As fantásticas crônicas de Sarah escrita por Helen


Capítulo 18
Crônica 18 — Lullaby e Melofobia.


Notas iniciais do capítulo

Ou Canção de Ninar, como queira.



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(Algumas horas antes)

Arthur e Ângelo andavam lado a lado.

— Eu vou embora. — disse Ângelo. — Não tenho mais razões pra ficar.

— Sandman não se incomodou com esse tempo que você passou fora?

— Nah. Eu ainda toco flauta para os outros. Apenas presto mais atenção em Sarah e seus sonhos.

— Não é a toa que ele foi o primeiro que a visitou.

— Hehe, eu apareci um pouco depois.

— Eu tinha estranhado alguém com uma aparência tão peculiar indo ao banheiro com dois caras aí resolvi investigar. Acabei abrindo a porta sem querer.

— Por isso você estava suando frio!

Eles ficaram em silêncio por algum tempo.

— Por que você disse que era Ângelo ao invés de se apresentar logo como Lullaby, o aprendiz de Sandman?

— Isso iria deixá-la em choque e acabar com o meu trabalho. Em compensação, foi bem útil dizer isso a você.

— Sei. — Arthur bufou.

— Bom, eu nunca tive que te obedecer, já que você não é um Desperto. Você dorme, e muito.

— Sarah também dormia.

— É apenas o que parece. Eu conheço ela bem melhor do que você.

— Você vive dizendo isso. O que tanto conhece?

— Conheço os sonhos, as motivações, os medos, e até mesmo os desejos mais profundos do coração dela. Com isso tudo em mente, eu consigo criar uma melodia perfeita.

—... Poderia me dizer?

— Posso.

Ângelo parou e se sentou na sombra de uma árvore, olhando o céu.

— Ela queria se libertar de tudo isso. Nunca teve a real intenção de se tornar um demônio. Ela sempre quis ser apenas uma pessoa normal. Queria ser alguém normal e viver com vocês pelo resto da vida. Acho que, o que ela mais desejava era ter a redenção.

Arthur fechou os punhos, como se estivesse...

— Arrependido de ter deixado ela ir? — perguntou Ângelo.

— Muito.

— Eu sei como se sente. Por isso... vou deixar que fale com o Mestre.

— Por que eu falaria com ele? Ela escolheu esse caminho. Ela deve sofrer as consequências do que escolheu.

— Sim, deve. Mas "pela graça sois salvos".

—... Isso não se encaixa nessa situação. Sou alguém desprezível aos olhos dele.

— Todos somos. Mas Ele nos ama. Ele não se importa se você o procura quando já está tarde pra você. Porque pra Ele nunca é tarde. Ele sempre estará esperando você voltar.

— Como eu falo com ele, então?

— Olhe para cima. Você vai senti-lo. Quando achar que está preparado, fale.

Arthur olhou para o lindo céu azul. Pequenas nuvens se movimentavam calmamente. O vento soprou com calma, e ele respirou fundo. Ângelo começou a tocar uma melodia com a flauta.

— Se, por acaso, eu ainda tiver dignidade suficiente para pedir alguma coisa a você — disse Arthur. — Eu gostaria de pedir para que... por favor... — pequenas lágrimas saíram dos olhos encobertos — Perdoe-a... ela não sabia o que estava fazendo. Traga Sarah de volta...

Arthur tentava controlar as lágrimas, mas não conseguia.

Eu estava esperando você dizer isso, meu filho. — uma voz poderosa soou com o vento. Ela era doce, como a de um amoroso pai.

...

Sarah acordou numa sala branca. Estava numa cama confortável e macia, e todos os seus ferimentos haviam sido curados. Usava um lindo vestido azul, e tinha um colar de ouro no pescoço. Do outro lado da sala, um homem lavava as mãos, cantarolando uma música alegre.

— Quem é você? — perguntou Sarah.

— Eu sou o Eu Sou.

"Eu Sou". Sarah já tinha ouvido aquele nome.

— Estou feliz por você estar aqui.

— An... Obrigada por me... salvar...?

— De nada. — Ele sorriu.

Sarah começou a chorar, pensando no que havia acontecido.

— Eu sou uma idiota... — dizia ela. — Eu deveria morrer! Morrer! Morrer! Morrer! Gostaria de acabar com a minha própria raça nesse momento! Odeio ter que suportar essa maldição nas minhas mãos!

— Sarah.

Eu Sou se virou para ela. Estava com um aspecto preocupado.

— Por favor, não deseje isso. Partiria o coração de Arthur.

— M-mas... eu...

— Você não tem mais aquilo nas mãos. Seu sangue está completamente limpo. Suas feridas foram saradas. Você é uma nova criatura.

— Do nada isso?

— Por que eu guardaria rancor de algo que até mesmo você deseja esquecer?

Sarah começou a chorar muito. Ela pulou da cama e o abraçou. Ele correspondeu ao abraço, sorrindo.

— As coisas velhas já se passaram. Agora, tudo se fez novo. Tenha isso em mente, minha querida.

— Obrigada... — Sarah sorria em meio as lágrimas. — Obrigada! — ela repetia isso incessantemente. — Eu te amo!

— Eu também te amo, minha filha.

Eles ficaram ali, abraçados até Sarah parar de chorar. O Eu Sou abriu a porta para ela, e do outro lado estava Arthur.

— Vá e viva, meu doce sonho.

Sarah acenou para ele e saiu em disparada. Ele sorriu, e fechou a porta, que sumiu.

— Arthur! — gritou ela.

Ele se virou para Sarah, e deu um grande sorriso por trás da máscara. Sarah ainda estava bem cansada, então Arthur a carregou. Naquele ponto, Ângelo, digo, Lullaby já havia sumido.

Eles voltavam calmamente para casa. Sarah olhava curiosa para Arthur, até que ele não aguentou e perguntou:

— Tem algo errado comigo?

— Tem sim. — Sarah riu.

Subitamente, ela tirou a máscara dele. Por trás da máscara, havia um lindo rosto. Arthur tinha algumas marcas de antigas sardas pelo rosto, mas isso não afetava na beleza de seus olhos cinzentos. Ele imediatamente corou com a surpresa, e foi surpreendido mais uma vez. Sarah o beijou, algo que queria fazer a muito tempo.

Eles andaram assim por algum tempo, até que Sarah parou um pouco para admirar o rosto de seu quebra-nozes, e Arthur, admirou o lindo anjo que o havia feito desejar parar de temer a luz do sol.

...

Sarah contou sobre o que o Eu Sou havia feito a ela. Slender havia tido a mesma experiência. Ele resolveu morar junto com Splendorman. Arthur e Sarah já haviam completado dezoito anos, então podiam viver sozinhos.

— Aliás, Arthur, nada de ficar usando os tentáculos para as coisas feias que dizem por aí. — riu Slender.

Nem Sarah nem Arthur entenderam aquilo, mas consideraram um conselho.

Por fim, deixaram aquela floresta. Slender para um lado, e os outros dois para o outro. Por mais que fosse uma despedida, ela era alegre. No fim das contas, Sarah descobriu porquê tinha aquela maldição nas mãos. Descobriu porquê tinha sofrido tanto.

Se ela não tivesse passado por aquilo, nunca teria conhecido Arhur e nunca teria salvado Slender. Nunca teria maturidade e experiência o suficiente para aconselhar pessoas que queriam fazer a mesma loucura.

Ela percebeu que, o tempo todo, sua missão era salvar pessoas, mostrando a elas que tudo pode se corromper com facilidade se não tiver cuidado nisso.

Arthur foi viver com ela em uma casa longe daquela metrópole. Passaram a morar em um sítio, graças ao dinheiro que conseguiram vendendo os desenhos de Arthur. De todos os desenhos, um ficou mais famoso. Ele se chama "Good End":


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