruídos vindos do quarto de Karin.

Será que a ruiva não ia aprender que Sasuke não queria mais nada além daquilo?

Bufou, antes de se encaminhar até onde estava a doutora Misune.

::

A Haruno aplicava injeção em um paciente quando uma voz calma ecoou por todo o hospital. "Estagiária Haruno Sakura, você é chamada com urgência na recepção. Repetindo, estagiária Haruno Sakura, você é chamada com urgência na recepção."

Sakura franziu o cenho e olhou para Misune. "Pode ir, sem problemas." A doutora falou, sorrindo.

"Obrigada!" A Haruno respondeu, enquanto calmamente se dirigia para a recepção. No caminho, enfermeiros passaram apressados por ela carregando uma maca com alguém, aparentemente, muito ferido.

Sakura suspirou. Quem iria fazer a cirurgia, provavelmente seria Misune, mas Sakura não poderia ajudar. Era ainda uma reles estagiária.

Chegando a recepção, a primeira coisa que Sakura viu foi um mar de cabelos vermelhos vindo em sua direção. "Karin?" ela perguntou, surpresa. "O que faz aqui?"

A ruiva franziu o cenho e pôs suas mãos nos ombros da Haruno. A segunda pôde notar que os olhos da primeira estavam meio avermelhados. "Karin... você cho-".

"Sakura." A outra disse, séria. "Eu quero arranjar um emprego."

::

Hinata fechou a porta de seu apartamento com um sorriso no rosto. Aquela tarde havia sido incrivelmente agradável. Pena que ela não havia sido com Naruto...

A morena revirou os olhos. Por que ela tinha de ser tão boba? Adentrou no apartamento, com todas as lembranças daquela tarde em sua cabeça. Até que se deparou com uma loira sonhadora deitada no sofá.

"Hã? Ino-chan? Não deveria correr para sua aula de latim?" a Hyuuga perguntou, com o cenho franzido.

Ino a encarou, mas não parecia vê-la realmente. Um sorriso bobo estava esbanjado em sua face. "Ino-chan... Hoje você tem aula de latim!"

"Latim?" a outra murmurou, meio confusa. "Oh, não, não. A aula de hoje vai ficar para amanhã. O que é uma pena, queria vê-lo de novo..." e voltou a sonhar acordada.

"Vê-lo? Ah, sim. O seu amigo do latim..." Hinata sorriu. "Bem, já que você também está com a noite livre, por que não ligamos para a Sakura-chan e para a Karin-chan e combinamos de elas passarem aqui?"

Ino franziu o cenho. "Para uma noite de bebida?"

"Bem... é."

"Sei... O que deu em você, hein Hinata?" um sorriso malicioso apareceu no rosto da loira. "Acho que você teve uma tarde muito boa e quer nos contar, não é? Afinal, hoje não teve estágio... Onde esteve a tarde toda?"

"N-não é isso... É-é só que... Faz um te-tempo que a gente não se re-reúne..." a morena se atrapalhou.

"Sei..." o sorriso ainda não havia desaparecido. "Mas tudo bem. Gostei da sua idéia. Vamos ligar sim." Ino sorriu, enquanto pegava seu celular.

::

Um segundo. Dois. Três. O silêncio reinava. Um riso nervoso. Uma gargalhada nervosa. Um franzir de cenho.

"Há, essa foi muito boa, Karin. Puxa, por um momento achei que estivesse falando sério!" Sakura forçava um riso.

"E eu estou. Eu realmente quero arranjar um emprego." Karin falou, séria, com o cenho franzido.

Sakura parou de rir. Encarou Karin. Mais um segundo. Dois. Três. "Sério?" a outra balançou afirmativamente a cabeça. "Mas... por que isso de repente?".

"Não... estou a fim de ser uma desocupada pra sempre, vivendo nas costas dos meus pais." A ruiva respondeu, desviando o olhar. "Não quero que os outros me vejam somente como uma garotinha mimada que não tem mais nada pra fazer além de sexo com uma cara que não a ama."

Sakura suspirou. "Deixe-me adivinhar... Suigetsu ou Sasuke lhe falaram algo desse tipo." A outra não respondeu. "Olha, Karin, se você realmente quer trabalhar, então tem que ser por você. Não porque alguém lhe falou isso. Se for assim, então você não vai durar uma semana."

Karin a encarou. "Eu... realmente quero isso. Estou falando muito sério!"

"Olha... é melhor você voltar pra casa, comer algumas melancias e descansar."

Karin bufou. "É, eu não devia ter vindo falar com você. Vou falar é com a Hinata, ela vai me entender melhor." E ia pegando sua bolsa para sair.

"Não, espera. Desculpa. É que... ainda não da pra acreditar, Karin. Você realmente quer isso?" a ruiva fez que sim com a cabeça. "Mas... no que pretende trabalhar? Você nunca terminou a faculdade!"

"Eu sei. Mas você lembra que eu fiz pelo menos uns dois anos, ou um pouco mais, da faculdade de Jornalismo? E, meus pais sempre me disseram, as portas da faculdade ainda estão abertas para mim, pois eles têm... alguns assuntos com meus pais. Seria uma espécie de última ajuda que eles fariam por mim." Karin sorriu.

"Jornalismo?"

"Sim."

"É, é uma boa faculdade... Então, Karin, te desejo sorte. Hoje mesmo ligue para seus pais e peça para eles garantirem sua vaga. E, na próxima semana, vou com você lá."

A sobrancelha da ruiva arqueou. "Não gosto desse seu tom de garota mais experiente que eu."

"Desculpe, querida, mas eu sou mais experiente que você."

"Haha." Antes que alguma das duas pudesse dizer mais alguma coisa, o celular de Karin começou a tocar. "Alô? Ah, Hinata? Sei... Aham... É, estou aqui com ela. Agora? Ah, claro! Quer que levemos algo?... Sim, certo. Já estamos indo." E desligou.

"O que foi?"

"Noite da bebida, meu bem. Arranje um jeitinho de sair agora."

"Mas..."

"Vai!"

Sakura revirou os olhos e se encaminhou para onde estaria sua supervisora.

::

A campainha foi ouvida. "Deixa que eu abro!" exclamou Ino. E, assim que abriu a porta, Karin e Sakura entraram.

"Olá Karin-chan, Sakura-chan." Hinata disse, sorrindo.

"Oi, Hinata!" a duas exclamaram.

"Oi testuda, ruiva de farmácia." Ino sorriu.

"Olá porquinha!" as outras retrucaram.

"Enfim, deixando os "cumprimentos" de lado..." Ino disse, levantando duas garrafas de vodca. "Essas são só para o começo!"

"Meu Deus, desde quando viramos quatro bêbadas e alcoólatras?" Sakura riu.

"Desde que percebemos que temos muitos problemas." Hinata disse, pensativa.

As quatro fizeram sua habitual rodinha na sala, onde deixaram as duas garrafas e quatro copos no centro. "Muito bem, quem começa?" perguntou Karin. Ninguém falou nada. "Então ta, eu escolho. Ino, vai você!"

"Você ama pegar no meu pé, né?" a outra bufou.

"Você é a garota que mais amo irritar, pode ter certeza." A ruiva sorriu.

"Muito bem... Eu... bem, eu não estou exatamente com problemas em minha vida, sabe... é só que... Bem, não é nem uma coisa ruim, mas sabe quando chega aquele dia que você finalmente nota o mundo ao seu redor? Tá, eu sei que parece conversa de aplaudir o sol e não quer dizer que o fato de eu gostar tanto de coisas materiais e artificiais seja ruim. Mas é que eu também nunca fora exposta à coisas mais... simples. Naturais. Como a chuva. E sei lá, isso me fez pensar se eu não deveria aproveitar mais um pouco essas pequenas coisas. Eu sei, é uma baboseira."  Rapidamente pôs a bebida em um copo e bebeu tudo de uma vez.

"Claro que não, Ino-chan. Não é besteira. É legal perceber que tem toda uma vida acontecendo ao seu redor, faz bem." Hinata falou, sabiamente.

"Eu concordo completamente com a Hinata. E digo mais: acho que você também está descobrindo outra coisa bem, hã, natural. E tenho certeza de que é por causa disso que está falando tudo isso." Sakura riu.

"Perdão?"

"Oh sim... O cara do latim. Nossa, já está tão forte assim, é?" Karin exclamou.

"Do que estão...?"

"Nada, nada, pequeno gafanhoto. Quem vai agora?" Karin cortou.

"Acho que... pode ser eu." Hinata disse, meio hesitante. "Minha vida vem sendo... incrivelmente boa ultimamente. Não me encontrei mais com meu pai, então está tudo realmente tranqüilo. Mas tem algo que... tem algo que está me incomodando. É que eu percebi que eu... sou muito... boba, sabe? Eu... nunca me imponho. Sempre deixo todos pisarem em minha sem nunca... sem nunca revidar. Sempre tenho medo de tudo, de todos, da vida. Nunca deixo... as coisas rolarem. Sempre tenho que ter tudo calculado, tudo pronto, sempre hesito. Não faço nada sem pensar. E... eu me odeio por isso. Odeio-me por sempre fazer tudo o que os outros pedem, mesmo não querendo. Odeio ser vista sempre como a boazinha da história. A boba. A idiota. Eu realmente, realmente, queria mudar. Mas aí... vem o medo. Sempre o medo." Hinata não conseguiu controlar as lágrimas. Bebeu rapidamente a vodca em seu copo.

"Você já mudou, Hinata." Karin disse, sorrindo. "Não vê? Você pôs tudo o que sente pra fora, sem hesitar. Falou da sua enorme vontade de mudar com coragem. Você pode não perceber, mas você já mudou e muito."

"O-obrigada, Karin-chan." A morena sorriu.

"Acho que é minha vez..." Sakura murmurou. "Falando bem sério, minha vida está completamente perfeita e normal. Estou bem na faculdade, no estágio, enfim, estou bem. Só um pouco... Ok, muito azarada, mas, apesar disso me irritar bastante, não está atrapalhando minha vida. Estou ótima, para falar a verdade."

"Você está bem, mas por que eu sinto que você quer dizer que não está?" Ino disse, sorrindo fracamente. Sakura a encarou. Odiava-a por estar tão certa.

A Haruno deu de ombros. "Veremos isso na próxima rodada."

"Ok, então. Karin, é com você."

A ruiva permaneceu em silêncio por alguns instantes antes de dar um longo suspiro e começar a falar. "Estou... confusa. Confusa comigo mesma. Cheguei a um ponto em que descobri que não tenho nenhum objetivo de vida. Não estudo, não trabalho, não faço cursos. Não tenho uma vida certa. Sou uma acomodada que vive pedindo dinheiro aos pais. Este é um fato inegável. Mas também descobri algo. Descobri que tenho vontade de mudar. Antes, as pessoas me diziam que eu era só uma desocupada e eu só ria e dizia que era mesmo. Agora não. Quando ouço isso, meu peito dói. Porque a verdade dói. Mas eu não quero ser assim. Tanto como Ino, tanto como Hinata, eu quero mudar. Quero realmente ter... uma vida. Estou cansada de ficar parada enquanto todas as pessoas ao meu redor estão andando. Quero andar também. Quero construir meu futuro como qualquer outra pessoa. E por isso... irei entrar na faculdade." Ela finalizou, com um fraco sorriso. Logo levou o copo cheio de bebida aos lábios.

"Bem, Karin, só posso te dizer que essa foi uma ótima decisão. Você está... no rumo certo. É assim que se diz, garota." Sakura riu.

"Obrigada, Sakura. Agora vem a próxima rodada, ham? Quem quer abrir o coração e falar dos idiotas que quebram ele ou o fazem bater mais rápido?" Karin disse, balançando a vodca em seu copo. "Vamos lá, Ino. Está na hora de sabermos um pouco mais sobre seu Dom Juan misterioso."

"Não teve nenhuma graça, Karin." Ino murmurou, fazendo a outra rir. "Tudo bem... Eu... A gente... A gente saiu ontem. Não... sair é exagero. Nós... fomos a uma lanchonete depois do curso. Ele estava com fome, eu também, então ele perguntou se eu conhecia algum lugar bom e eu disse que havia uma lanchonete que eu adorava ali perto. Nós, então, fomos. E... foi... maravilhoso e-" ela ia continuar a contar sobre sua noite. Iria contar do maravilhoso passeio sob a chuva. Mas... algo a prendeu. Não soube porque, mas preferiu deixar em segredo tudo aquilo. "E foi isso." Completou, meio nervosa.

"Ai, ai, o amor." Karin brincou.

"Haha."

"Mas... rolou alguma coisa?" Sakura perguntou, meio curiosa.

"Não..." Ino murmurou. Não tinha exatamente certeza da resposta, mas enfim. Pegou a garrafa e bebeu pelo gargalo.

"Acho que sou eu..." Hinata suspirou. "Não sei, mas... as coisas com Naruto-kun estão muito difíceis. Quase não nos vemos mais. Mas eu simplesmente não consigo deixar de gostar dele. Às vezes... às vezes penso que é melhor jogar tudo para o alto e partir para outra, mas... quando vejo aqueles olhos eu..." Hinata tirou a garrafa das mãos de Ino para botar em sua boca, bebeu um enorme gole. "E hoje... hoje eu fiquei incrivelmente confusa. Eu tive uma... uma tarde agradável com o Kiba-kun. E, não sei, foi tão... bom. Mas a única coisa que consegui pensar dói. Em como seria melhor se fosse com Naruto-kun. Eu sou uma idiota mesmo." Murmurou, bebendo mais.

"Uma idiota e levemente bêbada, não é?" riu Sakura, tirando a garrafa das mãos de Hinata. "Eu... passo." Três risadas altas foram ouvidas. "Ok, ok... Eu falo. Bem... eu... o Sasori... nós...".

"Tiveram uma noite de sexo tórrido?" Perguntou Ino, rindo.

"Haha. A gente só... se beijou. E foi tão... mágico. Eu sei, foi só um beijo, nada mais. Mas... foi tão... bom. Só que... ele fugiu. É, ele saiu correndo. E me deixou ali, no canto, sem dizer nada. Nem telefonar ele telefonou. Nem sequer me procurou. E o pior é que estou muito mexida. Sabe, eu... não paro de pensar nele. O que posso dizer? Estou realmente apaixonada." E pegou a segunda garrafa, bebendo pelo menos metade dela de uma vez.

"Ok, isso é uma barra. Mas não acabe vomitando, por favor!" Hinata reprimiu, tirando a garrafa das mãos dela.

"Olha só quem fala." Riu-se Sakura, pegando a garrafa novamente e bebendo um pouco mais.

"Bem, sou eu..." Karin suspirou. "Eu... eu achei que tinha finalmente me 'livrado' do Sasuke. Na última vez que nos encontramos, eu dei um belo tapa no rosto dele. Só que... só que... hoje... Hoje ele apareceu lá em casa de novo e eu... eu não resisti. Eu sei, eu sou uma incrível e grande retardada. Mas é que... eu não consigo resistir. Ele simplesmente me tem nas mãos dele!" ela deu uma pausa, bebendo um pouco de vodca. "E ontem... ontem foi tão divertido com o Suigetsu! Eu cheguei até a pensar no que você haviam me dito, sobre eu e ele... Mas... mas eu... eu ainda amo o Sasuke." E bebeu mais.

"Eu já te disse, Karin. Você acha que o ama. Mas isso é só uma ilusão sua. Na hora que quiser, você pode dar um basta no Sasuke. Você tem o poder pra isso, só precisa saber que tem." Sakura disse, com o cenho franzido.

"É, Karin!" Ino exclamou, então a campainha foi ouvida.

"Podem deixar que eu vou!" Hinata disse, indo em direção a porta.

"E, Karin, eu sou muito mais o Suigetsu!" Ino exclamou mais uma vez, rindo enquanto bebia.

"Puxa, eu também!" uma voz masculina invadiu a sala. Com um sorriso de dentes afiados, Suigetsu entrou.


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