Like Father, Like Son escrita por themuggleriddle


Capítulo 29
Você não precisa ver para sentir




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Tom Riddle deslizou a mão pela coberta verde escura de sua cama enquanto corria os olhos pelo seu quarto, que agora já estava vazio, sentindo um nó formar-se em sua garganta. Levantou-se da cama e andou até a janela, onde ficou parado, apenas observando os terrenos de Hogwarts banhados pelo sol avermelhado do fim da tarde. Respirando fundo, o rapaz sorriu sutilmente, sem desviar os olhos da paisagem.

Sete anos... Não parecia tanto tempo, afinal, parecia que fora ontem que ele estava parado no meio da estação King’s Cross com seu pai, tentando descobrir onde ficava a Plataforma 9 ¾ e ainda sem saber tudo o que o mundo bruxo escondia deles. Sete anos desde que uma garotinha sorridente apontara para a barreira entre as Plataformas 9 e 10 e dissera que eles teriam que correr até atingi-la para chegar ao Expresso de Hogwarts. Sete anos desde ele olhara pela primeira vez para o teto estrelado do Grande Salão. Sete, sete, sete...

Mas tudo aquilo iria acabar dali algumas horas. Depois de sete anos, Tom Riddle havia terminado o seu último ano letivo na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, havia terminado todos os testes que precisava fazer e agora esperava por mais algumas horas para se formar. O rapaz estufou o peito enquanto pensava nisso... “E você era o garoto esquisito do orfanato.”


Tom deixou-se ficar olhando os terrenos do castelo por mais um tempo, sabendo que aquela seria a última vez que ele veria aquele gramado, aquele lago, aquelas árvores, antes de dar as costas para a janela e andar até o espelho que havia em seu quarto. Ele sorriu para o seu reflexo, sabendo como sua avó ficaria orgulhosa ao ver como ele conseguira ficar com uma aparência impecável e elegante para a noite de sua formatura... Seus cabelos escuros estavam bem penteados, suas vestes a rigor verdes escuras estavam bem arrumadas, seus sapatos estavam bem polidos. Sua imagem praticamente emanava perfeição.

Olhou para a sua cama novamente, onde uma capa preta estava esticada. Todos os alunos usariam uma daquelas durante a cerimônia... Preta com a parte de dentro e a gola da cor de suas respectivas casas, no caso de Tom, verde. O rapaz andou até a cama e pegou a capa, colocando-a por cima das vestes a rigor e abotoando-a, antes de pegar alguma coisa em cima da mesa de cabeceira e voltar para a frente do espelho. Ele sorriu enquanto prendia em sua capa um broche verde e prata onde pequeninas letras prateadas em alto relevo formavam as palavras “Monitor-Chefe”... Riddle não pôde deixar de sentir orgulho de si mesmo enquanto olhava para o seu no reflexo no espelho. Se ele estava se sentindo daquele jeito, imagine como seus avós e seu pai se sentiriam ao vê-lo naquela noite.

***

- Oh meu Deus...

Essas foram as únicas palavras que ousaram sair da boca de sua mãe assim que o professor Dumbledore os conduziu até o local da formatura. O bruxo sorriu para a família trouxa, vendo como os três pareciam estar totalmente fascinados enquanto olhavam em volta.

- Vou deixá-los agora – o professor falou e apontou para algumas cadeiras que estavam enfileiradas mais a frente, perto de um tablado montado ali mais a frente – Se eu fosse vocês, aproveitaria para pegar um lugar bom.

Tom concordou com a cabeça enquanto via Dumbledore se afastar. Ele não tinha idéia de onde eles estavam, só sabia que era perto da escola de seu filho, essa fora a única coisa que o professor falara para eles... Eles estavam no meio de uma floresta, numa clareira enorme, onde havia sido montada toda uma estrutura como se aquilo fosse um salão de festas a céu aberto. Toda decoração havia sido feita nas cores das quatro casas de Hogwarts, havia algumas velas flutuantes que davam conta da iluminação e, acima das cadeiras, haviam tapeçarias penduradas – Tom não sabia aonde exatamente elas estavam penduradas, mas elas estavam lá em cima – cada uma com o símbolo de uma casa: o leão Grifinório, a águia Corvinal, o texugo Lufo e a cobra Sonserina.

Desviando a sua atenção da decoração, Riddle começou a prestar atenção nas pessoas que já haviam chegado à festa. Haviam alguns poucos que estavam vestidos “normalmente”, com roupas trouxas e, assim como ele e sua família, observavam tudo com os olhos cheios de fascínio, mas a maioria eram famílias que trajavam vestes esquisitas, mas que, mesmo assim, não deixavam de ser elegante. Ele pôde ver como sua mãe ficou um bom tempo encarando uma mulher loira que usava um vestido verde e prateado longo que parecia ter saído de algum livro de contos de fadas, e como a atenção de seu pai ficou presa por um bom tempo em um grupo de bruxos que trajavam capas longas e coloridas e falavam muito alto, sempre rindo alegremente.

- Tom! Não sabia que eles traziam as famílias trouxas tão cedo – o homem virou-se para ver quem o chamara, mesmo já tendo quase certeza de quem era.

Evelyn Shaw estava andando em sua direção, sorrindo e acenando levemente. Seus cabelos ruivos estavam presos e usava um vestido azul escuro que parecia ter saído diretamente dos anos vinte.

- Acho que é melhor para eles irem nos buscar o mais cedo possível, não? – Riddle sorriu de volta para ela – Afinal, os professores têm mais coisas para fazer além de ficar dando carona para famílias não bruxas.

- De qualquer maneira, fico feliz que tenha vindo – a mulher falou – O que achou do lugar?

- É... interessante.

- É uma pena que essa formatura não possa ser feita dentro de Hogwarts, seria bem mais bonito, acredite – ela explicou - Mas os feitiços de proteção são muito fortes e o Ministério nunca permitiria que trouxas entrassem nos terrenos. Já é uma briga para fazer isso aqui.

- Uma festa não vai acabar com o segredo de vocês.

- Eu sei disso... Além do mais, todos os trouxas que comparecem são familiares de bruxos, ou seja, já estão guardando o nosso segredo a pelo menos sete anos – a bruxa riu baixinho – Merlin amado, sete anos.

- Sete anos...

- Tom? Oh, Srta. Shaw, que prazer vê-la aqui – Mary Riddle aproximou-se deles – Sua afilhada está se formando hoje também, certo?

- Certo.

- Essas crianças – a Sra. Riddle riu e apontou para cima – Tom, você viu as velas?

- Vi, mãe.

- Eu me pergunto como eles conseguem fazer isso...

- É um feitiço bem simples, na realidade – Evelyn explicou – Mas isso não vem ao caso... Eles devem estar tentando imitar o Grande Salão de Hogwarts, sabe, lá sempre há essas velas flutuantes.

Riddle desviou o olhar das duas mulheres, que agora conversavam alguma coisa sobre a decoração, e voltou a observar as pessoas a sua volta. Um bruxo em particular chamou a sua atenção. Ele era baixo e gordinho, usava vestes verdes escuras, tinha um chapeuzinho esquisito sobre os cabelos loiros esbranquiçados e não parava de olhar para Tom com seus olhinhos escuros e curiosos. O trouxa viu o outro homem se aproximando enquanto tentava adivinhar quem ele era.

- Boa noite! – o mais baixo sorriu abertamente e Riddle decidiu que ele parecia um leão-marinho alegre – O senhor por acaso é parente de Tom Riddle?

- Ahm, sim, ele é meu filho.

- Pelas barbas de Merlin! Você é o pai do Tom? É um prazer conhecê-lo – o homem gorducho estendeu-lhe a mão, a qual Tom apertou enquanto sorria – Sou Horace Slughorn, professor de Poções.

- Tom Riddle.

- Ah, tal pai, tal filho – Horace riu – Devo dar-lhe os parabéns, Sr. Riddle, o senhor tem um filho extraordinário... Sempre o primeiro da turma, monitor e monitor-chefe, o senhor deve ter muito orgulho de ter um filho como Tom.

- Você não sabe como, professor – o homem riu.

- É engraçado, sabe? Há sete anos atrás, quando dei aula para a turma de Tom pela primeira vez, eu não conseguia acreditar que aquele garoto era de família trouxa – Slughorn falou – Não que eu tenha algum preconceito para com os trouxas, Sr. Riddle, muito pelo contrário! Mas é que normalmente os nascidos trouxas ficam meio perdidos nas primeiras aulas e o seu filho conhecia mais coisas que um puro-sangue logo na primeira aula do ano.

- O senhor não tem idéia de como ele passou dias em cima dos livros do colégio antes de vir para Hogwarts – Riddle sorriu.

- Ah, se eu bem conheço ele, tenho certeza de que entendo o que você está dizendo, Sr. Riddle... O senhor está aqui sozinho?

- Não, senhor, meus pais vieram junto – ele apontou para o casal que continuava falando com Evelyn.

- E aquela, presumo, é a sua mulher? A mãe de Tom? – o professor falou, apontando com a cabeça para a bruxa ruiva.

- O que? Ah, não, não – Riddle riu sem graça – Ela é apenas uma amiga, madrinha de outra aluna de vocês... A mãe de Tom, ahm, ela faleceu há alguns anos.

- Oh – o sorriso sumiu do rosto do professor rapidamente – Meus pêsames, Sr. Riddle.

O homem mais alto sorriu, como se quisesse dizer um “obrigado” e não tivesse coragem, e aquele gesto foi suficiente para fazer com que o bruxo se animasse novamente e voltasse a tagarelar sobre inúmeras coisas, bombardeando-o com perguntas e nunca parando de sorrir.

***

Ele podia ver o seu pai dali. Tom Riddle Sr. estava sentado bem perto do tablado aonde ele e os outros formandos estavam e tinha um sorriso estampado no rosto. Sua avó parecia estar se contendo para não chorar enquanto apertava a mão de seu avô com força. O velho Thomas era o mais sério dos três Riddles. O garoto sabia que aquele era o jeito de ser do homem, sempre sério, raramente expressando-se, diferente do filho e da mulher, mas, mesmo assim, o mais novo não pôde deixar de sentir uma pontada de medo ao ver o rosto sério do avô... Será que ele ficara desapontado com ele depois de ver o “tipo de gente” com quem ele andava? Será que o Sr. Riddle preferiria estar vendo seu neto estar se formando em Eton ao invés de em Hogwarts? Será...

Tom sacudiu a cabeça levemente, mordendo o lábio inferior enquanto tentava esquecer aquela linha de pensamento. Olhou para o lado e viu Emily parada a alguns alunos dele, entre o grupo dos lufos, sorrindo para Evelyn, que estava sentada ao lado de seu pai, mas logo voltou a prestar atenção no que uma garota da Lufa-Lufa, Brianna Alguma-Coisa, que havia se tornado Monitora-Chefe depois que Penélope Lynch deixara a escola, dizia... Certo, prestar atenção é um exagero, o rapaz apenas olhou para a lufa e tentou captar algumas palavras, mas logo desistiu ao perceber que já conhecia aquele discurso inteiro, afinal, fora ele quem o escrevera, mas convencera a monitora de lê-lo com a desculpa de que não gostava de falar em público... Brianna não acreditara nem por um segundo no que ele havia dito, mas aceitou falar por ele.

- Os últimos anos foram marcados pelas guerras, tanto bruxas quanto trouxas, e, mesmo assim, continuamos aqui. Está certo que não entramos no campo de batalha, mas muitos de nós foram atingidos de alguma forma... E, ainda assim, nós erguemos a cabeça e continuamos a andar – a Monitora-Chefe falou, estufando o peito – As guerras acabaram e nós estamos aqui, celebrando o término da nossa vida no colégio. Nascidos trouxas, puros-sangues, mestiços e trouxas reunidos nessa noite para celebrar mais uma geração de bruxos e bruxas que saem do colégio e entram para o mundo mágico com a esperança de que eles possam mudar tudo o que está acontecendo no nosso mundo agora, com a esperança de que eles consigam, no futuro, viver sem ter que enfrentar preconceito apenas por se interessar pela vida dos trouxas, por ter se casado com pessoa mestiça ou por ter um pai ou mãe não mágico, afinal de contas, somos todos iguais, não importa a quantidade de magia que existe em nosso sangue... Um sangue puro não faz um bom bruxo, o esforço que o faz, assim como magia não faz uma pessoa ser melhor que a outra – Brianna parou de falar, olhando para os papéis que tinha nas mãos, onde o seu discurso estava escrito, antes de erguer a cabeça novamente – Isso não faz parte do que eu devia falar – a garota murmurou, olhando rapidamente para Tom – Na verdade isso estava no rascunho do discurso original, mas tudo bem, citando ipsis litteris o que está escrito aqui: “posso ter sangue trouxa em minhas veias, posso ter vindo de uma família trouxa, mas, mesmo assim, cheguei aqui, mostrando que todo esse negócio de pureza não existe ou, se existe, não importa. Se estou aqui hoje é porque me esforcei muito, sempre ficando surdo cada vez que alguém me insultava por ter sangue trouxa, ignorando cada comentário maldoso sobre a minha família e sempre lembrando a mim mesmo que eu merecia estar aqui, que eu era um bruxo como qualquer outro e tinha o direito de estudar magia... Certo, talvez eu possa chamar isso de teimosia, mas foi assim que eu cheguei até aqui, e quem me ensinou a ser assim não foram bruxos, mas pessoas que seriam tão dignas de ter sangue mágico quanto qualquer um que já pisou no castelo de Hogwarts, mas, que por alguma infelicidade do destino, acabaram nascendo sem magia, o que é uma pena, pois eu sei que eles fariam ótimos bruxos e bruxas, o tipo de gente que a nossa sociedade precisa nesses tempos...”


Tom sentiu como se alguém o houvesse socado no estômago. Brianna o havia socado no estômago de uma maneira tão sutil que ninguém parecia ter percebido... O rapaz ficou apenas encarando a garota lufa, que o olhava de vez em quando e sorria, enquanto tentava decidir o que faria com ela depois que eles saíssem dali.

- Quem escreveu todo esse discurso foi ninguém mais ninguém menos do que o aluno que, esta noite, está se graduando com honras e mais honras, com as maiores notas nos NIEMs, apenas para acompanhar as maiores notas nos NOMs que ele também conseguiu, e com os cargos de Monitor e Monitor-Chefe nas costas – a garota ruiva sorriu abertamente, parecendo um gato de Cheshire e apontou para Riddle – Tom Marvolo Riddle – ela riu baixinho - Achei que você deveria levar os créditos pelo discurso, que, aliás, foi muito bem escrito.

O rapaz mordeu o lábio e deu um sorriso sem graça para a monitora, antes de voltar a olhar para a sua família. Se Mary Riddle estava a beira das lágrimas antes, agora ela estava se desmanchando sobre o seu lenço enquanto Thomas segurava a sua mão e olhava para o neto com um sorriso mínimo em seus lábios. O rosto do garoto finalmente relaxou em um sorriso quando seus olhos encontraram o rosto do pai. Tom Sr. estava sorrindo, como era de se esperar, e tinha os olhos brilhando – lágrimas? Ele nunca havia visto o pai chorar – enquanto ele olhava para o filho com orgulho. O mais novo teve que desviar o olhar e piscar algumas vezes para impedir que ele mesmo começasse a chorar.

***

A primeira coisa que Tom viu ao descer do tablado fora sua avó indo em sua direção, ainda chorando, e o abraçando com força. O rapaz, que, na maioria das vezes, não se sentia confortável com tanto contato físico, fez o máximo para abraçar a mulher de volta e não se esquivar enquanto ela não terminava de murmurar sobre o quão orgulhosa ela estava. Quando Mary se afastou, foi a vez de Thomas se aproximar, mas, diferente da mulher, ele apenas colocou um braço ao redor dos ombros do neto e murmurou um “muito bem”. Mesmo que fosse pouco, foi o suficiente para Tom, que pôde ver o orgulho nos olhos do mais velho.

- Você fez um trabalho e tanto com o discurso da garota.

O rapaz virou-se para ver o pai parado a alguns passos dele. Seu avô murmurou alguma coisa sobre “ir encontrar a sua avó para que ela não se perca aqui no meio dessa gente toda”, antes de se afastar.

- Brianna corrigiu todo o texto e o editou – o garoto deu um sorriso sem graça – Ela não devia ter falado a última parte...

- Ora – o mais velho riu, aproximando-se do filho – Mas aquela foi a melhor parte.

Tom Jr. sorriu e olhou para os lados, vendo Emmy falando com Evelyn. A garota parou a conversa por um momento para poder olhar para ele, sorrir e acenar positivamente com a cabeça, antes de voltar-se para a madrinha e a puxá-la pelo braço levemente, até que as duas desaparecessem no meio das outras pessoas.

- Pai? Você pode vir comigo? – o mais novo chamou – Quero lhe mostrar um negócio.

O homem encarou o filho por um tempo, uma expressão confusa em seu rosto, antes de concordar com a cabeça e segui-lo até sabe-se lá aonde. O rapaz esgueirou-se por entre os bruxos, bruxas e trouxas que estavam na festa, sempre olhando para ver se seu pai estava atrás de si, até conseguir sair da clareira onde estavam sem que ninguém percebesse.

Tom Sr. ouviu o filho murmurar alguma coisa e viu uma luz pálida surgir na ponta da varinha do outro, iluminando o ambiente em volta deles. Ele não tinha idéia de onde o rapaz o estava levando e rezou para que ele soubesse o que estava fazendo.

Depois de alguns minutos andando, o mais novo parou e olhou para trás, esperando que o pai o alcançasse. Quando o Riddle mais velho finalmente parou ao seu lado do bruxo, ainda com a respiração meio entrecortada devido à caminhada, percebeu que eles estavam parados em uma parte da floresta onde havia menos árvores, onde o terreno era mais elevado, o que garantia a eles uma vista linda da paisagem abaixo: a floresta que se estendia debaixo do céu estrelado, iluminada apenas pela luz pálida da lua que estava alta no céu, e, mais a frente, um lago enorme que refletia o céu noturno.

- Tom, o que é que...?

- Está vendo? – o garoto perguntou, olhando para alguma coisa ao longe – Bem ali na frente, perto do lago.

- Vendo o que? – Tom Sr. estreitou os olhos, tentando enxergar seja lá o que o filho estava tentando mostrar.

- Ali – o mais novo esticou o braço, apontando para alguma coisa que ele não conseguia ver. Forçando um pouco mais a vista, o pai conseguiu enxergar uma pedra enorme que se erguia na beira do lago e, em cima dela, algumas coisas que ele supôs ser ruínas de alguma construção antiga – Consegue ver?

Droga, agora ele entendera o que o filho queria lhe mostrar.

- Tom... – sua voz saiu baixa enquanto ele desviava o olhar das ruínas e observava o garoto cujos olhos azuis estavam brilhando de um jeito diferente enquanto observava a paisagem – Não há nada ali.

- O que...? Não, bem ali, pai.

- Tom – ele colocou uma mão no ombro do rapaz, fazendo com que ele voltasse a olhá-lo – Eu só enxergo um monte de ruínas.

O Riddle mais novo abriu a boca para dizer alguma coisa, mas logo desistiu. Aquele brilho que havia em seus olhos pareceu desaparecer rapidamente enquanto ele lançava um olhar rápido para o lago e, depois, olhava para o seu pai novamente.

- Eu... Droga – ele murmurou – Eu deveria ter me lembrado disso... Feitiços que disfarçam o lugar. Trouxas não podem... Não podem ver... – Tom Jr. deu um sorriso sem graça – Eu tinha me esquecido totalmente disso. Não, na verdade eu achei que... Que talvez...  Por eu estar junto... – um suspiro pesado escapou dos lábios do mais novo – Me desculpe por ter feito você vir até aqui, mas é que... – mais uma vez, ele ergueu os olhos para observar a paisagem – É real...

- Tom – o mais velho sorriu ao ver o filho prestando atenção nele novamente – Eu sei que é real, caso contrário não teria passado sete anos mandando você para cá – ele apertou o ombro do garoto levemente, antes de voltar a falar – Mas é real para você. Você é o bruxo e eu sou o trouxa. Tudo isso, Hogwarts e magia, é real... para você, não para mim.

- Pai...

- Mas devo lhe agradecer – o homem sussurrou – Por ter feito tudo isso parecer tão real para mim. Não só para mim, mas para os seus avós também... Você, Tom, é como uma fagulha de magia que, graças a Deus, conseguiu entrar em nossas vidas, trazendo todo esse seu mundo junto com você – ele piscou, tentando se livrar das lágrimas que estavam embaçando a sua visão, e riu ao ver o mais novo fazendo a mesma coisa – Então, muito obrigado por ter feito isso... Quero dizer, eu não consigo imaginar como eu estaria hoje caso Ellen e Charles não tivessem me avisado que haviam encontrado um filho meu perdido em Londres... Eu não gosto de imaginar o que teria acontecido com você.

O homem respirou fundo, olhando em volta por um tempo, antes de voltar a falar.

- Eu me lembro que eu não queria ver você quando Charles e Ellen me contaram, eu só queria voltar para Little Hangleton e esquecer do que eles haviam falado – ele riu – Deus, eu era um idiota... Não sei como você conseguiu ficar naquela casa nos primeiros meses, quero dizer, eu tinha medo de chegar perto de você e tudo mais... Eu não sabia o que falar para você...

- Como se eu tivesse muitas idéias de como começar a falar com você.

Os dois riram alto, pouco se importando se alguém iria ouvi-los ou não... Afinal, eles sabiam que ninguém iria ouvir.

- De uma coisa eu estou certo – Tom Sr. murmurou, parando de rir e olhando par ao filho – Se alguém me falasse, lá quando eu o adotei, que dali alguns anos eu estaria aqui, eu não acreditaria e chamaria a pessoa de louca... – ele sorriu sutilmente, segurando o rosto do garoto entre as mãos e olhando fundo nos olhos azuis do outro – Estou tão orgulhoso de você, Tom... Você chegou lá em casa com seis anos e conseguiu ser mais maduro do que eu, que tinha vinte e oito, deu um jeito de conquistar os meus pais de uma maneira que eu acho que eu nunca consegui, cresceu sendo a imagem que todos esperam de um Riddle e, agora, está representando a nossa família dentro desse mundo completamente diferente do nosso.

- Eu sou teimoso, por isso cheguei aqui.

- Eu sei disso...

- Coisa dos Riddles, não?

- É claro, não admitimos derrota tão facilmente – o mais velho riu.

O adolescente sorriu, antes de, sem aviso, jogar os braços ao redor do pai e o abraçar com força. Há quanto tempo ele não o abraçava daquele jeito? Bom, Tom não sabia, mas aquilo não importava agora.

- Você pode me dizer como é?

- O que? – o bruxo perguntou, erguendo a cabeça e vendo os olhos do pai fixos no lugar onde Hogwarts estava – O castelo?

- Sim.

- É... É lindo – Tom Jr. murmurou, virando o rosto para olhar o castelo, mas sem se afastar do pai -  Ele fica em cima daquela pedra e é enorme, não tenho com o que comparar. Dá pra ver as luzes acesas dentro das janelas, parecem apenas pequenas luzinhas daqui... Eu consigo ver a Torre de Astronomia, sabe, é a maior torre do castelo e a vista lá de cima é linda - o garoto apoiou o rosto no ombro do outro e sorriu, não se importando mais com as lágrimas que escorriam de seus olhos – Não dá pra ver daqui, é claro, mas a sala comunal da Sonserina fica no subsolo e, da janela, nós podemos ver o fundo do lago... Fica bonito ver durante o dia.

- Eu me lembro que você escreveu sobre isso em uma das primeiras cartas que você me mandou depois de vir para cá.

O rapaz ficou em silêncio, apenas observando a paisagem. O castelo de Hogwarts se erguia sobre o lago de uma forma linda, e ficava ainda mais bonito sob o luar...

- É mágico – Tom Jr. sussurrou – É a única palavra capaz de descrever Hogwarts. Mágico, simplesmente... Mágico.

Os dois ficaram com o olhar fixo na paisagem. O mais velho vendo uma pedra e um monte de ruínas enquanto o outro via o castelo que servia como escola de magia e bruxaria para jovens bruxos e bruxas do Reino Unido... Mas, na realidade, não importava o que eles estavam enxergando, pois, naquele momento, tanto pai quanto filho podiam sentir a magia que parecia cercar aquele lugar. Era uma coisa que não precisava ser vista para ser sentida.

.fim.

"Você não precisa enxergar para sentir a magia."

Agradecimentos e final alternativo/epílogo:

http://aribh.livejournal.com/37347.html#cutid1



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Notas finais do capítulo

N/A: É isso... É o fim... Eu chorei feito idiota escrevendo e relendo isso, ok? Não tem o que falar aqui... Tudo o que eu preciso falar está escrito no meu LJ, que está o link aí em cima.

Queria pedir a vocês que, por favor, digam o que acharam desse capítulo e da fic inteira num review... Você que sempre deixou review e você que nunca apertou no botão de enviar comentários {é, safadinhos, eu sei que vocês estão aí, só de olho na história, hehe} ... Sério, por favor, é muito importante para mim saber o que vocês acharam, nem que seja em um comentário apenas no último capítulo. (: Ah, só deixe um review depois de ler o final alternativo/epílogo e os agradecimentos, certo? Eu gostei deles (:

Esse final... O Tom Sr. "vendo" Hogwarts sentiu o que eu senti ao ficar parada na frente do castelo no WWoHp. Você sabe que não é real, mas ao mesmo tempo é... E você pensa "Bom, é real... só que não pra mim." ... Então, acho que o que o Tom Sr. pensa nesse final aí, é o que eu penso quando leio os livros, acho que talvez seja o que todo fã de Harry Potter pense... O que ele fala do Tom, é o que os livros são para nós: uma fagulha de magia que se enfiou nas nossas vidas, deixando-as mais mágicas.

Esqueci de dizer... O desenho de Hogwarts aí do cap.: o lado direito é como um bruxo vê o castelo, enquanto o lado esquerdo é como um trouxa vê... Ou seja, a visão dos dois Toms da mesma coisa. Fazia muito tempo que eu não desenhava paisagem (x



Muito o obrigada por acompanhar... Todos os agradecimentos estão no LJ.

Bom, um ano e três dias depois que eu comecei isso aqui, eu lhes dou adeus... Pelo menos nessa fic. Até a próxima.


Ariane B. Haagsma.