O Filho de Vesta escrita por João Bohrer


Capítulo 6
Eu estou aqui...


Notas iniciais do capítulo

Então... Eu realmente tirei esse feriado para escrever esse capítulo...

Então, espero que gostem :)



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Quando Zöe ficou sabendo da missão especial que Atena, deusa da guerra defensiva e da sabedoria havia dado a Percy, ela pirou. “Como que uma deusa séria como Atena, poderia confiar uma missão tão importante a um menino de 7 anos de idade?”, esse era o pensamento da tenente das caçadoras.

Ao se sentar em sua barraca, em frente a um pequeno espelho, viu seus olhos e a raiva explodiu. Ela tinha milhares de anos de experiência, o garoto só estava há dois anos com elas, e as incontáveis brigas... Será que ela era a única que o via como ele realmente era? Um HOMEM! Não importa o quanto Ártemis o treinasse, o quão doce aquela criança era, no fim seu destino iria ser o mesmo de sempre, crescer e desvirtuar alguma garota desavisada.

Nightshade era a mais velha de todas elas, seu trauma não foi nada mais, nada menos do que com aquele que era considerado o maior herói de todos os tempos, Herácles...

Se olhou no espelho mais uma vez, e viu seus olhos vermelhos. Esfregou eles rapidamente, ela não podia chorar, aquele Herói não valia as suas lágrimas, e agora, havia coisas mais urgentes para se resolver.

Quando saiu da barraca, Phoebe e o resto das caçadoras aguardavam as ordens da tenente, a notícia de que o pequeno Percy havia recebido uma missão, pegou elas de surpresa, e de certa forma, elas não acreditavam na real capacidade da criança, inclusive Phoebe, que parecia morta de preocupação.

– Precisamos encontra-lo! – Disse Phoebe

Zöe a olhou e não falou nada, apenas viu de realce, Ártemis vindo em sua direção.

A deusa, olhou para suas caçadoras armadas e prontas para levantar o acampamento, e suspirou.

– O que vocês pensam que estão fazendo? – Ela perguntou

Zöe se ajoelhou em frente a deusa, assim como as outras caçadoras.

– Estamos indo atrás de Percy, senhora! Não achamos que ele seja capacitado para a missão! –

Ártemis revirou os olhos.

– Caçadoras, vocês não têm a minha autorização para isso... – Ela disse – Mesmo que eu ache ele também muito novo para isso, a missão não foi dada por mim! – Ela sorriu – Atena não gostaria muito que vocês atrapalhassem o garoto! –

Zöe a olhou, não acreditando nas palavras que a deusa dizia.

– Mas minha deusa! A missão é de reencontrar uma jovem desaparecida! – Zöe se levantou – É nossa tarefa, quem sabe ela não queira virar uma caçadora? –

Ártemis revirou os olhos.

– Caçadora, não têm minha autorização! Percy é minha responsabilidade, e ele é de vocês também! Caso ele falhe, vocês poderão assumir a missão e conduzir os jovens ao acampamento! – Ela falou séria – Mas até isso acontecer, ficamos aqui! –

As caçadoras se retiraram, deixando apenas Ártemis e Zöe.

– Porque não deixa a gente ir? –

– Zöe, eu devo admitir que até eu tenho minhas duvidas quanto a ele, mas foi um pedido da própria Atena, é ele que deve ir! Nesses dois anos, ele se tornou parte do nosso grupo, as caçadoras se acostumaram a ele, e algumas até agem como irmãs mais velhas! Phoebe é o maior exemplo disso, eu me acostumei a ele, coisa que era praticamente impensável... E vamos dizer que ele me chamando de Arty, é a coisa mais fofa! – Ela sorriu

Zöe quase desmaiou com a última frase da deusa. Ártemis poderia mudar seu jeito? Por causa de uma criança?!

– Ártemis? Vocês está doente? – Zöe perguntou colocando a mão na testa da deusa

Ártemis riu e tirou a mão dela da sua testa.

– Deusas não ficam doentes! Eu só estou ponderando, não estou dizendo que eu amo os homens... Apenas que alguns, quando são criados de forma exemplar, acabam por talvez não ser os idiotas que conhecemos! –

Zöe se afastou de Ártemis.

– Zöe, eu sei que você não gosta muito dele; Mas porque não dar uma chance a ele? – Perguntou Ártemis

Zöe suspirou e deu as costas para a deusa.

– Ártemis, eu não sei se posso aceitar isso! –

Ártemis não falou nada, apenas balançou a cabeça negativamente e saiu dali. Zöe olhou para o céu e o sol ofuscou sua visão. Ela amaldiçoou Apolo em silêncio e voltou para a sua barraca.

Longe dali, após conseguir derrotar o ciclope e libertar os outros três semideuses, Percy se via em meio a uma indecisão, ele não sabia se podia revelar o que ele era.

– Então... Quem é você? – Perguntou o outro homem do grupo

Ele tinha cabelos loiros, quase brancos e olhos azuis, seu sorriso era estranho, mas passava uma confiança incomum para Percy.

– Sou Percy, um semideus também! –

A garota que parecia mais velha foi até o garoto.

– Olhos prateados? – Ela perguntou

Espera, os olhos de Percy sempre foram verde-água, com um pequeno círculo vermelho ao redor, indicando seus progenitores divinos, Héstia e Posseidon, ou melhor Vesta e Netuno. O prateado era característico de Ártemis.

– Meu nome é Thalia! – Ela falou

Percy olhou para a jovem de cabelos picotados a sua frente, os olhos azuis o assustaram, pareciam conter uma espécie de eletricidade em seu interior.

– Meu nome é Luke! – Falou o garoto loiro

E havia um terceiro, um garoto de cheiro estranho, que Percy logo detectou que era um sátiro.

– E eu sou Groover, um protetor júnior! – Disse o sátiro

Groover veio para perto de Percy e pareceu sentir o cheiro dele.

– Não pode ser... Esse cheiro doce, misturado com um pouco de natureza e magia... Você esteve recentemente com Ártemis! – O sátiro acusou

Percy deu alguns passos para trás, mas a garotinha chamada Annabeth o impediu.

– Não precisa ter medo de nós! – Ela disse mostrando um sorriso com alguns dentes faltando – Vamos ir para o acampamento meio-sangue, poderá ter uma vida melhor! – Ela disse em tom sonhador

Percy respirou fundo e forçou um sorriso, ele não queria abandonar as caçadoras e Ártemis, estava feliz com sua “família psicótica”, e de certa forma, Ártemis já era sua segunda mãe.

Se ele dissesse as palavras Ártemis e Mãe na mesma frase, era muito provável que uma flecha lhe atravessasse a garganta em poucos segundos, mas era pelo menos aquela a ideia que ele tinha, Arty havia cuidado dele e lhe ensinado sua visão de mundo, sua tia Atena e sua mãe Héstia apareciam eventualmente e lhe ajudavam, mas sua formação, até então era principalmente por causa de Ártemis.

– Eu tenho de leva-los até o acampamento... – Percy falou sem emoção

Seu “lado Ártemis” havia tomado conta, quando ele se assustava, ou ficava muito nervoso, costumava agir como a deusa, ou seja, não demonstrava suas emoções e tentava sempre fazer o que era mais racional.

Annabeth olhou para ele e depois encarou os outros três.

Sem ter muito mais o que conversar, o grupo deixou a casa e a pequena cidade para trás, voltando a floresta e Percy guiando eles.

Ele não sabia expicar, a presença daquelas pessoas, deixavam Percy ansioso e nervoso, como se ele estivesse sendo julgado e ou observado. E ainda havia aquela garotinha, ele voltou, depois de dois anos a sentir a mesma emoção, algo estranho, uma sensação de borboletas no estômago e muito nervosismo, o sentimento que era proibido por Ártemis.

A tarde passou rápido demais, e logo a lua surgiu no céu, Percy a encarou silenciosamente. Quando ele olhou para os outros, viu que estavam cansados e não se moviam mais com a mesma velocidade, a missão teria que ser prolongada e um acampamento teria que ser montado.

Percy suspirou, ele queria terminar aquilo logo e voltar para suas “irmãs”.

– Então... Acho que vamos ter que acampar? – Disse Percy forçando um sorriso

Thalia o olhou e riu.

– E vamos acampar como? – Perguntou ela

Percy sorriu e tirou a mochila das costas. Dentro havia cinco pequenos lenços prateados, Atena realmente havia pensado em tudo. Aqueles lenços foram inventados pelas caçadoras, a luz do luar eles viravam barracas completas.

– Tenho alguns suprimentos aqui... – Ele disse entregando os lenços para cada um

Luke olhou como se Percy fosse louco.

– E vamos dormir com um lenço? – Ele perguntou

Percy riu.

– Só coloque no chão e deixe a luz da lua o iluminar! –

Percy colocou o lenço dele no chão, demorou alguns segundos, o lenço cresceu e se transformou em uma barraca de acampamento prateada.

– Serve? –

Thalia e Luke se entreolharam espantados, Annabeth colocou o seu lenço no chão e o mesmo aconteceu.

Logo cinco barracas formavam uma meia lua em torno de uma fogueira que Groover havia acendido. Os olhos de Percy ficaram um pouco mais vermelhos após ver o fogo crepitando.

– Afinal... Quem é você? – Perguntou Luke

Percy desviou a atenção do fogo e o olhou com os olhos vermelhos leitosos.

– Sou apenas um semideus... – Disse Percy sem emoção – Enviado por Atena para buscar vocês e leva-los até o acampamento! –

Thalia e Luke se entreolharam irritados.

– De quem é filho? – Perguntou Luke

Percy voltou a atenção ao fogo.

– Isso não lhe diz respeito... – Suspirou – Sei que tudo é estranho, que sou apenas uma criança, mas não tenho certeza se posso confiar em vocês... –

Thalia riu.

– Sim, você é apenas uma criança, e afinal... Porque deveríamos confiar em você? –

Percy a olhou, seus olhos voltaram ao prateado.

– Pois se eu não fosse confiável, deveria ter deixado vocês com o ciclope... – Ele falou

O ar ficou ionizado, e o cheiro de ozônio vindo de Thalia se intensificou.

– Acha que a gente não iria conseguir escapar? – Ela perguntou

Percy sorriu.

– Não, vocês estariam mortos agora... – Ele falou sério – Se conheço algo sobre ciclopes, eles são mestres na imitação de voz, são inteligentes e fortes. Mas algo deve ter atraído a atenção dele a vocês, uma provocação, algo fora do comum... –

Annabeth olhou para Luke, como se a culpa tivesse sido do loiro.

E realmente era, Groover havia sentido o cheiro de um monstro antes do incidente, mas Luke insistiu em ir em frente e enfrenta-lo. Um a um, todos haviam sido capturados, e aquele pesadelo só terminou com a chegada do estranho garoto.

– Está insinuando alguma coisa? – Luke perguntou

Percy mexeu no fogo.

– Não, só estou dando um conselho... Monstros não gostam de ser desafiados, eles vivem para nos caçar, e nós vivemos para escapar deles e mata-los, eles veem atrás da gente, não precisam ser provocados para atacar! Às vezes evitar um confronto, é mais sábio do que bancar o herói! –

Thalia e Luke fecharam a cara, Percy pensou no que havia dito e se perguntava de onde haviam vindo aquelas palavras. Annabeth o encarou e sorriu.

As horas que se seguiram foram de puro silêncio, Percy foi o primeiro a ir dormir. Não demorou muito, ele estava exausto e só percebeu quando deitou em seu saco de dormir.

Algo o acordou no meio da madrugada, quando abriu os olhos, viu os cabelos loiros e os olhos acinzentados de Annabeth, a garota parecia assustada e ter estado chorando a pouco tempo.

– O que aconteceu? – Perguntou ele com sono ainda

Annabeth somente soluçava.

Percy se sensibilizou, já havia visto aquela cena quando uma nova caçadora se juntava a caçada depois de sofrer um trauma. Naquela hora, os poderes de sua mãe se ativaram, ele sentiu o medo de Annabeth e sua insegurança.

– Aranhas! – Ela falou com medo

O medo de todo filho de Atena! Percy se sentou e olhou para a garotinha. Procurando sua mão, ele a segurou e olhou nos olhos de Annabeth. Os olhos de Percy tornaram um vermelho vivo.

– Não se preocupe, eu estou aqui! –


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acham?