– Fico feliz em ver que vocês estão bem. – Dumbledore disse assim que Fred e eu terminamos de contar tudo que havia acontecido. – Me desculpe nunca imaginei que poderiam encontrar algum comensal.

Fred bufou e eu sorri.

– Tudo bem. – falei. – Mas Dumbledore até agora estou tentando entender por que Voldemort iria querer um santuário dele em um orfanato trouxa.

O olhar do velho parecia longe.

– Realmente senhorita Granger, eu não sei. Mas algo tem ai, ele não faria isso apenas por capricho imagino.

Fiquei calada.

– E professor. – Fred chamou. – O que faremos em relação ao que os comensais estavam falando?

Virei o rosto e encarei o ruivo.

– Sim, eles falaram que o senhor não vai durar te o fim do ano. – estremeci com a lembrança.

O senhor na minha frente deu um sorriso bondoso.

– Não precisam se preocupar com isso. – Como não nos preocuparíamos? – E me mostrem o anel que acharam?

Eu havia esquecido do anel.

Coloquei a mão no bolso da minha calça e puxei o pequeno anel com a pedra preta colocando em cima da mesa do diretor. Dumbledore olhou e seus olhos pareceram se iluminar.

Ele levantou a mão para pegar o anel mas parou no meio do caminho. Olhei confusa e vi em sua expressão que ele tentava forçar sua mão para pegar mas tinha algo que o impedia como se fosse um escudo invisível.

– Professor...? – Fred chamou.

– Tem algo errado com esse anel, não consigo pegá-lo. – Dumbledore disse olhando novamente para nós dois. – Senhorita não teve problemas para pegá-lo.

Assenti colocando a mão e pegando o anel em minha mão logo o devolvendo para a mesa.

– Tente senhor Weasley.

Fred obedeceu e também conseguiu pegar o anel.

– O que tem de errado? – perguntei.

Dumbledore enrugou sua testa e logo pegou sua varinha passando em cima do pequeno objeto.

– Um feitiço. – o diretor respondeu depois de alguns minutos em silencio. – Voldemort deve ter colocado algum feitiço no anel para só ele conseguir pegar.

– Como assim? – perguntei ao mesmo tempo que Fred mas apenas ele continuou: - Esta chamando Hermione de Você Sabe Quem?

Joguei-lhe um olhar que dizia que não era hora para brincadeiras.

– O que estou dizendo senhor Weasley que quando a senhora Granger pegou o feitiço ainda deveria estar fazendo. – Dumbledore ignorou o comentário de Fred.

Isso tudo era uma loucura.

– Mas por que Fred pode pegar também?

O velho pareceu refletir e pediu:

– Me da sua mão por favor?

Mesmo confusa estendi minha mão para o professor. Dumbledore pegou sua varinha e passou por cima da minha palma fazendo-me cócegas.

– A senhorita tem digitais do senhor Weasley não mão. – ele disse depois de um tempo e guardou sua varinha. – Quando damos a mão acabamos compartilhando um pouco de DNA que faz com que fique um pouco da impressão dele em sua mão.

Senti que estava prestes a corar. Não tinha motivo para estar com vergonha apenas por Dumbledore saber que estivemos de mãos dadas. Tivemos que aparatar! Obvio que pegaríamos a mão um do outro.

– O que iremos fazer? – perguntei tentando acalmar meus pensamentos.

Todos ficamos em silencio pensando em uma resposta.

– Vou precisar que continuem com o anel por enquanto até que eu ache um feitiço para desfazer isso.

Internamente senti vontade de sorrir. Eu gostara demais daquele anel mesmo ele sendo do lorde das trevas.

– Mas por favor mantenham ele sempre consigo. – o diretor completou. – é um objeto muito precioso para perdermos.

Assenti peguei o anel e coloquei em meu dedo anelar esquerdo. Levantei a mão para mostrar que ele estava seguro comigo.

– Hermione. – Fred ralhou puxando minha mão para tirar o anel. – Nem parece a bruxa inteligente que eu conheço. Professor tem algum feitiço no anel que possa nos prejudicar.

Me senti burra por não pensar nisso mas o anel era tão bonito que não parecia algo maligno.

– Não captei nada senhor Weasley. – Dumbledore disse. – Acho que podem usá-lo sem problemas mas revezem não sei qual é o efeito colateral depois de muito tempo com ele.

Sorri tranqüilizando Fred e coloquei o anel novamente. Assim que o anel entrou de novo no meu dedo senti uma sensação de desesperança passar por meu corpo.

– Acho melhor irem. – o professor disse. – E não se esqueçam de não contar para ninguém sobre o que aconteceu até quando eu tenha novas informações.

Assentimos e nos levantamos rumando para o portal de Flu.

– Vocês fizeram um grande feito, crianças, obrigado. – Dumbledore disse quando chegamos perto da lareira. – E não se esqueça senhorita Granger que falta um mês para a volta as aulas, se prepare esse ano vai ser turbulento.

– Sim, professor.

Olhei para Fred que me encarava.

– Eu sou um cavalheiro então vou com você até em casa. – ele disse sorrindo elegantemente.

– Obrigado senhora. – fiz uma reverencia bonitinha.

Nós dois sorrimos.

Logo eu estaria em casa.

***

Joguei minha mochila no sofá.

Até parecia séculos que eu não vinha aqui mas sai na manhã passada. Realmente esses últimos dias tinham sido bem turbulentos.

– Até vou achar que esta feliz comigo indo embora. – Fred brincou.

– Você nem imagina o quanto. – falei rindo.

Ele revirou os olhos com um sorriso no rosto.

– Acho melhor eu ir. – o ruivo disse.

Senti aquela tristeza bater. Eu não queria que Fred fosse embora.

– Espera. – pedi sem pensar. – Vou fazer chocolate quente depois disso você pode ir embora.

Fred riu.

– Não querendo se distanciar de mim, Granger? – ele brincou enquanto me seguia até a cozinha. – Eu entendo, eu também não gostaria de me deixar ir embora se estivesse no seu lugar.

Eu sorri.

– Você nunca cansa de você mesmo?

– Nunca.

Revirando os olhos comecei a preparar o chocolate quente e minutos depois já estava pronto. Coloquei em duas canecas da Ariel e do Eric de Pequena Sereia que era o meu desenho favorito.

– Aqui. – entreguei a caneca. – Cuidado que esta quente.

Ele observou a foto do Eric com uma sobrancelha erguida.

– Pare de encarar o Eric por favor. – pedi sorrindo. – Ele já tem dona. – e empurrei a minha caneca com a foto da Ariel.

Fred colocou a caneca na boca e logo a afastou.

– Quente, quente,quente. – ele abanava sua própria boca.

Eu ri e levantei rapidamente indo até a geladeira para pegar um copo de água.

– Toma. – entreguei-o. – Eu disse que estava quente.

Ele me jogou um olhar bravo enquanto tomava a água.

– Você não se cansa de estar sempre certa? – Fred perguntou.

Dei de ombros.

– Nunca.

Ele sorriu e assoprou o copo logo tomando outro gole do chocolate quente.

– Esta muito gostoso.

– Obrigada. – respondi sorrindo.

Ficamos em silencio por mais um tempo até que Fred perguntou:

– Por que você não foi essas férias para a Toca?

– Só queria ficar sozinha. – respondi automaticamente.

Vi ele levantar a sobrancelha.

– Sozinha?Acha mesmo que irei acreditar?

– Por que eu iria mentir, Weasley? – perguntei um pouco na defensiva.

Fred abriu um largo sorriso.

– Eu estou me perguntando isso agora.

Revirei os olhos.

– E me conta por que você aceitou o namoro de Angelina e George tão facilmente? – contra ataquei.

O ruivo se remexeu na cadeira inquieto.

– Por que eu NÃO LIGO. – ele disse levantou e colocou o copo na mesa. – Acho que devo ir.

Eu via que ele estava tentando desviar do assunto. Mas no final aquilo não era problema meu então deixei para lá.

Ele se dirigiu até a lareira.

– Até mais, Granger.

E com um aperto no coração eu disse:

– Até mais, Weasley.

...

Pov. Fred Weasley.

…

Fazia uma semana que vira Hermione pela ultima vez.

Quando voltei para casa George tentou me convencer a contar tudo que havia acontecido mas consegui segurar. Assim que visitei a Toca Ron e Harry me encheram de perguntas sobre Hermione e eu simplesmente me esquivei das respostas.

– Cinco galeões. – falei e o cliente a minha frente me deu as moedas. – Volte sempre.

Eu estava trabalhando feito louco para tentar compensar a minha ausência mas principalmente para me manter ocupado. Desde que eu voltara para casa eu não sentia bem como deveria. Por incrível que pareça eu sentia falta da missão e principalmente da Hermione.

Sei lá.

Não sei como explicar que em tão pouco tempo eu havia acostumado com a presença dela e como sempre que chovia eu ficava pensando se ela estaria com medo e aquele impulso de ir atrás dela vinha freqüentemente. Mas eu sempre me controlava e me prendia mais no trabalho.

– Fred. – eu ouvia a voz de longe mas estava imerso demais em meus pensamentos. – Fred... Fred Porra! Volte para a loja por favor!

Balancei a cabeça tentando me concentrar.

– O que foi gêmeo?

O vi revirar os olhos.

– Eu estava falando com Angelina e como esta todo distraído nem reparou mas olhe, a loja esta praticamente vazia.

Fui reparar o que ele dizia e tinha razão.

Nossa loja de logros sempre fora bem cheia para uma loja no beco diagonal. Então ao olhar pelas prateleiras e ver um ou duas pessoas andando pelo estabelecimento era estranho.

– O que será que aconteceu? – perguntei desconfiado.

George se aproximou de mim.

– Ouvi boatos que alguns comensais foram fazer uma missão para Você Sabe Quem e encontraram duas pessoas que não deveria. – meu gêmeo falava e eu estremeci. – Pelo jeito os dois conseguiram fugir mas esses comensais tinham como missão achar e matar eles.

– Por que?

– Sei lá, cara. – George disse mexendo na caixa registradora sem olhar para mim. – Voldemort é louco, como vou saber o que ele planeja?

Sorri tentando não demonstrar meu nervosismo.

***

Maldita Hermione!

Depois do que George disse fiquei preocupado que algum comensal fosse atrás dela e resolvi passar em sua casa para ver se estava bem. Quando tentei usar a Rede Flu para chegar em sua casa não pude já que ela havia desligado então tive que aparatar.

Aparatei em frente a sua casa e como estava chovendo comecei a bater que nem louco para poder sair de debaixo da chuva. Mas quanto mais eu batia e encharcado ficava parecia que ela teimava em não aparecer.

– Hermione, abre logo. – gritei.

Continuei batendo na porta.

Pensei em torcer um pouco a minha blusa para tirar um pouco da água mas logo desisti enquanto eu continuasse debaixo dessa tempestade nada melhoraria.

– Hermione!

A porta se abriu rapidamente me dando um susto e logo uma morena de cabelos castanhos me olhou assustada.

– Fred?

Dei um sorriso irônico.

– Não, sou um comensal. – falei. – Estou aqui para perguntar se você quer seguir a filosofia do Lorde das Trevas.

Ela não sorriu.

– O que esta fazendo aqui?

– Se você me chamar para entrar talvez eu conte. – resmunguei.

Hermione deu passagem e rapidamente me joguei para dentro da casa. Assim que ela fechou a porta me senti um pouco mais aquecido mas mesmo assim tremia de frio. Havia passado um bom tempo debaixo daquela tempestade.

– Por que demorou pra atender?

Ela parecia alheia.

– Eu estava embaixo da coberta para me proteger da tem... – de ultima hora ela percebeu o que falava e mudou: - Eu estava estudando.

Sorri.

– Medo de chuva, Mione?

– Cala boca, Fred. – ela resmungou rumando para as escadas. – Vamos para o andar de cima pegar alguma toalha para você.

Eu realmente estava pingando então concordei. Seguimos as escadas com o maior cuidado para que eu não caísse. Assim que passamos em frente ao quarto de Hermione ela parou abruptamente fazendo-me parar também.

– Vá para o meu banheiro. Se não vai encharcar a casa toda.

Assenti e entrei em seu quarto indo direto para o banheiro. Ao entrar no cômodo fui para o Box e comecei a contorcer minha blusa e vendo que não teria outro jeito a tirei jogando ao canto.

– Aqui esta a toalha. – Hermione falou quando entrou no banheiro e parou de andar ao me ver.

Seus olhos percorreram por meu corpo com desejo e eu tive que sorrir brincalhão. Nunca imaginei que a melhor amiga do meu irmão mais novo me olharia desse jeito. E apesar de tudo era bonitinho como ela me secava e quando via que eu percebi corava e desviava o olhar constrangida.

– Já disse Hermione que se quiser tocar é só pedir. – falei sorrindo de uma forma sexy.

Ela pareceu sair de um transe e estendeu a toalha.

– Se seque. – a morena disse virando-se para fora. – Vou pegar alguma roupa do meu pai para que não tenha que ficar com essas molhadas.

– Não ligo de ficar pelado, Mione. – falei.

– HáHá. – ela disse saindo do banheiro. – Muito engraçado, Fred.

Continuei me secando enquanto ela ia e depois de sentir um pouco mais seco peguei minha blusa e estendi no Box.

Espirrei.

–Saúde. – Hermione falou entrando no banheiro.

Ela pareceu com uma blusa branca e uma calça de moletom azul em seus braços.

– Foram a menores que eu achei. – ela disse entregando-me. – Você é uma vareta Fred, não faria mal ganhar um pouco de massa muscular.

– Sou sexy desse jeito. – respondi.

Ela sorriu.

– Se troque. – Hermione pediu. – Te espero na sala.

...

Pov. Hermione Granger.

...

Eu estava jogada no sofá.

Fred aparecera de surpresa em casa todo molhado e ainda tirara a blusa. E também a idiota aqui não parava de olhá-lo! Hermione você nunca foi de reparar muito no físico dos garotos. Por que começar justo agora com o irmão de Ron?

Suspirei cansada.

A chuva havia diminuído um pouco o que me acalmara e agora com todo o negocio de Fred eu não conseguia parar de pensar por que depois de uma semana sem nos vermos ele resolve dar sinal de vida. Não que eu estivesse esperando... Mas poderia pelo menos avisar que havia chegado bem em casa!

– Hermione? – Fred tirou dos meus pensamentos.

Olhei para ele e senti vontade de rir. O ruivo estava com a blusa de meu pai e a calça de moletom dele o que dava aquela impressão de mais velho, mas Fred sempre teria um rosto jovial.

– O que tanto pensava?

– O que você esta fazendo aqui? – perguntei direta.

Ele se remexeu na cama.

– Estava imaginando se estava com saudades de mim. – sua voz afinou um pouco – quase imperceptível – mostrando que ele estava mentindo.

– Pare de enrolar e me conte a verdade.

Fred sorriu e deu de ombros.

– Eu ouvi por ai que comensais estão atrás daqueles que estavam na casa dos Gaunt. – senti meu estomago se remexer. – Achei melhor ver se estava bem, e você resolve me deixar debaixo da chuva.

– Eu não esperava visita.

– Eu vejo mesmo. – Fred brincou. – Pijama e cupcake Hermione? Nem um pouco sexy, não é assim que deveria me receber.

Isso me irritou.

– Eu não sou sexy. – falei. – Então pode ir embora, a porta é a serventia da casa.

Fred sorriu mais ainda com meu tom acido.

– Aiai, não posso te chamar de gatinha, ta mais pra tigresa. – ele disse. – Tão raivosa.

Eu iria retrucar novamente mas ele continuou:

– Vi que no seu quarto tinha um filme passando. – Fred disse. – Vamos quero assistir com você.

Levantei a sobrancelha.

Ele estava mesmo se convidando.

– Vamos Hermione, não seja tão seria.

– Vou pegar o filme. – falei me rendendo e levantando.

Fred sorriu.

***

Já estávamos no meio do filme e Fred havia dormido. Me arrependo de pensar que ele iria mesmo assistir Titanic comigo sem dormir no meio do filme. Quando começou o relato de Rose no final do filme pausei e olhei para o ruivo ao meu lado.

Ele parecia mais vermelho do que a cor de seus cabelos e isso me preocupou. Fred transpirava um pouco então resolvi colocar a mão em sua testa.

Fred estava muito quente.

Com certeza era febre.