A guild estava calma. Claro, até o ponto de "calmo" que ela consegue ficar, ou seja tinham algumas brigas aqui ou ali, mas nada de diferente.

– Mira-san, cadê a Lu-chan? Não vi ela quando voltei ontem de noite... - Levy pergunta para Mirajane enquanto sentava em um banco qualquer do balcão.

– Lucy? Ela foi para uma missão a quatro dias. Já deve estar voltando - Afirma a albina mostrando um sorriso gentil enquanto enxugava um copo qualquer.

– Eh? Mas o Natsu e o Happy está aqui... Com quem ela foi? - Indaga olhando para onde o Dragneel lutava contra o Gray.

– Foi sozinha - Afirma ainda permanecendo a enxugar o copo.

– Nani? Mas... Não é perigoso ela ir... Sozinha? - Levy estava preocupada com a amiga, afinal, poderia acontecer um monte de coisas durante esse tempo de missão.

– Também fiquei preocupada, mas ela disse que já estava levando nove pessoas com si - Mirajane vez o mesmo gesto que Lucy fizera outrora antes de ir para a missão.

– Hahahaha! Verdade... Bom, só nos resta esperar então - Mira confirmou e elas passaram a conversar sobre outra coisa.

O clima estava bom e a agradável, era duas da tarde, a maioria dos magos que saíram para almoçar já tinham voltado e a típica baterna continuava.

Um estrondo se vez presente, o som de alguém forte abrindo a grande porta da guild, o som alto vez grande partes dos magos pararem de lutar, os únicos que continuavam eram Natsu, Gray e Gajeel que não notavam nada que acontecia ao seu redor.

– Grrrrrr! - Era um grande animal, batia um palmo abaixo do ombro de um adulto de altura mediana, tinha alguém montado em cima dele, mas o forte sol impedia de identificar quem era.

– Hey! Quem é você?! - Natsu que notou o cheiro diferente resolveu parar de brigar e olhar para o intruso.

– Tadaima... Minna... - A forte feminina, gentil e um tanto fraca soou pela pessoa sentada no animal, logo puderam reconhecer que era a Lucy sentada no animal.

– LUCY-SAN!! - A pequena Wendy grita indo em direção a maga, já que esta tombou para o lado revelando estar com o corpo enfaixado e cansada.

– LU-CHAN! O que aconteceu com você?! - Levy também vai até a amiga preocupada, ela estava muito ferida.

– uuun, uuun - Naka choraminga voltando para sua forma de filhote tocando com sua cabeça a da Heartfilha, em seguida se aninando juntamente com ela e olhando para Wendy como se pedisse ajuda.

– Luce...? - Natsu olhava para o estado de sua amiga surpreso, já tinha um tempo que não tinha a visto, estava ocupado tentando fazer alguma coisa em relação da Lissana que não percebeu a falta da amiga.

– O que aconteceu com ela Wendy?!! - Indaga indo em direção a Heartfilha preocupado, a considerava uma irmã, e se sentia culpado pela situação dela.

– A Okka-san se feriu muito em batalha... Até que levei ela para um mago curandeiro, ela tem que descansar... Só que insistiu em voltar... O máximo que pude fazer foi carrega-la - Explica Naka olhando preocupado para a loira, todos ao seu redor se assustam.

– "Okka-san"? Quem é você seu.... - Natsu estava bravo, era para ele estar ali, ajudando e protegendo Lucy, se ele estivesse com ela nada disso teria acontecido.

– Naka. Sou uma espécie de Ligre mágico... Mas isso não é importante no momento– Ele estava sério, porém o dom infantil dava um contraste, de certa, engraçado.

– ... Naka-san... O que exatamente aconteceu? - Pergunta timidamente Wendy, preocupada em saber o que tinha acontecido, os ferimentos dela tinham sido de um golpe direto de uma magia forte.

– Ela lutou contra cinco magos, um Wood-make, um mago de Solid Scrept e Runas, uma water-make, um Dragon Slayer de água e uma God Slayer do sol. Só que acabou perdendo por estes dois últimos, ela levou um ataque direto do Dragon Slayer... Onegai... Daskkete! - Naka explica olhando nos olhos preocupados da pequena maga do céu. Estava claro para qualquer um que aquele Ligre tinha alguma ligação com Lucy.

Natsu se culpava, ele se culpava por não ter conseguido protegê-la, por não estar ali no momento que ela precisou, se culpava por ela ter voltado ferida. No momento, ele odiava a si mesmo por não ter conseguido proteger sua nakama.

***

Wendy já tinha terminado de curar Lucy, esta, com a ajuda da Mira e do Naka conseguiu levantar e ir em direção a uma mesa, logo, sendo rodeada por meninas, estas sendo Erza, Wendy, Juvia, Lissana e Levy. Elas estavam na mesma mesa em que os exceed's brincavam a descoberta de um novo amigo.

– Hey, Hey, Lu-chan, como você conseguiu o Naka? - Levy achava incrível estar na presença de um Ligre, curiosa já que só tinha lido um livro ou outro tocar no animal mágico, mas não conhecia os detalhes.

– Hum... De acordo com o Loke ele já estava comigo depois da terceira batalha, não queria se afastar e dizia que eu era sua mãe - Explica pensativa, não tinha parado para pensar em como conseguiu já que em pouco tempo a presença dele era comum e confortante.

– Eh... Mas ele era bem grande e ficou pequeno agora... Como isso aconteceu? - Lissana pergunta se lembrando que a maga tinha aparecido em cima do Naka em sua versão adulta.

– Isso? Bom ele tinha me explicado que é originalmente um filhote mas pode tomar o tamanho de um Ligre adulto.. Algo parecido com a transformação do Lily... Eu acho - Afirma sorrindo enquanto realizava um leve carinho perto do rabo dele.

– Juvia acha Naka kawaii - Juvia fala sem muita expressão mas fazendo um leve carinho na orelha dele.

Não demora muito para ele começar a ser paparicado, gostava disso, mas, ao mesmo tempo, se sentia incomodado com tanta mão ao seu redor tentando tocá-lo, sentia-se aprisionado.

– NHAC– Lucy olha para a sua mão, no dedo indicador uma leve ferida das pequenas e potentes presas do Ligre saindo um pequeno filete de sangue.

O filhote se desespera, tinha atacado sua própria mãe, começa a lamber desesperado a ferida numa tentativa de sará-la, o fato dele ter machucado a pessoa mais importante para ele o deixava demasiado triste e culpado.

– Gomene okka-san.... Eu não queria te machucar!– Naka chorava enquanto lambia a mão dela, tal frase trouxe uma lembrança para Lucy, uma lembrança que a muito tempo tinha esquecido.

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– Ne, Ne, Ne, Okka-san! Olha o que eu achei!! - A pequena Lucy trazia com si um inseto em sua mão, feliz por ter achado algo diferente no enorme jardim da mansão.

– Sugue Lucy! Mas ele não vai gostar de ser carregado assim né? - Layla pegou nas pequenas mãos da filha o inseto - Olhe, ele gosta de ficar no chão, ele deve ter uma família, e ficaria triste se fosse separado assim sem mais nem menos dela né? - O inseto caminhou em direção ao arbusto rápido, procurando segurança.

– Hai Okka-san! - Lucy sorria animada, mas notou um pequeno sangramento na mão de sua mãe.

– OKKA-SAN!! - Grita largando a pequena cesta com flores que segurava e com as duas mãos envolveu a mão machucada de Layla.

– Eu não sabia.... Não sabia que ele iria de machucar... - Lucy alegava em prantos, se sentia culpada, se ela não tivesse tirado o inseto do seu lugar e mostrado para sua mãe ela nunca teria se machucado.

– Calma Lucy... Vai ficar tudo bem comigo, é só um machucado, não é sua culpa

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" Não é sua culpa" A frase repetia em sua mente e a tristeza lhe invadia, olhou gentilmente e solidária para o pequeno Naka - Calma Naka... Vai ficar tudo em comigo, é só um machucado, não é sua culpa - Repetiu as palavras proferidas anos atrás por sua mãe com certa melancolia.

– Okka-san...– Naka percebeu a tristeza de sua mãe e resolveu se aninhar a mão dela, igualmente triste, não sabia como a ajudar e isso fazia o sentimento de culpa em si aumentar mais e mais.

– Não é sua culpa... - Sentiu pequenas gotas em seu pelo, olhou para cima e percebeu que atrás da franja que cobria seus olhos ela chorava, chorava com a memória de sua mãe.

Todos os pressentes na mesa logo percebem o estado da amiga ficando triste juntamente com ela, sabiam que provavelmente ela tinha lembrado de algo doloroso para ela. Queriam fazer alguma coisa, mas não sabiam o que poderiam fazer. Abraçá-la? Sim, era uma opção, e foi o que foi feito, tal ato ajudou a ela chorar mais abertamente, alto, chamando logo a atenção de alguns da guild, não demorou muito para mais gente se ajuntar ao redor, também, sem saber o que fazer, observando a tão animada maga celestial chorar melancolicamente.

O que afinal eles poderiam fazer?

Nada. Exatamente nada, as memórias de algo passado são as piores, pois não têm nada que você pode fazer para revertê-las. Tudo o que podiam fazer era esperar, esperar que ela consiga suportar a dor e mostrar novamente o adorável sorriso cativante, o sorriso que sempre deixava todos tão felizes.

Esperaram, mas essa hora parecia não chegar, a medita que as lágrimas vinham lembranças a acompanhavam e antes que percebesse Lucy estava se afogando em mágoas. Ninguém tinha coragem de ir até lá, e mesmo se tivesse não iria adiantar, a mente de Lucy se fechou para o mundo e tudo que podia ver eram as lembranças de um tempo que já passou.

Lembranças... Não sabia como nem quanto, mas juntas com elas outras cenas vieram, cenas de um mundo em destruição, fogo, sangue, morte, lágrimas. Era um mundo onde o caos reinava e a destruição era tudo que restava. Uma cidade antiga destruída e sendo transformadas em runas, gerações e gerações sendo apagadas, queimadas, destruídas e destroçadas.

Olhos vermelhos. Olhos vermelhos em busca de sangue, sim, via esses olhos acima das cenas, porém, os olhos vermelhos mudaram para castanhos, negros como a noite, embaçados pelas lágrimas que viam, resultado de seu poder.

Estava com medo, muito medo, e foi com esse medo, suas lembranças e as runas de uma cidade antiga que adormeceu, nos braços de suas queridas amigas.