Music of The Night escrita por Elvish Song, TargaryenBlood


Capítulo 11
Surpresas


Notas iniciais do capítulo

Só para constar: teremos uma cena violenta neste capítulo, certo? Pessoas sensíveis, podem pular o POV Narrador, ok?



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Dez dias se haviam passado desde minha discussão com Erik. Dez dias onde eu procurara por ele, chamara-o, pedira que me perdoasse... Mas fora o mesmo que falar às paredes. Ele não viera. Pela primeira vez, ele não veio quando chamei, tampouco sua voz sussurrou meu nome no escuro... Eu só queria poder voltar atrás, e revogar cada palavra que lhe dissera naquela tarde! Eu precisava falar com ele, precisava lhe contar... Mas meu amor não estava lá para ouvir.

Chegou a noite de Ano-Novo, quando a Ópera sediava o maior baile de máscaras de Paris. Minha vontade de comparecer era nula, mas não tinha muita escolha, como Primeira Dama. Sim, eu voltara ao meu posto, agora com um contrato assinado – idéia de Madame Giry, é claro – para evitar novos... Imprevistos que pusessem minha carreira em risco. E como Prima Donna, devia participar da festa, não importando o quão indisposta me sentia.

Meg e Angelique – outra amiga, bailarina – vieram se preparar em meu quarto, ajudando-me também a me arrumar, pelo que fui grata – prender meu cabelo em algo mais elaborado que uma trança era sempre um desafio. Já pronta, olhei-me no espelho e, pela primeira vez, fiquei realmente satisfeita com o que vi: meu corpo parecia finalmente ter-se convencido de que eu não era mais uma menina, tornando-se curvilíneo e elegante, dando ao meu vestido de veludo um belo caimento. O negro do traje contrastava com o tom branco de minha pele, e eu usava o colar de safiras que Erik me dera. Angelique e Meg haviam prendido meu cabelo com uma tiara de contas brancas, deixando que os cachos caíssem soltos até a cintura. Em suma, o que eu via no espelho não era uma garota: era uma mulher.

(vestido Christine)

Meg usava um vestido rosa claro, com flores de cetim e seda no decote e na cintura, de mangas largas com fitilhos no punho; seus cabelos eram adornados por uma coroa de flores, e calçava sapatilhas brancas, fechadas. Em suas costas eu e Angelique prendemos o par de asas coloridas – tão perfeitas que pareciam reais. Meg se vestia como Titânia, a rainha das fadas da obra Sonhos de uma Noite de Verão, de Shakespeare. Estava linda daquele jeito.

Angelique fora um pouco mais tradicional e – na exuberância dos vinte anos – usava um vestido verde-oliva de decote acentuado e corpete justo, que marcava nitidamente suas formas já acentuadas. Trazia os cabelos num coque elegante, e uma gargantilha de ouro adornava seu pescoço; sua máscara era de renda negra, ocultando apenas a metade superior da face.

Estávamos quase prontas; faltava apenas um detalhe, para mim: abrindo uma caixa que guardara para aquela ocasião, tirei de lá uma máscara branca, que cobria apenas o lado esquerdo de meu rosto. Coloquei-a, e então olhei-me uma última vez no espelho, desejando ardentemente que Erik estivesse atrás daquele vidro, observando-me. Com um sorriso forçado fui para junto de minhas amigas, e seguimos para o grande salão, onde a música e a dança já se haviam iniciado. Enquanto descíamos a escada, Angelique perguntou:

– Que fantasia é a sua, Christine?

Eu e Meg trocamos um olhar significativo, sorrimos e respondemos juntas:

– Anjo da Música.

Juntamo-nos aos demais no salão; as pessoas vinham nos cumprimentar, conversar, e os cavalheiros nos faziam convites para dançar. Aceitei alguns, mas logo me esquivava dos jovens e seguia adiante, rindo e conversando com todos, como era esperado da Primeira Dama. No salão, fantasias e máscaras coloriam a noite; palhaços e cavaleiros, princesas e arlequins, todos eles desfilando pelo chão dourado, rodopiando, dançando, rindo. A alegria podia ser sentida no ar, quase material, contagiando a todos. E qual não foi minha surpresa quando novo convite se apresentou a mim:

– Poderia me conceder a honra desta dança, Mademoiselle Daae? – Erguendo os olhos para quem se dirigia a mim, encontrei Raoul. Ele deve ter visto o receio em meus olhos, pois logo explicou – Estou desacompanhado, e você também. Poderia ser minha acompanhante nesta noite? Apenas como amigos, é claro.

Eu sorri discretamente e aceitei seu convite; De Chagny estava vestido com uma espécie de farda militar do século passado, portando ombreiras douradas e uma espada verdadeira no cinto. Eu tinha de admitir: meu pequeno amigo se tornara um belo homem. De repente, dançando com ele, senti como se houvéssemos voltado à infância, num tempo onde ainda não havia questões como nome, reputação, decoro... Onde ele ainda não me havia pedido em casamento e recebido “não” como resposta. Embora sentisse falta de meu Anjo, podia dizer que estava feliz, naquele momento.

– Está especialmente elegante esta noite, Pequena Lotte – comentou Raoul, fazendo-me corar.

– Obrigada. Também está particularmente belo, hoje, Visconde. Já deve ter partido dois ou três corações, apenas nesta festa.

– Sabe qual é o único coração que desejo, Christine - disse ele, num impulso. Paramos de dançar, e virei o rosto, constrangida:

– Raoul, nós já conversamos... Não estrague este momento em que estamos tão felizes, por favor!

Ele me encarou com certa tristeza no olhar, e então me soltou:

– Perdoe-me pelo constrangimento, Srta. Daae. – e me fez uma reverência – Com sua permissão, deixá-la-ei a sós com seu amado... Se é que ele está presente nesta festa.

Tive vontade de estapear De Chagny pelo comentário ácido, mas não podia condená-lo completamente... Eu falava de um homem a quem amava, mas ninguém jamais o vira. Poderia muito bem parecer ao meu amigo que eu usava uma desculpa qualquer para simplesmente rejeitá-lo. Pobre Raoul... Não queria partir seu coração, mas não havia nada que pudesse fazer.

A alegria de momentos antes se evaporou; com um suspiro de frustração e desapontamento fui me juntar a Angelique e Elise – uma moça do coro. Aceitei uma taça de champagne que me ofereceram, e permiti-me alguns minutos longe do assédio de freqüentadores do teatro e jovens interessados em mim. Beberiquei o líquido, já me arrependendo por ter aceitado: sabia que a dor de cabeça seria forte no dia seguinte. Minha resistência ao álcool era nula.

Tentei me esconder com minhas amigas pelo tempo que pude, mas não obtive grande sucesso; logo Monsieur Andre veio até mim, iniciando uma conversa maçante na qual não prestava grande atenção. De um modo ou de outro, acabei no meio do salão, dançando com o administrador; já imaginava como ia me livrar dele quando, de repente, uma explosão se fez ouvir no alto das escadas, com labaredas subindo quase até o teto antes de se apagarem. E ali, no meio da fumaça que restava da explosão, estava ele... Meu Anjo.

Erik desceu as escadas lentamente: usava roupas vermelhas, e uma máscara branca sobre toda a metade superior do rosto. Uma longa capa vermelha se arrastava atrás dele, com os dizeres: “sou a morte vermelha que passa”, e trazia no cinto um florete cujo botão da empunhadura era uma caveira. Sua figura era magnífica e imponente, e meu coração se acelerou ao vê-lo. Seus olhos se cravaram em mim por um instante, antes que ele voltasse a atenção aos presentes, desembainhando a espada.

– Why so silent, good messieurs? (Por que tão silenciosos, bons senhores?) – sua voz tinha um tom sombrio e levemente ameaçador, combinando com sua figura.

– Did you think I had abandoned you for good? (pensaram que eu os havia abandonado?)

Have you missed me, good messieurs? (sentiram minha falta, bosn senhores?)

I have written you an opera! (eu lhes escrevi uma ópera)

Here I bring the finished score: (trago aqui a partitura finalizada)

Don Juan Triumphant! (Dom Juan Triunfante!)

A few instruction before rehearse starts: (algumas instruções antes de os ensaios começarem:) – ele apontou com o florete para as damas do coro:

– My ladies must be taught to act (minhas senhoras precisam aprender a atuar)

Not use their normal trick of strutting round the stage (em vez de se pavonearem pelo palco) – sua atenção se voltou para Piangi:

– Our Don Juan must lose weight (nosso Don Juan deve emagrecer)

It’s not healthy to a man at Piangi’s age (não é saudável para um homem na idade de Piangi.) – Seus olhos então encontraram Andre e Firmin:

– And my manages must learn (E meus administradores devem aprender)

That their place is in an office (que seu lugar é no escritório)

Not in arts (não nas artes)

E então, seu olhar se voltou para mim... Havia ali tantas emoções, tanto poder... Eu estremeci, vendo-o se aproximar de mim, incapaz de mover, petrificada por aquele olhar que tanto amava.

– As for our star, Miss Christine Daae: (e quanto à nossa estrela, Srta. Christine Daae:)

No doubt she’ll make her Best (sem dúvidas fará o seu melhor)

It is true her voice is good (é verdade que tem uma bela voz)

She knows, though, if she wants to excels (ela sabe, porém, que se quiser se superar)

She has much still to learn, (ainda tem muito o que aprender)

If she could forgive me and return to me (se ela puder me perdoar e voltar para mim) – Ele chegou tão perto que nossos rostos quase se tocavam:

– Her lover, her teacher (seu amado, seu mentor) – ele guardou a espada, tomou minha mão na sua e tirou-me delicadamente a máscara do rosto, fazendo-me desejar ardentemente que me beijasse – Christine, você pode me perdoar?

Meu coração batia descompassado pela emoção: eu não acreditava que ele havia se mostrado diante do todos, e que me pedia perdão sem qualquer constrangimento, na frente de todo o teatro! Enternecida, apaixonada, completamente emocionada, eu não conseguiria dizer o que fosse, então passei os braços por seu pescoço e o beijei, colocando naquele beijo todo o meu amor. Senti suas mãos em minha cintura, e os poucos segundos durante os quais nossos lábios se tocaram pareceram, ao mesmo tempo, breves e eternos. De repente um grito nos interrompeu:

– Afaste-se dela! – Como um raio, Raoul avançou contra Erik de espada em riste, empurrando-me para o lado e fazendo-me cair ao tropeçar no vestido longo. Erik mal teve tempo de desembainhar o próprio florete e aparar o golpe que mirava seu peito. Ergui-me e segurei o braço de De Chagny:

– Raoul, pare! Não faça isso! – mas ele apenas me empurrou, e tive de ver meu amado e meu melhor amigo engajados em um duelo. Erik, entretanto, não queria aquele confronto; com um movimento ágil ele lançou a ponta da capa contra o rosto de seu adversário, cegando-o por um segundo. Aproveitando-se disso ele golpeou o Visconde com o punho da espada, desequilibrando-o e levando-o ao chão.

– Fique grato por eu não matar crianças, Raoul de Chagny! – ciciou, irado. Sem querer prolongar tão desagradável situação, meu amado olhou para mim uma última vez e sussurrou, para que apenas eu pudesse ouvir:

– Eu virei até você. – e no instante seguinte labaredas vermelhas o cercaram. Quando as chamas desapareceram, não restava vestígio de meu querido Anjo da Música.

Ofegante e tensa, corei ao perceber que todos olhavam para mim; Raoul se levantava com dificuldades, mas a última coisa que eu queria era falar com ele, agora. Se eu falasse com aquele rapaz, ele não sobreviveria!

Tentando fugir daqueles olhares inquiridores, deixei o salão tão devagar quanto meu nervosismo permitia e fui para meus aposentos. Para mim, a festa acabara. E o pior é que sequer tivera a chance de contar a Erik o que precisava... Ele dissera que viria até mim, então esperar era tudo o que eu podia fazer. Troquei o vestido negro por uma camisola de seda branca com penhoar, tirei a máscara e a maquiagem e soltei os cabelos.

(camisola e penhoar Christine)

Fui para meu quarto e deixei apenas uma luminária acesa, mergulhando o ambiente na penumbra; cansada, sentei-me na poltrona e acabei por cochilar.

POV Narrador

Christine despertou com o som de uma porta se abrindo no camarim; não sabia dizer, entretanto, se havia sido a porta da frente ou a passagem do espelho a deslizar na moldura – estava levemente tonta, e sua cabeça latejava; como conseguira embriagada com duas taças de champagne, oras?! –. Curiosa, levantou-se e foi até a porta do quarto, mas assim que tocou a maçaneta, a passagem se abriu de uma vez; e quem entrou em seu quarto não foi Erik, mas um Raoul completamente embriagado.

– Raoul, o que está fazendo aqui?! – perguntou ela, realmente furiosa com a violação de sua privacidade.

– Calma, princesa – o hálito bêbado dele arranhou o rosto dela mesmo estando distantes – Só vim aqui para conversar!

– Não tenho mais nada a conversar com você, Visconde! – ela tentou impedi-lo de entrar – Tem dois segundos para sair do meu quarto!

– Ah, claro, você deve estar esperando por aquele assassino, não é?! – o rapaz começou a se alterar – Ah, sim, eu ouvi na festa o que comentaram a respeito de seu amante... O Fantasma da Ópera, Christine?! Como você pode me trocar por aquela criatura? Por aquele monstro?!

– O único monstro aqui é você, por dizer tais coisas! – ela exclamou, furiosa – Eu AMO Erik! – com raiva, ela tentou empurrar o Visconde porta afora, mas ele lhe agarrou o pulso com firmeza e a puxou para si:

– Só ama aquela coisa porque nunca conheceu um homem de verdade; venha cá, princesa – o jovem a puxou para si com força, tentando beijá-la. Christine tentou se esquivar, mas Raoul era um homem forte, e agarrou-a brutalmente, segurando seu rosto com uma das mãos e prendendo-a pela cintura com a outra.

O beijo que ele lhe deu foi possessivo e violento, nada que lembrasse mesmo remotamente a delicadeza e paixão dos beijos de Erik. Ela o empurrou e se debateu, mas De Chagny aprofundou o beijo, sua língua invadindo a boca da mulher em seus braços; ela lutava e se debatia, tentando escapar.

– Não lute, querida! – Disse ele, continuando a beijá-la – Ah, você é deliciosa! Como eu te amo, Christine!

Ao ver que seus tapas e empurrões não conseguiam afastar o nobre, ela o mordeu com toda a força que pôde juntar. Raoul se afastou xingando, a mão sobre o lábio mordido, e Christine usou a brecha para tentar fugir; aquele não era o Raoul que conhecia! Aquele homem estava cheio de frustração e mágoa! Desejava-a de um modo intenso e brutal, e não aceitaria um não como resposta. A moça estava simplesmente apavorada!

Não conseguiu, contudo, chegar à porta do camarim: Raoul, enraivecido e furioso, fora ferido em seu orgulho, e iria fazê-la pagar por tamanha ousadia. Agarrou-a pela cintura e a arrastou de volta para o quarto, jogando-a na cama e deitando-se em cima dela. A mulher se debateu, tentando empurrá-lo, assustada com a terrível mudança que o álcool e a raiva somados provocavam nos Visconde – por Deus! Ele pretendia violentá-la!

Entretanto, lutar contra o homem era impossível: ele era forte e pesado demais para que pudesse empurrá-lo; em desespero, ela o golpeou no rosto, deixando as marcas de suas unhas na forma de quatro cortes sanguinolentos. Aquilo o enfureceu ainda mais: brutalmente ele torceu os pulsos da jovem para cima, prendendo-os contra a cama enquanto a obrigava a aceitar mais um beijo doloroso. Ela chorava e gritava, suplicando:

– Raoul, por favor! Pare! – mas aquele que um dia fora seu amigo tinha a mente toldada por bebida, fúria e desejo. A mão grande desceu a alça de sua camisola, expondo-lhe o seio, que ele buscou avidamente com a boca; a moça sentiu o pavor crescer ainda mais, e seu pedido de socorro escapou na forma de um nome:

– Erik! – Alheio aos gritos e súplicas de sua vítima, o nobre ergueu-lhe a camisola, explorando com brutalidade as coxas firmes da mulher. Ele a forçou a encará-lo e sorriu com malícia:

– Você é tão linda... Ah, não chore – ele secou suas lágrimas com os lábios – Você vai gostar. E depois, eu a tomarei como minha esposa...

Christine fechou os olhos e virou o rosto para fugir daquele olhar. Aquele simplesmente não era o amigo que conhecera desde pequeno! Aquele demônio cheio de luxúria e raiva não podia ser o mesmo jovem que declarara seu amor no terraço, dias atrás! E ainda assim, ela podia senti-lo expondo-a cada vez mais, sem qualquer respeito por sua vontade ou preocupação em não machucá-la. Quando achou que sua sorte estava selada, a jovem sentiu o peso de Raoul sair de cima de seu corpo! Por instinto ela se encolheu, puxando a camisola para cima a fim de se cobrir, e neste momento seus olhos viram uma cena inesperada...

Erik erguia o Visconde do chão com apenas uma das mãos, apertando-lhe a garganta com força, estrangulando-o lentamente contra a parede. Havia ódio nos olhos verdes do Fantasma quando ele ciciou:

– Como OUSA tocar nela? Como se ATREVE a machucar Christine?!

Uma gama de sentimentos tomou conta de Christine: alívio, surpresa, resquícios de medo – ainda tremia com o horror de segundos atrás -, revolta... E preocupação! O ódio e a fúria que via no olhar de seu amado indicavam claramente que ele pretendia matar de Chagny. E, se fizesse isso – matar um nobre era um crime imperdoável para a sociedade – Erik seria perseguido e morto, a menos que deixasse a França. Tentando impedir que seu Anjo cometesse um ato do qual se arrependeria depois, pediu:

– Erik, não!

– Ele nunca mais tocará em você, meu amor. – Respondeu o Fantasma, soltando De Chagny, que caiu molemente no chão. A tentativa do nobre de se recompor e lutar foi patética, um erguer-se bêbado e cambaleante antes que tentasse socar Erik, o qual se desviou sem qualquer esforço. Com uma expressão vingativa, o músico esmurrou o abdômen de Raoul, que gritou.

– Estava forte o bastante para violentar uma mulher – rosnou o Fantasma da Ópera, tornando a golpear o outro – Onde está sua força para lutar contra mim, Visconde? – Raoul tentava revidar, mas estava bêbado demais para competir contra a agilidade do Anjo, que finalmente se cansou daquele jogo: com três golpes seguidos no rosto do Visconde, fê-lo cair quase inconsciente no chão. Com a raiva cegando-o aos apelos de Christine, arrastou seu adversário até o corredor suspenso e o inclinou perigosamente no peitoril de madeira:

– Eu só preciso soltá-lo, De Chagny – disse, cruel – Sabe qual vai ser a pior parte? Limpar a sujeira, porque não vai haver muito de você inteiro... O que acha disso? – ele aumentou a pressão dos dedos sobre a garganta do nobre, cujo rosto estava inchado e vermelho devido à falta de ar e à circulação interrompida.

– Erik, não faça isso! – implorou a soprano, que viera atrás de seu amado. Ela ainda chorava, embora Erik não pudesse dizer se por causa da quase violação ou por outro motivo – Se o matar, será perseguido e morto! E mesmo que consiga escapar, terá de deixar Paris, talvez a França, para sempre! Por favor, Anjo!

– Ele quase a violentou, Christine! – respondeu o fantasma, inclinando mais um pouco sua presa sobre o peitoril – Como posso deixá-lo viver?!

– Meu amor, por favor... – ah, ela não queria contar aquilo assim, mas teria de fazê-lo! – Nosso filho precisa de você!

Ela viu o choque perpassar o rosto de Erik quando, atônito, ele deixou o Visconde cair no chão da passarela; aproximando-se lentamente de Christine, trazia no olhar uma expressão completamente nova: surpresa, espanto, intensa alegria, comoção. O Anjo segurou o rosto de Christine em suas mãos, acariciando-a suavemente:

– Nosso filho?

– Estou grávida, Erik. – confirmou ela – E nosso bebê precisa do pai.

Erik não respondeu; seus braços a envolveram com força, trazendo-a contra o peito forte enquanto ele a beijava suavemente, repetidas vezes. Ela sorria com uma alegria que ainda não experimentara, acariciando o lado exposto da face de seu amado enquanto o ouvia sussurrar ao seu ouvido:

– Eu amo você, Christine! Muito mais do que qualquer homem já amou sua mulher. – Ela estremeceu de prazer àquelas palavras: “sua mulher”... Sim... Mesmo que ainda não estivessem casados, ela pertencia ao Anjo. Sempre pertencera a ele, mesmo quando era uma menininha e ainda não conhecia aquele tipo de amor. E sabia, também, que Erik lhe pertencia. Sempre fora assim, e para sempre seria assim.

Enquanto isso, Raoul fora totalmente esquecido pelo casal.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Peguei muito pesado?
Ah, mas eu me redimi no final, vai! E agora, uma pergunta: querem que o bebê de Erik e Christine seja um menino ou uma menina?
Comentem, meus queridos!