Juntos por uma Horcrux - Fred & Hermione escrita por Isabelle Munhoz


Capítulo 37
Capítulo 37 - Fred needs to live


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhaaaas.
Voooltei.
E desculpa, eu tinha esse capítulo quase todo pronto desde que eu postei o anterior mas nunca tinha ou tempo ou paciência para terminá-lo. Aconteceram tantas coisas na minha vida que acabou que escrever virou um fardo e não aquele hobbie que eu gostava tanto.
Mas isso não quer dizer que vou parar! Nunca! Vocês são como uma família para mim e a gente não decepciona a família, então aqui estamos com mais um capítulo.
Boa leitura



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            Meu corpo se paralisa.

            Não. Não. Não.

            Eu não podia ter matado Fred.

            - Hermione. – ouço uma voz me chamar e por um instante imagino ser o ruivo e tudo não passou de um sonho ruim. Mas levanto o olhar e vejo Harry me encarando totalmente perplexo. – Você matou Fred.

            Não.

            - Não, Fred não pode morrer. – Rony fala e assim desperto do transe.

            Corro e me jogo ao lado do corpo caído e vejo como ele estava pálido. Meu sangue gela. Tento achar seu pulso e por um minuto quase tenho um ataque cardíaco até finalmente achar. Tudo bem, esta muito fraco, em menos de dois minutos ele para, com certeza.

            Eu tenho que fazer algo.

            Vasculho minha mente a procura de algo. Nada e mais nada. Aquela maldita escola de bruxaria nos ensina tudo menos o que precisamos nas horas de necessidades. Eu precisava fazer alguma coisa mas não sabia o que.

            - Hermione. – Rony me sacudiu e percebo que ele estava já tentando falar comigo há algum tempo. – Faça algo, não pode deixar Fred morrer!

            Assenti.

            - Ele esta sem pulso. – Harry diz e vejo seus dedos no pescoço do meu namorado.

            - Não... Não... – Rony se afasta e passa a mão na cabeça em negação.

            Olho ao redor e vejo o pouco que consigo da casa de minha avó destruída. Procuro Kevin ou sua avó mas eles não estão a vista, não tinha ninguém mais a recorrer. Olho eu mesma a pulsação e vejo que Harry estava certo. Fred estava morto. Tento fazer massagem cardíaca mas não consigo. E no fundo, sabia que não conseguiria. Fora um feitiço que o matou, só um feitiço o traria de volta.

            Pensando nisso lembro de algo que quando ocorreu pareceu bem insignificante mas talvez, naquele minuto, fizesse toda a diferença e eu conseguiria salvar Fred. Numa noite de sábado no castelo, enquanto todos estavam num jogo da Grifinória contra Corvinal, eu fui para a biblioteca, a ala reservada com a capa de Harry. Na minha mente sei lá o que estava passando, só sei que aprender o máximo que eu conseguisse parecia um bom plano. Enquanto eu estava lá, encolhida e tentando não ser notada algo bem estranho aconteceu.

            As luzes piscaram como acontece em filmes de terror.

            Talvez eu devesse ter ficado mais esperta na hora mas nem liguei. Estávamos em Hogwarts, o que de mal poderia acontecer? Nisso, enquanto andava até o final do corredor, um livro caiu direto na minha frente vindo de alguma prateleira que eu não consegui reconhecer. Caiu logo aberto na página 215. Era de capa dura e preta, algo dentro de mim se incomodou e eu logo soube que era magia negra.

            Mas por que teria um livro de magia negra em Hogwarts?

            Peguei ele do chão e vi a pagina que estava aberta. Tinha um feitiço complexo, parecia bem errado de se fazer mas se fosse concluído corretamente traria alguém a beira da morte, ou que acabara de morrer de volta a vida. Meus olhos se prenderam nas paginas de uma maneira assustadora enquanto eu assimilava todo o ritual. Na hora pensei que como seria cruel trazer uma pessoa de volta a vida para o sofrimento.

            Mas agora... Me parecia uma boa solução.

            - Se acalmem. – pedi para meus melhores amigos. – Eu sei o que fazer.

            Dois olhos me encararam.

            - O-oque? – Ron gagueja nervoso.

            - Vou trazê-lo de volta. – falei. – Prometo.

            E me empenhei com todas as minhas forças em acreditar em mim mesma. Falhar não era uma opção, viver sem Fred não era uma opção. Eu o amava demais para deixá-lo ir assim. E muito menos deixá-lo ir por minha causa.

            - Não tem como ressuscitar ninguém, Hermione. – Harry fala tentando soar calmo. – Não com magia pura.

            Olho em seus olhos e na hora soube que ele percebeu o que estava em minha mente.

            - Não! – gritou. – Você não vai usar magia negra pra trazer Fred de volta.

            Ron parecia perdido.

            - O que ela quer fazer?

            Eu sabia como Harry era correto. Nunca que deixaria eu fazer a maluquisse que queria. Merlin, eu nunca deixaria alguém fazer o que estava prestes a fazer.

            Então, com rapidez, peguei minha varinha e apontei para meus dois melhores amigos.

            - Petrificus Totallus. – e logo os dois ficaram paralisados. – Desculpe.

            Puxei o corpo de Fred pra mais longe dos meus amigos, precisaria de espaço. E com a minha varinha fiz um risco no chão em volta da gente com o formato de um circulo. Mordi o lábio tentando não exclamar de dor quando ainda com a varinha fiz uma estrela na minha mão esquerda, mas dessa vez começou a queimar.

            Fechei os olhos sabendo que a varinha não me ajudaria muito mais a partir daqui. Eu precisava de poder. Poder de verdade. Precisava do meu núcleo mágico. Deixei o pequeno graveto de lado e logo senti o poder emanar de mim e por um segundo cambaleei para frente não aguentando toda aquela força.

            - Tudo vai ficar bem. – prometi para Fred e coloquei minha mão com o desenho em sua testa. - Huic somes vazio,divido nostrum animus, pro infinitio. — sussurrei o inicio do feitiço com as lagrimas escorrendo por meu rosto, eu não podia errar. Não tinha essa opção. - Vestri cruor est abbas cruor.

            Com essa ultima frase peguei novamente minha varinha e com um rápido feitiço fiz um pequeno corte em minha mão esquerda e na de Fred. Quando o sangue começou a jorrar para fora, juntei-as até que virassem uma.

            - Animus maculate est.— prossegui enquanto apertava ainda mais nossas mãos. Quando fiz isso as luzes da casa começaram a piscar e vi que onde estávamos era o lugar mais claro da casa. Uma luz acompanhava nossas mãos e com isso soube que estava fazendo o certo.- Ut illae balanus tamen of duos nos veer a.         

            Senti algo dentro de mim. Uma pontada forte enquanto uma luz estranhamente clara parecia sair do meu corpo irradiando até o dele. Quando a luz que também saia dele se juntou a minha perdi meu ar. Todas minhas forças estavam indo embora então precisei me apoiar no corpo de Fred para não desmaiar ali. Eu tinha terminar aquele maldito feitiço, eu precisava.

            - Lux lucis si is volvit em obscurum. – e falei a frase final.

            Quando pequena meus pais acharam interessante eu aprender, ou pelo menos tentar, a falar latim. Era uma criança, queria sair e brincar, não falar uma língua que ninguém mais falava. Mas agora vejo como foi ótimo eles terem me forçado a isso, se não, nunca teria conseguido recitar tudo que falava.

            Ao terminar senti o poder crescer ainda mais e como se estivesse usando minha força vital para aumentar eu me senti cada vez mais desgastada. Olhei para o corpo de Fred e me desesperei. Ele não se mexia, eu havia terminado e nada dele me chamar ou sorrir para mim.

            Vi a luz branca que irradiava de nós subir até o teto e ficar negra. No segundo depois ouvi alguém procurar por ar e logo abaixei a cabeça pronta para ver Fred se inclinando para frente a procura de ar. Graças a Merlin não me decepcionei. Ele parecia não respirar faz eras, e para o corpo fazia mesmo. Ele passou quase cinco minutos morto.

            - Fred. – só tive energia para chamar seu nome e ver seus lindos olhos quando uma dor forte me dominou e tudo ficou escuro.

***

            Minha consciência volta antes de eu abrir os olhos.

            Lembro-me tudo que aconteceu naquele dia e o que mais desejo é voltar a dormir. Meu estomago se remexe como se pedisse comida e logo percebo que deve fazer muito tempo desde que jantamos.

            - Hermione. – ouço a voz de Harry me chamar. – Sei que esta acordada.

            Suspiro e abro os olhos.

            Pisco algumas vezes tentando me adequar a claridade. Olho ao redor com expectativa mas apenas Harry esta comigo no quarto da vovó. Muitas perguntas vem ate minha mente. Cadê minha avó? Ela deveria estar com a  neta quando a cuja desmaia não? E não avisou meus pais? Nossa eu teria uma grande encrenca! E Fred... A ultima coisa que vi antes de apagar foi ele acordando, então o feitiço tinha dado certo.

            O alivio se instalou em meu peito.

            - Cadê todo mundo? – é a primeira coisa que pergunto.

            Harry olha para baixo e sinto seu nervosismo.

            - Ron foi para o beco diagonal pegar algo para comer. – contou. – Fred esta dormindo no quarto ao lado, ele anda meio perdido ainda.

            Assinto, é claro que o meu ruivo estaria meio confuso.

            - Kevin e nossas vós? – perguntei já pensando em como vou brigar com a minha por ter me abandonado enquanto estava desmaiada.

            - Kevin e a avó dele foram até Hogwarts atrás de Dumbledore. – Harry olhou dentro de meus olhos. – Saíram faz pouco tempo, queriam ter certeza que você estava bem. – assenti novamente. – E vão fazer um relatório contando tudo que aconteceu.

            Arregalo os olhos.

            - Eles vão contar que eu...

            Pirei?

            Quase matei meu namorado? Não sei exatamente o termo.

            - Não. – Harry responde a minha pergunta. – Na verdade...

            Fomos interrompidos com a porta do quarto se abrindo. Viro com expectativa de ver Fred mas era apenas Rony chegando com uma sacola cheia de comida e doces. Assim que notou que nós dois o olhava o ruivo sorriu e veio rapidamente até a minha cama e me puxou para um abraço.

            - Hermione! Que bom que esta bem. – fala em voz alta e a ultima parte apenas sussurra no meu ouvido. – Obrigado por trazer Fred de volta.

            Sorrio para ele enquanto se afasta.

            - Como eu estava dizendo. – o moreno tenta retomar a conversa. – Kevin e sua avó não sabem o que aconteceu ontem a noite.

            Olho para o relógio, já é quatro da tarde.

            Eu havia dormido tanto assim?

            - Como não sabem? Eles dormiram durante o ataque comensal? – ironizo.

            Sinto um aperto no peito mas não entendo o porque.

            - Não sobre você matar Fred e trazê-lo de volta. – Ron concluiu o que Harry dizia.

            Aperto meus lábios sem saber o que dizer.

            - E achamos melhor ninguém saber também. – Harry me informa. – Você usou magia negra, Hermione, muito poderosa, se alguém souber pode tentar desfazer, mas não mudaria nada, apenas poderia matar Fred novamente.

            - Como assim desfazer? – pergunto me sentindo uma boba. Sempre era eu que explicava as coisas para aqueles dois manés. – Depois que um feitiço é feito não tem como reverter.

            Harry suspirou e vi em seus olhos o julgamento.

            - Não sabemos, Hermione, apenas, se souberem o que você fez... Podem até te mandar para Askaban! – Rony fala pelo melhor amigo.

            Isso era verdade.

            - Você tem noção do que fez, Hermione? – Harry me perguntou e sua voz parecia um pouco alterada. – Você usou magia negra, usou em Fred.

            - Eu não podia deixá-lo morrer.

            - Você deu a vida para Fred, mas já pensou em que tipo de vida deu para ele? – Harry aumentou a voz e Ron segurou seu braço mas o moreno se afastou dele. – Ron, ela tem que perceber o que acabou de fazer com o namorado! – e volta sua atenção para mim. – Magia negra quando se impregna em você não tem volta, Fred pode estar bem agora mas não sabemos mesmo se aquilo que esta no outro quarto continua sendo o Weasley que conhecemos.

            Abaixo o rosto.

            Eu sabia que tinha um risco. Obviamente que eu sabia. Mas era uma chance de 50% de ter Fred de volta. Não tive escolha. Fiz tudo sem pensar e agora arcaria com as conseqüências.

            - Daremos um jeito. – falei.

            - Você não percebe mesmo o que fez. – Harry me acusa. – Hermione!

            - É claro que eu sei o que fiz. – gritei de volta. – Sei que não deveria ter usado magia negra para trazer Fred de volta. Sei como mesmo que agora ele não tenha mudado talvez isso ocorra, que a escuridão pode se apoderar de seu corpo. Mas daremos um jeito se isso acontecer, o que você queria que eu tivesse feito? Se você tivesse matado Gina? Deixaria ela morrer?

            - Eu entendo o desespero, Mione. – Harry se senta na beirada da cama que eu estava. – Mas o problema não é apenas Fred, você também pode ter sido afetada.

            - Por que, Harry? – Rony pergunta confuso.

            - Foi ela que chamou as trevas. Foi ela que dividiu sua alma com elas. – Harry abaixou a cabeça. – Não sou nenhum expert em magia negra... Mas sei disso. Temos que ficar de olho tanto em Fred quanto Hermione.

            Nisso a porta se abre novamente e dessa vez Fred entra. Viro o rosto para o outro lado. Eu estava louca para falar com ele e saber como estava mas não agora. Meu rosto deve ter ficado vermelho de nervosismo enquanto Harry e eu estávamos aos gritos.

            - O que você esta fazendo em pé? – Ron pergunta preocupado. – Tem que descansar, Fred!

            Olho e vejo o sorriso no rosto do meu ruivo.

            - Com esses dois gritando fica um pouco difícil. – falou apontando para Harry e eu.

            - Desculpe. – ouvi minha voz junta com a do moreno.

            Fred anda rapidamente e para ao meu lado.

            - Minha Cara Hermione, se queria me matar acho que me trazer de volta foi uma péssima decisão. – ele brinca e passa a mão no topo de minha cabeça.

            Como ele podia estar brincando de algo assim? Alias, como ele poderia estar tão de boa comigo? Eu quase o matei! Na verdade eu matei.

            - Desculpe.

            - Tudo bem... Só não faça isso de novo.

            - Vou tentar. – forcei um sorriso.

            - Já que estamos falando disso, Hermione por que diabos você matou o Fred? – Rony perguntou depois de um minuto de silencio.

            Tossi desconfortável com os olhares dos três.

            - Eu não sei o que aconteceu noite passada. – fui sincera. – Uma hora vocês acabaram de chegar, depois eu estou novamente na casa do lago! E a luz acaba, e Voldemort aparece. Quando eu o ataco quem cai é Fred. Eu ainda estou muito confusa.

            - Algum feitiço de ilusão. – Harry constata o que eu já pensava.

            - Mas por que? – Rony pergunta. – Comensais já estavam atacando!

            - Eles esperavam que ela me matasse. – Fred chega a conclusão ao mesmo tempo que eu.

            - Assim que ela te atacou todos os comensais que estavam na casa aparataram. – meu melhor amigo disse.

            Sento na cama inquieta.

            - Eles queriam que eu matasse Fred. – concordei. – Mas pra que?

            - Será que Voldemort sabia que ela traria Fred de volta? – Rony pergunta.

            Todos se entreolham.

            - Não pode ser... – Fred começa.

            - Como ele saberia que eu conhecia aquele feitiço? – concluo o pensamento.

            - Isso esta bem estranho. – Harry diz e sinto que a conversa esta encerrada. Pelo menos por hora.

            Levanto quando ouço novamente minha barriga roncar.

            - Esta indo aonde? – pergunta Fred.

            - Procurar a minha avó. Aquela mulher deixa a neta desmaiada e com fome. – reclamei. – Irá ouvir muito.

            Vejo os três se entreolharem.

            - Hermione. – Rony me chama e me viro.

            - Precisamos conversar. – Fred diz.

***

            Olho-me no espelho para ver se estou em ordem.

            Já fazia quase uma semana desde aquela terrível noite e eu estava me arrumando para ir ao enterro de vovó. De inicio nenhum dos três sabiam exatamente como me contar o que eu já deveria ter notado. Minha avó não me deixaria sozinha depois de desmaiar, ela teria chamado meus pais e eu teria ouvido muito. Naquela tarde eu apenas chorei por muito tempo antes deles resolverem que era hora de voltarmos para A’Toca.

            Só que eu não voltei. Tive que ir para casa e contar para papai e mamãe o que havia acontecido. Fred disse que ficaria comigo mas pedi para que não o fizesse. Ele tinha que ir para a sua casa e contar para seus pais o que havia acontecido – tirando a parte da morte e ressuscitação, havíamos concordado que ninguém alem de nós deveria saber. Não sei exatamente o que aconteceu quando a senhora Weasley soube, mas pelas cartas que Fred, Harry e Gina me mandam lá parece até um quartel general de tanto cuidado que esta tomando, com medo de comensais atacarem lá também.

            - Esta na hora, Hermione. – mamãe vem me chamar.

            Virei-me e sai do quarto seguindo Jane.

            Eu não sabia o que deveria fazer exatamente. Consegui salvar Fred mas mesmo assim perdi alguém que eu amo. Pedi, implorei para os meninos me contarem o que exatamente aconteceu naquela noite, já que para mim foi apenas uma ilusão, mas sei lá o por que todos eles acharam que era melhor eu não saber. Só que eu queria saber que comensal acabou com a vida de alguém tão feliz como Fernanda.

            Senti uma lagrima escorrer rapidamente por meu rosto.

            A viagem de carro de casa até o cemitério fora silenciosa. Ninguém sabia exatamente como se comportar, mamãe estava arrasada, depois que perdeu seu pai tinha se apegado ainda mais na mãe, e agora também não a tinha. Olhei pela janela para não esbarrar sem querer com o olhar de Jane. Eu me sentia culpada, foi eu que trouxe todo esse mundo para a vida deles, talvez se eu não fosse bruxa, vovó estivesse bem.

            - Fred vem? – papai perguntando enquanto estacionava em frente ao cemitério.

            - Não. – Avisei. – Achei melhor não avisar onde seria, ele tinha coisa demais para se preocupar.

            Como em não morrer de novo, ou deixar a escuridão invadir a sua alma. Bem, essa ultima, pelo jeito, eu também teria que me preocupar.

            Saímos do carro e rumamos em direção a entrada. Vejo mais longe pessoas indo para outros funerais de entes queridos e choros desesperados. Por um momento sinto inveja, queria poder chorar até sentir minha alma se aliviar, mas por algum motivo, ela nunca fica mais leve. Papai pega minha mão e de Jane.

            Chegamos onde estava a cripta da família e de inicio vejo aquela multidão de gente tudo de preto. Abaixo o rosto não querendo encarar ninguém até que ouço alguém sussurrar:

            - Por que temos todos que vir de preto? – era a voz de Rony.

            Levanto o olhar.     

            Não avisei ninguém onde era.

            - Se Harry disse que precisa ser preto, então será preto. – era a voz de sua mãe o repreendendo.

            Procuro no meio da multidão aquela família tão perfeita. Vejo todos os Weasley parados do outro lado do terreno junto com Harry e para minha surpresa Lilá. Assim que percebeu meu olhar Fred sorri e caminha até chegar perto o suficiente para meu pai se assustar com sua presença.

            - Pensei que não vinha, Fred. – papai diz enquanto cumprimenta meu namorado.

            - Foi um pouco difícil descobrir onde era. – e ele me manda um olhar significativo, depois reclamaria claro de eu não ter respondido as cartas. – Mas falamos com Kevin que falou com sua avó Mikoto.

            Assenti e lembrei-me deles.

            Procurei rapidamente e logo os encontrei mais perto do tumulo. A velha senhora chorava sozinha no canto tentando se controlar.

            - Meus pêsames. – meu namorado fala para mamãe e logo toda a sua família aparece desejando.

            Sorrio e me chamo de tonta internamente. Vê-los todos ali me fez sentir mais acolhida e confortada e fui uma idiota por ter me negado isso antes. Graças a Merlin foram desobedientes e vieram mesmo eu não tendo avisado.

            - São iguais! – mamãe deu o primeiro sorriso desde que tudo aconteceu olhando para Fred e George.

            George se aproxima da minha mãe que me olhando meio que perguntando se aquele era o meu namorado. Nego com a cabeça.

            - Senhora Granger, sei que é um dia ruim, mas não xingue pessoas que acabou de conhecer. – ele fala e sorri ao ver a confusão nela. – Eu sou muito mais bonito.

            Reviro os olhos mas sorrio.

            - Mais bonito nada, eu consegui a Granger, mano. – Fred me puxa e beija minha bochecha.

            - Não é como se eu fosse tão disputada assim. – retruco.

            - Você não sabe o quanto, Mione. – George responde e sorri.

            Com isso o senhor Weasley e sua mulher começam uma conversa com meus pais dizendo que lamentam ter que se conhecer em uma situação tão lastimável. Ouço quando minha mãe agradece pela presença a senhora Weasley falar que se sentiu no dever de vir já que eram quase a mesma família.

            - Mamãe e papai insistiram em vir. – Gina diz quando me abraça. Olho para Lilá e a ruiva logo completa. – Quis vir, disse que você já a ajudou demais, precisava mostrar como estava grata.

            Assenti lembrando todo o assunto da gravidez.

            O enterro se passou da forma mais deprimente possível. O nosso senhor religioso falava bonitas palavras e de como deveríamos estar felizes invés de tristes, já que vovó estava em um lugar melhor. Mamãe desmoronou antes de começarmos a jogar flores no caixão. Tentei não olhar muito para meus pais sentindo meu peito se entristecer cada vez mais.

            Eu sabia o que teria que fazer. Na verdade desde que tive um tempo sozinho comecei a me recriminar como fui tonta em não pensar que a minha família seria um alvo quando eu também sou. Ser melhor amiga de Harry Potter pelo jeito era um grande cargo.

            Já era final da tarde quando as pessoas começaram a vir até nós se despedir. Primeiro uns amigos de Fernanda começaram a nos desejar melhoras. Depois a família Weasley foi embora com meus amigos, apenas Fred que disse que ficaria comigo até o fim e me senti muito grata. Mikoto foi a ultima a ir embora um pouco antes de nós e me senti triste por ela, vovó e ela foram amigas por muito tempo, não sei se Mikoto sabia o que fazer agora sem Fernanda.

            Logo estávamos sozinhos apenas olhando para a pequena fotografia dela.

            - Esta na hora de irmos. – papai se pronunciou.

            Assenti prestes a virar para falar com eles vi algo correr de um lado do gramado para o outro. Era um vulto negro como aqueles demônios em filme de  terror. Assusto-me e puxo Fred apontando para que ele visse também.

            - O que tem?

            - Você viu aquilo? – pergunto. – Aquele vulto?

            Ele parece estar procurando.

            - Não vejo nada, Hermione.

            Volto novamente para onde eu tinha visto e é verdade. Não havia nada.

            - Devo estar precisando de um óculos.

            Ele ignora esse evento e logo vamos para o carro voltar para casa.

***

             Fred e eu vamos para meu quarto e nos trancamos lá até o meio da noite. Se fosse uma ocasião diferente aposto que meus pais nos obrigariam a deixar a porta aberta mas no mar de tristeza que acabei nos afundando fez com que eles estivessem focados demais em suas próprias dores para se preocupar com a vida sexual da filha.

            Arrumei um colchão e o coloquei ao lado da minha cama por que não conseguia imaginar ficar um minuto sequer longe de Fred. Além daquela loucura tudo que foi o ataque comensal e ter que aceitar a morte de vovó eu também estava tentando ser racional e pensar no que o meu feitiço havia ocasionado no meu namorado.

            - Esta acordado? – pergunto no escuro enquanto teoricamente olho para o teto.

            - Sim. – ele responde ao meu lado logo no chão e para conseguir ouvi-lo melhor deito de lado.

            - Como esta se sentindo?

            - Estou bem, Mi, não é comigo que deveria estar preocupada agora. – Fred sussurra.

            Eu tenho muitas coisas para ficar preocupada ultimamente.

            - Sinto muito. – fui o mais sincera possível. – Eu não queria ter te matado.

            Ouço sua risada fracamente.

            - Olha que casal incrível somos, ninguém mais pode dizer que ouviu sua namorada falar isso. – brincou.

            Sorrio.

            - Estou falando serio, Fred.

— Eu também. – ouço sua respiração pesar e mesmo no escuro consigo notar suas curvas indicando que ele estava se sentando no colchão. – Eu andei pensando muito sobre isso Hermione, sobre morrer e ter sido trago de volta por magia negra.

Fiquei com medo dele me amaldiçoar e se o fizesse eu entenderia. Eu fiz com ele a pior coisa que uma namorada poderia fazer com aquele que ama: vender a alma dele. Acho que provavelmente é a pior coisa que alguém pode fazer com outra pessoa. Brinquei de Deus e sei que vai ter conseqüências mas aceito por que a outra opção, que era ter matado Fred, não era cogitável.

— E que conclusão chegou? – perguntei hesitante.

— Nenhuma. – com a pausa longa que ele deu procurei seu corpo no escuro e assim que achei Fred entrelaçou nossas mãos. – Não é algo que eu acho que foi certo a fazer naquela situação, talvez eu acho que preferiria morrer.

Puxo a minha mão da dele e rapidamente me sento.

— Você preferiria que eu tivesse deixado você morrer? – meu coração parece que ia quebrar.

— Não sabemos o que isso vai acarretar pra mim Hermione, e pior, nem para você. – ele fala e sinto vontade de chorar.

Chorar por Draco.

Chorar pela minha avó.

Chorar por Fred.

Chorar por tudo e mais um pouco.

— Então por que não me odeia?

Ouço-o suspirar.

— Por que sei que se estivéssemos em uma situação contraria onde eu tivesse sem querer te matado e pudesse te trazer de volta com magia negra, eu o faria, não importando os riscos. – sinto sua mão gelada na minha novamente. – Viver sem você não é uma opção.

Deito novamente e vejo que ele também o faz.

Ficamos um tempo em silencio até que Fred finalmente termina seu raciocínio.

— Então não vou ser hipócrita ficando bravo com você já que se eu precisasse, faria o mesmo.

***

Depois dessa conversa Fred provavelmente dormiu já que não disse mais nada porem minha mente estava tão barulhenta que o sono não parecia querer vir até mim.

Eu imaginava meus pais morrendo por algum comensal e ficava desesperada sabendo que eles viriam tentar pegá-los. Então foi naquela noite escura que eu fiz a decisão mais difícil da minha vida. Deixar meus pais livres para que pudessem viver uma vida segura sem mim.

Na manhã seguinte mandei Fred tomar café e nesse tempo arrumei as minhas coisas para que eu pudesse voltar para Toca. Fiz uma lista de tudo que precisaria e coloquei na mala deixando na sala perto da porta e fui tomar café da manhã.

— Dormiram bem? – meu pai pergunta um pouco mais animado que na noite anterior.

— Sim. – Fred respondeu por nós dois.

O café passou rapidamente e tentei aproveitar o máximo aqueles últimos momentos que eu teria com eles e senti meu coração apertar. Combinei com Fred que iríamos para a Toca depois do almoço e esse tempo eu estava tentando guardar todas as memórias com papai e mamãe.

Quando a hora finalmente chegou senti que meu mundo iria desabar, se Fred não estivesse comigo talvez eu não fosse ter forças então tinha medo dele me questionar quando visse qual era o meu plano.

Foi tudo rápido e sem alarmes.

Pedi para Fred pegar suas coisas e quando ele já estava na sala me esperando peguei minha varinha e joguei um “obliviate” neles apagando totalmente a minha existência e colocando no lugar uma vontade enorme de sair de Londres.

O ruivo ficou alarmado mas depois que expliquei tudo ele entendeu. Não aceitou e não concordou mas entendeu. Prometeu que quando chegasse uma era sem Voldemort iríamos atrás deles e faríamos sua memória voltar.

Chegamos na toca e aquela tarde a única coisa que fiz foi chorar.

***

            Não consigo dormir.

Minha mente não consegue parar de pensar em tudo que aconteceu nos últimos dias e cada vez mais sinto a tristeza sem fim se aprofundar em meu peito. Gina dorme tranquilamente ao meu lado então saio de seu quarto tentando não acordá-la já que foi uma grande amiga desde que voltei do velório da vovó. Conversou comigo e me ouviu chorar sem me condenar pelo que eu fiz como sei que Harry e Rony estão fazendo nesse momento.

            Desço as escadas escuras e vou para sala sentando-me no sofá. Esta frio e solitário. Como gostaria de poder conversar com Harry e Rony agora mas sei que não é o momento certo. Eles não conseguem aceitar que usei magia negra para trazer Fred de volta a vida. Dizem que é errado e trará horríveis conseqüências no futuro mas prefiro elas a viver num mundo onde Fred esta morto, e pior, eu o matei.

            Passou a mão em meus cachos desembaraçando os fios. Olho para o teto pensando em ir para o quarto que Fred e George ainda tinha na casa para ter certeza que o meu namorado estava bem. Ele não teve coragem em voltar para casa em cima da loja, imagino que com medo de eu surtar enquanto estivesse longe. E infelizmente, eu acho que surtaria.

            Levanto o rosto pensando ter visto algo pelo canto do olho mas não havia ninguém ali. Franzo o cenho mas decido ignorar já tem coisa maluca demais acontecendo na minha vida no momento.

            Sinto as lagrimas descerem novamente mas logo as enxugo. Vovó estava morta por minha culpa. Eu sei disso, todos ali sabiam mesmo que não dissessem nada. Não tenho o direito de sofrer e me fazer de coitada. O que tenho que fazer agora é achar o maldito que a matou e fazê-lo sofrer.

            Enquanto penso nisso vejo novamente um vulto passar correndo na minha frente saindo da porta da cozinha para a porta principal. Sinto meu coração acelerar e tento me acalmar. Já tem coisas estranhas demais acontecendo agora para também existirem almas penadas por aqui fora de Hogwarts. Me lembro do velório e do que  imaginei ter visto. Levanto tentando ganhar novamente equilíbrio quando vejo aquele ser fantasmagoricamente negro começar a correr mas dessa vez em minha direção. Automaticamente corro também e vou para as escadas e as subo o mais rápido que consigo. Tinha que conseguir chegar logo no quarto de Gina.

            Vejo a porta de madeira no final do ultimo lanche de escadas que subo e começo a desacelerar o passo para ninguém me ouvir. Quando levanto a mão para virar a maçaneta me assusto com a silhueta de alguém parado logo a minha frente.

            Era um homem.

            Que eu nunca tinha visto na vida!

            - Quem é você? – sussurro e me arrependo de ter saído sem minha varinha.

            - Minha cara Hermione Granger. – ouço uma voz grossa e por mais estranho que pareça senti uma certa calma e o pior é que eu sei que não deveria estar sentindo isso.

´          - Eu vou gritar e acordar todos na casa. – ameaço.

            - Não precise se assustar. – ele fala levantando os braços em rendição. – Vim aqui para te ajudar.

            Dou uma boa olhada nele. Era um homem parecendo ter uns trinta e três anos com cabelos castanhos e era pálido demais para o bem da saúde de qualquer um.

            - Me ajudar? – ironizei. – Não preciso da ajuda de um estranho.

            Ele sorri e vejo como seus dentes são brancos.

            - Deixe então eu ma apresentar. – falou levantando a mão a espera que eu apertasse. – Sou Tom...

            Quando estava prestes a dizer o sobrenome a porta logo a nossa frente se abre e aparece uma ruiva com muita cara de sono de camisola. Ela estava confusa, era obvio. Olho para nosso estranho a espera de um surto dele mas não ocorre, ele apenas a olha em curiosidade.

            - O que você esta fazendo Hermione? – perguntou. – Falando sozinha na porta do quarto? Vai acordar alguém, além de mim é claro.

            Franzo o cenho.

            - Como assim sozinha? – perguntei totalmente pasma. – Eu estou conversando com ele. – e aponto para Tom sei lá o que.

            - Ele quem? – Gina olha em direção a Tom e depois volta mais confusa ainda.

            Como assim ela não estava vendo?

            Aquele homem até que charmoso logo a seu lado!

            - Ele esta ai, Gina, ao seu lado.  – teimo.

            A ruiva balança a cabeça negativamente e se aproxima de mim passando seu braço por meus ombros um jeito dela de me confortar.

            - Você passou por muita coisa nesses últimos dias. – sussurra para mim e me guia para dentro do quarto.

            Olho para trás a tempo de ver Tom dando um tchau com a mão e a porta se fecha.

            - Eu não estou vendo coisas. – murmurei.

            - Tudo bem se estiver. – diz ela enquanto eu deito na minha cama e Gina me cobre como uma mãe protetora. – Você passou por muita coisa mesmo.

            De um jeito estranho o sono finalmente aparece. Sei que deveria pensar mais a respeito do que acabou de acontecer. Mas como Gina disse, passei por muita coisa. Deve mesmo ter sido apenas uma alucinaçãozinha. Amanhã tudo voltará ao normal.

 

Latim: Por esse corpo vazio,dividir nossas almas, para a eternidade. Seu sangue é o meu sangue. Minha alma maculada está. A partir de agora de dois viramos um. A luz se transforma em trevas.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Gostaram?
Comentem!
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