Winter is Coming escrita por Natalhando, Jane Tudor


Capítulo 14
Winter is Coming




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Eu me sentei vagarosamente na maca, estava fraca demais para ir mais rápido. Edward, impaciente, segurou meus ombros e me empurrou para trás, fazendo-me deitar. Ele se afastou e eu virei o rosto, seguindo-o com o olhar.

Edward caminhou até uma mesa onde havia um computador. Não era um simples computador, como os que as pessoas têm em casa. Esse era bem maior e tinha muitos botões. Sem falar que sua tela era touch screen.

Ele voltou para perto de onde eu estava e prendeu meus braços e pernas em amarras que estavam fixadas na maca. Eu fiquei imóvel, encarando-o com ódio. Edward começou a prender alguns eletrodos em mim. Primeiro no meu rosto, depois nos meus braços, e por último em meu busto.

– Tente não gritar muito, está bem? – Edward pediu.

Eu revirei os olhos e em seguida os fechei, esperando pela dor. E quando ela veio, eu não consegui impedir os gritos. Senti uma enorme onda de energia percorrendo o meu corpo. Tremi, esperneei, berrei, tudo involuntariamente.

Outro choque, mais outro, e mais alguns. Minha voz começou a sair tremida, meus gritos ficaram mais altos. Do modo como eu estava me mexendo freneticamente, as amarras em minhas mãos estavam me machucando, fazendo feridas.

De repente os choques pararam, eu ouvi a porta abrindo, era Collins. Ele parou ao meu lado e deu um sorriso sádico.

– Decidiu nos contar onde o Soldado Invernal está se escondendo?

Forcei-me em virar o rosto para o outro lado, como se estivesse respondendo que não. Collins estalou a língua e murmurou alguma coisa que não pude entender – estava escutando zumbidos no meu ouvido.

Collins saiu da sala e Edward voltou para o computador. Não consegui enxergar o que ele estava fazendo, mas não foi difícil de concluir. O desgraçado estava aumentando a voltagem dos choques.

De repente Edward apertou um botão vermelho.

Os choques, que antes eram bastante dolorosos, se tornaram insuportáveis. Até o ponto em que eu não consegui mais gritar, estava sem voz. Minha visão começou a escurecer, e eu me senti aliviada por um instante. Se eu desmaiasse, não sentiria mais dor.

Os choques cessaram.

Georgiana? É você? – ouvi a voz de Isabelle

Eu virei a cabeça para o lado, incrédula, confusa, perdida. Pensei estar ficando inconsciente, ouvindo coisas. Mas quando eu vi a expressão no rosto de Edward, eu percebi que não era isso que estava acontecendo.

Geo, eu queria pedir desculpas para você pelo modo como falei com você. Isso não vai abalar a nossa amizade, não é? – sua voz parecia estar vindo de uma caixa de som no canto da sala. – Oh, Edward, é você? O que faz aqui?

De repente, sua voz se transformou em um grito desesperado, seguido de tiros. Pude ouvir o som de seu corpo caindo no chão. Não pude impedir as lágrimas que se formaram em meus olhos.

– Eu fiz questão de gravar o momento da morte da sua amiga – Edward falou. – Para te lembrar que você foi a responsável por isso. Quer ouvir de novo? Eu posso colocar pra tocar outra vez.

O áudio se repetiu. Eu virei o rosto para o outro lado, como se isso fosse me fazer parar de ouvir. Aquilo era demais para mim. Os choques voltaram. Eu comecei a gritar, como se isso fosse afastar toda a dor que eu estava sentindo, o que não aconteceu. Mas pelo menos eu não estava mais ouvindo a voz de Isabelle.

Por uns instantes comecei a desejar a morte. Se eu morresse, toda essa dor acabaria, o lugar onde Bucky estava continuaria em segredo, e eu poderia me juntar a Isabelle. Apertei os olhos com força. Isabelle. Edward tinha razão, a sua morte era minha culpa.

Eu havia entrado na W.H.I.S.C com o único objetivo de salvar a vida de pessoas. Como foi dar tudo tão errado? Matei uma pessoa e fui responsável pela morte da minha melhor amiga.

Os choques pararam outra vez. Tive medo de abrir os olhos, não sabia o que viria a seguir, e não tinha certeza se queria saber. Depois de alguns segundos, abri-os e virei o rosto para o lado.

– Bucky... Você veio... – tentei dizer, mas minhas voz não saiu.

Virei o rosto para o lado e vi Bucky socando Edward. E quando este caiu no chão, Barnes encostou em seu ombro, e uma enorme descarga elétrica saiu de seu braço mecânico e fez com que Ed ficasse inconsciente.

O Soldado Invernal veio caminhando em minha direção e eu não pude entender o que ele falava. Apenas fiquei encarando-o enquanto ele soltava as amarras que me prendiam à maca. Não conseguia acreditar no que estava vendo. Ele estava ali. Ele me encontrara.

Bucky me colocou em seus braços e abriu a porta com um chute. Nos primeiros corredores da Hydra não havia nenhum agente para nos impedir de sair. Todos estavam no chão, desacordados.

Depois de algum tempo, eu avistei o Capitão Rogers lutando com alguns homens. Ele estava com o seu uniforme e escudo. Sorri mentalmente, já que não tinha forças para fazê-lo de verdade. Após o último agente que nos impedia de sair do prédio estar abatido, Steve olhou para mim.

– Georgiana, você está bem? – perguntou-me. Sua expressão era de preocupação.

Eu pareço estar bem?, pensei, mas não consegui falar.

– Vamos logo antes que outros apareçam – Bucky alertou.

Steve abriu a porta enorme de madeira à nossa frente e nós saímos do prédio. Bucky me levou até a esquina e me colocou dentro de um carro. Um moço moreno dirigia, ele olhou para trás e perguntou algo, mas não consegui ouvir.

Joguei minha cabeça para trás e fui vencida pelo cansaço.

***

Acordei em um quarto onde eu nunca estive antes. O quarto em si não revelava muito sobre seu proprietário. Não havia fotos ou decorações, então não consegui decifrar de quem era.

A porta estava entreaberta, e eu pude ver através dela uma sala. Havia um sofá e uma televisão. Bucky e Steve estavam no sofá, e eles conversavam normalmente. Fiquei apenas os observando por algum tempo, até que Bucky olhou para o quarto e me viu acordada.

Ele disse algo para Steve e os dois se levantaram. Steve saiu do meu campo de visão e Bucky caminhou até o quarto. Eu me sentei na cama e ele ao meu lado.

– Como você me encontrou? – foi a única coisa que consegui dizer. Minha voz saiu mais baixa que o usual.

– Você não voltou, eu fiquei preocupado e sai para procurá-la. Eu encontrei Steve no caminho. Um amigo dele, o Sam, tinha visto os agentes da Hydra te colocando em um veículo e te levando. Sam contou a Steve para onde te levaram e nós fomos te buscar.

– E você se lembra do Steve?

– Quer dizer, o Capitão América? O meu melhor amigo? – ele sorriu. – Sim, eu lembrei. Pode me chamar de Bucky agora, sem problemas.

– E como você está?

– Como eu estou? Como você está? – Bucky me analisou. – O que eles fizeram com você?

– Eu não quero falar sobre isso.

– Por que eles fizeram isso com você? O que eles queriam?

– Isso não é importante, Bucky. – Coloquei a mão sobre a sua, que estava apoiada na cama. Eu não queria que ele se sentisse culpado.

– Eles queriam saber onde eu estava, não queriam? – Ele afastou sua mão da minha. – E como você não contou, eles fizeram isso com você. Eu estou certo?

Eu abaixei o olhar.

– Por que você não disse onde eu estava, Georgiana? – Sua voz estava baixa. – Teria te poupado de tudo isso. Por que você não contou? Quando a vi quase inconsciente naquela maca, pensei que ia te perder, isso foi demais pra mim, não sei se suportaria.

– Se eu contasse, eles te matariam.

– Eu não me importaria.

– Mas eu sim.

Seu olhar encontrou o meu quando falei isso. Ele me olhou com ternura, e acariciou minha bochecha gentilmente. Eu dei um meio sorriso. Bucky se aproximou de mim e deu um pequeno beijo em meus lábios. Quando nos afastamos, a distância entre nossos rostos ainda era pequena, e ele ficou me observando.

– Não olhe para mim – falei, virando o rosto para frente.

Eu cobri meu rosto com as mãos. Não queria que ele me visse desse jeito. Fraca, vulnerável, ferida. Meu rosto estava coberto por marcas roxas, dos socos que havia levado. Eu queria que Bucky tivesse a imagem de uma Georgiana forte, não desse jeito.

– Pra mim – Bucky começou a dizer – essas marcas no seu rosto representam a sua coragem, a sua bravura. São lindas. – Ele passou a mão em meu cabelo. – Elas estão no seu rosto porque você estava me protegendo, e eu te amo por isso.

Fiquei parada por alguns instantes, apenas olhando para ele. Ele me observava com uma expressão ansiosa. Eu o abracei, e quase pude ouvir seus batimentos cardíacos, de tão acelerados que estavam. E foi quando eu tive certeza.

– Eu te amo – sussurrei.

Continuamos abraçados por algum tempo, não queria me soltar de seus braços. Depois de tudo o que eu havia passado, depois de tanta dor, eu sentia que com Bucky eu estava segura.

– O que nós faremos agora? – Perguntei.

– Se me lembro bem, você me deve um encontro.


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Notas finais do capítulo

Não sejam fantasmas :3