Sweet Death escrita por Lia


Capítulo 5
Parte V - Hugo Weasley.


Notas iniciais do capítulo

Gente :v que isso, hein :v não sei, algumas pessoas não são como eu... Mas, bom, eu chorei. Chorei mesmo.



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Querido Hugo...

Ontem, quando as luzes se apagaram, eu ouvi você chamando meu nome, mas eu estava irritada demais para me virar e continuei a caminhar para meu quarto. O fato é que nada me deixaria mais feliz do que me virar e abraçar você o mais forte possível. Eu não consigo mais esconder isso, mesmo se eu tentar. Meu coração bate forte e esta na hora de eu escapar disso, e essa decisão faz tudo ficar mais difícil... E essas lágrimas descendo pelo meu rosto e molhando a sua carta, não é por querer, tudo bem? Eu queria que ela estivesse em perfeito estado. Você sabe que eu seria sua voz, sua vida e tudo que você quisesse. Momentos dentro de mim e faz querer seguir em frente, porque eles me corroem a cada segundo que passa. Se a gente pudesse voltar no tempo, quando eu e você tínhamos nove anos e ficamos vendo todos nossos primos ansiosos com a carta de Hogwarts chegando, se lembra? Nossa, eu fiquei tão triste. Não queria ver ninguém, só você. Somente você. Eu tento achar palavras para dizer o que eu quero, então espera um momento. Ah, você chegou no meu quarto, bateu em minha porta e nem esperou eu abrir para entrar correndo e me abraçar, dizer que vai ficar tudo bem e que vamos ser os mais legais de Hogwarts. Eu estou quebrada, ninguém, nem mesmo você, pode me arrumar de novo. Meu rosto se vira pro lado para checar se você esta aqui, e não esta. Por que você não esta aqui? Se estivesse, talvez tudo isso não teria acontecido. Mas calma! Eu não quero que se sinta culpado, porque não é sua culpa!

Não seja como o Richard Daniels, tudo bem? Não ria da minha cara com essa carta, eu só quero arrumar tudo. Eu posso te amar mais do que isso, posso sim. Só que não tenho mais tempo, não me sinto bem. Eu não tinha palavras para dizer, mas agora quero que você fique bem, fique firme como aquela muralha enorme da China que um dia vimos nos livros da tia Hermione. Quando estávamos no quarto ano de Hogwarts, dois anos atrás, eu estava nos Jardins, depois do toque de recolher. Pois é, eu me senti muito rebelde naquele momento, muito mesmo. Eu fiz alguma coisa estúpida? Devo ter feito, mas você estava lá, chegou por trás de mim e beijou minha bochecha... Aliás, desculpa pelo tapa que te dei naquele instante, tudo bem? Foi sem querer, é que você me assustou. Você me levou para o topo de uma árvore, me ajudou a subir e me fez contar tudo, tudo que eu sentia. E como eu poderia negar aqueles olhos brilhantes observando cada suspiro meu? Era impossível, juro. Eu explodi em sentimentos na sua frente, chorei, berrei, te abracei, chorei um pouco mais... Ninguém se compara a você.

Você chorou comigo, me abraçou forte e quando finalmente paramos, você também explodiu. Me disse como odiava ser comparado a Rose, como queria sumir quando te chamavam para um duelo, como odiava férias em grupo e como amava ficar... comigo. Como amava o jeito que mordo o lábio quando tô nervosa, quando jogo o cabelo pro alto quando tô ansiosa, quando eu o procuro para tudo, como eu era fofa, como eu era sua. E você junto todos esses pequenos momentos e formou em algo muito, muito grande.
Mas, essa não era eu. Eu sinto em te dizer como é difícil disso acontecer, mas vamos para a verdade. No verso da carta tem a última página do meu diário, e eu peço, imploro, suplico a você que não mostre a ninguém. Que guarde contigo como se fosse a última coisa que tem de mim. Peço que leia e queime, queime. Se não queimar, guarde no meio das suas cuecas, porque eu sei que lá ninguém toca. Lá vai ter o motivo do meu suicídio idiota, vai ter o motivo de eu ser um desmoronamento e buraco sem fim. Vai dizer tudo que eu nunca disse a ninguém, somente a quem eu confiava: você.

Eu sou Ripley Jonnes, vou contar a história dela para você, mas vou inverter os nomes.

"Lily Luna nunca foi a mais rebelde, odiada pelos pais, órfã, adotada, nada. Lily Luna sempre foi falsa, foi um fake na sociedade. Mas ela ia mudar isso. Sua paixão por Richard Daniels (coloque seu nome aqui, não consigo escrevê-lo sem chorar mais um pouco) crescia cada vez mais, seus olhos brilhavam ao vê-lo, seu coração batia mais rápido, borboletas explodiam em seu estômago, suas mãos suavam como se ela tivesse acabado de sair do banho. Um amor proibido, Richard é irmão de Lily. Mas ela não liga, não mais. Então, preparou suas fotos, releu o discurso pela quinta vez e então subiu no palco, na frente toda escola e fez o que tinha de fazer: se declarou. Algumas garotas choraram com elas, já outras pensaram, "Nossa, como alguém se apaixona pelo irmão? Isso é ridículo, ridículo! Morra! Morra". Lily se sentiu afetada, mas ela apenas queria a resposta da pessoa mais importante da sua vida.

"Você esta louca, garota?! Saia daí já! Sua ridícula! Vadiazinha!"

Richard cuspia as palavras na cara de Lily, como se ela não tivesse seus próprios sentimentos. O que ela iria fazer?"

O que eu iria fazer? Não sei. Juro que não sei. Eu tenho vontade de esmagar o Richard com mil Estupefaças, um de cada vez, apontando para um pode cheio de pregos e ele morrer. Eu tenho mesmo. Espera um minuto, o jeito que você me faz sentir, eu não consigo me manter focada em nada... Isso estava ficando meloso demais, eu sei, sei mesmo. Mas, meu coração fica falando que isso é a vida perfeita, você me trás de volta para realidade com um simples "até mais", então, eu não sei se é verdade. Peço a todo dia para meu coração me deixar acreditar em borboletas, não confiar nas borboletas vivem em meu estômago toda vez que escuto seu nome.

Você sabia que o coração é só um órgão? Todos dizem que ele é o que simboliza o amor e tudo mais, mas não é, não é ele. É o cérebro. O cérebro é o centro de tudo, tudo mesmo. O coração pode ser trocado, por isso existe o transplante de coração, só que eu nunca ouvi falar em transplante de cérebro. E é por isso que eu acredito que tudo que me disseram é mentira. Menos o seu eu te amo.

* * *

01 de Abril de 2024, não sei que dia da semana é.

Querido diário,

Hoje relato principalmente para você, Hugo Weasley. Acredito que já tenha virado a carta, certo? E é claro que já sabe da minha morte, foi inevitável você não saber. Minhas razões são simples e curtas, e você vai saber todas elas nesse exato momento. Confio a você com qual vai ser o destino dessas duas folhas, sempre confiei. Sempre vou confiei.

Me pergunto o que estou fazendo e o que acontece com garotas como eu, eu não quero não chorar mais. Como podia viver a vida que tinha? Como? Na mentira, na hipocrisia, na dor, no sofrimento, na escuridão... Todos os dias eu te recebia com um sorriso, com abraços e todo o carinho possível, porque você era e ainda é muito importante para mim. Mas por que todo aquele jeito? Por que tinha que ser fofa? Por que tinha que usar rosa? Por quê? Por que tinha que ser a queridinha da família? Não, não mais.

Na noite do dia 02 de Abril eu saí de casa, fui para O Casulo. Você sabe o que é? Deve saber, mas vou explicar do mesmo jeito. É o lugar que achei perto da casa dos Crawford's quando eu tinha cinco anos, lá era um lugar apertado, pequeno e escuro, mas logo eu aprimorei, era um pouco abaixo do jardim deles. Coloquei uma lâmpada e exportei todos os meus livros para lá, peguei a mini-geladeira do Dave (sim, foi eu) e coloquei lá, com todos os sucos de limão e biscoitos de morango que consegui comprar com o pouco de dinheiro que a Demi me emprestou (que era para uma nova boneca), espero que eles me perdoem. Eu ia para lá quase toda noite que não estava com vocês, que eram muitas, aliás. Pensei que lá seria o lugar perfeito para meu último suspiro... Isso soou meio poético. Como aconteceu...? Bem, eu seria expulsa de Hogwarts causo soubessem, usar magia é proibido. Sectusempra foi minha única ideia vinda a mente, e foi isso que fiz. Hugo, você sabe que eu nunca fui criativa demais para isso! Sangrar até a morte seria uma coisa que a Ripley faria... Acho que estou ficando louca, pirada, maluca... Mas, eu lembro que você disse que as melhores pessoas são assim. Não quero você leia meu diário, nele tem coisas que você não precisa saber, porque é de outras pessoas.

Eu estava cansada, cansadíssima disso tudo. Eu enganei todos, minha mãe, meu pai, meus amigos, meus primos... Enganei você. Tinha medo de falar quem eu realmente era, e se não me aceitassem? E se você não me aceitasse? De repente eu saía do meu quarto com o cabelo preto, tatuagens, vestes pretas, piercings... O que vocês iriam pensar? Claro, que eu tinha ido para o lado escuro da força! E eu não fui.

Não quero que pense que fiz isso sem pensar em você e nem em ninguém. Eu pensei, e muito... Até mais do que eu queria, mas o que eu podia fazer? Você mesmo me disse um dia que parar de colocar as pessoas por cima de mim e pensar, pelo menos uma vez, no que fazer sozinha ia me tornar uma pessoa melhor. E tornou. Eu pensei em mim mesma, Hugo. Mas, mesmo me tornando um plano de primeiro lugar, eu não estava bem.

Eu queria fazer essa página grande, muito grande, explicar tudo que eu sentia e tudo que eu queria fazer naqueles últimos segundos sozinha, com uma garrafa de vinho que peguei do papai e olheiras enormes. Eu sei, eu sei, eu só tenho que deixar passar, ignorar. Você deveria saber que tem de dizer "adeus" para algumas coisas.

Eu finalmente saí daquele cenário horrível em que eu ficava correndo em círculos, revivendo e vivendo as mesmas coisas o dia inteiro. É bom expor a verdade para quem amamos, é mesmo.

O suicídio foi o meio mais fácil que achei para me livrar do peso em meus ombros, me livrar das mentiras, dos pensamentos ruins, da cor rosa, me livrar do pensamento em que meus irmãos fossem apenas fantoches, me livrar do pensamento em amar alguém que nunca me amaria de volta. Conseguir, finalmente, sair dessa guerra de sentimentos e coisas ruins. Ficar sorrindo o dia inteiro.

Acho que agora finalmente saí do meu casulo... Finalmente virei uma borboleta.


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Notas finais do capítulo

A última página estava com o Hugo, claro. Estava na cara :v