Paraíso de Verão escrita por Sorvete de Limão, Risurn


Capítulo 12
Peça Desculpas!


Notas iniciais do capítulo

~Sorvete de Limão: Olá Paraisanos *carinha maliciosa*
Isso mesmo agora o nome de vocês é Paraisanos, eu não sei se ficou muito bom, mas a Risurn disse que sim então vai ser Paraisanos mesmo. É, Paraisanos :3
Agradecendo de coração à Annabeth Potter Jackson e à Sáh Vargas! Duas recomendações! Jesus estou surtando, só Deus, nossos vizinhos e familiares sabem o quanto surtamos com as recomendações delícias que essas duas Paraisanas mandaram. Obrigada corações s2
Agora, vão ler nosso capítulo esplendoroso!
Boa leitura!

~Risurn: Paraisanos. Ok. Admito, juntamente com a Sorvete que provavelmente não foi a nossa melhor ideia, mas fazer o que? *Ri*
Fazendo das palavras da Sorvete, às minhas. Quando eu disse no capítulo passado que esperava que uma recomendação caísse dos céus eu não esperava que ela, literalmente, caísse. Não que eu esteja reclamando. Dedicamos de coração e alma esse capítulo que, em minha humilde opinião, ficou muito legal.
Espero que amem tanto quanto nós!
P.S.: Eu queria uma foto mais... noite T.T



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Descrever a mim mesma quando cheguei em casa era quase, quase impossível. Não pensei duas vezes antes de subir rapidamente fingindo um mal estar. Aquilo havia sido um desastre.

Quer dizer, ao menos, para mim. Talvez para Hannah também, mas pelo menos ela fez uma amiga. Thalia. Apesar de ela não gostar de Luke eu quebrei toda ética feminina. Não que eu quisesse fazer qualquer coisa com Luke, mas enquanto estive lá percebi que talvez ele quisesse fazer algo comigo. Reprimi o enjoo que se apossou de mim.

Eu sou uma amiga horrível, tão horrível que nem liguei de Thalia estar com meu vestido. Na verdade, ele ficou tão bom nela que vou dar de presente.

Nico e Percy estavam bem empolgados e em uma constante competição com Luke, apesar disso, acho que o loiro nunca mais aceitará um convite para sair comigo. E Percy parecia muito satisfeito com isso quando voltamos para casa.

Aliás, acho que satisfeito até demais.

— Annabeth! – gritou a tão conhecida voz de detrás da minha porta – Eu vou ao mercado, quer que eu traga alguma coisa?

— Não.

— Hm, tem certeza?

— Claro que eu tenho certeza – gritei, com a cara colada no colchão – Quem não quer sou eu e eu sei muito bem o que não quero.

— Hm, e você não quer me acompanhar não? Anda. Você não quer ficar ai sem fazer absolutamente nada. Você quer me acompanhar e fazer um rancho maravilhoso, porque a quantidade de comida aqui em casa cai em níveis desesperadores. Nunca achei que duas garotas pudessem comer tanto.

Rolei os olhos indo até a porta, para abri-la e dar de cara com um Percy encostado ao batente da porta e me encarando com um sorriso de lado.

— Quem come muito é você.

— Obrigado, e, nossa, você está horrível querida. O que houve? Uma manada pisou na sua cara?

— Não enche meu saco. – fiz menção de fechar a porta, mas ele apenas a segurou.

— É sério. Eu preciso de companhia, vamos logo.

— E você quer justo a minha?

Meu coração deu uma palpitada involuntária. Ele quer a minha companhia?

— Na verdade, eu preferiria sem dúvida alguma, Nico. Até mesmo Thalia. Ela parece... Cativante. Mas eles ainda não voltaram, Nico quis levar ela em outro lugar um pouco mais. Algo como “ela aceitou, vou aproveitar antes que ela fuja” ou sei lá o que. Está tarde e eu realmente não quero chegar lá e o mercado estar fechado.

Rolei os olhos e disse que descia em cinco minutos, fechando a porta sem dar tempo para ele responder.

— Em cinco minutos eu arrombo essa porta e te carrego para o carro, então é bom ficar pronta logo.

Dei um pequeno sorriso para mim mesma e rolei os olhos outra vez. Busquei por uma roupa um pouco mais casual, a última coisa que eu queria agora era tentar ser sensual ou provocante. Para mim, ficou mais do que óbvio que fui mais um passatempo de Percy. Não que eu tenha desistido do nosso jogo ou algo assim. Mas parece tão errado insistir em algo que pode ter me custado a amizade com Thalia.

Vesti uma jardineira de shortinho jeans e uma camiseta floral azul. Sai do quarto indo até o banheiro jogar uma água na minha cara. Encarei meu reflexo no espelho, não pareço mais tão doentia. Talvez muito branca, mas nada demais.

Desci as escadas quando Percy ia começar a subi-las. Levantei uma sobrancelha.

— Que foi? Eu disse que ia arrombar a porta.

— Meu Deus, e se eu estivesse trocando de roupa?

Ele sorriu de lado, mas não era um sorriso como o de mais cedo, na porta. Esse fazia meus pelos se eriçarem.

— Melhor ainda.

***

POV Thalia

Annabeth e Percy não estavam em casa quando voltamos da Lanchonete da Mina. Um encontro triplo desastroso. Eu não queria falar com Annabeth e depois dela ter praticamente implorado para conversarmos, ela entendeu que eu preciso de um tempo. Ou talvez não. Talvez tenha ficado apenas chateada de ser deixada falando sozinha tanto tempo lá. Quem sabe?

Joguei-me no sofá e zapeei pelos canais sem achar nada interessante. Nico desceu as escadas e sentou-se ao meu lado.

— Então... – ele começou, olhei para ele. Minha linguagem corporal dizia que eu não estou nem um pouco a fim de conversar e muito menos falar sobre nosso encontro que nem foi um encontro de verdade. Além de ter sido triplo, o que, por si só, já é ruim o bastante. Ao menos para um primeiro encontro. Ou segundo. Tanto faz.

— Então o quê?

— Você gostou do nosso encontro de mais cedo?

— Você acha o quê? – ele fez uma careta confusa.

— Que... Sim? – bufei e desliguei a TV. Garotos são tão lerdos, não precisa nem se esforçar pra perceber que aquele encontro foi uma imensa perca de tempo. Levantei-me e subi as escadas. – Isso quer dizer que você não gostou? - ele gritou do andar de baixo.

— É óbvio! – gritei de volta. Preciso de um banho. Tirei o vestido e de repente a porta é aberta. Dou um grito. – Ah meu Deus! – Viro-me e Nico está parado na porta apenas me encarando com uma cara cômica no rosto. Se eu não tivesse nessa situação eu ia tirar foto e zoar ele eternamente. Pego o vestido e jogo na cara dele, empurro a porta e ele sai do quarto.

— Jesus Thalia! O que foi isso?

— Uma total invasão de privacidade! Você já ouviu falar em “bater na porta antes de entrar”?

— Desculpa! Mas essa é a minha casa, e sabe, realmente não estou acostumada a dividir um lugar com tanta gente.

— Você não acha que uma casa tão grande deveria ter, sei lá, uns dois banheiros, no mínimo?

— Você não acha que estando com mais dois garotos em uma casa deveria trancar as portas?

— Tanto faz! Agora vai embora.

— Jura? E você acha que eu ia ficar aqui plantado do outro lado da porta fazendo o que querida?

— Não sei, pedir desculpas, quem sabe?

— Eu já pedi, se você não ouviu. Quer dizer, eu não vou me desculpar de verdade porque eu não me arrependo, nem um pouco. – Senti meu corpo pegar fogo e eu iria abrir a porta para falar algumas coisas para ele quando me lembrei de que eu não estou na melhor situação para isso. Acho que ele deve ter feito isso de propósito. Dou meia volta e pego a toalha para enrolar meu corpo, é chato não ter uma suíte. Sério, não passem por isso. Teria que atravessar toda a casa até o único banheiro do lugar. Na verdade, eu precisaria apenas passar por todos os quartos, já que o meu era o último. Consequentemente, iria passar por Nico. Já imagino a cena e nenhuma alternativa vai ser boa.

Andei um pouco em círculos de toalha. A tal saída não fora tão ruim assim, mas, qual é? Eu realmente não preciso disso.

Depois de um tempo pensando desisti da ideia de tomar banho. Um episódio envolvendo poucas roupas já está bom demais para o resto da minha vida, se arriscasse descer, provavelmente, iria acontecer outro.

Coloco uma blusa e um short rapidamente e abro a porta do quarto. Nico não está lá e lembro-me de que ele pegou meu vestido que joguei na cara dele. Vou até seu quarto que fica praticamente ao lado do meu, vou andando e o vejo sentado em frente a cama jogando video game. Virei os olhos. Meu vestido está jogado em cima da cama e me pergunto quando ele iria perceber a presença da peça e enfim, devolvê-la. Descalço as sapatilhas que estou usando e entro descalça no quarto devagar e sem reproduzir nenhum ruído que possa denunciar a minha presença. Apanho o vestido todo amassado e faço uma careta pensando como iria usá-lo agora que está todo amassado. Não é como se tivéssemos trago um ferro de passar roupa.

Sinto uma respiração perto do meu pescoço que faz todos os meus pelos se arrepiarem. Viro-me e lá está Nico. Seu cabelo está despenteado e seus olhos estão brilhando diferente de todas as outras vezes em que reparei, sua boca está levemente aberta e sua respiração está ofegante. Prendo meu olhar em seus lábios que estão carmins, reprimo uma vontade intensa de morder os lábios. E não necessariamente os meus.

— Eu vim buscar meu vestido. – falo em um sussurro tão baixo que quase não ouço. Meus olhos parecem se mover como se tivessem em uma partida de tênis, ora olho para seus olhos negros brilhantes e ora para seus lábios carmesins. Ele assente e se aproxima, instantaneamente fecho os olhos. Seus lábios gelados se encontram nos meus quentes causando um choque térmico que parece enviar energia por todo meu corpo. Colo meu corpo no dele e o vestido, outrora a razão de estar ali, está jogado em qualquer lugar do cômodo. Coloco minhas mãos em seu cabelo e sinto suas mãos percorrerem meu tronco e pararem em minha cintura.

Sinto suas mãos pararem na parte de trás de minhas coxas e dou um impulso enroscando as pernas em sua cintura.

Neste momento em diante eu não respondia mais por mim mesma.

Uma batalha de corpos começou a acontecer entre nós, as minhas mãos passeavam por seu corpo assim como as dele no meu. Começo a sentir um calor que queimam minha pele do melhor jeito possível e que não tem nada a ver com a temperatura quente típica do Verão. Nico começa a distribuir beijos por meu pescoço e eu começo a puxar sua blusa.

Meu coração parecia que iria sair pulando de meu corpo e meu cérebro gritava por mais, pelo menos a parte emocional, já a racional implorava para eu me levantar, pegar o vestido e sair deste quarto que respira tentação. Abro os olhos e encaro a peça azul com flores pretas do outro lado do quarto e um alerta se instala em meu corpo, reúno o máximo de força que consigo e lutando contra minha parte mais animalesca, empurro Nico de cima de mim.

— Thalia! – ele reclama e geme virando para o outro lado. – Você não pode simplesmente parar com isso agora.

— Oh Deus. – murmuro. Nico, a personificação da tentação na Terra. Se ele simplesmente não existisse, nada disso teria acontecido. – Peça desculpas.

— O quê?

— Peça desculpas!

— Ah qual é Thalia! Não é como se eu te forçasse a algo. – ele dá um sorriso torto e meus olhos se arregalam.

— Seu pervertido! Ridículo! – pego uma almofada e começo a bater nele procurando machuca-lo o máximo possível que algo macio como um travesseiro pudesse fazer. Ele para minhas inúteis e infantis tentativas de... sei lá, machuca-lo e segura meus pulsos. Mais uma vez o tempo para quando foco minha atenção nos seus olhos e em seus lábios. Sinto minha consciência virar os olhos. Parece que ele está se aproximando de mim ou eu me aproximo dele porque sinto sua respiração, novamente, em meu rosto.

E eu, quase, quase, me rendo, mas desta vez não.

— Peça desculpas agora mesmo ou eu juro que você nunca mais poderá ter filhos! – ele dá um pequeno sorriso.

— Minhas sinceras desculpas Thalia por você estar se apaixonando perdidamente por mim. – reviro os olhos e saio de cima da cama, pego meu vestido e me retiro depressa do quarto. Ao sair do cômodo meu coração bate mais rápido e um sorriso genuíno estampa minha face. Sinto minha respiração ofegante e meu rosto vermelho e não quero saber o porquê disso.

***

POV Annabeth

— Percy você podia ter carregado algumas dessas sacolas para dentro né? Sabe, eu meio que não posso com o peso disso tudo.

Respirei fundo quando finalmente coloquei os três grandes pacotes feitos de papel em cima da bancada da cozinha e o moreno me olhava indignado da porta.

— Eu abri a porta para você, não foi o suficiente?

— Eu tenho mesmo que responder isso?

Prendi meu cabelo com os próprios fios e arregacei as mangas do recém colocado cardigã. Eu tenho certeza de que se eu não arrumar isso, ninguém vai.

Comecei a desempacotar as compras e me surpreendi ao ver Percy me ajudando, logo, tudo estava no lugar.

Ouvi alguns passos no andar de cima e gritos, com certeza de Thalia e Nico.

— O que esses dois estão aprontando agora?

Percy me olhou com a cara mais maliciosa do mundo e colocou o último pote de café no alto do armário.

— O que você acha?

Arregalei os olhos ante a resposta de seus olhos.

— O que? Não! É a Thalia e é a nossa casa. Ai meu deus.

Percy começou a rir quando a voz abafada de Thalia o interrompeu.

Peça desculpas agora mesmo ou eu juro que você nunca mais poderá ter filhos.

Encarei Percy e não pude segurar a risada.

— Ok. Realmente, não era.

O moreno mordeu uma maça enquanto me encarava distraidamente.

— E ai, vai ficar me encarando muito tempo?

— Não sei, vai ficar na cozinha por muito tempo Chase?

Pensei um pouco. Cozinhar era legal. Apesar de eu ser um grande desastre com comidas salgadas, sobremesas eram um dom quase natural para mim. E eu preciso mesmo de um atestado de trégua para falar com Thalia.

— Vou. Vou cozinhar um pouco.

Ele levantou uma sobrancelha surpreso.

— Você cozinha?

— Obviamente. Achou que eu fosse só um rostinho bonito?

—Na verdade, nem isso eu estava cogitando que fosse.

— Ok. Acabou. Cai fora da cozinha.

— O que? Eu moro aqui!

— Não interessa, na próxima hora isso aqui é zona minha. Zona pura. Pessoal. Intransferível. Minha. Vai embora. Sai voando. Vai nadar. Pegar um sol. Ou pegar uma garota. Tanto faz. Não acho que seja tão diferente assim pra você.

Droga. Alarme interno. Garotinha soando insegura. Virei de costas antes de ele perceber que eu morderia o lábio.

— Cara, qual o seu problema? – ele jogou o copo que estava bebendo água na pia – Eu estava fazendo uma piada e você deu uma de neurótica.

— É, acontece de vez em quando. – falei enquanto o encarava.

— Sério, qual o seu problema?

— Ah, claro. Eu que sou a problemática dessa relação.

— Relação? Que relação?

Droga. Não era bem esse o sentido da frase.

— Esquece. Você não tem neurônios o suficiente para entender mesmo.

— Eu não tenho neurônios? Eu?

— É. Você.

— Pelo menos eu consigo seguir em frente e não vivo em uma coisa que já passou. Supera. Acabou.

— Acabou o que?

— Nossa “relação”.

— Francamente, eu nem estava falando disso. Mas beleza. Eu realmente não supero nada. – dei um sorriso forçosamente – Agora, vai embora de uma vez.

Ele simplesmente rolou os olhos e meu deus as costas. Melhor assim. Muito melhor. O jeito agora era pôr a mão na massa.

(...)

Sentei na amurada da varanda com as pernas para fora, penduradas como uma criança. Thalia me evitara em todos os trajetos possíveis e impossíveis dentro da casa e eu, com certeza, não estou afim de falar com o senhor Jackson por um tempo.

Nunca tive medo de altura, então me sinto muito confortável vendo o quintal mal cuidado de Nico lá embaixo, longe demais do alcance dos meus pés, mas relaxante. O mar se estendia logo à frente me dando uma calma absurda. O sol havia se posto a pouco tempo, mas o restos de luz deixavam tudo muito bonito.

Tateei o bolso da minha jardineira a procura do meu celular. Procurei o número e esperei chamar, liguei o viva voz e o deixei ao meu lado.

Querida? Tudo bem?

— Você está perguntando como eu estou? – ri – Quem deveria fazer essa pergunta sou eu, não acha?

Ouvi a risada abafada do outro lado da linha.

Bons modos, nunca saem de moda.

Como você está?

Bem. Admito que esperava você aqui quando... Bem, quando eu acordasse.

Me desculpe. – murmurei mordendo o lábio. – Eu simplesmente não podia ficar ai sentada, esperando. Você sabe. Parecia a mamãe ali e eu... – comecei, mas ele pediu para que eu parasse.

Tudo bem querida, eu entendo. De verdade. Ei, eu sei que Brooke ligou e que disse coisas horríveis. Não a leve tão a sério. Você sabe, ela anda uma pilha de nervos. Ninguém esperava ver o seu velho aqui preso em uma cama tão cedo.

Engoli em seco, prendendo meu cabelo novamente, sabendo que logo ele se soltaria, de novo.

— E a sua recuperação, como está?

Sou duro na queda, vaso ruim não quebra fácil assim. Logo, logo vou poder sair novamente. Agora eu só fico de repouso. Você sabe, alguns ossos fraturados são um pouco incômodos.

Acho melhor eu voltar. Sabe, cuidar de você. Você precisa.

Não, não querida. Suas irmãs dão conta do recado. Eu sei o quanto você queria essas férias. – ele suspirou cansado – Estão valendo a pena?

Suspirei, esticando as mangas do cardigã.

— Eu não sei.

Como você não sabe? Não está sendo divertido?

Ai, está sendo ótimo. Você sabe, eu amo praia, o mar me revigora e me faz sentir... Viva.

E a casa? É boa?

— Sobre isso... – parei. Não acho que meu pai fosse encarar muito bem a verdade. – Bom, ela é ótima. Abby, a proprietária, nos encontrou aqui. Muito prestativa.

Fico feliz. E Thalia?

— Nós estamos, hm, enfrentando um pequeno... Contratempo.

Contratempo?

É.

Isso envolve algum garoto?

— Talvez.

Eu vou querer saber?

Melhor não.

Ele riu e eu relaxei. Era tão bom vê-lo bem.

E seu coração? Algum garoto lhe chamou atenção? Eu espero do fundo do meu coração que não. Não quero ter que correr o risco de acordar em uma bela madrugada e descobrir que minha filha fugiu para uma cidade a 600km de distância para viver uma paixão proibida.

Não aguentei, e ri.

— Você anda lendo meus livros, não anda?

— Veja bem, eu fico deitado em uma cama o dia todo, Brooke não sabe mais o que fazer para me distrair, seus livros estão chegando aqui em peso.

— Vou dar um jeito nisso.

— Sabe, o modo como você desviou da minha pergunta é surpreendente. Isso me leva a crer que logo terei uma filha fugitiva.

Ri novamente e isso, por algum motivo, me fez imaginar onde seria a cidade em que Percy morava.

— Eu estou bem papai. Meio confusa, para ser honesta. Eu me sinto relaxada aqui, mas ao menos tempo estressada. Alguns... eventos são bem descontraídos e me deixam ótima. Outros... Nem tanto.

Isso só confirma minhas suspeitas. Me avise a cidade antes, sim?

— Pai! – exclamei, rindo. – É sério. Não tem ninguém.

Sei.

— Ok. Talvez tenha um cara legal. Só talvez. Mas nem tem como dar certo, nós simplesmente não combinamos.

Já vi esse filme. Espero que não combinem mesmo. Querida, Brooke está voltando e acho que não vai ser agradável se ela me ver falando com você. Quero evitar conflitos agora, já que eu não tenho para onde correr e vou precisar ouvir os longos discursos.

Ri, concordando com a cabeça, ao me dar conta de que ele não poderia ver. Olhei mais atentamente para o mar e respirei fundo.

— Te amo.

Também te amo querida.

Desliguei o telefone e virei, pronta para entrar e colocar meu plano de sobremesas em prática, mas parei.

Não parei porque havia mudado de ideia, nem porque tivera um mau súbito. Parei porque, encostado na batente da sacada a pouco mais de dois metros da minha estava a perdição em pessoa, com um sorriso leve nos lábios, encarando-me despreocupadamente, para então, virar e sair. Assim. Simples e fácil. Algo dentro de mim revirou e eu realmente não gostei. Talvez fosse uma recém adquirida fobia de alturas, mas saber que ele havia me visto em um momento tão íntimo realmente me fez querer vomitar. E isso não é bom.

(...)

Analisei bem a mesa de jantar, pratos colocados, pizza com quatro sabores tamanho extra grande – tomando o cuidado de não pedir nenhum doce – sucos e musica ambiente.

Abri a caixa em que a pizza veio, deixando o seu aroma se espalhar pela casa para atrair as formigas que dividiam o lugar comigo.

E, em menos de cinco minutos, três rostos curiosos surgiram no alto da escada.

— Que cheiro bom. – Nico foi o primeiro a sentar na mesa e tirar uma fatia.

— Você que fez? – Percy perguntou, com uma sobrancelha arqueada.

— As capacidades culinárias na Annabeth não permitem que ela faça qualquer coisa salgada. – murmurou Thalia tirando uma fatia para si também.

Percebi que ela fico em um impasse – sentar ao meu lado ou ao lado de Nico, já que estávamos cara a cara – mas, por fim, ela preferiu sentar-se ao lado dele. Acho que o garoto ficou tão surpreso quanto eu. A má noticia era que Percy estava sentado ao meu lado.

Todos comiam em silêncio, eu olhava para Thalia a cada cinco segundos, mas ela nem mesmo virava o corpo em minha direção.

Suspirei cansada.

— Olha, eu sinto muito.

Os dois garotos interromperam suas garfadas e nos encararam, mas Thalia continuou comendo normalmente.

— Alguém me passa a maionese?

— É sério. Eu não sabia que ele era importante para você, aliás, não era nem para ser um encontro. Era para ser... Dois amigos saindo. – evitei o olhar que com certeza Percy me lançava.

— Ninguém vai me passar? Ok, eu pego. – pude vê-la se esticar toda para pegar o molho.

— Thals, para. Por favor, eu não quero brigar com você por causa de um garoto, nenhum deles vale a pena. - Nico pareceu magoado e fez um biquinho – Nem mesmo você Di Ângelo. – falei e uma risadinha curta escapou da garganta de Thalia.

— Eu não posso te perdoar fácil assim.

— Ah, sei disso! – exclamei feliz, enquanto levantava e ia em direção à geladeira. – Por isso eu fiz...

— Não! Você não fez! – ela levantou, animada.

— A sua sobremesa favorita!

— Mousse de Maracujá!

Ela sorriu largamente e assentiu com a cabeça para mim. Senti que estava desculpada, apesar disso, ainda queria ter uma conversa particular com ela.

— Senta lá que eu levo para você.

Peguei duas tacinhas e coloquei dentro delas o conteúdo, entregando uma para Nico e outra para Thalia, e então, sentei.

Percy me observava com expectativa.

— E pra mim?

— O que tem você?

— Hm, você sabe – ele murmurou, coçando o cabelo. – Mousse. Também é o meu favorito.

— Hm. Que pena. É para Thalia.

— Mas... Nico ganhou.

— Eu sei.

— Por que eu não posso comer?

— Porque é da Thalia.

— Meu deus! – Nico murmurou rolando os olhos, deleitado – Esse é o melhor mousse de maracujá que eu já comi.

— E não é? – exclamou Thalia – Annie é a melhor!

Percy me fuzilou com os olhos.

— Jura? Nem um pouco? – mantive meus olhos na cara de alegria de Thalia a cada garfada. O moreno bufou. – Ótimo. Espero que esteja azedo.

E então, saiu da sala.

Logo, Nico também terminou de comer e subiu para o seu quarto. Quando Thalia deu sua última colherada, olhou para mim de soslaio.

— Quer ajuda?

— Não, não. – sorri – Hoje é tudo por minha conta. Sabe, faz parte do meu pedido de desculpas.

Ela franziu a sobrancelha.

— Não se puna tanto, certo?

Concordei.

— Eu... Passo no seu quarto antes de dormir, ou amanhã, ok? Acho que precisamos conversar.

— Certo. Boa noite Annie.

— Boa noite Thals.

(...)

Quando tudo ficou finalmente arrumado, era muito tarde para acordar Thalia. Deitei no sofá e comecei a procurar por filmes na TV, o que é quase impossível a essa hora. Quando finalmente encontrei um canal aceitável, cai no sono.

Nos meus sonhos, era tudo tão confuso e trêmulo, que mal consigo lembrar. Só sei que acordei de madrugada, soando frio.

Desliguei a TV e me preparei para subir ao meu quarto. O sol já estava quase nascendo, e, quando atingi o quarto degrau, parei e me voltei para a geladeira. Mordi o lábio. Sou mesmo uma trouxa.

Desci até a cozinha e peguei uma pequena tigela com o mousse que havia guardado para mim, corri atrás de um papel e caneta, fiquei olhando para a folhinha em branco, mas não consegui pensar em nada. Rolei os olhos, abandonando a ideia.

Subi os degraus e abri a porta do primeiro quarto. Os músculos das costas, geralmente tencionados estavam relaxados, cobertos parcialmente por um lençol claro. Caminhei calmamente até a cômoda, ao lado da cama e deixei ali a pequena tigela, junto com o bilhete em branco.

Já não estava mais ligando muito para o que ele ia pensar, só quero curtir meu Paraíso particular.


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Notas finais do capítulo

~Sorvete: E aí o que acharam? Agradecendo também a todos os comentários gostosos que ganhamos obrigada Paraisanos s2
Pergunta final: estão sentido essa vibe? Beijooooos e cócegas,
Sorvete de Limão.
PS.: Thalico agora vem com tudo. Chamem os bombeiros que essa fic vai pegar fogo.

~Risurn: Cês não tem noção! O capítulo já estava terminado e ai do nada, ela surgiu com aquela cena da Thalia ali no meio. Ela não era tão... Assim *ri*
Não sei vocês, mas eu estou sentindo a vibe s2
E ai, vai cair alguma recomendação do céu? - Não custa tentar gente *Ri*
Agradeço mais uma vez à Annabeth Potter Jackson e à Sáh Vargas, de coração, animaram a minha inspiração.
SUPER OBRIGADA, BEIJO! ^^
P.S.: Usamos s2, porque o coração de verdade corta as notas T.T



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