Paraíso de Verão escrita por Sorvete de Limão, Risurn


Capítulo 24
Bons Amigos.


Notas iniciais do capítulo

~Sorvete de Limão: Oi galeraaaaaaaa
Então, este capítulo está lindo, eu amei ele. Espero que vocês gostem também.
Boa leitura!

~Risurn: Ooooi amores.
Muitas coisas, apenas leiam. Quero dizer que na parte da chuva, fica super emocionante ler com chuva.(Vocês podem usar esse site aqui http://pt.ecosounds.net/sons-da-chuva-e-trovao/ pra ouvir, porque fica bem legal. Eu usei configuração de chuva nível 2, trovoada o máximo e pingos nível 1. Só uma dica ;) )
Essa foto que eu tirei ficou tão tudo haver com o capítulo s2 isso que ele nem tava no planejamento na época...
Aliás, outra coisa: o último POV da Annie, escrevi ouvindo Talking Body e One More Night, só pra ficar no ar, assim.
Boa leitura!



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Bati no meu braço, matando o que imagino ser o trigésimo mosquito daquela manhã. Ouvi Thalia resmungando bem atrás de mim. Ela segurou em uma árvore e firmou o pé na elevação.

— Diz que a gente tá chegando.

A alça do bíquini dela estava enrolada na regata preta que tinha pequenas folhas grudadas, mas Thalia não parecia se importar. A única coisa que importava pra ela naquele momento era encontrar um banco em uma sala com ar-condicionado.

Nico colocou um braço em torno na cintura dela e a puxou para frente, ajudando-a a subir. Eles continuavam naquele clima de ninguém-se-pega-mas-ninguém-se-larga. Continuei o caminho, indo atrás de Percy que estava logo a minha frente.

— Thals, ainda falta quase uma hora pra gente chegar no topo da montanha, depois temos que subir.

Ela resmungou e acho que Nico já estava carregando ela morro a cima.

— O que eu tinha na cabeça quando aceitei vir nisso com você, Di Ângelo?

Parei ao lado de Percy que havia esperado os dois se aproximarem um pouco.

— Ei. Tempo. - pediu ele - Eu convidei a Annie. Vocês estão interrompendo nossa trilha de bons amigos. - quando disse isso, ele colocou suas mãos em meu quadril, atrás de mim. Dei risada, mas subi suas mãos até minha cintura.

— Percy, não inventa. Ontem você praticamente implorou pra que eu viesse com vocês, e tenho certeza que fez a Annie encher o saco da Thalia também.

Percy fez uma cara de ofendido e voltou a subir, e eu o segui logo de perto.

Sempre gostei de coisas desse tipo. As árvores amenizavam o calor de quase-meio-dia e davam uma vista agradável à caminhada.

Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e levei um susto ao dar de cara com as costas de Percy.

— Porque parou?

— Pausa pra foto. Seu pai.

Ele esperou Thalia e Nico aparecerem novamente, colocou um braço em torno da minha cintura e tirou uma foto de nós quatro, com Nico e Thals logo atrás. Depois, me deu um beijo na bochecha e tirou uma só nossa.

— Acho que essa eu vou deixar pra mim.

Rolei os olhos e voltamos para nossa caminhada. O tempo parecia não passar e eu não sabia mais que horas eram. Eu só via árvores há muito tempo, meus pés já seguiam um ritmo automático e eu só queria fazer uma pausa. Então, eu percebi que há algum tempo, finalmente o chão estava declinando.

— Não acredito. - gritei, levantando os braços - Thalia! Thalia! Está descendo! Finalmente descendo.

Percy negou com a cabeça rindo.

— Fresca. Nem estamos aqui há tanto tempo.

— Parece uma vida toda!

Ri, girando no meu próprio eixo, tomando cuidado para não cair.

Foi então que percebi uma coisa.

— Thalia? - gritei mais uma vez. Silêncio. - Nico?

Parei. Tentei ouvir alguma coisa. Mas a única pessoa que eu ouvia, além de mim, era Percy.

— Percy, - chamei - a gente precisa voltar.

— O que? Porque?

— Nico e Thalia! - exclamei, preocupada. - Ondes eles estão? Não me respondem!

Percy rolou os olhos e voltou a andar.

— Qual é? - gritei - Você não está preocupado?

Ele se voltou para mim e olhou nos meus olhos.

— Porque nós viemos?

— Eu… É… Hm. - pisquei. - Nico e Thalia.

— Isso. E o que você acha que aconteceu?

— Eles… Estão se resolvendo?

— Mas é claro. Nico deve ter feito alguma idiotice, e fez a Thalia errar o caminho, vai fingir que está perdido, e ficar andando em círculos, pra convencer Thalia disso. Então, eles vão brigar por um tempo, mas no final das contas, Thalia vai dizer que estava com a razão e eles vão se acertar e nós vamos nos encontrar quase na hora prevista, lá na praia.

Uni as sobrancelhas.

— Você tem uma bola de cristal agora ou o que?

Ele deu de ombros e voltou a andar.

— Palpite.

Fiquei encarando ele até que a realidade caiu na minha cabeça.

— Vocês armaram isso! Foi tudo um plano! Não acredito! - joguei minha garrafa de água na direção dele, que desviou rapidamente.

— Você ficou doida?

— Porque não me contou? Eu podia ter ajudado!

— Você? - ele riu, chegando perto de mim. - Você não sabe mentir. Não sabe nem fingir.

— Mas eu podia ser útil.

— Você é realmente muito útil pra muitas coisas, mas não pra isso. Desculpe querida.

Abri minha boca e comecei a andar atrás de um Percy que descia a montanha, despreocupado.

— O que você quis dizer com isso?

— Nada Annabeth. Só continua descendo. Nós já estamos quase chegando.

— Mas não eram três horas descendo?

— Na verdade, para subir em linha reta ia ser mais ou menos duas horas, e pra descer, pouco mais de uma. Subimos na diagonal pra ganhar tempo pra Thalico.

Parei pela milésima vez naquela manhã.

— Eu sei que vou me arrepender por perguntar, mas vou perguntar mesmo assim, tudo bem? O que é Thalico?

Percy coçou a cabeça e me olhou de lado enquanto tomava um gole da sua garrafa d’água.

— Digamos que esse foi o nome que a Mina deu pra Nico mais Thalia. Thalico.

— Não acredito - arfei - A coisa está pior do que eu imaginava. Já tem até nomes. Daqui a pouco vão trocar os endereços, voltamos pra casa de vocês… - coloquei a mão em uma árvore. - Meu coração não aguenta.

— Não ia ser tão ruim voltar pra casa. E eles já trocaram endereços.

Coloquei uma mão no peito.

— Ai. Eu não aguento.

Ele rolou os olhos.

— Deixa de bobagem. Anda, vamos logo.

Respirei fundo e continuei a descida. Não era tão longe, afinal.

(...)

Larguei minha mochila no chão, e fiquei sem fôlego.

Era lindo.

A praia estava vazia, a areia tão branca e a água tão clara que me senti em um filme. Olhei para Percy, sorrindo sem dizer nenhuma palavra. Ele apenas sorriu de volta e cruzou os braços. Não esperei reação nenhuma da parte dele, tirei meus sapatos, a jardineira e a camiseta e corri pra dentro d’água.

Mergulhei e abri os olhos. Eu conseguia enxergar tudo, mesmo sendo água do mar. Era impressionante.

Emergi e vi que Percy arrumava nossas coisas de um jeito estratégico, como um mini-acampamento. Decidi ir até ele e ajudar a organizar tudo. Quando cheguei lá, me surpreendi. Ele não estava arrumando as coisas, e sim juntando.

— A onde você está levando isso?

— Lá. - ele apontou.

Era pequena. Muito pequena. Uma construção cor de areia, quase imperseptivel. Era como se fosse um pequeno chalé e ao entrar, constatei que era mesmo.

— Nico e eu mandamos construir isso aqui tem alguns verões. Está um pouco sujo, pode me ajudar?

Assenti com a cabeça e abri as janelas - que não eram muitas. Havia uma no único quarto que tinha duas camas de solteiro, uma na sala-cozinha que tinha uma pequena mesa de quatro lugares, uma pia, um pequeno - enfase no pequeno - armário, um fogareiro e uma mini-geladeira que eu tratei de pôr na tomada. E, por fim, a do banheiro. Onde tinhamos um vaso e um chuveiro sem regulagem de calor.

E, por incrível que pareça, eu adorei.

Usei uma das toalhas de Percy para tirar a camada de poeira das coisas que estavam na cozinha enquanto ele varria. Coloquei algumas comidas e bebidas na geladeira e o restante no pequeno armário. No quarto havia uma prateleira onde coloquei nossas mochilas e voltei para a pequena sala.

— Vocês vem muito aqui?

— No inicio sim, mas depois que nós compramos aquela casa, nunca mais viemos pra cá. Geralmente ficávamos aqui quando não queriamos pagar aluguel de algum lugar.

Assenti com a cabeça e olhei em volta. Podia ouvir ao longe vozes de pessoas, mas isso não significava que estavam perto. Ali era um paraíso isolado.

— Vamos comer alguma coisa, daqui a pouco eles vão estar aqui.

— Certo. Eu vou ajeitar o quarto, tudo bem? Pelo menos bater aquela roupa de cama. Não consigo nem respirar lá dentro. Você prepara algo enquanto isso.

Percy assentiu e eu entrei no pequeno comodo. As duas camas estavam juntas e não levei muito tempo até tirar toda a poeira, quando voltei havia suco e sanduíches extremamente apetitosos. Não notei que estava com fome, até comer alguma coisa, de fato.

Quando me dei por satisfeita me permiti ficar apreensiva. Mordi o lábio e olhei pra fora. Uma grande nuvem escura cobria o céu, vinda da montanha. Isso era o ruim do verão: em um minuto tem um sol de quarenta graus lá fora e quinze minutos depois, uma tempestade está em cima da sua cabeça. Enrolei meu dedo na barra do vestido.

— Percy? Tem certeza de que eles sabem pra onde estão indo?

Ele olhou para o céu, e depois para o relógio no pulso e permitiu-se fazer uma careta.

— Nico conhece o caminho.

— Mas…?

— Está atrasado.

— Quanto tempo?

— Uma hora. Quase duas.

Levantei e olhei para fora. A nuvem se aproximava com uma velocidade espantosa escurecendo a luz da tarde..

— Vou atrás deles.

— O que? - ele levantou e me puxou pelo pulso. - É perigoso sair agora Annie. A montanha não é segura com um tempo desses. Fica tudo muito escorregadio, e você não sabe nem pra que lado ir. Nico conhece o caminho. Se nós sairmos atrás deles, vamos nos desencontrar, eles vão ficar preocupados se chegarem e nós não estivermos aqui e a confusão só vai aumentar. Respira. Senta aqui na cadeira e espera. Eles vão voltar logo.

O primeiro clarão no céu me fez duvidar.

— Nico sabe o caminho.

E ele ficou repetindo isso mais como um mantra para se convencer do que pra me fazer entender, e isso me deixou ainda mais preocupada.

(...)

— Bati.

Exclamei pela nona vez seguida, exibindo meus três perfeitos trios.

— Desisto Annabeth, não tem a menor graça jogar com você.

Rolei meus olhos e deitei em uma das camas, olhando pela janela. Caia uma forte chuva e nada de Nico e Thalia aparecerem, nem sinal de vida. Nada.

— Eles devem estar chegando Annie.

— Você repetiu isso nas últimas três horas.

— Dessa vez estou confiante.

Ri, rolando os olhos.

— É claro que está, assim como você…

Fui interrompida quando o céu retumbou, com um estouro que me fez pular. Cobri as orelhas e encolhi meu corpo.

Senti meu coração acelerar, não eram raras as vezes que eu ficava atacada desse jeito. Eu nunca tive medo de temporais, até um dia em que fiquei na casa da minha avó. Eu odiava aquela casa, o som era horrível. Naquela noite haviam caído mais de oitocentos raios na cidade. Aquele lugar me dava medo, e a sensação sempre volta.

— Annie? Tudo bem?

Assenti com a cabeça.

— Qual seu problema de querer fazer trilha em um dia desses? - tentei dizer.

— Tem medo de tempestade?

Neguei. Mordi meu lábio e outro estouro começou. Assenti, afirmando que tinha medo.

— Vem cá.

Ele foi até a cabeceira da cama onde eu estava, me colocou entre as pernas e abraçou minha cintura. Minha cabeça ficou apoiada no peito dele e eu tentei me concentrar no ritmo da respiração e das batidas do coração.

Mais um estouro e senti meu coração tentar sair pela boca.

— Shii, já vai passar.

Senti suas mãos acariciando minhas costas me fazendo relaxar. Ele ficou em silêncio por alguns segundos e então sentou de repente. Me puxou um pouco para cima e eu olhei sem entender.

— O que é que você tá olhando?

— Você que sentou no nada. O que… - minha pergunta morreu no meio de outro estouro em que apenas apertei a mão dele com força.

Ele desceu um pouco a cabeça e a ponta do nariz encostou no meu pescoço, me fazendo arrepiar.

— O que… o que você tá fazendo?

— Nada.

O nariz subiu até minha bochecha e voltou ao meu pescoço. Então descobri o que era. Ele queria me distrair. Sorri internamente por isso, agradecida.

— Você está me provocando.

Ele riu e olhou nos meus olhos.

— Eu ainda nem comecei. Vou te mostrar o que é provocar de verdade.

Dei risada, mas ele colocou uma mão no meu queixo, levantando meu rosto. Sua boca se aproximou da minha, lentamente ele abriu os lábios e se afastou, beijando meu pescoço. Respirei descompassada. Mas esse é um jogo que dois sabem brincar.

Ajeitei minhas costas em seu peito e virei meu rosto para ele outra vez, que já tinha sua boca fingindo que ia beijar a minha. Abri minha própria, como se fosse beijá-lo, mas me afastei.

Era difícil, apesar de estarmos brincando, não era um jogo fácil de se manter.

Minha risada preencheu o quarto e o braço em torno da minha cintura ficou mais firme, me fazendo duvidar das intenções da brincadeira. Girei meu corpo, apoiando a lateral em seu peito e jogando minhas pernas por cima de uma das dele. Procurei por meu celular, pra ver se já havia conseguido sinal.

Percy começou a distribuir beijos que subiam lentamente do meu pescoço até a bochecha, iam até o canto da minha boca e voltavam às maças meu rosto.

Sorri enquanto desbloqueava a tela do aparelho. Sem mensagens. Sem chamadas. Sem sinal.

Abri a câmera e analisei nossa situação. Percy encarava meus olhos com os dele quase fechados, sua boca estava colada na minha bochecha, meio esmagada, perto da minha boca. Eu sorria bobamente e antes que Percy pudesse mudar se posição, bati uma foto.

A essa altura eu ainda ouvia a tempestade e os repetidos estouros, mas eles já não faziam tanta importância. Tudo era abafado pele que estava a minha volta. A única coisa que eu via e ouvia era Percy.

Ele desceu os lábios até meu pescoço e achei que fosse me morder, mas ele apenas ficava sugando a pele, me fazendo rir um pouco.

Não porque fazia cócegas, mas sim porque eu temia o que podia vir a seguir, e temia ainda mais o fato que de eu não queria fazer nada para impedir.

Ele fingiu que ia me beijar novamente e dessa vez nossas bocas se encostaram - não em um beijo, e sim um leve toque nos lábios - e eu quase cedi.

Mas agora, eu que o puxava para um beijo falso.

Então, na provocação seguinte, eu não pude dizer quem perdeu. Mas posso dizer que ambos ganharam. Nós nos beijamos como há muito eu queria. Senti falta de cada pedacinho dele e não deixaria escapar agora.

Virei meu corpo em direção a ele, passando minhas pernas uma de cada lado. Ele distribuía beijos que iam do meu pescoço até o colo e voltavam a subir, para beijar minha boca novamente.

— Nós… Nós não… podemos fazer isso. - tentei murmurar.

— Porque não?

Ele começou a distribuir beijos nos meus ombros, meus braços, fazendo com que eu sentisse que cada parte de mim era especial,

— Somos bons amigos. - senti ele rir contra minha pele - Juntos ficamos estranhos. A gente… quase se mata.

Ele levantou os olhos e encarou meu rosto, de perto.

— Mas ai está você, me fazendo gostar de você de novo.

Ele beijou minha boca, então meu cérebro derreteu. Eu não estava mais usando minha cabeça, seus braços me prenderam ainda mais à ele e ainda assim não parecia suficiente.

Me sinto estúpida.

Seus braços desciam até minhas pernas, me prendendo ainda mais à bolha que havíamos criado, eu não sairia dali mesmo que ele não estivesse me segurando.

— Eu vou me odiar amanhã.

Não quero mais falar, mas preciso. Preciso tentar. Tentar dizer não, mas meu corpo diz sim. Reajo instintiva a cada toque, quando deveria dizer não. Mesmo tentando, ele me deixa sem fôlego até mesmo para respirar.

Percy colocou uma mão na base da minha coluna, me deitando na cama e ficando por cima de mim. Ele parecia seriamente em dúvida entre me beijar e sair dali o mais rápido possível. Ele se sustentava com um dos braços apoiado na cama e uma perna dobrada entre as minhas.

Ele aproximou seu rosto da volta do meu pescoço e colocou uma das mãos no meu quadril, me apertando.

— Espero que eu consiga cumprir essa promessa… Mas eu só ficarei com você mais uma noite.

Ele mordeu a pele do meu pescoço me fazendo perder o restante da minha sanidade.

Arfei quando ele me beijou, mas não pude ficar quieta dessa vez.

— E eu farei de tudo pra você não conseguir manter a promessa.

Eu não sei o que poderia ter acontecido se a porta da frente não tivesse sido aberta com um estouro, fazendo com que eu me separasse rapidamente de Percy. A única coisa que vou precisar decidir é se mato ou não Thalia e Nico por serem tão inoportunos.

POV Thalia

Eu queria poder voltar no tempo. Sério.

Maldito momento em que eu fui aceitar o convite da trilha.

Trilha é uma coisa meio idealizada, a gente pensa que vai ser super legal com um toque de filme hollywoodiano, com sei lá o quê. Fadas, unicórnios, duendes, cachoeiras escondidas e encantadas e tal.

Mas, na verdade, é muito diferente. Basicamente se resume à: mosquitos, calor e mato. Só. Nada de fadas, nada de cachoeiras encantadas.

Eu estava a ponto de morrer de cansaço.

“Vamos Thalia!”, eu tinha pensado, “Vai ser divertido Thalia!”.

E o pior que nem fui eu que fiquei contra. Eu queria ir. Annabeth que estava com cara de enterro. Eu pensei que acharia uma cachoeira, mas não achei nem um pó de fada pra contar a história.

Me decepcionei.

O fato é que a gente já estava subindo aquela montanha há umas 4 horas e nada de descer. Nenhuma perspectiva.

Nico já estava me carregando, minhas pernas pareciam que se recusavam a andar. Ele é as minhas pernas agora.

Percy dá uma rápida pausa para tirar a foto e quando os dois recomeçam a andar e eu me viro para me apoiar em Nico, ele não está mais lá.

— Que droga Nico. Quem vai me carregar agora? – pensei seriamente em alcançar Percy e Annabeth e pedir para Percy me carregar, mas não sei se Annabeth ia gostar muito da ideia, e, honestamente, prefiro não saber. Ela está carregando uma garrafa com tanta força na mão que eu não duvido que ela vá usar aquilo como arma em algum momento. Viro pro lado esquerdo, já que Nico estava do lado esquerdo e começo a me embrenhar na mata. – Por favor, Deus não faça eu me perder e morrer. Por favor.

Ando mais um pouco e encontro Nico com a garrafa dele na mão, jogando a água fora e pegando outra de um riacho que passava ali.

— Mas o que é isso? – eu gritei. Ele dá um pulo e quase deixa a garrafa cair.

— Que isso garota?

— O que você está fazendo? Por que tá enchendo essa garrafa com água do rio?

— Riacho. – ele me corrige, se levantando e fechando a tampa da garrafa.

— Tanto faz.

— Eu vim pegar água.

— Ah jura?

— Juro.

— Idiota. Vamos. – estiquei meus braços.

— Hã?

— Vamos logo, antes que Percy e Annabeth se afastem muito. – ele continuou me encarando. – Me carrega Nico!

— E eu faria isso por quê?

— Porque eu estou cansada e você fez eu sair da minha trajetória para vir atrás de você.

— Eu? Você que saiu. Saiu porque quis. – colocou a garrafa na mochila e a pendurou nas costas. As mochilas, na verdade, porque eu só carreguei a minha meia hora e depois entreguei para ele.

— Claro. Quem é a minha carona aqui? – ele chegou bem perto.

— Eu não vou te carregar. – bufei e me virei, ia voltar para a trilha. - Espera!

— Esperar o quê? A trilha é aqui.

— Claro que não.

— Claro que sim. – me virei. – Eu vim por aqui.

— Estamos indo para o norte, não para o leste.

— Hã?

— Vamos, em frente. – ele pegou minha mão e começou a me puxar.

— Nico temos que voltar para a trilha.

— Thalia confia em mim.

— Não! – ele parou.

— Eu já vim aqui, milhões de vezes. Relaxa, você tá segura comigo.

***

— É. Estamos perdidos. – Nico afirma com convicção. Bufei e abaixei a cabeça, me apoiando em uma árvore. Primeiro veio o medo, depois a raiva.

— Seu idiota, imbecil! – fui até ele e comecei a bater em seus braços. – Eu sabia o caminho! Sabia sim, mas você me confundiu com aquele papo de “relaxa eu sei o caminho”. Sabe o caminho né? Sabe muito, sabe tanto que nos perdemos!

— Eu não explorei essa montanha toda!

— Pois devia. Devia ter explorado antes de ter me arrastado com você!

— Você que veio, veio porque quis.

— Porque eu quis? Porque eu quis? Você tá ouvindo o que você tá dizendo? – Nico franziu as testas.

— Você tem razão.

— É claro que eu tenho razão! É óbvio que eu tenho razão. – dei a volta pelo corpo de Nico e peguei a garrafa e bebi um gole de água. Para logo depois cuspir tudo. Claro, a água da garrafa foi a água que o Nico pegou do riacho, rio sei lá.

— Que isso?

— Nico, pelo amor de Deus como você pega essa água suja do rio?

— Riacho.

— Tanto faz! Essa água pode ter milhões de bactérias e você vai e pega. Cadê a outra garrafa?

— Não tem outra garrafa.

— O quê?

— Essa é a minha garrafa, você não trouxe a sua.

— É claro que eu trouxe a minha, quem não traz uma garrafa de água para uma trilha?

— Você. – suspirei e me sentei em uma pedra. Olho para cima e vejo uma nuvem monstruosa chegando. Olho para Nico que está dando voltas em torno do seu eixo analisando a paisagem.

— Nico! Nico!

— O quê?

— Olha pra cima. Olha pra cima! Vai chover! Nico, vai chover e a gente tá aqui.

— Ah relaxa é só água.

— Só água? Só água? Isso vai piorar ainda mais a nossa situação! Perdidos na mata com chuva!

— Relaxa.

— Não me manda relaxar. Da última vez que você fez isso a gente acabou perdidos na mata.

— Não estamos perdidos.

— O quê?

— Não estamos perdidos. Eu conheço essa árvore. – ele pousa a mão em uma árvore grande e verde, exatamente igual as outras milhares de árvores grandes e verdes que existem aqui.

— Estamos perdidos.

— Não estamos. Venha. – ele me deu a mão e me puxou da pedra em que eu estava sentada.

***

Nico andava de um lado para o outro e, nessa altura, eu já nem sabia mais aonde era leste, oeste, norte e sul.

Minhas pernas estavam acabadas, mas mesmo assim eu conseguia tirar forças para andar. Porque Nico vira meu suporte quase que o tempo todo.

Ele está andando na frente e eu mais atrás, olhando toda hora para a imensa nuvem que pairava acima de nós.

— Nico! – chamei. Ele se virou pra mim com uma expressão cansada, provavelmente pensando que eu ia pedir para ele me carregar de novo. – Senta aqui comigo. – me sentei debaixo da árvore. – Acho que devíamos aproveitar esse tempo sozinhos para conversarmos. – vi um leve sorriso se formando e logo depois desaparecendo.

— Sobre o quê?

— Não tivemos uma conversa, conversa mesmo ontem. Acho que devíamos pensar em tudo agora.

— Tudo o quê?- suspirei.

— Para qual faculdade você vai?

— NYU e você?

— Eu nem sei ainda. Prometi que eu ia olhar as cartas que recebi depois que voltasse das férias.

— O que você quer cursar?

— Ainda não sei. – dei um sorriso. - Acho que Administração ou Arquitetura ou Psicologia ou...

— Não faz nenhum sentido.

— É. Nenhum. Vou ficar 1 ano fazendo as matérias básicas e depois decidir.

— Você poderia decidir agora, senão vai perder um ano de sua vida?

— E o que você quer fazer?

— Direito.

— Nossa, que curso mais chato. E você não tem cara de advogado.

— Não tenho, mas faço em respeito ao meu pai. Ele também é, meu avô era.

— Que chato, fazer o que não gosta.

— Eu não penso assim, penso como uma maneira de honrar minha família. – dou uma risada e ele também.

— Que droga. Quem disse isso para você?

— Minha irmã mais velha em uma tentativa falha de me reconfortar. Mas se eu pudesse eu gostaria de ser fotógrafo.

— Fotógrafo é legal, tirar fotos e tudo mais.

— Sim. Eu não tiro muitas, não tenho tanta experiência como eu gostaria de ter. Eu só gosto das que estão perfeitas e elas não são muito fáceis de encontrar.

— Você gosta de tirar foto das paisagens? De pessoas?

— De ambos. – encosto minha cabeça em seu ombro e sinto uma gota pingar em meu nariz e escorrer até meu pescoço. Logo depois a chova começa, fina e forte. – Vamos. – me levanto e encaro Nico. Ele me encara de volta e, inevitavelmente, chegamos mais perto. Sinto sua mão em minha cintura, sua respiração em meu pescoço e vejo sua boca se abrindo. Então, subitamente, um trovão faz nos separarmos.

Sacudo a cabeça levemente e passo na frente dele.

— Cuidado Thalia. – começo a andar em um terreno inclinado que indica que já começamos a descer. – Cuidado. – sua mão me vira pelo ombro. – Aqui vai ficar ainda mais escorregadio com essa chuva. Eu vou na frente. – ele passa por mim. – Pise onde eu pisar.

A chuva que antes era fina, caía agora com gotas grossas que chegavam a doer ao encostar na pele, e em grande quantidade. O vento vinha de todos os lados, deixando tudo embaçado.

Ficamos muito tempo descendo aquilo, com vários momentos em que eu me pegava observando várias coisas como, por exemplo: os músculos dos braços de Nico.

Sério.

E não, não é só com Nico. Eu gosto de observar os movimentos que os músculos das pessoas fazem. É bem interessante.

Claro que fica mais interessante quando é a pessoa que você gosta, mas não gosta, sei lá.

Sim, eu fiquei observando. Fiquei observando os braços e não olhei para baixo e não vi o lugar que era para eu pisar. Pisei na lama, escorreguei e desci morro abaixo.

E claro não me esqueci de puxar Nico comigo.

Só ouvia os nossos gritos e o barulho da chuva.

Enquanto descíamos vi a praia e um ponto mais claro ao longe. E eu espero do fundo do meu coração que aquilo seja uma casa onde nós podemos arranjar abrigo.

— Thalia! – olhei para frente e vi uma árvore na nossa direção. Não sei o que Nico quis dizer com a árvore, mas eu me segurei na árvore e Nico continuou descendo.

— Nico! – eu recebi um grito de volta. – Oh meu Deus, mas é lerdo. – logo depois ouço um baque.

— Estou bem! – ele grita. – Desce aqui, mas com cuidado! – acenei com a cabeça e só quando comecei a descer, que percebi meu estado. Suja de lama e cheia de arranhões nos braços e pernas. Alguns arranhões bem feios, devo dizer.

— Ai que ótimo! – continuei descendo e vi Nico em pé ao lado de uma árvore, batendo as mãos nas roupas como se isso fosse tirar a lama.

— Vamos, falta pouco.

Continuamos descendo e eu parei de olhar os músculos do braço de Nico.

Quando chegamos a praia, eu quase beijei aquela areia.

— Thalia. – Nico me chamou enquanto eu tentava me lavar com a água que ainda caía.

— Oi?

— O que nós somos? Amigos ou mais que amigos?

— O que você quer que nós sejamos?

— O que você quer?

— Falamos juntos.

— Ok.

— Em 1... – Ah meu Deus. – 2...3! Mais que amigos.

— Mais que amigos. – suspirei e dei um sorriso.

— Mais que amigos então. – Nico também sorria e me estendeu a mão.

— Venha, Percy e Annabeth estão naquela casa nos esperando.

Juntos, caminhamos até a casa.


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Notas finais do capítulo

~Sorvete de Limão: Entãoooo, o que vocês acharam?
Deixem suas opiniões babies, principalmente porque amanhã é meu niveeeeer e quero comentários, favoritações e recomendações 2 bjs.
Beijos,
Sorvete de Limão.

~Risurn: Quero dizer que eu já estive em um chalé assim s2 Super fofinho, mas o teto do que eu fui não era desses que vão até o chão, por isso ele não ia também (na história). Enfim, AMEI ISSO DAQUI. ESPERO QUE VOCÊS TAMBÉM. Digam se gostaram ;)
P.S.: Medo de tempestade baseado em fatos reais.
P.S.S.: Odiar a casa da avó, baseado em fatos reais..
P.S.S.S. : Pensando bem, muitas coisas foram baseadas em fatos reais.
P.S.S.S.S.: Estou VICIADA em Me and My Broken Heart, do Rixton e em I'm an Albatraoz s2



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