– O que foi Fred? – insisti quando ele ficou em silencio.

– Eu queria pedir desculpas por ter te beijado na sua casa. – ele disse rapidamente e como estava escuro eu não conseguia identificar sua expressão. – Foi besteira sem significado e não quero que isso destrua nossa amizade.

Senti algo estranho dentro de mim quando Fred disse isso. Uma vontade louca de gritar que eu nunca senti antes veio e abri a boca para falar sem ao menos saber o que dizer.

– Fred...

– Não Mione, só esqueça okay? – ele pediu. – Não vai acontecer de novo então podemos não ficar com vergonha quando nos encontrarmos?

– Claro que sim Fred. – falei sem animo.

O que tinha de errado comigo? Era a melhor coisa que poderia acontecer conosco. Não estragaríamos nossa pequena amizade com um beijo que não significara nada para mim, certo?

Fred chegou mais perto e senti sua respiração. Logo me senti sendo abraçada e tentei abraçá-lo forte também mas eu não conseguia achar minhas forças.

– Era só isso? – perguntei. – Acho melhor eu ir dormir.

Essa sensação ruim passaria depois de uma noite boa de sono.

– Não pode ficar aqui comigo? Não quero ir pro quarto. – ele pediu.

Franzi a testa.

– Por que?

– George ronca demais. – Fred disse e ouvi a diversão em sua voz. – vamos nos sentar no sofá.

Assenti mesmo sabendo que deveria voltar para o quarto. Fomos até o sofá na sala e sentamos um do lado do outro. Olhei para frente mesmo não enxergando muita coisa.

– Mi você esta brava comigo? – ouvi a voz de Fred baixa ao meu lado.

– Não consigo ficar brava com você. – respondi sinceramente.

Senti ele sorrindo ao meu lado.

– Eu não agüentaria ver você brava comigo.

Ele se remexeu ao meu lado e passou seu braço por meus ombros e logo aquela segurança voltou fazendo-me colocar minha cabeça em seu ombro. Suspirei e comecei a reparar em seu coração batendo rapidamente.

– Eu não ficaria.

Ficamos em silencio e o sono veio fazendo-me fechar meus olhos. Mesmo ali com Fred eu sentia aquela sensação no fundo do peito de desconforto com suas palavras voltara.

Logo adormeci nos braços de Fred.

***

– O QUE ESTA ACONTECENDO AQUI? – acordei com a voz de Gina gritando a minha frente.

Não abri os olhos de imediato mas percebi que estava sentada e não deitada, havia dormido de novo lendo um livro? Mas tinha algo em meus ombros... Fred! Eu havia dormido com Fred na sala na noite passada.

– O que foi Gina? – a voz do ruivo soou fraca.

– Eu acordo e vou procurar a Mione e vejo essa pouca vergonha!

Ela parecia mais estar se divertindo do que realmente brava. Automaticamente me levantei num pulo e passei a mão no rosto tentando me acordar.

– Não aconteceu nada Ginny. – falei.

– Pare de mentir. – ela disse sorrindo. – Me conte a verdade. Vocês transaram não?

Aquilo com certeza havia me acordado.

Senti meu rosto ficar vermelho.

– Não! – falamos em uníssono.

Ela riu.

– Gina pare de ser mente poluída por favor? – pedi.

– Se fosse qualquer outra pessoas que pegasse vocês pensaria na mesma coisa. – ela disse sorrindo. – Alias se não quiserem que descubram vocês melhor subirem.

– Não tem o que descobrir! – reclamei.

– Aham, sei Mione.

Revirei os olhos.

– Estou cansada de te explicar Gina que não tem nada entre Fred e eu então estarei subindo. – eu disse irritada. – Quando parar de besteira pode aparecer enquanto não melhorar fique aqui em baixo.

Sem esperar uma resposta subi as escadas correndo e completamente furiosa. Lembrei-me da conversa que tive com Fred noite passada e como aquela sensação ruim de ouvi-lo falar que o beijo fora uma besteira me aborreceu.

Eu sabia que não deveria ficar irritada mas era algo mais forte que eu. Olhei para o anel em meu dedo e pensei se era isso que me irritara mas logo mudei de idéia, sim todos que usavam ficavam com oscilações de humor mas não criaria uma emoção nova em mim.

– O que aconteceu Mione? – Gina apareceu minutos depois que eu entrei em seu quarto.

Coloquei minha pequena mala em cima da cama e comecei a procurar uma roupa e tentava arrumar aos socos a bagunça que eu fizera.

– Só vou tomar banho. – respondi.

– Eu sei que não é só isso. – ela disse vindo até mim e me forçando a encará-la. – Me conte o que aconteceu antes de eu chegar, você sabe que eu sei que não transaram. Só estavam brincando.

Será que ela me entenderia se eu contasse?

– Só ficamos conversando e caímos no sono. – respondi virando e pegando uma roupa para ir ao banheiro mas logo desisti e resolvi contar a verdade. – Fred disse que nosso beijo não teve importância e que era para que eu esquecesse.

Gina arregalou os olhos.

– Ele não... Idiota. – ela disse. – Vagabundo, filho da mãe, filho da puta.

Sorri.

– Ginny você sabe que vocês tem a mesma mãe né?

Ela negou com a cabeça.

– Ele é adotado. – a ruiva respondeu. – Só pode, um Weasley não faria tanta burrada assim.

Não respondi.

– E claro que esta triste por que gosta dele. – Gina completou.

– Eu não gosto do seu irmão, Ginny. – falei rapidamente.

Era obvio que eu não gostava dele.

– Então por que esta triste por ele ter dito isso?

Pensei.

– Por que acaba com o orgulho de qualquer garota. – respondi.

Gina sorriu e colou sua mão direta em meu ombro.

– Você nunca foi alguém orgulha nesse sentido, Mione.

Balancei a cabeça nervosamente.

– Eu não gosto do seu irmão Ginevra.

Ela fez uma careta.

– Não fique irritada comigo. – Gina levantou os braços em defesa. – E nós sabemos que é só Gina!

***

O dia na Toca passara rapidamente mas com um ar enjoativo para mim. Depois que conversei com Gina tomei banho e as palavras da ruiva não saia da minha cabeça, ela estava certa que pelo menos nesse sentido eu nunca fora orgulhosa mas estar apaixonada por Fred Weasley não era uma opção também.

– Lilá não parece ter cérebro. – falei me interagindo na conversa.

Já era final da tarde e Harry, Ron e eu estávamos no quarto do ruivo conversando a tarde toda até que meu melhor amigo comentou que Cho fora uma péssima experiência amorosa então estava quieto e Ron comentou que achava a Brown interessante.

– Mas é gostosa. – Ron disse. – E é isso que importa.

Revirei os olhos.

– Você me da nojo Rony.

Em vez de se ofender ele apenas riu.

– Ah Hermione vocês garotas também devem falar sobre os caras gostosos. – ele disse e lembrei-me de Gina no ano anterior classificando os jogadores de quadribol da Corvinal. – Nós também reparamos se a garota é gostosa.

– Você esta falando como se ela fosse apenas um objeto. – irritei-me.

– Relaxa Hermione. – Ron disse percebendo meu humor negro. – Só estou falando que esse ano vou pegar alguém se você quer continuar encalhada não desconte em mim suas necessidade.

Eu já estava ao ponto de pular em cima dele.

– Ah sabe do que mais Ronald. – falei levantando-me. – Eu vou saindo por que parece que hoje o senhor perdeu completamente a noção do que esta falando.

E vendo meus dois amigos chocados sai marchando do quarto e fui para o quarto de Gina abrindo a porta bruscamente. Esperei ver a ruiva no quarto mas estava vazio então apenas sentei na cama e respirei fundo tentando me acalmar.

Ouvi batidas na porta e logo o ranger dela se abrindo.

– Posso entrar? – Harry perguntou já entrando.

– Harry não vou pedir desculpas para o Ron, depois eu falo com ele. – respondi.

Deitei metade do corpo na cama e tentei relaxar mas eu não conseguia.

– Na verdade eu vim falar com você.

Levantei novamente e o vi sentar ao meu lado.

– O que foi?

– Tem algo errado? – Harry foi direto. – Pelo que percebi Hermione você anda muito nervosa, estressada e...

O interrompi:

– Não tem nada errado, não se preocupe.

Vi o moreno abaixar a cabeça.

– Eu sinto muito. Sei que isso deve ser por causa da missão que Dumbledore te deu. – ergui a sobrancelha. – Não queria ter te envolvido nisso Mione, sinto muito e você nem quer nos contar o que aconteceu então eu só posso achar que acontecera algo muito...

Levantei o braço e empurrei seu rosto para cima para que ficássemos olho no olho. Suas esmeraldas me encararam e consegui ver todo o sofrimento que ele estava passando fazendo-me sofrer junto.

– Harry você não tem culpa de nada que esta acontecendo. – afirmei. – Se alguém tem culpa disso é Voldemort não você. E realmente não precisa se preocupar com a missão, não aconteceu nada demais. Só não te conto por que Dumbledore me pediu isso.

– Mione...

– Eu te amo Harry. – falei. – E nunca ache que você me colocou no meio dessa guerra. Estou aqui para proteger quem eu amo.

Abracei-o tentando demonstrar todo meu carinho por ele.

– Você é minha melhor amiga. – ouvi ele sussurrar no meu ouvido. – Não sei o que faria sem você.

Sorri com lagrimas nos olhos.

– Nem eu sem você.

Estávamos cada vez mais perto dessa guerra e muitas pessoas podem morrer nela.

***

Passei o fim de semana na toca tentando conciliar meu tempo entre Harry e Ron com Ginny e agora Fred também sempre queria conversar comigo. Mas no final fiquei sempre atrás do moreno já que depois dessa conversa que tivemos eu tinha aquela forte sensação que ele precisava de mim.

Já era terça feira e resolvi que já estava na hora de comprar meus materiais para a volta as aulas que seria nesse domingo. Então depois de tomar café sozinha em casa fui até o caldeirão furado e logo já estava na floreios e borrões olhando as diversas prateleiras de livros.

Ninguém compreendia a minha paixão por livros e eu não tentava esclarecer. Era aquela coisa mágica que temos que não queremos dividir então quanto menos pessoas lessem mas a teria para mim. Um pensamento egoísta mas era como eu me sentia. Não importava se era romances ou livros educacionais cada um tinha aquela magia que ia mais alem de feitiços e varinhas.

Vi um livro marrom de capa dura e logo me encantei. Nem vi do que se tratava simplesmente o peguei e fiquei passando a mão no livro e abrindo-o para sentir aquele cheiro de livro novo.

– Molestando um livro em publico. – uma voz falou perto do meu ouvido me assustando. – Que feio senhorita Granger.

Virei-me com tudo para encarar Fred sorrindo para mim. Olhei para cima encontrando seus olhos e senti meu coração se acelerar mais do que já batia.

– Não me mate de susto Frederich. – ralhei.

Seu sorriso aumento ainda mais. Fred estava com uma camiseta da loja que estava um pouco mais apertada do que deveria mostrando seus músculos debaixo do braço. Seu cabelo ruivo caído pela testa dava um ar sexy no conjunto inteiro.

– Todos se assustam quando estão fazendo coisas erradas. – ele disse olhando para o livro em minha mão.

– Eu não estava fazendo nada errado! – falei mostrando-lhe a língua. – Não é culpa minha se sua mente malicia com tudo.

Ele riu.

– Malicio? – Ele perguntou. – Não sou eu que fico me secando cada vez que me vê.

Abri a boca em choque.

– Eu não fico te secando. – eu disse guardando o livro onde achei. – Não é culpa minha se sempre esta praticamente nu na minha frente! E você sabe como sou uma santa e me impressiona ver coisas assim.

Fred se aproximou um pouco.

– Pura Hermione? – ele me olhava de um jeito que fazia querer perder toda a pureza que havia em mim. Droga Gina! Teríamos uma conversa seria sobre ela poluir minha mente depois. – E a senhorita esta dizendo que meu porte físico é impressionante?

– Eu não disse isso. – falei rapidamente.

– Ah Mione, não precisa esconder. – ele disse apoiando seu braço no meu ombro. – Eu sei que sou impressionante.

Revirei os olhos e dei um passo para frente fazendo-o perder o equilíbrio. Andei pelas prateleiras a procura dos livros que estavam na minha lista escolar enquanto Fred ria e me seguia.

– Fred não deveria estar na loja? – perguntei.

– Ficar aqui irritando você é bem mais divertido. – ele disse dando de ombros.

Olhei um livro e tirei da estante vendo que não era o que eu queria coloquei de volta.

– Eu estou realmente ocupada, melhor conversarmos depois.

E fui para outro corredor e vi o ultimo livro da minha lista na parte de cima da prateleira. Dei um pulo para tentar pegar mas não alcancei.

Vi uma mão ir lá e pegar me entregando. Virei e Fred sorria convencido para mim.

– Nem ouse falar sobre minha altura. – ameacei-o.

Ele riu.

– Viu como precisa de mim também?

Revirei os olhos e fui em direção ao caixa.

– Trinta galeões senhorita. – a mulher falou.

Paguei-a e virei para sair mas ainda vejo Fred parado me olhando animado. Sorri incontrolavelmente mas simplesmente estar perto dele era animador.

– Vamos aonde agora? – ele perguntou assim que saímos da livraria.

– Você eu não sei, mas eu vou na London Eye. – respondi. Andando em direção ao caldeirão furado.

Fred acompanhava meu ritmo mas como suas pernas eram maiores érea obvio que poderia ir bem mais rápido.

– Vai aonde?

Sorri.

– Nunca passou muito tempo no mundo trouxa NE? – ele balançou a cabeça. – London Eye é uma roda gigante que fica na Londres trouxa, o lugar mais lindo para ver a cidade a noite.

– Então vou com você.

Parei de andar e o encarei.

– Você vai?

Ele assentiu.

– Não te convidei.

– Qual é Mione, eu nunca fui lá. – ele me olhou com aqueles olhos suplicantes. – Não vai te matar me levar para conhecer.

– Ta bom.

Fred sorriu e entramos no caldeirão furado logo indo para a Londres trouxa.

***

– Próximos.

Depois de andarmos muito por Londres e Fred quase ser atropelado uns três vezes conseguimos chegar na base da roda gigante e tivemos que encarar a fila quilométrica que estava nos esperando. Umas três horas depois aqui estamos nós prestes a entrar no pequeno compartimento que nos levaria para cima.

– Vamos. – Fred disse animado.

Sorri e tentei controlar meu nervosismo. Entrei e esperamos um pouco até começar a se locomover subindo fazendo meu coração ameaçar sair pela garganta.

– Algum problema? – Fred perguntou.

– Medo de altura. – respondi.

Altura era um dos meus maiores medos, eu agüento um chuva sem surtar completamente mas altura? Nossa isso me pegava de jeito e era um dos motivos que me fazia recusar subir em vassouras.

– Ando descobrindo muitos medos seu ultimamente, chuva agora altura.

– Eu não tenho medo de chuva! – teimei mesmo sabendo que era obvio que tinha.

– E eu não tenho claustrofobia. – Fred disse sorrindo. - Então por que vem aqui? Não sei se reparou mas isso vai subir muito alto.

Suspirei.

– Aqui é o lugar mais bonito que eu já vi. – respondi olhando para o horizonte e vendo o sol se pondo e aquelas cores amarelas e alaranjadas por toda a imensidão azul. – Por essa visão eu agüento meu medo de altura. Além do que aqui me relaxa ao ponto de fazer-me pensar.

Encostei-me no corrimão e Fred ficou ao meu lado. Consegui sentir seus olhar em meu rosto mas eu apenas continuava olhando reto para aquele lindo espetáculo que era o por do sol.

– Realmente a visão é linda. – ele concordou.

– Fred você amaria ver isso aqui em época comemorativa tipo o natal. – falei entusiasmada. – É lindo o jeito como eles enfeitam tudo. E aqui é o único lugar que da para ver Londres inteira.

Ele riu então virei-me ficando frente a frente.

– Que foi?

– Sua admiração por esse lugar é contagiante. – ele disse sorrindo. – Parece que idolatra isso aqui.

Sorri.

– Tudo aqui é perfeito. Desde o lugar até a arquitetura. – respondi. – Me lembre um dia de agradecer a David Marks e Julia Barfield pela idéia da London Eye.

Fred bateu seu ombro no meu e disse:

– Vou lembrar.