–Como foi mesmo que você e o Sr. Malfoy se apaixonaram?- O ministro da magia me fazia um turbilhão de perguntas.
–Nos encontramos no bairro em que moro, começamos a sair pra relembrar os tempos de Hogwarts e nos apaixonamos- Sorri amarelo. Tentava olhar pra Draco e transmitir um S.O.S por telepatia mas ele parecia não captar.
– E isso começou à quanto tempo?
–A uns quarenta e nove dias, pra ser exata.
–Quarenta e nove dias maravilhosos, não é Hermione? – Draco apareceu falando do nada.
–Ahã...pura alegria!- Me senti meio zonza com o abraço de Draco, muito íntimo. Odiei.
Tentei parecer a vontade abraçando ele de volta. Fiz o melhor que pude.
–Vou ser sincero, esse casamento não me convenceu nem um pouco- instantaneamente Draco e eu nos afastamos- Se eu souber que está tramando algo para burlar o contrato Senhora Malfoy – o tom de deboche dele me irritou - Eu mesmo denuncio você, não se deve descumprir o último desejo de Alvo - disse olhando para mim e saindo logo em seguida.
Olhei em pânico para Draco e ele apenas sorriu. Como ele pode sorrir depois disso?
–Que ideia é essa de me abraçar? – o empurrei.
–Acabamos de nos casar, devemos no mínimo parecer apaixonados.
Suspirei.
–Tem razão...fiquei nervosa com o que ele disse. E antes de me beijar me avise!
–Fique tranquila por que foi o primeiro e o último beijo que dou em você- falou tranquilamente.
–Ainda bem, por que eu odiei- menti -Por favor, vamos embora logo- falei ainda nervosa.
–Ansiosa pra noite de núpcias?
Revirei os olhos e fui em direção aos convidados para conversar, após o casamento fomos até um jantar italiano para comemorar e todos foram embora rapidamente. Claro que Rony e Harry não foram embora sem antes me fazer prometer que teria uma conversa com eles . Mas o melhor foi Gina que jurou quebrar um osso de Draco caso ele me magoasse. Passamos em meu apartamento para pegar minha mala de roupas já pronta para uma semana e Draco prometeu vir outro dia para me ajudar a pegar o restante das coisas.
–Gina é meio perturbada- ele disse do nada.
–Ela é ótima, ela não vai quebrar seu nariz. Essa tarefa é minha.
Ele sorriu pra mim.
–Você acha ruim se Gina for me visitar às vezes?
–Claro que não. Agora o apartamento é seu também. Só não deixa aquela maluca quebrar nossas coisas.
Fiquei meio abalada com a forma que ele falou “nossas coisas”.
Saímos da garagem do prédio de Draco, que por sinal era o melhor prédio de Londres.

–Hey! Não vai pegar a mala pra mim não?- indaguei indignada.
Ele riu.
–Pegue você. Sou um homem de negócios não posso ficar pegando peso.
–Seu trasgo!
Abri o porta-malas e com muito esforço tirei a mala lá de dentro.
–Você é um ser repugnante.
Ele se limitou a rir do meu esforço.
Fomos em silêncio até o elevador. Quinto andar. Gravei mentalmente.
–Pronta para conhecer sua nova casa Granger?
–Não- ele riu- Mas não tenho escolha, não é?
Draco tirou dois chaveiros do bolso e me jogou um. Peguei ele ainda no ar e ri um pouco do pingente do chaveiro, um “D” no meu e um “H” no dele.
–Suas chaves.
–Sério isso? Meio fora de moda.
–Achei que era romântico, sinceramente são nos pequenos detalhes que se demonstra o amor- não sabia que Draco tinha esse lado- Se quiser convencer a todos, vai ter que ser assim.
–Demonstrar seu amor por mim carregando a mala ninguém quer.
Ele se virou pra porta e a abriu.

Entrei um pouco acanhada, era o apartamento mais lindo que eu já havia visto. Os móveis eram escuros e as paredes claras, havia fotos de Draco em Hogwarts e tudo era muito organizado. Pude ver uma mesa com uma luminária, papéis e muitos lápis. Acho que ele notou o que eu olhava.
–Gosto de desenhar.
–Não sabia disso. Bom, seu apartamento é o mais lindo que já vi.
–Obrigado. Vamos? Vou mostrar seu quarto, meus pais dormem aqui quando aparecem para me visitar, não arrumei nada porque achei que você mesma gostaria de fazer isso. Tem um closet com um tamanho razoável, pode guardar suas coisas lá.
–Obrigada- falei meio sem jeito, achei que a qualquer instante fosse sair correndo. Acho que eu nunca me sentiria em casa ali.
–Meu quarto é esse aqui- ele disse apontando para uma porta de frente para a minha, e o banheiro é ali. O outro é no meu quarto.
–Tudo bem.
–Vou deixar você sozinha, mas estou na sala caso precisar de alguma coisa.
Entrei no quarto, era simples comparado ao restante da casa. Era branco e tinha uma cama grande que me chamava pra deitar nela. Havia uma cômoda e uma penteadeira.
Comecei a tirar as coisas de dentro da mala, coloquei minhas fotos de Hogwarts em cima da cômoda e meus produtos de beleza em cima da penteadeira. Optei por deixar as minhas roupas para arrumar outro dia.

Separei meu pijama rosa com desenho de nuvens e minha pantufa de pata de dinossauro com unhas coloridas e fui até o banheiro. Tudo ali gritava testosterona e pensei que deveria deixar o ambiente mais feminino em breve. Tomei um banho demorado, vesti o pijama e desmanchei o penteado que Nicole havia feito.
Fui até a sala e percebi que Draco assistia a um filme. Fiquei ali parada totalmente deslocada.
Ele olhou para mim e sorriu.
–Está com cara de quem levou uma bronca da Minerva.
–É assim que me sinto.
–Pode se sentir a vontade, afinal, é sua casa agora. Porque nãos e senta pra conversarmos um pouco?
Estranhei tanta hospitalidade, não é algo que o Draco que eu conhecia faria. Draco estava com outra roupa acabei estranhando pois só o via com roupas formais. Ele usava uma calça de moletom e uma regata branca.Tão lindo que mal conseguia me concentrar, então fiquei olhando pra televisão um tempo.
–Gostou do quarto?
–Muito, mas se importa se eu fizer algumas mudanças?
–Vejo que adorou- ele riu- Mas pode sim, é seu agora. Se precisar da ajuda de um marido forte pra te ajudar posso procurar um na lista telefônica.
Eu ri, surpresa.
–Nossa! Você tem senso de humor.
–Tenho muito. Só que é difícil usar com você perto. Aliás adorei a cor das unhas dos seus pés.
–Sabia que iria falar da minha pantufa. Ela é linda.
–Estive pensando sobre tudo... E acho que devemos parecer mais apaixonados. Não estamos convencendo muito.
–Concordo...Porém acho melhor me avisar antes de me beijar.
–Não pretendo beijar você de novo- disse seco.
–Ótimo...acho interessante sairmos as vezes juntos. Pra almoçar ou fazer compras no beco diagonal.
–Concordo, e você deveria sorrir mais de vez em quando.
–Eu sou um poço de simpatia- Ele arqueou as sobrancelhas como se não concordasse- Acho legal pararmos de trocar desaforos...
– Concordo. A partir de hoje você é minha mulher, então tratarei você como tal. Pelo ou menos quando tiver gente por perto.
Me senti satisfeita ao invés de ofendida.
–Que ótimo, então prometo não te irritar quando estiver em casa.
–Talvez nem me note aqui, mal fico em casa. Ainda mais agora que vou concorrer pelo contrato tenho que ajudar na criação da nova coleção de jóias.
–Entendo. Espero que consiga o que quer.
–Obrigado...Bom, sei que está sem moto e pensei que gostaria de uma carona até seu trabalho... se você quiser continuar a trabalhar.
–Não vou parar de trabalhar.
–Mas poderia não é? O que vão dizer de mim? Com uma esposa garçonete.
Que ogro esse meu marido.
–É um trabalho como outro qualquer, se repetir isso de novo arrebento sua cara- me levantei encarando ele.
–Essa eu pago pra ver! Se quiser fazer escândalo faça, porém não tem necessidade de você trabalhar.
–Tanto faz !
–Apenas acorde bem cedo.
Dei de ombros e me sentei denovo.
Ficamos emburrados por um tempo até ele decidir me mostrar onde ficavam os utensílios na cozinha. Aparentemente duas vezes por semana uma empregada aparecia pra fazer uma faxina, mas ele disse que ele era quem cozinhava e que estava tentando viver sem empregados.

–Comprei algumas coisas pra você! Perguntei pra uma funcionária sobre o que as mulheres gostavam de comer. Está na geladeira e armário.
–Obrigada !- Sorri. Acho que ele é bipolar. Hora é gentil, hora é um grosso.
–Agradeço se não tomar meus hidrotônicos. Gosto de tomar um de manhã quando vou malhar.
Então estava explicado aquele corpo.Fiquei olhando ele tomar um yorgut, ele daria um ótimo garoto propraganda. Sai da minha fantasia quando ouvi meu celular tocar no quarto.
–Alô?
–Estou atrapalhando algo? – Gina disse com malícia.
–Deixa de ser boba!
–Uma garota pode sonhar às vezes –riu- Como está sendo?
–Melhor do que eu imaginava.
–Que ótimo, amanhã apareço ai para conhecer sua nova casa.
–Tudo bem, beijos.
Naquela noite demorei um pouco pra pegar no sono afinal o colchão era muito mole e minhas costas doíam. Acordei com o despertador do meu celular “ I Will Survive” tocava num volume ensurdecedor tratei de desligar antes que Draco escutasse. Obra de Gina Weasley, bem que desconfiei quando ela havia pedido meu celular emprestado.
Afundei a cabeça no travesseiro bufando.
–ODEIO acordar cedo!
Prometi a mim mesmo pensar seriamente em não trabalhar mais.Porém desisti ao perceber que daria um gostinho de vitória pra Draco.
Assim que saí pude perceber que Draco já não estava mais em casa, pois a porta do quarto dele estava aberta e a cama arrumada. Devia ter esquecido que prometeu me dar uma carona. Fiquei decepcionada.
Tomei um banho demorado, já que tinha tempo de sobra. Afinal Gina me fez acordar com as galinhas.Saí ainda enrolada na toalha pra dar uma olhada no que havia na geladeira. Encontrei cerveja, queijos, sucos, frutas, embalagens de comida pronta e dúzias de bandejas de iogurte, de todos os sabores e marcas conhecidas.Ri sozinha provavelmente tudo estragaria antes que eu conseguisse tomar todos.Fui até um armário e peguei um cereal, joguei um pouco de leite e sentei no balcão, quando estava quase terminando o café a porta sala se abriu abruptamente. Saltei da baqueta assim que vi Draco – De bermuda, regata branca, cabelos molhados e pingando de suor- aparecer na cozinha.

–Draco! – gritei apertando a toalha.

–Bom d... - ele me examinou de cima a baixo, desviou os olhos, depois se virou de costas. - Eu... não sabia que você tomava café vestida assim.

–Eu não sabia que você voltaria, achei que estava na sua empresa a essa hora.
–Ainda é cedo, e prometi a você que te levaria. Esqueceu?
–Er...vou colocar um roupa- eu disse saindo dali o mais rápido que pude.
Vesti uma roupa qualquer e fiquei enrolando na maquiagem tentando adiar ao máximo o momento que teria que olhar no rosto do Malfoy.Me sentia muito constrangida, como se fosse a primeira vez que um homem me visse quase nua. Sentei no sofá assistindo o jornal. Até Draco chegar com toda a pompa que ele possuía e uma roupa extremamente formal. Não nos olhamos por todo o trajeto, ambos constrangidos.
–Desculpe- quebrei aquele clima.
–Tudo bem, não é algo que te leve a Askaban. Só não estou acostumado a ver uma mulher de toalha comendo na minha cozinha.
–Certo.
Fiquei um pouco contente com o fato de eu provavelmente ser a primeira mulher que fica no apartamento dele.
–De certa forma fico feliz, vejo que se sente em casa. Só apenas preciso me acostumar em ver você daquela forma e não...-esperei ele terminar mas ele não disse nada.
–E não...? – Perguntie nervosa por ele não terminar a frase.
–Bom, chegamos. Depois a gente se fala. Passo aqui pra te pegar as seis.
–Tudo bem, obrigada!
Saí do carro querendo esmurrar uma parede e tentando adivinhar o que passava naquela cabeça loira.