Sentei um pouco para descansar, estava a manhã toda entregando currículos. Estranho uma possível milionária em busca de trabalho, porém se eu dependesse do meu charme para arrumar um marido ia passar fome.

Em frente meu banco tinha uma cafeteria muito charmosa e uma placa informando que eles estavam contratando garçonete. Entrei na cafeteria e conversei com a gerente que gostou muito de mim apesar do meu currículo ser vazio, prometi que iria no dia seguinte para começar a trabalhar. Fiquei feliz, afinal achei que levariam dias para arrumar um emprego.

Decidi aparatar na Toca e contar as novidades pra Gina.

Fui atendida por Molly, era de se surpreender que após a perda do filho ela ainda continuava forte e simpática, porém aquela alegria que ela emanava havia sumido. Todos entendiam seus motivos. Desde a morte de Fred a Toca estava mais triste.Eu sentei na cozinha enquanto Molly foi chamar Gina e suportava aquele silêncio incômodo.

–AMIGA! Me abraça, quanto tempo- Nos abraçamos rindo.

–EU sei, eu sei. Precisamos conversar!

–Claro, mãe...estamos subindo.

–Tudo bem Gina...

Subimos no quarto de Gina.

–Ela está cada vez pior...você sabe, Fred.

–Imagino a dor dela.

–Vamos pular a parte triste, pode falar- sentamos na cama dela.

–Dumbledore, deixou tudo o que tinha pra mim...algo haver com querer que eu fosse a filha dele...loucura...depois...fui na lanchonete...consegui um emprego, tenho que casar pra pegar todo o dinheiro...um ano isso um ano depois de casada.

–Tudo bem, detectei uma pessoa agitada e ansiosa, mas creio que entendi. Amiga...você está usando...er, drogas?

–Gina! Eu aqui desabafando e você me chamando de usuária. É estranho pra mim também. Preciso do dinheiro mas para tê-lo preciso também me casar. Está compreendendo a dificuldade?

–Não, amiga...você é inteligente, linda e divertida.Não vejo dificuldade.

–Pois elas existem.

–Se precisa tanto de dinheiro creio que Harry não vai se importar em...

Interrompi ela.

–Não quero dinheiro de ninguém, só preciso arrumar um marido, afinal, não deve ser tão difícil quanto imagino, vou pensar positivo.

–E vai fazer o que? Pegar o primeiro louco que aparecer na rua e casar com ele?

–Por que não?

–HERMIONE GRANGER, eu MATO você se fizer besteiras ouviu? Eu ia dizer que se precisar pode contar comigo.

–Vou me lembrar disto Gina, você é a melhor. Mas preciso realmente resolver essa situação. Não acredito que Dumbledore fez isso comigo, ele sabe, todos sabem que sou péssima quando o assunto é amor.

–Todos sabem é que está na hora de você se apaixonar, amolecer esse coração de pedra.

–Seu irmão...

– Sei que você amava ele, mas ele te machucou muito. Porém digo AMAR Hermione, amar alguém de verdade, sabe? Aquele tipo de amor...

Fiz cara de paisagem, não fazia idéia do que ela estava falando.

–Não não sei Gina, resume.

Ela Revirou os olhos.

–Aquele Hermione, que faz seu coração doer de tanta felicidade, que faz você querer ver ele toda hora, e ser a primeira pessoa a dizer bom dia para ele todos os dias e a última a dizer boa noite, aquele que você sente que é ele quem te prende na terra.

–Estou ferrada.

Ela riu.

–Sei que vai senti isso um dia... Por Melin, não faça nada insano.

–Jamais- menti, na situação difícil que eu estava faria qualquer loucura.

Após escutar os planos mirabolantes de Gina para que eu encontrasse um marido, voltei para meu apartamento.Dormir cedo era um dever para quem acorda cedo.

–Bom dia Nicole ! – cumprimentei a minha colega de trabalho a qual fui apresentada no dia anterior.Nicole Collings era uma garota morena, cabelos lisos e olhos castanhos, muito simpática e com os dentes da frente levemente separados. Logo nos identificamos.

–Bom dia Mione !- sim, ela era assim se sentiu íntima de mim rapidamente.

–Bom dia ! Onde coloco meu avental?

–Vou lhe mostrar.

Entramos numa salinha, coloquei meu avental e guardei minha bolsa. Voltamos ao balcão e logo clientes foram chegando, Nicole disse que o movimento naquele dia estava bom, rapidamente aprendi o serviço porém por vezes queria lançar um Sectumsempra em alguns clientes arrogantes, sim, naquele dia eu estava cruel.

–Mione, vem aqui ! –disse ela toda risonha- Meu cliente favorito está ali, ele é lindo sério.

–Onde?

–Ali- ela apontou na mesa três só vi uma cabeleira loira virada de costas para mim- atende lá, depois me fala se ele não é lindo.

–Tudo bem...- falei indiferente, não estava acostumada a flertar, só a ler. Droga, Dumbledore estava certo, tentei sorrir para parecer mais animada mas saiu uma coisa estranha ao invés de sorriso e fui andando em direção a mesa.

Ao ver o rosto dele quase cai no chão.

Não sabia o que sentia, vergonha, choque, raiva, nervoso e acredite uma certa nostalgia de ninguém menos que Draco Malfoy.

–Granger!- disse ele com aquele sorriso.

–Malfoy?!- minha voz saiu esganiçada, quase quis morrer por isso. Levei um susto, sim era o mesmo Malfoy de antes, mas estava mais bonito...o que deixava as coisas piores. Pior do que um inimigo é um inimigo ficando mais bonito.

–O que faz aqui?- perguntou tirando os óculos de sol, francamente só ele pra usar óculos de sol em ambientes internos.Ridículo.

–Eu...eu trabalho aqui...- respondi meio sem jeito e me odiando por isso.

–Ah, você é a dona?- ele praticamente ria da minha cara.

–Não seja idiota Malfoy, sou garçonete aqui. Aliás um trabalho muito digno, enquanto provavelmente você gasta o dinheirinho da sua família problemática por ai.

–Soube que apagou a memória dos seus pais, e que agora está sozinha. E que Potter e o Weasley te chutaram, que fase, que chato...lamento muito.-Disse cínicamente porém acertando em cheio minha ferida, saí de lá antes que eu chorasse.

–Com licença Malfoy.

Creio que ele notou minhas lágrimas.

–Eu...

Saí andando sem me importar com o que ele diria.

–Hermione, o que foi?

–Seu príncipe encantado é um imbecil que estudava comigo, um idiota. Atende ele porfavor?

–Sim, claro. Se acalma está bem ?

Fiz que sim com a cabeça e tratei de me acalmar.

Quando ele foi embora finalmente pude me sentir aliviada.

Sei que não sou muito gentil também, mas ele é bem pior que eu. Engraçado como não conseguimos estar no mesmo ambiente sem ficar a beira de lançar um Avada no outro.

Dois dias se passaram normalmente, até que na saída do trabalho vi o Malfoy parado com as mãos no bolso encostado num poste.

Sexy? Muito.

Rude? O triplo.

Meu inimigo? Com certeza.

–Olá? – ele me disse meio sem jeito.

–Oi?

Muito estranha essa nossa conversa.

–Eu...sinto muito por ter feito você chorar.

–Acha realmente que me fez chorar? Francamente, você acha que o universo gira em volta de você.

–Então por que chorou?

–Isso, meu querido, não é da sua conta- Toma essa Doninha!

–Não precisa ser arrogante, só vim me desculpar...- Quase fiquei com pena, olhando aqueles olhos cinzas me olhando de volta, pude ver um brilho diferente.

–Ok, já fez sua parte, já pode sair da minha frente.

–Na verdade a rua é pública, quer saber, você não mudou nada, uma irritante. Estou tentando ser legal com você.

–Você? Legal? Não mesmo!

–As pessoas mudam, Hermione. – ele disse enquanto eu o deixava falando sozinho, quase voltei para perguntar se realmente tinha escutado bem, ele me chamar pelo meu primeiro nome.Que evolução ! Passei a mão no rosto para tirar aquele meu sorrisinho estúpido que brotava no canto da minha boca.

Já tive dias de mais sanidade.