Pov. Fred Weasley.

  - Sinto muito querido. – A Professora Trelawney falou colocando a mão no meu ombro. – Mas eu soube na hora que você entrou que a profecia era para você.

  Olhei para ela descrente ma tremi com seu toque.

  - Eu não acredito em profecias, Sibila. – respondi.

  Ela deu um sorriso triste.

   - Mas deveria, se começar a pensar, os sinais estão aqui para você ver. – a maluca arrumou seus óculos e balançou a cabeça. – Espero que lembre bem por que eu já não me lembro dessas palavras. – ela tossiu e prosseguiu: - Afinal, o que a Minerva pediu para me entregar?

   Lembrei-me do papel e coloquei a mão dentro da capa a procura do motivo de estar na torre Norte e não na sala de Dumbledore indo para a escola de Beauxbatons. Senti em minha mão e puxei para entregar a professora. Ela o abriu leu e balançou a cabeça.

   - Sim, sim, tenho que resolver isso com ela. – falou mais para si mesmo do que para mim. – Pode ir, deve estar atrasado. Obrigado senhor Fred.

  Assenti e virei com uma súbita vontade de correr o mais rápido para longe dali mas quando já estava quase saindo pela  porta ouvi a voz ranhosa da professora chamando meu nome e me virei para ouvir:

   - E como vai seu irmão, Ronald? E a Brown? Já contaram aos pais sobre a gravidez?

     Encarei-a.

    - Como você....?

   - Eu tenho um dom meu filho, tem muita coisa nessa colégio que eu previ. – seu olhar vagou por um instante mas logo ganhou foco. – E por isso digo para prestar muita atenção em minhas palavras, por que elas vão acontecer.

  Falando isso ela fez sinal para que eu saísse e assim eu o fiz. Mas enquanto eu descia pelas escadas pela primeira vez pensei se essa maluca poderia mesmo fazer profecias reais e suas palavras em transe não saíram de minha mente: “Quando a neve não tocar mais o chão um pobre Weasley será deixado sem seu coração...”

Pov. Hermione Granger

  - Você esta paranóica, Mi. – Fred disse quando eu estava em seu quarto e ele terminava de colocar roupas na pequena mala de couro em cima de sua cama. – Acho melhor relaxar por que daqui a pouco estamos saindo.

 Revirei os olhos irritada e despedi-me dizendo que iria pegar minhas coisas.

 - Estou paranóica, coisa nenhuma. – comentei assim que cheguei aos corredores desertos.

  Quem iria para a escola de Magia de Beaubaxtons estava no castelo terminando de se preparar para pegar o portal enquanto todos do terceiro ano pra cima estavam numa visita divertida em Hogsmeade. Arrumei minha capa para que não ficasse se arrastando no chão e fui em direção ao dormitório da Grifinória sem conseguir tirar a minha “paranóia” da cabeça.

    Bufei de raiva sabendo que antes que essa pequena viagem terminasse eu não conseguiria falar com Harry e esclarecer tudo isso. E quando comentei com Fred que achava que meu melhor amigo estava escondendo algo de mim, meu namorado simplesmente diz: “Você esta paranóica, Mi”. Paranóica é... não! Não vou me rebaixar e começar a falar palavrões assim. Calma, já vou começar a explicar qual é a neurose que estou passando.

    Lembram que Harry estava com problemas de se comunicar com o professor Slughorn? Depois que falei sobre a Fêlix tudo deu certo pelo que o moreno me contou depois de uma sessão depressiva enquanto contava o que o mestre das poções contou sobre Lilian Potter. Naquele dia Harry foi até a sala de Dumbledore pronto para dar a memória e descobrirem qual é o grande segredo de Voldemort... Mas nada! Depois disso Harry não me contou mais nada. Voltou tarde naquele dia e no dia seguinte enquanto eu esperava uma atualização meu amigo simplesmente disse que não aconteceu nada de importante e que deveríamos por enquanto nos focar em apenas ajudar o Ron. Tudo bem, concordo que Ronald é um assunto urgente por enquanto, mas um serial Killer sem nariz também é!

   E como de manhã Harry estava na aula, a tarde com Fred treinando e de noite com Dumbledore tentar interrogar o moreno esta me saindo uma tarefa bem complicada. Quando consigo interceptá-lo no meio do caminho ele sempre diz que não é nada importante mas meu sexto sentido diz o contrario.

   Parei em frente ao quadro da mulher gorda e sussurrei a senha, entrei e corri para as escadas logo chegando no meu quarto. Como sempre não havia deixado a mala para arrumar de ultima hora então estava tudo pronto. Dei uma ultima olhada para ver se estava esquecendo alguma coisa importante e não dei falta de nada. Dessa vez por Gina falar tanto no meu ouvido que eu tinha exagerado na minha ultima viagem resolvi seguir seu conselho e diminuir nas coisas que iria levar.

    - Mione. – ouvi alguém me chamar e olho para a porta.

    Lilá estava parada olhando para mim atentamente enquanto eu estava parada apenas encarando minha mala.

     - Sim?

     - Gina esta pedindo pra ir ao quarto dela. – Lilá falou. – E de lá vocês já vão para a sala de Dumbledore.

     Assenti e fechei minha mala.

    - Por que não foi para o passeio hoje? – perguntei enquanto ia até a porta e chegava ate a garota.

     Ela suspirou.

    - Não estava com vontade. – Lilá começou a andar comigo até o andar debaixo que era o do quarto de Ginny. – Rony indo, você também, até Gina... Vou ficar sozinha de novo.

        Dei um sorriso triste.

         Eu sabia o que ela estava sentindo, era o mesmo que eu iria sentir se Fred não tivesse me inscrito para ser ajudante.

          - Nós voltamos logo. – tentei consolá-la.

          Ela deu um sorriso triste.

          - Sim, eu sei, só... – mas ela não terminou sua frase já que enfim chegamos na porta do quarto de Gina que assim que nos viu gritou meu nome. – Melhor entrar, vejo você quando voltar.

          Fiquei parada enquanto via a namorada do meu amigo sumir no corredor.

        - Hermione. – Gina grita de dentro do quarto. – Entra logo.

        E assim o fiz. Arrependi-me em seguida.  Ginevra Weasley tinha o lema da vida dela sendo: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Sua mala estava enorme, e não foi ela mesmo que disse para que eu não exagerasse dessa vez? Ela estava tentando fechar a mala mas por causa das roupas em excesso o zíper nem se aproximava quem dirá fechar. A ruiva fez um gesto com a mão pedindo para que eu me aproximasse.

        - Senta nisso aqui. – pediu apontando para a mala.

        Revirei os olhos mas fiz o que ela me pediu.

        - Esta quase. – repetiu pela terceira vez até finalmente puxar até o final e conseguir fechar a mala que antes eu achei ser uma tarefa impossível. – Estamos prontas para sair.

        Suspirei dramaticamente.

         - Quem é que disse que eu estava levando coisas demais e que iríamos passar poucos dias fora... – não consegui concluir pois Ginny me interrompeu completando:

           - Você acha mesmo que num colégio cheio de mulheres bonitas eu não vou levar roupas a mais para fazer Harry olhar somente para mim?

         Sorri.

           - Não é como se ele já não o fizesse. – vi-a tentando conter o sorriso.

          - É sempre bom prevenir. Levei anos para conquistá-lo, não quero perder agora. – ela prendeu o cabelo atrás da orelha e mordeu o lábio inferior. – E você? Não esta nem um pouco nervosa?

         - Não. – respondi notando que eu nem tinha pensado nisso. – Fred que correu atrás de mim, é obrigação dele continuar me amando para sempre. – brinquei.

         Gina sorriu.

          - Queria ter tanta autoconfiança assim. – ela respondeu e beijou meu rosto me puxando para irmos pegar novamente o portal para fora da escola.

***

       Dessa vez sabendo melhor como seria a viagem para fora de Hogwarts foi mais fácil. Devo dizer que a primeira visão que tive do castelo de Beauxbatons foi de dentro da sala da diretora mas dava para ver como aquele castelo era considerado um dos mais belos do mundo. Sua arquitetura um pouco rústica misturado com o toque da diretora Maxime. Como Fleur havia comentado antes, Beauxbatons parecia sim um palácio.

         - Pelo menos dessa vez não fomos recepcionados por um ex meu. – brinquei sussurrando no ouvido do meu namorado.

         Esperei uma resposta divertida do ruivo mas ele nem ao menos olhou para mim. Senti meu peito formigar enquanto via as loiras que ele olhava ao lado da diretora que contava sobre o jogo de amanhã. Tentei parar com a insegurança, era ridículo da minha parte. Mas foi ai que comecei a notar como Fred estava muito estranho comigo, na verdade ele estava estranho no geral mas algo me dizia que eu era o motivo.

          Fomos apresentados aos nossos quartos e dividimos como foi na ultima escola. Ouvi Blásio, Draco e até Miranda! Brincarem que eu deveria dormir com Fred, reclamei por estar envergonhada mas logo meu ruivo quebrou o assunto brutalmente, notando todos olhando estranho brincou para disfarçar dizendo que ele cobre a cama toda e não tem espaço pra mais ninguém. Aquilo me incomodou mas tentei deixar passar, pensar em Harry me deixava mais preocupada.

     - Hermione. – ouvi a voz do moreno me chamar enquanto eu olhava as chamas da lareira a noite. – Podemos conversar?

      Assenti e pedi para que ele sentasse ao meu lado.

     - Cadê os outros? – perguntei.

    - Acho que todos já estão dormindo. – respondeu. – Todos estão ansiosos pelo grande jogo amanhã.

    Suspirei.

      - Vá direto ao assunto. – pedi.

       - Dumbledore e eu achamos algo muito importantes na lembrança de Slughorn naquele dia. – abri a boca para reclamar que já fazia dias mas Harry não deixou e prosseguiu. – Ele fez um tipo de magia negra, chamado Horcruxes, pelo que o diretor me explicou é um tipo de feitiço que divide a alma em duas.

       Minha boca se abriu em espanto.

       - Você quer dizer que alem daquele Voldemort que esta ali tentando nos matar tem outro?

       O moreno tossiu.

       - Não exatamente. – explicou. – Não é possível pelo que eu entendi colocar um pedaço da sua alma numa pessoa, e sim em objetos.

         Minha mente trabalhava rapidamente tentando chegar a conclusões e cada vez mais eu percebi como tudo aquilo estava errado e como estávamos em grande perigo. Uma suposição veio até mim e senti meu coração parar por um instante, respirei fundo tentando trazer palavras para minha boca.

          - Você esta querendo dizer que mesmo se conseguirmos chegar perto de Voldemort o bastante para matá-lo mesmo assim não conseguiríamos matá-lo? – perguntei.

         Harry assentiu.

         - Segundo Dumbledore temos que achar o resto da sua alma e destroçá-la para depois chegarmos ao seu corpo.

         - Mas aonde estaria a outra parte dele?

        Meu melhor amigo olhou para suas mãos.

         - O problema é que, chegamos a conclusão, que Voldemort não dividiu sua alma só uma vez. – essa parte não foi mais que um sussurro e ele ainda olhou ao redor para ter certeza que não tinha ninguém ali. – Sabemos que tem sete pedaços de Voldemort espalhados por ai.

         -  E como vamos saber o que é? – perguntei. – Poderia ser qualquer coisa.

         - O professor acredita que não seriam coisas banais. – ele conclui. – Ele é orgulhoso, não colocaria um pedaço de si mesmo em qualquer coisa.

        Suspirei com a irritação crescendo.

       Sei lá, adoraria saber disso antes.

       - E posso saber por que estou sendo informada disso justo agora?

       - Eu estava falando com o Rony sobre isso esses dias. – Harry começou. – Mas achamos que era melhor não falar com você por enquanto.

       - Por que não?

       - Você anda percebendo como esta cansada? Esta estudando muito e ainda tem que dar tempo para Fred. – meu amigo disse. – Não queria ser um fardo para você.

        - Isso não é desculpa, Harry! – briguei e levantei. – Eu poderia estar procurando algo sobre isso há algum tempo, poderíamos já estar montando um plano...

         - Dumbledore acha que descobriu onde esta uma horcruxe. – ele me interrompeu.

         Olhei para baixo procurando seus olhos que estavam fixos na lareira que antes eu encarava.

         - E...

         - Ele prometeu que só irá lá quando eu voltar para que eu possa ir com ele.

         Mordi o lábio inferior.

         Dumbledore não era o tipo de pessoa que esperava.

         Suspirei alto.

         - Hermione... – Harry tentou começar.

         - Vá dormir Harry. – pedi. – Melhor você descansar, amanhã tem um grande jogo.

         - Mas você esta com raiva...

        - Não. – menti. – Só preciso ficar sozinha com meus pensamentos.

       Ele assentiu sabendo que eu era assim e se levantou indo embora. Fui até o sofá e sentei-me novamente começando a pensar em estratégias de batalhas. Tentando lembrar de tudo que já estudei de guerras trouxas para ver alguma estratégia que poderíamos usar e aperfeiçoar com magia mas nada me veio a mente. Tentei me convencer que estava desesperada a toa já que muitos bruxos – inclusive o próprio Dumbledore – pensam em maneiras de acabar com essa guerra.

        Acomodei-me melhor no sofá tentando buscar conforto para aquele momento mas no fundo eu sabia que não queria estar ali no sofá agora, na verdade queria estar com Fred mas por algum motivo ele não estava legal como sempre esta e se eu entrasse no seu quarto agora e o acordasse com certeza brigaríamos e eu não queria isso.

           - Maldito Zabini! – ouço uma voz conhecida ecoar pela escada.

          Levanto o pescoço e vejo Draco terminar de descer as escadas sem notar que eu estava ali o observando.

          - O que tem o Blásio? – perguntou.

         O loiro que estava com sua mão na cabeça olha para mim e abre um sorriso indecente.

         - Se agarrando com a Lovegood no meu quarto! Tem cabimento? Eles que arranjem outro lugar.

         - Mas é errado ela estar no quarto dos meninos a essa hora! – meu lado de monitora aflorou.

          Draco riu.

          - Não me diga que você não foi para o quarto do Cenoura Mor para fazer a mesma coisa que Blásio e Di-Lua estão fazendo no meu quarto.

         Corei mas pelo escuro duvido que ele tenha notado.

         - Mas afinal, Granger, por que esta aqui no escuro, sozinha? – O loiro perguntou se aproximando e se jogando no sofá ao meu lado. – Você esta...Se masturbando?

           Arfei.

          - Seu nojento! – peguei a almofada mais próxima de mim e joguei em direção a sua cabeça.

          - Que puritana é a nossa Granger. – resmungou e segurou forte a almofada para que eu não pegasse mais. – Como o Weasley esta trancado no quarto com TPM...

           - Homens não tem TPM. – retruquei.

          - Preferi usar uma analogia do que dizer que ele esta te evitando. – resmungou o loiro.

           - Fred não esta me evitando.

           - Se você diz... só veja tudo que fez até agora, por que com certeza ele esta sentimental. – Draco arrumou seus cabelos com a mão direita. – E descontando em todo mundo.

           Bufei irritada.

            Que merda! Eu não tinha feito nada.

             - Vamos mudar de assunto?

              Ele riu arrogantemente e se acomodou mais no sofá macio.

              - Se é o que desejas. – sua voz foi diminuindo até que caímos em um silencio acolhedor.

           Depois do que deveria ter se passado uns cinco minutos me irritei com o silencio e procurei em minha mente algo para falar.

          - Luna esta mesmo ficando com Blásio no quarto de vocês?

          Mesmo com a pouco iluminação vi o rosto pálido do loiro ficar vermelho de raiva novamente.

           - Por que me lembrou disso? – resmungou. – Eu só queria dormir!Mas não... Vamos tirar a virgindade da Di-lua em cima da cama do Malfoy.

          Arregalei os olhos.

         - Pera... Eles estão... – não consegui terminar a frase.

        - Achava que era o que? – a fuinha perguntou achando graça.

       - Beijando, oras!

       Draco soltou uma curta risada.

         - Até parece que você nunca fez.

        Revirei os olhos.

         - Pode parar! Todas nossas conversas acabam na minha vida sexual. – reclamei. – Essa sua curiosidade é assustadora.

         - Por que eu estaria curioso com o que você faz dentro de quatro paredes com um Weasley? – falou com desprezo. – Eu só tenho que sentir pena por você nunca ficar entre quatro paredes comigo. Perdeu o melhor sexo da sua vida.

         Que petulância!

         Mas mesmo assim sorri.

          - Quem sabe um dia. – brinquei.

          - Noop, se não me quis antes não me terá no futuro. – concluiu. – Quando estiver mais gostoso do que agora.

          - Você vai ficar mais gostoso que agora?

          - Entendo sua duvida, é claro que já estou num estagio bem avançado de beleza, mas para nós, Malfoy’s, sempre tendemos a melhorar.

          A vontade de revirar os olhos veio mas me conti.

         - O que pretende fazer nas férias? – perguntei tentando mudar de assunto novamente.

         - Festas, sexo, drogas, sexo, praticamente me mudar pra casa do Blás, sexo.

       Ri.

       - Você pretende fazer sexo? Na casa do Zabini? Meu Deus! – exclamei. – Nunca pensei que essa revolta toda em saber que ele estava com Luna era por que você o desejava secretamente.

        Draco bufou e me empurrou.

        - Cale a boca, Granger. – sorri. – Você sabe o que eu quis dizer.

        Ri e mudei de assunto.

***

       Com certeza ter aquele momento com Draco me relaxara e muito. Só fui dormir quando ele verificou e viu que Luna já havia saído de seu quarto e Blásio estava dormindo, o que afinal ele também deveria estar fazendo já que tinham um grande jogo no dia seguinte. Despedi-me do loiro e fui para meu quarto vendo que Ginny já tinha até derrubado seu travesseiro da cama de tão acabada que estava. Deitei-me logo mas o sono demorou para vir. Ali no escuro do quarto minha mente pareceu se acender e tudo que aconteceu nas ultimas vinte e quatro horas rondava na minha cabeça não me deixando dormir.

         Foi um custo mas depois de quase uma hora me revirando na cama consegui dormir. Quando o despertador fez aquele barulho infernal do dia seguinte meu corpo estava como se eu não tivesse dormido praticamente nada e só levantei por que uma certa ruiva gritava com a expectativa do jogo que começaria em poucas horas.

         - Harry passou aqui para dizer que todos estão tomando café menos Fred. – Gina falou entrando novamente no quarto já que sairá rapidamente a pedido do namorado. – Pediu para acordarmos ele e se juntarmos a eles na mesa.

          Assenti enquanto arrumava minha cama.

         Ouvi Gina assobiar.

        - Pode fazer isso? – prosseguiu começando a ficar impaciente. – Quero descer logo.

         - Pode ir. – deixei. – Eu chamo Fred.

         Um sorriso brilhante se alastrou pelo rosto da ruiva.

          - Te vejo daqui a pouco. – e rapidamente correu para fora indo provavelmente a encontro do seu namorado.

          Suspirei.

           Eu teria que ir atrás do meu agora.

           Deixei o resto da bagunça de lado e comecei a andar em direção ao quarto de Fred que não era muito distante ao meu. Nesse trajeto comecei a tomar coragem para perguntar qual era o problema  dele comigo desde que saímos de Hogwarts. Bati na porta pronta para Xingá-lo se fosse necessário mas toda minha barreira se desmoronou quando ele atendeu apenas de short com aquele cabelo todo bagunçado e passando a mão no olho como se tivesse acabado de acordar.

          - Que foi? – resmungou entrando novamente no quarto e deixando a porta aberta para que eu entrasse.

         E eu entrei.

         - Todos estão te esperando no café. – respondi fechando a porta.

        - Fale que já estou indo. – Fred disse se jogando novamente na cama.

        Sorri com a cena e fui até sua cama, engatinhei para chegar mais perto.

          - Você não deveria estar deitando de novo. – sussurrei chegando mais perto para conseguir juntar nossos lábios e ele estava até calmo mas quando finalmente ia chegar a colar nossas bocas no  ultimo segundo Fred desviou o rosto fazendo com que eu beijasse seu rosto. Senti a raiva subir e não agüentei segurar e perguntei: - Qual é o seu problema comigo? Esta estranho desde ontem!

        - Não estou estranho. – respondeu se levantando. – Só temos que ir, você mesmo disse.

      Em um pulo levantei também.

       - Não estou falando de agora. – respirei fundo colocando todo meu medo em palavras. – Você ta querendo terminar? É isso?E você não sabe como me dizer?

        Vi seu rosto ficar mais vermelho que seu cabelo.

       - Ahn? O que? Não Hermione! Não seja ridícula!

       - Olha como fala comigo.

       - Vou falar sempre que você é ridícula se cogita na idéia que eu esteja querendo terminar. – Fred falou vindo até mim e pegando minhas mãos e colocando em seu peito. – Eu sou louco por você.

         Suspirei em alivio.

          - Então qual é o problema? – perguntei.

         Ele soltou minhas mãos e bagunçou o cabelo.

          - Ontem eu estava indo encontrar todos para virmos mas tive que ir na professora Sibila e ela...

         - Fale logo. – pedi.

         - Ela meio que fez uma profecia para mim.

        Revirei os olhos.

        - Você acreditou mesmo nas besteiras que ela disse?

        - Eu sei! Também não sou de acreditar normalmente. – ele confessou. – Mas teve algo... Dessa vez, eu senti, tinha algo diferente.

        Suspirei entediada.

         - O que ela disse?

        Fred começou a andar em direção sua mala.

        - Calma, aquilo me intrigou tanto que eu acabei anotando para não esquecer.

       Ele remexeu um pouco nas coisas fazendo uma pequena bagunça mas logo voltou ao meu lado com um pequeno pedaço de papel. Entregou-me e mesmo sem acreditar, li:

“Quando a neve não tocar mais o chão um pobre Weasley será deixado com sem seu coração.

Uma traição da pessoa que mais ama mudara o destino da guerra e apagara a chama.

Com sua mente preste atenção mas siga sua intuição.”

     Levantei com vontade de rir. Meu namorado me olhava com expectativa e apenas abri um sorriso para ele relaxar.

     - Isso parece um poema. – brinquei. – Ela pode estar querendo se escrever em um concurso de poemas e usou seu nome para dar mais impacto.

     - Mas Hermione...

    - Mas nada, Fred. – interrompi. – Olha aqui, apagará a chama, que chama?

     - A chama do nosso amor é claro!

    - Por que acha que sou eu que vou te trair? – perguntei irritada.

   - Porque é a pessoa que eu mais amo. – ele respondeu sinceramente.

    Não tem como ficar irritada com Fred Weasley.

    Sorri.

    - Vem cá. – pedi para que chegasse mais perto e ele o fez. Fiquei nas pontas dos pés para colocar meus braços ao redor de seu pescoço. – Não se preocupe, eu sei que nunca vai apagar a chama.

       Vi-o sorrir e antes que pudesse dizer mais alguma coisa o beijei.

      Ele pareceu relaxar um pouco e aceitou de bom grado o beijo. Mas eu sabia no fundo que ele já previa o que eu faria a seguir

***

       Não pudemos demorar muito no quarto afinal, logo já seria o tão esperado jogo e Fred ainda tinha que tomar café. Quando finalmente chegamos na mesa de mãos dadas vi que todos pareceram mais aliviados por ver isso e mesmo agradecendo por ter amigos tão preocupados comigo revirei os olhos por dramatizarem toda a situação.

         O café da manhã não foi o evento mais animado do mundo. Estava mais que nítido como todos estavam nervosos mas fingiam que não arranjando assunto até sobre a cueca de Merlin! Para não cair em nenhum silencio que poderia fazê-los pensar no jogo que viria  a seguir. Achei até ridículo da parte deles que já tinham passado por um jogo sem tanto estresse.

           A diretora chegou um pouco depois que comemos pedindo para que seguíssemos ela até o vestiário que seria emprestado para o time de Hogwarts. Enquanto os jogadores se trocavam Fred, Luna e eu conversávamos no campo enquanto olhávamos aquelas arquibancadas começarem a lotar e me surpreendi como poderia em uma escola só ter tantas loiras.

         Logo Gina e Harry apareceram com seus uniformes sorrindo de orelha a orelha. Rony e Miranda foram os seguintes e conversavam animadamente. Aos poucos todos estavam aqui e vi as pessoas do outro time também se preparando do outro lado do campo. Estava prestes a me afastar e achar um  bom lugar para assistir quando ouvi a voz de Blás falando:

       - Cadê o Draco? Alguém viu o Draco?

       Foi nessa hora que eu reparei que na verdade eu não tinha visto desde que entrou no vestiário para trocar de roupa. Todos olharam ao redor e quando Fred estava prestes a sair atrás do loiro a diretora começou a vir em nossa direção o que o fez se virar para mim.

        - Vai no vestiário por favor? – pediu. – Ela quer falar com o time todo.

       Assenti e comecei a andar em direção contraria a que meus amigos fizeram para chegar até aqui. Quando cheguei no primeiro corredor andeis uns cem metros até virar a esquerda e encontrar uma enorme porta dourada. Bati esperando ouvir a voz arrogante de Malfoy do outro lado, chamei e nada saiu. Resolvi então abrir a porta e entrei com tudo.

       Não sei por que uma sensação ruim se instalou no meu peito assim que entrei e vi Draco parado em frente ao espelho sorrindo para si mesmo como se contemplasse sua beleza. Revirei os olhos, só Malfoy  mesmo para fazer isso a essa hora, quando deveria estar em campo. Esperei em silencio para que ele notasse minha presença mas isso não parecia estar acontecendo.

        Draco levantou a mão e tocou no reflexo em seu espelho.

        - Logo vai começar. – disse e sua voz mesmo sendo sua não parecia sua e um arrepio passou por todo meu corpo.

         - O que vai começar? – perguntei.

         Finalmente notando minha presença Draco se virou e sua expressão no inicio de ódio ao me ver passou para algo indecifrável. Ele deu um passou em minha direção e instintivamente eu dei um passo para trás.

          - Granger. – me chamou e colocou a mão no peito fazendo careta como se sentisse uma dor.

         - Algo errado? – perguntei ainda sem diminuir a distancia.

        - O que é essa dor que eu sinto no peito? – ele indagou olhando para si mesmo e em seguida para mim bem dentro dos meus olhos.

        - Dor? – perguntei começando a me preocupar. – Dói aonde? Quer que eu chame algum medibruxo?

        Como suas pernas eram longas em alguns passos ele encurtou a distancia que tinha entre nós e ficou a poucos centímetros de mim o que acabou me fazendo ter um leve desconforto. Abaixou seu rosto para que ficasse mais perto de mim e consegui sentir seu perfume. Isso era um sinal que estávamos perto demais.

         - Draco?

         Mas Malfoy apenas me ignorou. Estava quieto com aqueles grandes olhos cinzas me observando parecendo uma cobra pronta para dar o bote. Quando estava prestes a brigar com ele que deveríamos estar de volta ao campo comecei a notar que Draco se aproximava ainda mais de mim, como se já não estivéssemos perto o suficiente! Arregalei os olhos mais por susto e quando sua boca estava tão próxima da minha para sentir seu hálito e ouvir sua respiração, o empurrei com toda a força que me surgiu no momento completamente assustada com o que diabos Draco estava planejando.

         - Você esta doido? – gritei. – Eu tenho namorado!

         Antes que o Sonserino pudesse responder qualquer coisa vi seus olhos revirarem deixando tudo branco e no segundo seguinte vi a cor sumir de seu rosto e ele cair duro no chão parecendo um cadáver. Assustei-me e corri até seu corpo tentando entender o que diabos estava acontecendo ali. Procurei seu pulso a procura de pulsação e a encontrei. Agradeci a Merlin mentalmente que pelo menos aquele louro abusado ainda estava vivo.

       Estava quase levantando a procura de ajuda para carregar Draco até a enfermaria quando ouço um barulho muito alto e viro para procurar o motivo. Vejo a hora que Fred adentrou ao vestiário correndo com sua varinha em mãos. Olhou-me confuso até ver Draco caído no chão.

         - O que aconteceu? – perguntamos juntos mas eu respondi primeiro.

         - Draco desmaiou, estava indo procurar você, acho melhor levarmos ele pra enfermaria.

           Vi o rosto de Fred parecer tenso.

          - O que aconteceu? – perguntei novamente esperando uma resposta.

          - O colégio foi atacado. – meu ruivo respondeu e eu arregalei os olhos. – Madame Maxime acha que são comensais que estão a procura de Harry, disse que tem uma chave de portal pronta pra nos levarem a Hogwarts. Esta uma loucura lá fora, temos que ir.

            Mordi meu lábio inferior.

            - Mas e Draco?

          Fred revirou os olhos mas rapidamente agachou e ficou de costas para meu amigo.

          - Coloque ele em minhas costas. – ordenou. – Eu o carregou.

         E assim o fiz.

         Tudo bem que aquele menino era magro padrões masculinos mas todos aqueles músculos já me fizeram ter bastante trabalho em tirá-lo do chão e colocar em cima de Fred. Tentei ser o mais rápida possível por que comecei a ouvir barulho de desmoronamentos e pensei que se estivesse tão ruim quanto eu imaginava que estava tínhamos que sair logo dali.

         - Vamos. – Fred mandou e começamos a correr para fora, comigo na frente já que era a única com uma varinha e capacidade de contra atacar se fosse preciso.

         - O que vai acontecer com todos eles se formos embora? – perguntei preocupada enquanto subíamos as escadarias que nos levariam até o portal as pressas e com muito cuidado.

          - Quando virem que Harry não esta aqui achamos que vão embora. – respondeu e quando achei que iria ficar calado gritou: - Hermione! Cuidado.

        Com toda a experiência que eu tinha acumulado nos últimos tempos um berro assim fez com que eu agisse instintivamente e apertasse mais minha varinha entre meus dedos e gritasse um feitiço paralisante. O cara que corria em minha direção ficou duro e logo caiu no chão como aconteceu com Neville no meu primeiro ano.

         - Temos que ir logo. – Fred apressou.

        Finalmente chegamos aos últimos degraus e passamos correndo pela porta para ver Madame Maxime parada em frente a uma porta que parecia mais uma lareira. Lembrei que antes ela explicou que seu portal também ficava na lareira caso o pó de flu não funcionasse. Não havia ninguém mais nada sala, o que queria dizer que os outros já haviam voltado para o castelo.

          - Corram! Rápido! Tenho que fechar isso!

          Nem nos despedimos direito da diretora apenas corremos contra o portal e logo nos vimos dentro da sala de Dumbledore. O único problema era que Dumbledore não estava lá. Meus amigos estavam parados e Harry parecia deprimido mas quando todos nos viram correram até a gente.

        - Draco! – Blás gritou. – O que aconteceu com ele?

        - Ele desmaiou. – Fred respondeu. – Quando os encontrei, ele estava caído nos pés da Hermione.

        - Temos que levá-lo para a enfermaria. – Luna disse saudosa.

        Todos concordaram mas dessa vez Blás fez as honras de levá-los nas costas o que vi que Fred agradeceu internamente. Começamos a andar pelos corredores e aquele vazio estava nos incomodando, tudo bem que era um domingo mas não deveria estar tão silencioso assim a essa hora da manhã. Quando passamos por uma das portas que dava para o resto do castelo vimos uma parte desmoronada e todos ficaram em alertas.

          - O que aconteceu aqui?

         Pegamos nossas varinhas prontos para encontrarmos Voldemort se fosse necessário mas continuamos correndo em direção a Ala Hospitalar. Quando estávamos finalmente chegamos demos praticamente de cara com uma pessoa e todos levantaram as varinhas em proteção junto com a proteção.

           - Parem! – gritei quando vi que era Ninfadora. – Tonks, o que aconteceu? Cadê Dumbledore? cadê todo mundo?

           Ela suspirou aliviada ao ver que éramos nós.

           - Graças a Merlin vocês estão bem. – agradeceu. – Ouvimos sobre o ataque, queríamos poder ajudar mas não conseguimos.

          - Por que não? – Ron perguntou.

          E infelizmente eu já sabia a resposta antes mesmo de Tonks pronunciar.

          - Hogwarts também foi atacada.