As fantásticas crônicas de Sarah escrita por Helen


Capítulo 5
Crônica 5 - Olhos vermelhos, O Demônio de Jersey e Azinofobia.




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Sarah estava sentada em um banquinho que tinha feito. Pensava acerca de seus pais e em como eles eram covardes. Imaginava a felicidade em que eles deveriam estar, e sorria pensando no que poderia fazer para acabar com ela.

Um barulho na floresta chamou a atenção dela. De relance, viu apenas uma cabeça de cavalo, correndo a uma velocidade sub humana.

Voltou aos seus pensamentos, e acabou sendo novamente interrompida.

Se levantou, já irritada, e começou a correr em direção ao barulho. Ela deu um grito quando viu o que estava lhe incomodando.

Uma criatura com cabeça de cavalo, erguida em duas patas, com uma altura de aproximadamente 1,80 metros, coberta de pelos, com asas parecidas com um morcego e com patas como cangurus estava parada, comendo a grama.

A criatura pareceu não ouvir o grito de Sarah, e continuou comendo grama.

–Deve ser surda... - deduziu Sarah, se afastando um pouco.

Ela correu em direção à casa abandonada, e não saiu dali até a noite. Na escuridão, conseguia ver pequenos olhinhos vermelhos, como os do Bunny Man. Porém, não eram do mesmo, pois eram vários, e se espalhavam por vários cantos. Ela saiu da casa, junto com Slender, para investigar os olhinhos nos buracos das janelas. Toda vez que Sarah falava para Slender e apontava, eles sumiam antes do homem esguio virar a cabeça.

Ela resolveu voltar para dentro da casa, querendo procurar alguma coisa. Quando chegou no cômodo principal, percebeu que Arthur dormia, e no pé dele estava uma cobra, com os mesmos olhos vermelhos.

–Shhhhhhhhhhhhhh.... - disse alguma voz na escuridão.

Sarah, em um ato de coragem (mesmo sendo um quase-demônio, ainda tinha seu medo humano) pegou a cobra com a mão direita e segurou sua cabeça com a mão esquerda, rapidamente.

A cobra não pareceu afetada. Ela começou a se debater, e tentar morder Sarah. Por sorte, ela já havia lidado com aquilo antes. Segurava a criatura com destreza, mas infelizmente a cobra era muito forte, e acabou se soltando.

A picada nem foi sentida. Mas Sarah sentiu o veneno correndo por suas veias, corrompendo sua estrutura física, e um pouco da espiritual. Se sentia tudo ao mesmo tempo: triste, alegre, irritada, empolgada, com tédio, etc.

–Mas que merda essa cobra fez? - disse Sarah, pisando nela, logo após conferir a ferida.

Arthur acordou logo em seguida. A máscara branca não conseguia esconder a preocupação dele.

–S-sarah?

–Essa porra dessa cobra me picou! Agora eu estou envenenada!

–Eu acho que...

Arthur rapidamente surgiu do lado de Sarah. Ela tomou um pequeno susto, por nunca ter visto as habilidades 'slendísticas' dele em prática. As mãos frias começaram a analisar cada parte do braço ao redor da picada. Era uma análise completamente detalhada, e mesmo com Sarah no auge de sua impaciência, ela resistia o desejo de bater em Arthur ou amaldiçoá-lo.

Os longos dedos apertaram o braço de Sarah com força, de modo que a parte presa ficou branca como as mãos dele. Um líquido viscoso vermelho começou a sair da pequena picada. Quando todo o veneno saiu, Arthur soltou o braço de Sarah e enfaixou o mesmo.

–Não achei que fosse tão fácil. - debochou ele.

–O que isso estava fazendo em mim?

–Se você não tivesse sua mão esquerda, provavelmente agora estaria tendo alucinações e sendo alvo fácil da Tribo dos Olhos Vermelhos. Seria horrível.

–Então não fez nada?

–Tentaram te transformar em um deles.

–Com mistura de sentimentos?

–O veneno iria recolher essas emoções, da mesma forma que faz com humanos, mas no caso dos humanos iria tirar todo o resquício de sanidade.

Depois desse "aviso", Sarah voltou para fora, e viu Slender conversando com um estranho humanoide magrelo, escuro, de olhos vermelhos desproporcionais muito brilhantes. A criatura se escondeu ao avistar Sarah.

–Não tenha problemas. Ela não tem como te machucar. - disse Slender

Os pequenos olhos vermelhos no escuro voltaram à "luz". Ela começou a farejar o ar.

–Não tem cheiro de irmão. - a criatura tinha uma voz rouca

–Mostre a mão, Sarah. - ordenou Slender

Sarah estendeu a mão esquerda, mostrando a maldição.

–Ah... - a criatura sorriu. Seus dentes eram afiados como os de um lobo - Uma aprendiz?

Sarah apenas concordou com a cabeça.

–Muda?

–Apenas não tenho preferência em falar.

A criatura, que já estava encurvada, deu um salto para trás, novamente se escondendo nas sombras.

–Ela tem uma voz poderosa. Me lembra aqueles que nos queimam.

–Creio que ela não fará isso. - disse Slender. - Não é, Sarah?

–Nem sei de quem falam.

–Ahhhhhhh, sabe sim. - a voz da criatura parecia agora ser a de uma cobra - Você estava falando com um filho deles. Malditos. Atrapalham nossa diversão.

O dia começou a amanhecer. Os olhos vermelhos começaram a sumir, e as lindas criaturas matinais começavam a cantar. Sarah começou a andar até o lugar onde tinha visto o demônio da última vez. No lugar dele, uma adorável criança brincava com um cavalo de brinquedo. Quando tentou se aproximar, a criança começou a chorar.

–Eles me odeiam! Eles me odeiam! Eles me odeiam! - choramingava ela - Eles vão me bater! Vão me bater por eu ter ido embora! Mas se eu voltar... Ai de mim!

–O que foi? - perguntou Sarah

Os olhos vermelhos de chorar da criança se viraram para Sarah. Neles, continha um aspecto selvagem, mas inocente.

–Minha mãe me amaldiçoou... Ela disse que eu era um erro e precisava ir para o inferno, que é o meu lugar...

–A minha também.

–Também? - os olhos da criança brilharam de esperança.

–Sim. - Sarah se arriscou a sorrir. - Ela martelou isso na minha mente por muito tempo, até que eu aceitei meu destino.

–Como?

Sarah riu de um jeito maligno.

–Eu amaldiçoei ela.

A criança se levantou rapidamente. Em sua face estava uma expressão de puro terror. Rapidamente, ela começou a se transformar. Se transformar em um demônio. Mais especificamente, o Demônio de Jersey.

Um som alto e agudo saiu da garganta da criatura. Sarah não a temia, sabendo que por dentro ainda era a criança chorona e medrosa. Mesmo assim, relutava em atacá-la.

A criatura não tinha a mesma relutância. Quando Sarah menos esperava, o demônio começou a correr em direção a ela.

Sarah segurou a cabeça da criatura com as duas mãos, deu um salto, um giro e conseguiu montar em cima dela. Depois de um pouco de luta, o monstro já estava contido.

Slender surgiu em meio às árvores, aplaudindo o bom desempenho de Sarah.

–Venceu sua primeira montaria. Muito bem.

Sarah sorriu. Era um sorriso sincero, no qual transparecia a maldade. Ela não se sentia confortável na montaria, mas isso é algo que você se acostuma com o tempo.

Ângelo assistia a cena de longe, também sorrindo. Um sorriso malicioso, mas recheado de toda a bondade humana. Por mais que não tivesse começado seu trabalho muito bem, aquilo já era um começo.


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