Boneca escrita por Lady Murder


Capítulo 6
O gosto de um lábio


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu comecei essa fic em 2008, eu tinha 14 anos, então peguem leve ok? XD



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Capítulo 6 — O gosto de um lábio

Sasori aproximou mais o seu rosto do de Sakura, seus narizes quase se encostavam. A Haruno podia sentir a respiração rápida dele em seu rosto. Ela podia sentir seu coração quase saindo pela boca.

De repente, Sakura percebeu que Sasori se afastava de sua boca. Abriu os olhos e só viu o pescoço do rapaz, enquanto sentia lábios macios sobre sua testa.

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Decepção. Essa foi a palavra que Sakura segurou em sua boca quando recobrou sua consciência após o 'beijinho-na-testa' de Sasori. Ela... Ela jurava que iria ser beijada! Ela jurava que, por um momento, tudo o que ela estava sentindo por ele era recíproco.

Mas não.

Ele havia dado somente um beijo na testa e depois dado meia-volta, indo para a cozinha. Sakura só havia ficado parada, estática. Vacilando entre ficar feliz por ele ter lhe dado um beijo na testa ou decepcionada por ter sido somente um beijo na testa.

Quando ela lembrou-se de que tinha que respirar, optou por ficar decepcionada. Não que ela tivesse dado muitos sinais do que ela queria com ele, mas ao menos ela... Bem, ela fechara os olhos. Quem fecha os olhos quando alguém se aproxima? Exato, pessoas que querem ser beijadas. Então se isso não ocorrera, estava ali a resposta que ela precisava.

Ainda em devaneios, ela foi para a cozinha. Lá, encontrou um perdido Sasori olhando confuso para todos os compartimentos da cozinha. "Última gaveta daquela estante pequena ali no canto." Sakura disse, tentando disfarçar sua voz decepcionada. Sem sucesso, claro.

"Obrigado, Haruno-sama." Ele sorriu levemente. Sakura quase o socou. Continuava fofo, mesmo tendo-a decepcionado.

"Não adianta eu discutir, não é?" Ela resmungou, referindo-se ao fato de que ele é quem iria limpar o café derramado.

"Não mesmo." Sasori riu e, ao pegar um pano, foi para a sala. Botou os cacos da xícara em um saco que tinha em mãos e limpou o café com o pano. "Pronto. Limpo. Ou pelo menos, mais ou menos." Ele falou e depois foi colocar o pano e a xícara na cozinha.

Sakura suspirou. Ele parecia totalmente indiferente ao quase-beijo que ocorrera há instantes. Ou ela que estava paranóica demais. Provavelmente, a última opção.

"Vai querer mais café, Sasori-san?" Ela perguntou, quando eles voltaram a se sentar no sofá.

"Não, obrigado."

"Estava tão ruim assim, é?" ela riu.

"É. Estava péssimo." Sasori comentou, tentando esconder um sorriso perante aos olhos arregalados de Sakura.

"Você está-" Sakura murmurou, incrédula.

"Brincando, caso não tenha percebido." Ele a interrompeu, com um sorriso maroto nos lábios. Sakura o encarou por alguns segundos, cética, até que revirou os olhos.

"Estou conhecendo seu outro lado hoje, é?" Ela perguntou, com uma voz exalando uma raiva fingida.

"Outro lado?" Sasori arqueou uma sobrancelha.

"O lado do mal e sarcástico. Diferente do lado educado e fofo que conheci." Sakura disse, cruzando os braços e sorrindo. Havia percebido que deixara a palavra 'fofo' escapar, mas Sasori não parecia ter notado realmente.

"Bem, nem eu mesmo sabia que eu tinha esses dois lados. Mas de qualquer forma, agora você me conhece por completo." Ele deu de ombros, com um sorriso. "E então? Está feliz com isso ou devo me retirar imediatamente, Haruno-sama?"

Sakura riu. "Oh, não, não. Não é necessário. Seus dois lados... Me divertem, Sasori-san." Ela disse, enquanto continuava a rir.

Sasori se levantou do sofá e foi até perto dela, se ajoelhando na frente da Haruno. "Seu bobo da corte às suas ordens, Rainha Haruno." Ele pegou a mão da garota e a beijou levemente, com um sorriso.

Sakura bateu de leve na cabeça dele. "Seu... bobo. Achei que era fabricante de bonecas e não comediante." Ela meneou a cabeça.

Sasori se sentou ao seu lado. O ar divertido que antes estava nele, deu lugar ao seu habitual ar sério. "Muito bem. Prefere ser... uma boneca, então?" ele perguntou, mas ainda estava sério.

Sakura o encarou. "Uma boneca de porcelana?" ela perguntou, estreitando um pouco os olhos.

"É. Você parece uma delas..." Ele comentou vagamente, ainda a encarando. Sakura se aproximou mais dele.

"Mas porcelana é... fria." Sakura disse, com uma mão acariciando a bochecha de Sasori, sentindo o calor que emanava dali, como que para provar o seu ponto. Ele aproximou seu rosto do dela.

"Tem razão. Porcelana é fria demais para..." Sasori sussurrou, deixando o resto da frase no ar ao tocar levemente os lábios de Sakura antes de segurar os ombros de Sakura e puxá-la para um beijo. 

Porcelana é fria demais para se equiparar ao lábios quentes de Sakura.

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Descrição: Era quente. Era macio. Era perfeito.

Duração: Um segundo. Um minuto. Dois.

Assim era o beijo.

E, depois, o ar frio, uma despedida e o barulho de uma porta batendo.

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A reação de Sakura após o beijo e a saída de Sasori pôde ser dividida em cinco fases:

Primeira: ela ficou estática. Imóvel. Na hora do beijo, correspondeu com fervor. Mas quando ele acabou, ela ficou parada. Seus nervos não estavam trabalhando direito, ela se sentia entorpecida.

Segunda: ela ficou surpresa. Muito surpresa. Afinal, quando o beijo acabou, Sasori simplesmente saiu pela porta. Ela levantou as sobrancelhas, completamente incrédula.

Terceira: ela ficou eufórica. Não conseguiu segurar um grito. Ela havia sido beijada! E por Sasori! Ela não conseguiu evitar começar a pular enquanto segurava sua boca para que mais nenhum grito saísse.

Quarta: Ela ficou com raiva. Com muita raiva. Por que ele havia saído, afinal? Ele a beijou, não beijou? Então por que saiu daquele jeito pela porta? Ele era um idiota! Ora, a beija e depois sai!

Quinta: Ela ficou triste. A beira das lágrimas. Se ele havia ido embora, então ele... não gostava dela. Ou ela beijava mal. Ela não sabia dizer qual o pior. Talvez, ela nunca mais o visse.

E foi assim, nessa quinta fase, que Karin encontrou Sakura quando entrou no apartamento.

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"Bem, é aqui." Ino sorriu, indicando a lanchonete às suas costas. "Amo o sanduíche daqui. Não é muito saudável, mas enfim." Ela riu.

"Deve ser agradável." O garoto moreno de óculos escuros ao seu lado comentou. Ino assentiu. Shino abriu a porta da lanchonete e deu passagem para Ino, que entrou.

"O que vão querer?" logo que se sentaram em uma mesa, uma garçonete veio atendê-los. "Posso recomendar um suco de morango? É ótimo!" Ela completou e Ino não deixou de perceber que aquela garçonete nunca a recomendara nada quando ela ia sozinha ali. E também não deixou de notar a piscada de olho da garçonete quando ela e Shino fizeram seu pedido. Mas a piscada definitivamente não era para Ino.

Enfim. O silêncio repousou sobre a mesa quando a garçonete foi embora. Ino batucava as unhas na mesa e olhava para a janela, mas sentia o olhar de Shino sobre si.

Ino nem acreditava que realmente tinha tido coragem para chamá-lo para lanchar com ela depois do curso. Não era exatamente um encontro, mas... Pelo menos ela estava ali com ele.

"Você gosta de chuva?" Shino perguntou, de repente. Ino o encarou.

"Amo. Assim, amo menos que maçãs e flores, claro. Mas amo chuva." Ino explicou, meio atrapalhada diante da pergunta repentina.

"Então... Aceita vir comigo?" Ele se levantou e estendeu uma mão para Ino, que levantou as sobrancelhas, surpresa.

"Mas... Nós já pedimos e... Para onde?" Ela estava realmente confusa diante da atitude de Shino.

"Bem, o pedido não chegou. Podemos comer depois. E, para onde? Bem, você vai ver." Shino deu um leve sorriso e Ino o encarou, meio entorpecida. Ela ainda não havia se acostumado ao jeito... exótico do rapaz. Segurou sua mão e se levantou.

E, juntos, eles saíram da lanchonete para a rua molhada pela chuva lá fora.

::

Sasori passou pela porta de sua loja, calado. Sentou-se na primeira cadeira que encontrou, sem notar um olhar preocupado vindo de trás do balcão da loja direcionado a ele. Só notou Kitsune quando cabelos negros com pontas roxas ficaram à sua frente. "Danna?" ela o chamou.

Sasori levantou sua cabeça e a encarou, com o cenho franzido. Dava para notar que ele estava perdido em pensamentos. "Sasori-danna?" ela chamou novamente, mas ele continuou a encará-la em silêncio.

Kitsune levantou as sobrancelhas e começou a ficar alarmada. "Sa-sasori-danna? Você está bem? Me responda!" ela disse, rápido. Como sempre que ficava nervosa, agitou as mãos enquanto chamava Sasori, que continuava parado.

Ela se calou por uns instantes, pensativa. Até que deu um leve sorriso e foi até o telefone. "Ok, ok, já que você está me ignorando vou chamar o Deidara-san, quem sabe ele não faz você falar e-"

"Não." Sasori disse, já afastando Kitsune de perto do telefone, que ria. "Nada de Deidara."

"Danna! Você está vivo!" Kitsune riu, o abraçando. Ele só revirou os olhos. "Mas e aí? Por que você estava tão... desligado?"

"Não foi nada."

"Você não me engana, Danna. O que houve? Não foi bem lá no apartamento da Sakura?" ela perguntou, mais séria e preocupada.

"Já disse, não foi nada." Ele bufou.

Kitsune deu de ombros. "Que seja, quando estiver de bom humor, me avisa. Aí eu ligo para o Deidara-san e você nos conta."

"Que seja..." Ele murmurou, antes de entrar em uma espécie de 'escritório'. Ele logo teria que ir para a recepção, pois Kitsune iria para a faculdade. Mas antes, ele se sentou em uma cadeira, pensativo. Inconscientemente, passou sua mão pela sua boca. E lá estava um gosto. Um gosto de um lábio.


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