As fantásticas crônicas de Sarah escrita por Helen


Capítulo 12
Crônica 12 - Bicho papão e Amatofobia


Notas iniciais do capítulo

Ou Boogieman, se preferir.



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Sarah olhava diretamente para um armário que havia surgido na sua sala.

Ele era grande, não muito alto. Tinha duas portas, e debaixo delas estavam três gavetas perfeitamente alinhadas. Ele era feito de uma madeira desconhecida, com a coloração voltada para o roxo.

Ela já havia perguntado sobre o armário para todos ali por perto, mas ninguém sabia dizer o que realmente era aquilo.

A noite chegou, e junto com ela, a insônia.

Sarah não conseguia fechar os olhos, e se tentasse, os abria sem querer, e ficava olhando para a parede. Tudo isso, culpa de suas lembranças e pensamentos. Ela não gostava disso. Fazia ela derramar lágrimas escuras, provenientes de sua complexa transformação.

— Odeio isso, odeio isso, odeio isso... — repetia ela, sozinha.

Como ela não vai parar de repetir isso e chorar por um bom tempo, é uma boa ideia vermos suas lembranças.

Sarah estava sentada em um banco de madeira, perto de um bosque. Usava um vestido azul, da cor do céu. Em sua mão esquerda, estava uma luva.

Os cabelos dela eram longos, e batiam na cintura.

Estava sozinha, como de costume. Seus pais haviam saído para resolver algumas coisas (em outras palavras "deixar minha filha sozinha e tentar fugir").

Ela ouvia os sons que as árvores faziam, misturadas com os sons humanos, que quebravam a harmonia do lugar.

Ela tentava apenas não causar problemas, mas isso mudou com rapidez. Logo tinha acidentalmente transformado o banco em um monstro (nessa época não tinha controle algum sobre o que amaldiçoava) e ele estava fazendo um quase-massacre no lugar. No fim das contas, o vestido azul de Sarah estava manchado de gotas de sangue, e ela novamente foi pega pelo conselho tutelar.

Enquanto esperava eles irem atrás de seus pais, ela se sentou em um banco que ficava no corredor, onde normalmente crianças abandonadas passavam, sendo guiadas para vários quartos onde passariam o resto da infância e parte da adolescência, e seriam despachadas, tendo que viver a própria vida. Elas olhavam para Sarah com medo.

De todos ali, apenas um garoto não a temia. Ele era loiro e tinha olhos azuis.

Sarah nunca soube o nome dele. Ela só sabe que o amaldiçoou acidentalmente, e dizem que hoje ele é um psicopata, que gosta de assassinar pessoas que aparentam estar felizes. Ela se culpa por isso até hoje.

Além disso, várias maldições à pessoas inocentes formavam seu histórico. Era uma culpa muito grande.

Sua melancolia foi interrompida pelo som de uma porta abrindo. Sarah se virou calmamente até o começo do som, e percebeu que algo saía do armário que havia aparecido ali. Não era possível saber o que era. Tinha um formato parecido com o de um urso.

— Crianças más devem ser punidas. — sussurrava aquilo.

Sarah usou o lençol como toalha para o rosto e fitou a estranha criatura, que se arrastava lentamente para fora. Ela pegou um cano que estava no chão e se preparou para qualquer tipo de luta.

A criatura soltou um rosnado, e então abriu os olhos. Eram dois buracos que guardavam parte do universo, cheios de estrelas e nebulosas.

— Crianças más... crianças más...

Sarah rapidamente se pôs de pé, e atacou aquilo. Foi uma luta silenciosa e demorada. Por fim, quando o sol começou a atravessar o horizonte, Sarah começou a conseguir empurrar aquilo para novamente dentro do armário.

...

— Hã... Sarah?

Arthur tinha acabado de entrar no quarto. Sarah estava no meio chão, dormindo. O mais estranho, era que ela segurava um cano como se fosse um ursinho. Com sua sutileza herdada, calmamente retirou o objeto das mãos de Sarah, e a carregou até o canto onde a mesma dormia normalmente.

— Eu não sabia que ela dormia. — Ângelo se materializou na porta.

— E eu não sabia que você teleportava. — respondeu Arthur.

— Nah, eu apenas estava imitando você.

— ... Por acaso está me seguindo?

— Por que eu faria isso?

Sarah abriu um pouco os olhos, e começou a estranhar onde estava.

— Quem diabos são vocês?

— Eu sou um cara mascarado e ele é o que toca flauta — Arthur apontou para si mesmo e para Ângelo.

— Hã... — Sarah se virou para Ângelo, e seus olhos se espantaram. — Você... aqui?

"Yep". — Ângelo fechou os olhos, sorrindo docemente.

"I thought you had died" (Achei que você tinha morrido.)

"No one is mach for me." (Ninguém é páreo para mim)

Sarah riu, como uma inocente criatura que reencontra um velho amigo. Arthur estava confuso, como esperado.

— Dá pra ver que você não entende o que está acontecendo. — riu Ângelo.

— Você dopou ela ou coisa do tipo? — disse Arthur.

— Não. A mente dela não está totalmente acordada, e eu estou numa forma conhecida por ela.

— O que?

— Coisa de amigo do Sandman.

— Você é estranho.

— Você é mais.

A criatura que havia lutado com Sarah novamente saiu do armário, assustando Arthur.

— Bom dia, Bicho. — disse Ângelo. — Parece que está bem cansado.

— Não só pareço, como estou. — respondeu o Bicho Papão, com uma voz grossa e calma, que lembrava um urso. — Tem algum tipo de safira aí?

Ângelo jogou uma safira para o Bicho, e ele se curou com ela.

— Obrigado, rapaz.

O Bicho voltou para o armário, e fez ele sumir.

— Ângelo, o que diabos era aquilo?

— Outro dos amigos de Sandman.

— Por que estão aqui?

— Hum... É segredo.

Ângelo saiu do quarto calmamente. Arthur também saiu, e passou o dia inteiro trancado no quarto, pensando.


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