Music of The Night escrita por Elvish Song, TargaryenBlood


Capítulo 23
A Vingança do Fantasma


Notas iniciais do capítulo

Ai, meninas! No capítulo de hoje, o Fantasma vai agir; muita tensão e dor!



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POV Christine

Dois dias depois do atentado que quase matara Madame Giry, Erik e eu continuávamos nos revezando com Meg para cuidar de sua mãe. Minha preceptora pouco havia melhorado, estando ainda livida e inconsciente; o médico dissera que a faca não atingira um vaso importante por menos de um milímetro, mas ainda assim o sangramento fora significativo. Não o bastante para matar, mas iria deixá-la fraca por semanas.

Como se isso não bastasse, tínhamos também de lidar com o terror que se instaurara no teatro: Alice, a bailarina que vira meu esposo debruçado sobre o corpo ensanguentado de Madame Antoinette, divulgara o que vira para todos. E não importava o que eu, Angelique, Piangi ou qualquer outro amigo disséssemos, o pânico se disseminara ante a notícia de que o Fantasma da Ópera matara outra vez. Ao que tudo indicava, o plano de Madame Chagny dera certo, afinal; seria questão de tempo até que a polícia assumisse o caso, nao obstante os esforços de monsieur Andres e monsieur Firmin para abafar o caso. O sensato seria irmos embora dali o quão logo possível, mas deixar Madame Giry, especialmente naquele momento, era impensável! Estávamos oficialmente de maos atadas.

Não tenho vergonha de admitir que estava com medo. Não cria que fossem ocorrer outros atentados, mas esperava a todo instante ouvir o pisar pesado de botas duras, os gritos de alerta de uma dúzia de policiais a invadir o teatro em busca do Fantasma. Eram esses, também, os pesadelos que me acossavam à noite. Em meio a tal tensão, meu esposo se trnsformara, como se Erik houvesse cedido lugar ao Fantasma da Ópera: estava obcecado pela vingança, e so Deus sabe o que fazia quando desaparecia por horas, voltando apenas para substituir-me na vigilia por Madame Giry.

Dividida entre os ensaios, os cuidados com minha amiga enferma e com Vivienne, tudo o que eu podia fazer era rezar para que Erik nao cometesse alguma bobagem, pois ele parecia já não me ouvir.

POV Erik

Espreitei nas sombras, como vinha fazendo há uma semana: escalar a parede do palacete De Chagny, com todos os seus adornos e esculturas, era uma brincadeira de crianças para alguém que crescera explorando todos os segredos do Teatro. Alcançando a janela mais alta, certifiquei-me de o corredor estar vazio antes de entrar. Como o fantasma que fingia ser, deslizei em total silêncio até o quarto de Marie de Chagny. Se antes meu coração se perturbava de ódio, agora estava calmo na expectativa da vingança ; não posso mentir... gosto de torturar e aterrorizar pessoas. Gosto de ser juiz e algoz desta sociedade hipócrita que age perversamente enquanto se oculta atrás de falsos sorrisos e modos educados. E agora estava a caminho de mais uma ação.

Meus sentidos se expandiam e excitavam na antecipação da dor e do sangue que haveria; nos últimos três dias, havia deixado cartas para Marie, assinadas pelo Fantasma da Ópera e escritas com sangue de animal. Não lhe pedia nada, mas fazia-lhe ameaças, prometendo-lhe o castigo das Erínias, afirmando que a ampulheta de sua vida estava no fim. Ela se cercara de guardas, e eu me divertira escapando aos olhos destes e deixando à mulher uma carta em seu decote. Mas ela nunca chegou a ver quem se aproximara tanto... Tal era o poder da discrição e do ilusionismo, que agora haviam posto a nobre em verdadeira paranoia.

Agora, eu seguia para o próximo passo do plano. Escapar aos olhos dos dois sentinelas à porta do quarto foi simples; quando perceberam a fumaça no ar, já era tarde, e tombaram ambos desfalecidos com o pesado extrato de papoula borrifado no ar. Protegido por um pano que me cobria nariz e boca, continuei em frente: abri silenciosamente a porta, esgueirando-me para dentro. Aproximei-me da cama e tirei da manga a carta que escrevera. Em minha mente repassava as palavras escritas:

"A areia da ampulheta esta quase no fim. O Fantasma está vindo por você, vindo para arrastá-la às profundezas do inferno. A desgraça paira sobre seu lar, e não haverá escapatória para milady, tampouco para a bela Lucy ou o patético Raoul. Não podem fugir, pois os seguirei aonde forem. Sou a chama do clamor por vingança de todos a quem prejudicaram, sou o espírito do sangue derramado por suas ordens. Sou o choro das órfãs e viúvas lançadas ao Tártaro por obra sua... e não haverá escapatória. O julgamento foi feito, e você foi culpada. O julgamento foi feito, e seus filhos foram culpados. Não há para onde fugir... existe apenas a trilha de tormentos que se estende sob seus pés. Existe apenas a Punição. "

Novamente escrevera a carta com sangue, e agora iria entregá-la; escorreguei para junto do leito, e mirei a mulher em seu sono agitado. Tendo pesadelos, milady? Talvez deva neles se refugiar, pois são doces perto do que a farei passar! Pagará caro por ameaçar minha esposa, e por ferir a única pessoa que foi minha família desde sempre! Eu a faria pagar, maldita... A loucura era um processo lento, no qual eu a imergiria cada vez mais... Pois ninguém conhecia melhor que eu o caminho ao fosso da insanidade, do qual entrava e saía a meu bel-prazer. Deixei a carta sobre o peito da senhora, e junto dela uma rosa branca embebida em sangue até tornar-se rubra. Deixei ali também um medalhão, com a imagem de La Carlotta em seus tempos de fama - isso fora sugestão de Piangi - sentindo o delicioso sabor da vingança.

Havia na tortura algo de primoroso, um deleite que se comparava à embriaguez; entretanto, assim como um bom vinho, devia ser saboreada lentamente, gota a gota, até se extrair o último e refinado arquejo de agonia. Eu nunca me saciava antes disso... Passei a rosa pelo rosto pálido, que se manchou de sangue; ela se remexeu, e soube que acordaria em breve. .. queria ouvir os gritos, quando o fizesse. Mas ainda tinha um serviço a terminar: voltei ao lado externo e, escalando com cuidado, cheguei à janela do quarto da linda Lucy.

Ela dormia profundamente, tranquila, quase inocente na beleza dos dezoito anos; uma verdadeira tentação e convite ao terror! Podia imaginar tantas coisas para aquele rostinho de anjo, que ocultava sua alma perversa! Sim, eu era um monstro, uma gárgula, e meu rosto era prova disso... mas embebido no êxtase da ação, aquilo não me importava, pois era exatamente o que me permitiria proteger os que eu amava. Sem acordar o pequeno demônio, amarrei-lhe as mãos à cabeceira da cama, e comecei a deslizar a ponta de minha faca por seu rosto, e neste momento ela despertou.

Nunca gostara de torturar mulheres, mas aquela monstrinha que fora a responsável por contratar Carlotta merecia cada segundo de sofrimento que eu pudesse lhe proporcionar! Tapando sua boca para abafar os gritos, dei-lhe meu sorriso mais demoníaco e comecei a cortar. Abri cortes superficiais em seus ombros e rosto, e então desci para os seios e ventre. Ela se retorcia, mas estava presa, imobilizada, incapaz de pedir socorro.

Deleitei-me com sua impotência, parando a tortura apenas quando os lençóis da cama se manchavam de sangue. Prendendo seus olhos nos meus, usei minha voz mais perigosa e hipnótica para dizer:

– se gritar, eu mato você.

Ela anuiu com terror no olhar, e tirei minha mão de sua boca. Cortei as amarras que a prendiam, e então tomei-lhe as duas tranças louras e longas na mão. Com um golpe de faca, as longas mechas se separaram da cabeça, e ela deixou escapar soluços estrangulados. Fitei-a e ameacei:

– se não deixarem o teatro e seus moradores em paz, você será a primeira vítima, querida Lucy. - aqueci meu anel em forma de caveira na chama da vela acesa, até que ficasse rubro, e tornei a tapar a boca de minha presa. Sem dó, encostei o metal incandescente a seu ombro; a carne chiou e Lucy gritou... que gritos maravilhosos!

Recolhi um pouco do sangue dela - que ainda vertia dos cortes - em um pequeno vidro, soltando-a quando os gritos morreram. Deixei a moça quase desfalecida no leito, e segui então para o quarto do visconde: mais dois guardas inconscientes, e estava no aposento. Mas a tortura do garoto seria diferente! Deixei-lhe uma carta escrita em tinta:

"Veja, Visconde: sua mãe beira a loucura, sua irmã está ferida. E a culpa é apenas sua! Não é homem o bastante para conter a fúria de sua mãe, então permite que ela ameace inocentes para se vingar em nome do filho aleijado. Fraco! Covarde! Esconde-se sob as saias da mãe em vez de me enfrentar pessoalmente! Se ainda lhe restar alguma valentia - se é que um dia a teve - resolvamos o problema entre nós. Pois garanto que, se sua família continuar a ameaçar a minha, eu a destruirei, lenta e dolorosamente. "

Deixei a carta sobre a cama, e passei um laço de enforcamento em torno do pescoço de Raoul. Finalmente, despejei o sangue de sua irmã em seu rosto e boca, fazendo-o despertar. Antes que ele me visse, saí pela janela ; dependurado nos muros do palacete, pude ouvir os gritos da família enquanto ia descobrindo meus recados. Um começo de dia perfeito, e ainda nem amanhecera!

****ฯฯฯ***

Voltei ao hospital, onde encontrei Meg, Christine e Antoinette exatamente do modo como as deixara: Madame Giry permanecia em seu sono de fraqueza, com a filha dormitando sentada ao seu lado; minha esposa estava em pé ao lado do leito, embalando nossa filha nos braços. Minha querida parecia tão cansada e pálida! Assustaram-me as olheiras escuras em seu rosto de anjo, e corri para ela sem hesitar.

– meu amor, você está bem? Está tão pálida!

– estou bem, querido. Apenas cansada... Meg e Vivienne choraram a noite toda, e eu não sabia quem consolar primeiro.

– bom, quem precisa de cuidado, agora, é você! - apesar dos protestos de Christine, acordei a menina Giry e disse-lhe que voltaria em breve. Então guiei minha esposa para a rua, onde tomamos um coche de volta à Ópera. Levei-a aos aposentos de Primeira Dama e deixei que se banhasse e vestisse enquanto eu cuidava de nossa filha; afinal consegui convencê-la a deitar e dormir um pouco, enquanto eu retornava para junto de Antoinette.


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Notas finais do capítulo

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