Batia os dedos impacientemente no balcão da loja de roupas.Já temendo o pior.

-Senhorita, esse também não está indo- disse a vendedora me entregando o cartão.

-Tudo bem, vou deixar

Humilhação, essa palavra faz um breve resumo da minha situação atual.

Desisti da compra e deixei as sacolas na loja e voltei pro meu apartamento. Comecei a escrever o restante da minha coluna mensal do profeta diário, basicamente eu indicava algum utensílio trouxa e explicava as vantagens dele e suas funções.

Ultimamente estava tudo muito difícil, ainda mais sem meus dois melhores amigos. Depois que viraram aurores mal tinham tempo pra respirar, me ver então, raramente acontecia. Um ano após a guerra eu fui a única do trio de ouro sem muito sucesso, morando em um bairro nem tão ruim em Londres, porém em um cubículo ao qual eu chamava carinhosamente de apartamento. Meus pais ainda não lembravam de mim. Praticamente estava sozinha e sem poder voltar a morar com os meus pais.

Depois da vergonha do cartão ao chegar no meu apartamento me deparei com mini montanha de contas a pagar, claro que passei reto por ela indo em direção ao banheiro. Tudo que eu desejava era uma fada madrinha, um milagre, uma luz. Assim que parei minha linha de pensamento escutei um barulho na janela, saí correndo do chuveiro me enrolando em uma toalha. Já fui com minha cara de louca assassina achando que eram os meninos da rua de trás que ficavam tacando pedrinhas nas janelas dos moradores do meu prédio (só podia ser pessoal) quando me deparo com uma coruja.

Levantei a janela depressa, animada com a carta que havia recebido.

-Vejamos o que tem pra mim- peguei a carta notando o símbolo do ministério.

Senhorita Granger,

Peço autorização para aparatar em seu apartamento.

Hector Russel

Ministro da Magia

Respondi a carta dizendo que autorizava a aparatação e a coruja voou. Vesti uma roupa rapidamente e cerca de uma hora depois escutei um “Plof” e ali estava o Ministro na minha sala.

-Boa noite Granger.

-Boa noite Ministro, pode se sentar- disse apontando o sofá- o que deseja?

-Senhorita Granger, vou direto ao ponto pois meu tempo é curto. Lembra-se do dia em que o antigo ministro da magia leu o testamento de Alvo Dumbledore para você, Potter e o Weasley?

-Claramente- franzi a testa pois não fazia ideia do que aquele homem estava falando.

-Pois bem, o ministro não leu exatamente tudo, claro que, a pedido de Dumbledore. A parte oculta do testamento dele diz que ele deixou tudo o que possuía para você senhorita- ele possuía um semblante tedioso.

- QUE?

-Isso mesmo, toda a fortuna dele, tudo o que há no cofre dele no Gringotes será seu. Farei a leitura do testamento.

Ele pigarreou e começou a leitura.

“Minha cara Hermione Granger,

Creio que saiba que sempre tive muito apreço pela senhorita, sempre lhe admirei pela sua lealdade, coragem e determinação. Um dia pensei que teria uma filha ou um filho, porém não tive tempo necessário para encontrar o amor. Porém se eu tivesse desejaria que ele ou ela fosse exatamente como você. Por isso lhe deixo tudo o que possuo, pois sei que você é sábia e o usará corretamente e para o bem. Porém devo lhe avisar de que corra atrás do amor e seja feliz, que erre e que aproveite bem a vida. Por isso só terá acesso ao meu cofre após um ano em matrimônio. Quero que encontre alguém, quero que passe mais tempo com uma pessoa do que atrás dos grossos livros que lê. Sei que escolherá bem seu companheiro para a vida. Enquanto isto a fortuna ficará sobre a tutela do ministro da magia. Não poderá ser contestada minha palavra pois se assim fizer perderá tudo o que lhe deixei. Esse é o meu desejo final.

De seu diretor

Alvo Dumbledore”

Simplesmente meu queixo caiu, primeiro fiquei feliz por estar ganhando uma FORTUNA, mas que história era aquela? Dumbledore devia estar louco. Onde eu ia arrumar um marido? Rony não deu certo... Krum, calado demais. E eu sou um fracasso no quesito amor. Até Dumbledore sabia disso.Acabei deixando algumas lágrimas caírem dos meus olhos. Me sentia honrada por tamanha confiança da parte dele e agoniada por tamanha loucura.

-Não sei o que dizer.

-Não deve dizer nada, apenas lhe deixei ciente do testamento. O desejo dele é que eu lhe entregasse um ano após Hogwarts e assim eu fiz, após um ano de casada terá acesso a tudo o que é seu- disse ele me entregando a cópia do testamento.

-Mas preciso desse dinheiro...

-Então trate de se casar logo. Passar bem Senhorita Granger - disse ele antes de aparatar, me deixando sozinha na sala com cara de louca e com o testamento na mão. Arrogante demais esse Ministro. Sinceramente não fazia ideia de que Dumbledore simpatizava tanto assim comigo a ponto de deixar tudo o que tinha para mim. Talvez para Harry. Mas porque para mim?

Corri os olhos pelo testamento, um clara discrição dos bens dele, que agora eram meus.

Ao todo havia livros raros, uma mansão em um bairro de Londres e milhões em ouro no Gringotes me esperando.

Uma certeza eu tinha: precisava de um marido e o mais rápido possível.