Sangue e Alma escrita por FireboltVioleta


Capítulo 7
Escarlate




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RONY

Hermione veio até a Sala Precisa agarrada em meu braço, parecendo apavorada com a possibilidade de se tornar um monstro sedento de sangue e atacar alguém. Ela respirava alterada por aquela focinheira esquisita, os olhos amarelos arregalados de tensão.

Afaguei seu ombro, tentando tranquiliza-la.

– Está tudo bem, Hermione...

Ela me encarou; uma emoção estranha passou correndo por seu rosto. Por um momento, Hermione me pareceu quase... enternecida. Ou risonha. Fiquei um tanto satisfeito comigo mesmo por faze-la se sentir um pouco melhor.

Quando a empurrei para dentro da Sala, fui impedido na entrada pelo corpo dela, que estacou de repente.

Me virei para seu rosto, que estava petrificado de tal modo que parecia ter sido alvejada outra vez pelo reflexo de um basilisco.

O fato é que eu estava precisando de um lugar adequado para Hermione - e para mim - durante sua semana de vampirização. E a Sala superou tudo o que eu imaginara.

Havia um canto com muitas almofadas - muitas mesmo, o suficiente para fazer um montículo. Em outro canto, vários frascos de vidro com - engoli em seco - seringas e bisturis, além de saquinhos e uma bacia com gelo. E, no meio da Sala, uma cama. Tipo, uma cama king size, com cortinas... de casal.

Como é que a Sala Precisa pescara meu pensamento de ficar literalmente com ela a semana toda? Uma cama de casal... pelas plicas de Merlim.

Hermione olhava exatamente para aquele ponto, parecendo absurdamente paralisada.

Quando ela virou o rosto para mim, meu medo subiu bem antes que o seu sibilo chocado do tipo "como é?" chegasse ao meu cérebro.

Levantei as mãos, ficando finalmente apavorado.

– Não tenho nada a ver com isso. Eu juro.

Ela se aproximou da cama, parecendo inspecionar alguma coisa. Finalmente, suspirou e sentou na beirada, erguendo os olhos para mim outra vez.

– Hum... só queria um lugar no qual você se sentisse bem - balancei os ombros, me sentindo um pouco culpado. Caramba, que situação constrangedora.

Sua boca tremeu, e os olhos se apertaram como se fosse chorar. Porém, um sorriso por trás das grades em seu rosto espantou aquela expressão. Era a primeira vez que eu a via sorrir desde o fim da Batalha. Desde que caíra doente.

Aquilo era definitivamente a coisa mais linda do mundo.

Por dois longos minutos, me esqueci dos problemas. Me esqueci do sofrimento que tentava me assolar. Esqueci que minha namorada vampirizada não queria contatos próximos. Esqueci até que Hermione estava vampirizada, no fim das contas.

Simplesmente, fui até ela, arranquei aquela coisa horrorosa que cobria seu rosto e substituí aquela focinheira pela minha própria boca.

Hermione arregalou os olhos, parecendo horrorizada, mas não pude ver quando ela os fechou. Estava ocupado demais tentando me lembrar como respirar.

De olhos fechados, podia quase ouvir o samba acelerado de seu coração. Podia ouvir seu arfar assustado. Podia sentir profundamente seus lábios hesitantes contra os meus, suas mãos enlaçando-se em meu pescoço, sua cintura sob as minhas mãos.

Só não pude sentir quando recuou. Abri os olhos.

Hermione estava finalmente chorando.

– Hermione... não!

Tentei me aproximar, mas ela balançou a cabeça, soluçando. Uma figura que podia ser alguma deusa mitológica, se desfazendo em lágrimas na minha frente. Era uma cena dolorosa de se ver.

– Você não concordou que não precisava se enfurnar naquela enfermaria, Hermione? - suspirei, enquanto secava suas lágrimas com o polegar - dá para passar por isso sem ter que se isolar nem fugir dos outros... pare com isso.

Ela pareceu quase convencida... isso até virar a cabeça e dar de cara com os bisturis na mesinha-de-cabeceira ao lado da cama.

Ela me olhou espantada. E, pela primeira vez, seu rosnado inumano não me intimidou. Por que era justamente a reação que eu esperava que ela teria á minha ideia.

– Não tem por que discutir isso... é exatamente o que você acha que é. Se você não vai se alimentar com sangue de outras pessoas, tudo bem. Mas você vai se alimentar sim... e com o meu.


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