Lucy se mostrava cansada, estava na biblioteca da guild deste o dia anterior, revirava os livros com rapidez, seus olhos pesavam, mas ela não desistia, durante muito tempo a duvida estava fazendo sua mente rodopiar com suposições, agora, queria uma resposta.

As coisas que aprendeu eram bem interessantes, ela já tinha separado até alguns livros para utilizar em algum treinamento mais tarde, porém, o que queria, parecia estar além do seu horizonte. Além do que estava ao seu alcance. Mas, não iria desistir.

Ao menos, uma peça do quebra-cabeças estava posta, a magia que os congelou por sete anos, se chamava Cocoon, como o nome já diz, era semelhante a um casulo, e como qualquer casulo, têm que ficar fechado por um tempo, protegendo quem estava tempo, era uma magia antiga, porém simples, só que o problema foi, era uma grande escala e foi necessária bastante experiencia já que protegeu de uma magia muito poderosa de um dragão. O resultado foi ficar "congelado" por sete anos.

Não sabia quem utilizou tal magia esquecida pelo tempo, mas certamente era um mago poderoso. Tinha a peça, mas não sabia onde encaixar. Grande vantagem.

– Lu-chan - Lucy dá um pulo que acaba derrubando alguns livros em cima de si de uma alta montanha ao seu lado.

– Itta... - Murmura - Levy-chan! Não chegue assim do nada... - Reclama colocando uma mão na cabeça tentando se levantar de baixo dos inúmeros livros.

– Lu-chan... Mas você está aí pressa deste ontem! - Reclama Levy enquanto ajudava sua amiga a sair da pilha de livros.

– Nem sei do que tanto procura... Eu posso de ajudar sabe? - Lucy recogitou a ideia, seria bom uma ajuda, ia até aceitar a ajuda quando uma coisa lhe veio em mente, o que procurava não era algo tão simples, era informações sobre o terrível mago negro, estava se colocando em risco enquanto procurava algo, não só ela como a Fairy Tail também, não podia envolver sua melhor amiga nisso também.

– Gomene Levy-chan, mas... É algo que tenho que resolver sozinha... Gomenasai - Recusar a ajuda de sua amiga e ver a cara triste que ela fez logo em seguida era torturante, mas tinha que ser firme.

– Ah... Entendo... Bom, então irei fazer uma missão com o Jet e o Droy. Onegai, saía daí um pouco, nem que seja para comer... - Levy estava preocupada com a amiga, nunca tinha a visto assim, era estranho, mas respeitaria a privacidade dela.

– Hai Levy-chan, não precisa se preocupar- Mostrou um pequeno e gentil sorriso, o que causou o efeito ao contrário já que a maga

estava extremamente cansada.

– Hai... - saiu da biblioteca deixando-a sozinha novamente.

– Não posso deixar a Levy-chan correr esse risco também... É perigoso de mais... Se alguma coisa acontecer com ela eu não me perdoaria... - Começou a arrumar os livros novamente

***

Era tarde da manhã quando Lucy acordou, não sabia quando nem como, mas acabara dormindo em meio suas leituras. Bochechou esticando os braços e olhando em volta, várias pilhas de livro a rodeava.

– Eu já li tudo isso? - Indaga a si mesma com uma voz fraca.

Sua barriga ronca alto em reclamação.

– Ah é! Eu não comi nada ontem... - Fala enquanto coçava o cabelo.

outro ronco.

– Hai, Hai, já vai. Paciência sim? - Levanta da cadeira e em passos lentos vai em direção a porta da biblioteca.

– Nossa! Lucy, você está horrível! - Exclama Mirajane surpresa, afinal, a Heartfilia nunca foi desleixada, porém, estava em um nível totalmente diferente de desleixo.

– An? - Gemesem entender o que a Strauss mais velha falava.

– Aqui Lucy-san - Lissana lhe mostra um espelho e a Lucy pega apontando para si mesma.

– KYAAAAAAAAAAAAAAAHH!!!!!!

Seu cabelo estava presso em um coque frouxo, porém vários fios caiam fora dele, emaranhado, estava com orelhas fortes e bem a vista, o óculos de leitura rápida torto em sua cabeça, as roupas levemente amassadas e a cara de sono completava tudo.

– Hahahaha! Lucy estranha está com o cabelo armado! - Happy alega começando a rir alto rodeando a cabeça da Heartfilia.

– Se eu te pego seu gato maldito!!- Lucy começa a correr atrás do gato que voava alto tentando escapar da fúria da amiga.

– Natsu, o cabelo da Lucy está... - O gato parou de falar ao ver a cena que acontecia com seu companheiro.

– Eles se goxxxtam - A típica frase do Happy interrompeu o breve selinho em que Natsu e Lissana trocavam, fazendo-os se separarem quase de imediato.

– Anno... - Lissana corou ao extremo tingindo diversos tons de vermelho em poucos momentos em seguida, desmaiando.

– Lissana!! - Natsu, que estava mais próximo a pega em estilo noiva preocupado.

Lucy, por sua vez, permanecia estática tentando assimilar o que acabara que presenciar, Natsu, seu melhor amigo, e a pessoa que ama, estava beijando outra. Sabia que ele tinha todo esse direito, afinal, ela e ele eram só amigos, ele estava livre para fazer o que quiser, mesmo assim, doía. Doía muito mais do que imaginava.

– Hey Luce! Me ajuda aqui onegai! - Natsu apresentava estar desesperado, Lucy não o culpou e foi de bom grato ajudá-la, por mais que o que quisesse realmente era dar meia volta e ir em passos rápidos para seu apartamento e chorar, aguentou firme e foi ajudar a amiga.

Não tinha sido nada de mais, provavelmente a surpresa fora muito grande para a albina que acabou desmaiando. Também estava cansada da ultima missão que fez com o irmão o que causou dela ficar desacordada por mais tempo.

***

Depois de um tempo Lucy se rendeu ao cansaço, comeu algo básico dado por Mirajane e foi em direção ao seu apartamento. Ignorando as reclamações da dona sobre o aluguel, foi em direção a sua casa e sem pensar em muita coisa, se jogou na cama dormindo logo em seguida num sono profundo.

Seu sonho era estranho, lembranças embaraçadas misturadas e postas como se quisessem dizer alguma coisa, ao mesmo tempo, lembranças de situações em que não tinha vivido e nunca presenciado antes, como se junto com as suas lembranças, as lembranças de alguma outra pessoa se misturassem formando uma só.

Era doloroso, chorava enquanto se remexia na cama, procurando inconscientemente uma forma melhor de se proteger. As lembranças dos tempos felizes que deve com sua mãe e seu pai manchados de sangue e apagando com a lembrança da morte dela, lembranças de como seu pai lhe maltratava gastas com o tempo e se desfazendo. Lembranças de uma cidade em destruição sendo queimada pelo fogo, um som estressante semelhante a um enorme rugido que zumbia em seu ouvido, o choro alto de uma pequena criança sendo levada para longe pelos céus. O caós era queimado até só sobras cinzas e então inúmeras e inúmeras mortes, gritos apavorados, choro, sangue para todo lado. Era uma visão horrível. Via também tudo banhado em lágrimas, como se quem visse chorasse as cenas.

– Lu... Lucy... Lucy!! - Lucy se levanta rapidamente sentando-se na cama gerando uma leve tontura, olha ao redor aliviada por reconhecer ser seu próprio quarto, era noite, mais precisamente madrugada, ao seu lado estava Loke, preocupado e angustiado.

– Loke...? - Murmura coçando o olho sentindo o seu rosto molhado e frio.

– Você estava chorando e se contorcendo na cama, sua magia estava alterada e descontrolada então eu vim verificar o que estava acontecendo... - Explica Loke acariciando a bochecha de Lucy limpando juntamente as suas lágrimas.

– Loke... - Abraçou o rapaz com força voltando a chorar em soluços altos, o espírito do leão se assustou com o movimento repentino, entretanto, a embalou em seus fortes braços fazendo um leve carinho em sua cabeça.

– Calma... Calma... Já passou... Foi só um pesadelo - Falava enquanto a abraçava numa tentativa de acalma-la, o que estava funcionando.

– Quer falar? - Pergunta depois de um tempo se afastando devagar do abraço, apenas o suficiente para ver seu rosto.

– H-Hai... Foi muito estranho... - Olha para o colchão em que estava sentada com as sobrancelhas juntas em preocupação - No começo apareceu memórias de quando a minha mãe estava viva, memórias alegres dela, meu pai e eu, porém, a imagem se distorceu e apareceu o enterro dela... E parecia tudo como se fosse uma fotografia, uma fotografia banhada a sangue... Depois apareceu todas as vezes que meu pai me maltratava, as vezes que eu lhe entregava alguma coisa ou queria falar com ele, todas elas gastas com o tempo e desbotando e depois desaparecendo... Depois apareceu uma cidade, sendo destruída com fogo, um alto rugido semelhante a de um... Dragão eu acho... Acompanhava tudo... A imagem, como as outras também foi destruida, mas dessa vezes, queimadas pelo fogo e depois várias e várias cenas de pessoas sendo mortas, de choro, de... - As lágrimas voltavam a cair e o soluço ameaçava voltar então Loke voltou a abraçar.

– Shhh... Não precisa falar mais nada... Está tudo bem agora... - Ele tentava a acalmar, mas os olhos dela ainda estavam fixos no colchão, dessa vez arregalados com surpresa e medo, ela se abraçava forte.

– Não Loke... O pior de tudo... Era que eu que estava matando eles... Era eu, eu chorava, mas mesmo assim... Loke... Eu estava matando! Eu estava... - Desmaiou.

***

Era manhã, Loke estava conversando sore o sonho de Lucy com Makarov em sua sala na guild. Ele já estava estranhando o comportamento que ela estava tendo nos últimos dias e agora esse sonho. Sentia que algo estava acontecendo. Mas não conseguia entender o que era.

– Entendo... A Lucy realmente está agindo estranha ultimamente... De acordo com a Mirajane ela ficou dois dias inteiros pressa na biblioteca, ninguém sabe o motivo, mas ela saiu de lá totalmente exausta... - Comenta o mestre com uma mão coçando o queixo pensativo.

– Magia perdidas - A voz da primeira ecoa pela sala e a mesma aparece sentada no ultimo andar de uma estante na parede.

– Primeira! O que você quer dizer com isso? - Pergunta Makarov preocupado, a maioria dos magos que procuram saber mais sobre magias perdidas no final acabaram seguindo um caminho que definidamente ele não queria que a Lucy seguisse.

– Ela achou a magia que eu utilizei para "congelar" vocês por sete anos e também já achou algumas outras que ela separou os livros... Presumo que mais tarde irá estudá-los...

– Mas... Por que essa curiosidade repentina por tudo isso?! - Indaga Loke preocupado com o futuro de sua dona e amiga.

– Não sei Loke... - Afirma a primeira com a cabeça baixa, também temia o pior.

– Mas de uma coisa eu sei, até agora eu não vi nem ao menos senti nenhuma intenção maligna ou algo do tipo vindo dela durante as pesquisas, não sei direito, mas parece que ela não têm nenhuma intensão de aprender magias perdidas em busca de poder e destruição - Tal revelação acalmou um pouco os outros dois presentes na sala.

– Mas... Se é assim, voltamos a nossa pergunta inicial. Por que ela está estudando tanto magias perdidas? -Makarov indaga pensativo.

– Não sabemos, mas, ficarei de olho nela durante alguns dias para ver se descubro alguma coisa, qualquer pista eu informo para vocês dois - Alega determinada, os outros dois se entreolham e concordam com a ideia.

– Certo, mas tome cuidado. Não queremos que ela desconfie de alguma coisa - O Dreyer alerta tendo a confirmação da primeira. Estava decidido.