Winter is Coming escrita por Natalhando, Jane Tudor


Capítulo 19
Memórias


Notas iniciais do capítulo

É com muito prazer e honra que apresentamos para vocês, o último capítulo da fanfic. Esperamos que gostem e não deixem de comentar :D



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Minha cabeça girava, meus olhos estavam embaçados e pouco a pouco as imagens a minha frente foram ficando mais nítidas. Reconheci o lugar onde estava, era no caminhão que haviamos usado para chegar à sede da Hydra

— Georgiana, você está bem? – Steve disse vindo ao meu encontro.

— Sim – levantei-me com uma mão na cabeça, como se isso fosse fazê-la parar de girar. – O que aconteceu?

— Houve uma explosão e você foi atingida.

Assim que ouvi a palavra explosão, levantei o corpo e fiquei sentada, de repente lembrando do que havia acontecido.

— Onde está o Bucky? – Perrguntei com a voz trêmula por medo da resposta que ouviria.

Steve respirou fundo antes de me responder, parecia procurar as palavras certas para me dizer.

— Nós não sabemos onde ele está.

— O que? Como assim?

— Nós encontramos você aqui, desacordada e sem nenhum sinal dele.

— Ele me trouxe pra cá, eu tenho certeza... Eu me lembro claramente. Depois da explosão, ele...

— Ele te trouxe para o caminhão e desapareceu. – Steve contou. – Nós conseguimos apagar todos os dados da Hydra, se ela se reerguer, será totalmente do zero, e eu duvido que consigam novamente. Collins tentou sair do prédio e fugir, mas o helicóptero onde estava caiu, e foi isso que causou a explosão.

— Ele...

— Está morto. Quando eu e Sam voltamos para te procurar, você tinha sumido, ficamos surpresos quando encontramos você aqui.

Ele fez uma pausa e se aproximou mais de mim, tentando me acalmar.

— Bucky não te deixaria assim, sozinha, ainda mais depois que ele te salvou. – Sua voz era apenas um sussurro. – O que aconteceu depois que você foi procurar por ele?

— Ele tentou me matar – olhei para baixo, tentando sufocar a lembrança. – Eu o encontrei um pouco depois de ter saído para procurá-lo, ele tinha aquele mesmo olhar de quando era o Soldado Invernal.

— Conseguiram apagar as memórias dele? – Steve agora estava num misto de raiva e preocupação.

— Eu não sei, esse é o problema, ele me salvou da explosão, ele me deixou a salvo aqui, qual o sentido de ele ter feito isso se estivesse sem suas lembranças?

— E por que ele fugiu?

— Eu não sei, mas preciso encontrá-lo.

Forcei meu corpo para frente, fazendo menção de que ia me levantar. Steve me segurou pelo braço, impedindo-me.

— Você não pode ir atrás dele sozinha, não sei se notou, mas você está bem machucada e sangrando também.

Ele olhou para minha barriga, que tinha uma macha de sangue razoavelmente grande, ergui a blusa e me deparei com um ferimento grande.

— Eu não me importo, eu preciso achar o Bucky.

— Você precisa cuidar desses ferimentos. Apesar de ter poderes, você não tem a capacidade de se regenerar instantaneamente.

— Eu não me importo, estou bem.

Soltei-me do braço de Rogers e levantei-me de onde estava, mas antes que pudesse dar alguns passos, eu senti uma dor aguda e fui forçada a me apoiar em algum lugar.

— Vamos te levar ao hospital e depois eu te ajudo a encontrá-lo, mas por favor, não fuja.

Steve virou-se para Sam, que dirigia o caminhão e pediu para que ele desviasse a rota para o hospital

Nós chegamos e fomos encaminhados diretamente para a emergência. Eu não tinha me dado conta ainda do quanto havia me machucado. Steve ficou comigo a todo tempo, e eu fiquei me perguntando onde Natasha e Tony estavam.

— Você está bem? – Steve perguntou enquanto a enfermeira fazia um último curativo.

— Eu estou longe de estar bem.

— Você vai ter que ficar algumas horas em observação. Bateu a cabeça bem forte. Qualquer coisa pode me chamar– a enfermeira alertou dando um sorriso.

Esperei que a enfermeira fosse embora para enfim falar com Steve.

— Ele olhou pra mim como se nunca tivesse me visto, como se eu não fosse absolutamente nada, eu... – fiz uma pausa e tomei fôlego. – Ele ia me matar. Eu ia morrer pelas mãos da pessoa que prometeu me proteger acima de tudo. Eu sei que ele podia estar sendo controlado, mas pensar nisso não diminui minha dor em nada.

Nós ficamos em silencio por alguns segundos, fui surpreendida quando ele colocou sua mão sobre a minha.

— Eu o perdi duas vezes, e eu o conheço a minha vida toda. Ele é a única pessoa do meu passado que restou e eu não vou deixá-lo ir embora. Eu entendo o que está sentindo e eu não vou descansar enquanto não achá-lo.

Ao ouvir suas palavras, eu sorri. Ainda sabendo que as chances de encontrá-lo eram quase impossíveis, por que se ele estava sendo controlado, ele não iria voltar.

— Tudo o que eu quero é que ele volte para mim, acho que não suportaria perder outra pessoa que amo, Steve. – Falei à beira das lágrimas.

— Você vai ficar bem, você é forte e eu vou estar com você.

Passaram-se duas horas desde que estava no hospital quando finalmente a enfermeira me liberou. Eu odiava hospitais e estava dando graças a Deus por sair de lá.

Fomos diretamente para casa do Sam. Eu estava fisica e psicologicamente acabada. Realmente não conseguiria me reerguer dessa vez, não sem o Bucky.

— Achei que vocês tinham morrido – Natasha nos recepcionou quando chegamos.

— Antes fosse – eu disse isso e fui para a varanda. Precisava de ar depois de ficar horas presa dentro daquele hospital.

— Desculpe por isso, na maioria das vezes eu faço piada com as coisas que me assustam para ver se melhora um pouco – Natasha veio atrás de mim, fazendo com que eu virasse para encará-la.

— E funciona?

— Na maioria das vezes sim. Acho que estou andando muito com o Stark – ela sorriu e não pude deixar de acompanhá-la.

Ela caminhou até o meu lado e olhou para a paisagem. Eu virei para fazer o mesmo, ainda cabisbaixa.

— Eu soube sobre o Bucky. Como você se sente?

— Preciso mesmo responder? – Tentei falar de uma maneira que não soasse rude.

— Você vai superar, Georgiana, como você sempre faz. É por isso que eu tento ao máximo viver apenas por mim, também perdi muitas pessoas na vida – ela parecia pensativa.

— Eu sei, é só que... Eu perdi todos. Minha irmã, minha melhor amiga e agora o Bucky. Não acho que eu vá conseguir superar dessa vez. Não depois de ver como ele olhou pra mim.

— Aquele não era o Bucky.

— Eu sei, mas sendo ou não, eu não o impedi de me matar.

— O quê? – Ela agora virou-se para mim, parecia confusa.

— Eu fiquei na frente da arma, esperando que ele atirasse. Mas ele não o fez.

— Você está mesmo apaixonada por ele, não é? – Natasha estava com uma expressão inalterável.

— Que foi? Vai me dizer que a temida Natasha Romanoff nunca se apaixonou por ninguém? – Tentei sorrir.

— Quer mesmo que eu responda a isso? – Ela arqueou a sobrancelha.

— Você passou muito tempo com o Rogers...

— O que quer dizer com isso?

— Exatamente o que você entendeu – dei um pequeno sorriso.

— É bom saber que eu te divirto um pouco.

— Vamos lá, eu sempre achei que vocês formariam um ótimo casal.

— E eu acho que você precisa voltar ao hospital.

— Você está mudando de assunto.

— Alguém já disse que você é irritante?

Nós sorrimos.

— Obrigada por isso – agradeci.

— Vem, você precisa comer alguma coisa.

Andamos até a sala e antes que entrássemos na cozinha de Sam, Natasha se virou pra mim.

— Você vai ficar bem, Geo, apesar das insinuações... – ela arqueou uma sobrancelha, como forma de advertência. – Eu vou estar aqui com você.

Sorri o máximo que pude, eu queria acreditar que ficaria bem, mas eu sabia que não ficaria.

***

— Você ainda não me deu uma resposta – Steve insistiu.

Nós estávamos no prédio da W.H.I.S.C. Steve havia sido convocado para ser o novo diretor da agência. Um mês havia se passado desde a invasão à Hydra, e ele faria um discurso na cerimônia de posse. Steve estava me oferecendo um emprego como agente da W.H.I.S.C, o mesmo que eu ocupava há algum tempo.

— É com muito prazer e honra, que apresentamos a vocês, o novo diretor da W.H.I.S.C, Steve Rogers. – Pudemos ouvir a deixa que indicava que estava na hora de Steve subir no palco.

Os jornalistas presentes bateram palmas assim que Steve surgiu no pequeno palanque da sala de discursos da W.H.I.S.C. Ele estava muito contente por ter assumido esse cargo.

— Quero dizer que é uma honra ter sido escolhido para representar a W.H.I.S.C. Apesar de tudo o que aconteceu, eu espero fazer um ótimo trabalho e que não sobre nenhum vestígio da antiga W.H.I.S.C aqui. Trabalharei para que a agência seja incorruptível, e que tenhamos a melhor equipe, para que possamos tornar o mundo um lugar mais seguro. E é com orgulho que digo que acabamos com a Hydra de uma vez por todas. Isso não seria possível sem ajuda da agente Geogiana Wayland, da agente Natasha Romanoff, do soldado Bucky Barnes, do Sam Wilson e do brilhante Tony Stark. Posso enfim dizer, que estamos livres da Hydra e vamos continuar trabalhando para que nada mais ameace a segurança das pessoas.

De repente todos os jornalistas ficaram alvoroçados para fazer perguntas. Eu sorri quando ouvi meu nome ser dito seguido por agente. Não me considerava uma. Não mais. Meu sorriso se desfez quando ele mencionou o Bucky, mesmo após um mês, eu não havia conseguido superar nem um pouco.

Depois do discurso Steve respondeu algumas perguntas. Quando a cerimônia acabou, resolvemos ir ao museu do Capitão América. Ele queria colocar a medalha que havia ganhado do governador em exposição.

— Acho que deveríamos comemorar seu novo cargo – Natasha sugeriu. – Vamos para outro lugar.

— Eu concordo – dei um sorriso, tentando parecer bem com tudo – Vocês podem ir sem mim? Eu vou ficar mais alguns minutos e alcanço vocês.

— Eu também sinto falta dele – Steve falou enquanto olhava para a foto de Bucky, para a qual eu também estava olhando.

Nós o procuramos por toda parte, parecia que ele havia sumido do mapa.

— Pense sobre minha proposta de emprego, Geo. Você é uma ótima agente. Eu ficaria feliz se voltasse a trabalhar na W.H.I.S.C. Se viesse trabalhar comigo.

— Eu vou pensar – sorri.

Ele e Natasha saíram do museu. Eu fiquei olhando as fotos e lendo as informações do painel de Bucky, como se não houvesse decorado tudo. Fiquei alguns minutos em pé, estática, olhando para o grande mural.

— Acho que um sinto muito não é suficiente, não é?

Escutei aquela voz atrás de mim, gelei no mesmo instante e quando me virei, lá estava ele, do mesmo jeito que tinha o visto da primeira vez que estivemos aqui.

Eu o abracei com bastante força, e ele ficou surpreso de inicio, mas logo correspondeu. Eu não sabia o que sentia naquele instante, raiva por ele ter sumido ou alivio por ele estar de volta.

— Por favor, diga que você ainda é o Bucky – disse num sussurro.

— Eu sou. Me desculpe por ter ficado longe todo esse tempo, eu... Eu só não sabia como olhar pra você depois de tudo. Eu quis te proteger e acabei por quase te matar. Ver você machucada daquele modo... Eu pensei que se ficasse longe de você, manteria você a salvo.

Eu fiquei em silêncio e continuei ouvindo, ainda abraçando-o. Queria senti-lo o máximo que podia, para acreditar que era realmente ele.

— Collins desenvolveu um novo soro para apagar minha memória, já que com o anterior, após certo tempo, eu consegui me lembrar das coisas. Esse novo soro funcionou e me fez esquecer das coisas de início. Eles me disseram que eu devia te encontrar e te matar, mas quando você colocou a arma para que eu a matasse, não consegui. Naquele momento minhas memórias voltaram. Eu me lembrei de tudo, e foi quando houve a explosão.

— Se você se lembrou de mim, por que foi embora? – Disse em meio às lágrimas. – Eu e o Steve te procuramos incansavelmente nesse mês que se passou.

— Eu não quero que você sofra, Georgiana – ele falou de uma forma que eu podia notar sua dor pelo seu tom de voz. – Desde que você me conheceu, sua vida vai de mau a pior. Tudo de ruim que aconteceu com você nesses últimos meses foi minha culpa.

— Por favor, não diga isso – supliquei.

Ele me soltou, e nesse momento eu senti que meu mundo ia desabar. Era como se só em seus braços eu conseguisse me sentir completa. Bucky enfiou a mão no bolso de seu casaco e tirou uma seringa de dentro.

— Isso é um pouco do primeiro soro que eles usaram para apagar minha memória – explicou, olhando para o líquido contido na seringa. – Nesta quantidade, ele pode apagar os últimos meses da sua mente.

— O que quer dizer com isso? – Perguntei já entendendo onde ele queria chegar.

— Use o soro – ele simplesmente disse. – Se fizer isto, vai esquecer do que aconteceu desde que nós nos conhecemos. A morte de Isabelle, a tortura e quando tentei te matar durante a invasão da Hydra. Use o soro e todo o sofrimento que já te fiz passar vai sumir.

— Você está sugerindo que eu use o soro que vai me fazer esquecer de você?

— Vai ser melhor. Você vai poder seguir a sua vida.

— Como posso seguir a minha vida se você não estiver ao meu lado?

— Você não vai se lembrar de mim. Georgiana, não é seguro continuar comigo. Que garantia você terá de que não perderei minha memória e me virarei contra você novamente?

Estendi minha mão trêmula para Bucky e peguei a seringa. Fiquei olhando para ela por algum tempo, refletindo sobre tudo o que ele dissera.

— Eu posso te dar um último beijo, Bucky? – Pedi, sem olhar para ele.

— Por favor.

Finalmente o fitei. Seu olhar estava triste, era como se o ocorrido fosse um peso enorme em sua consciência, e isso o impedisse de continuar comigo. Aproximei-me lentamente de seu rosto e o beijei. Bucky colocou a mão ao redor de minha cintura e me apertou contra ele, querendo aproveitar o nosso último beijo.

Levantei a mão onde estava a seringa, e levei-a até o pescoço de Bucky. Injetei uma parte do soro e me afastei, temerosa.

O pior que podia acontecer era ele não se lembrar de mim e me matar. E isso não seria tão ruim, apenas voltaríamos à mesma situação em que nos encontrávamos naquele dia, um mês atrás. Não quero viver sem ele, então não resisitiria às suas tentativas de me matar se o soro apagasse sua memória.

Por outro lado, se meu plano funcionasse e ele esquecesse apenas do ocorrido durante a invasão, poderíamos continuar sem que ele sentisse culpa sempre que olhasse para mim e se lembrasse do que aconteceu.

Ele ficou olhando para baixo, com as mãos na cabeça, como se aquela dose de soro estivesse fazendo efeito e aquilo doesse. Eu mordi o lábio ansiosa esperando por sua reação, fosse positiva ou negativa.

Foi quando ele olhou para mim, que eu obtive minha resposta.


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Notas finais do capítulo

Terá um epílogo ;)