Conselheiro Amoroso escrita por Ellen Freitas


Capítulo 6
Largue o celular || Peeta


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas do meu coração!

Tanto pra me desculpar, tanto pra agradecer...
Desculpas pela demora e muito, muito obrigada a todos os acompanhamentos e favoritações.
Mas hoje meu "obrigada" especial vai para:
* Star of the day
* Love everlark
* Blue Girl
* Mellarkisses
Suas recomendações me surpreenderam do melhor modo possível, valeu mesmo! Tenho os amigos mais incríveis do mundo!!

Mas ao capítulo... Aproveitem! Bjs*



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Pelo que pareceu ser a milésima vez em menos de dois minutos, bati os nós dos dedos na porta fechada de Katniss. Ainda demorou alguns segundos para que Johanna finalmente abrisse a porta, meio descabelada e com a roupa torta.

— O que você faz aqui? — ela perguntou sem nem tentar parecer educada ou sequer me dar passagem.

— Onde a maluca da sua amiga se meteu?

— Katniss não está, ok? Então... — impedi com a palma da mão a porta de se fechar na minha cara.

— Por que você não gosta mais de mim Jo? Nós éramos amigos, e você até me tratou bem quando eu vim aqui a primeira vez com a Katniss. O que aconteceu?

— Aconteceu que eu conheci você com 18 anos Mellark. Sei que essa sua pose de bom moço e médico dedicado é fachada. Eu via e ouvia o que você aprontava quando entrou na faculdade. — por mais que eu quisesse deixar meu passado no passado e tentasse não ligar mais pra isso, não pude negar que as palavras de Johanna pesaram sobre mim.

— Não sou mais aquele cara. — falei quase em um sussurro encarando meus pés.

— Que bom pra você, mas prefiro deixar minha filha bem longe. Quando a Katniss chegar, eu digo que você passou aqui. Ou melhor, digo pra ela ligar dispensando de vez essas suas “aulas”.

— Só me deixa entender. — entrei sem convite e foda-se os bons modos. — Enquanto eu era um potencial ficante de uma noite da sua melhor amiga estava tudo bem, mas agora que sou um amigo que a ajuda, não sou mais bem vindo? Onde está a lógica disso Johanna Mason?

— Peeta, vai embora, faz favor.

— Não. Vou esperar a Katniss aqui. Onde está ela afinal?

— Ainda não voltou desde ontem, não disse onde ia, e se você quer ficar aqui, fica. Estou ocupada demais pra te dar atenção.

— Ótimo.

— Ótimo. — ela repetiu com raiva.

Merda. — a voz de Katniss praguejou por trás da porta interrompendo nossa pequena discussão. — Droga de chave! — depois de mais algumas tentativas, ela pareceu finalmente conseguir abrir a porta.

Katniss usava um vestido preto na metade das coxas que estava meio amassado, o que restou da maquiagem estava borrado, e ela levava os saltos na mão. Ao me ver sentando no sofá e Johanna com os braços cruzados na entrada do corredor, ela dramatizou uma cara de culpada.

— Desculpa pai, desculpa mãe, não vai mais acontecer!

— Katniss, o que você fez? — falei mais decepcionado do que realmente zangado. — A gente conversou tanto sobre isso.

— Desculpa Professor, não pude evitar.

— Eu nem me espanto, ela aguentou mais tempo sem sexo do que achei que Katniss Everdeen fosse capaz.

— Valeu Johanna. Da próxima vez me chama logo de ninfomaníaca.

— Sem tempo pros seus dramas Kat. Se me dão licença, tenho uma filha doente para cuidar. — ela saiu sem olhar pra trás.

— Jo tá assim comigo desde que eu trouxe você pras nossas vidas. Não entendo o porquê... — nem me foquei no que quer que Katniss estivesse dizendo, já que as palavras “filha doente” se destacaram em minha mente.

— Katniss, o que Prim tem?

— Prim? — ela finalmente pareceu se dar conta do problema. — Não sei, saí ontem e tudo estava ok. Vou ver. — ela largou a bolsa no sofá e foi na direção dos quartos.

— Eu posso ir com você? — Katniss se virou e me deu um riso divertido.

— Se tem alguém aqui que pode vir comigo, é você doutor.

— Mas a Johanna...

— Você pode ser chato, introvertido, misterioso, briguento, mal humorado, estressado, mas ainda é um médico, e Prim te adora. Vem logo!

— Obrigado. Eu acho. — ela me arrastou pela mão até a porta de um quarto que eu ainda não tinha conhecido.

Quem inventou o conceito da palavra "contraste", provavelmente o fez vendo o quarto de Johanna. Quando eu a conheci, ela já gostava de rock pesado e isso podia ser visto pelos pôsteres que adornavam uma das paredes. Em outra havia grandes desenhos infantis cor de rosa e lilás assim como uma cama branca como de uma princesa cheios de ursos de pelúcia. A terceira parede toda pintada de preto como em um quadro negro, mas nela só havia desenhos infantis com giz colorido. Uma cama de casal, guarda roupas, dois pufs e uma escrivaninha completavam a decoração.

— Quem te chamou aqui? — Johanna brigou deitada ao lado de Prim que tinha um tecido úmido e dobrado na testa.

— Eu chamei. — Katniss se impôs já sentando ao lado da pequena. — O que ela tem?

— Febre desde ontem à noite. Não passa com nada, remédio, compressa, nada!

— Você devia ter me ligado.

— Não queria atrapalhar seu encontro. E além do mais, quando isso começou já era bem tarde.

— Então devia ter me ligado. — falei ressentido. Johanna sabia que eu gostava de Prim e não custava nada engolir um pouco do orgulho e pedir ajuda.

— Pra você nunca Mellark. Quero suas patinhas e dos seus amiguinhos bem longe dela.

— Deixa de teimosia Jo!

— E você Peeta, vê se faz alguma coisa além de brigar com ela!

Me aproximei da cama e mesmo com o olhar feio de Johanna sobre mim, sentei ao lado e toquei a testa e os braços da menininha. Estava queimando! O termômetro apitou marcando 39,5°.

— Qual antitérmico você deu e que horas?

— Foi esse aqui, faz umas quatro horas. — Jo me mostrou uma caixa.

— Ok, é o seguinte. Não podemos dar a medicação com ela nessa temperatura.

— E como vai baixar se não dermos o remédio, gênio?

— Ela pode ter uma convulsão, ok?! O princípio ativo faz com que a temperatura se eleve em 0,5° e como ela ainda tem menos de sete anos...

— Professor, sem tempo pra aula agora! — Katniss cortou minha explicação. — O que a gente faz?

— Vocês dão um banho frio nela e depois vemos se já podemos dar o remédio. Eu ligo pra Madge e aviso que estamos chegando no hospital. Ela está de plantão hoje no Pronto Socorro.

— Não vou colocar minha filha nas mãos de estagiários como vocês. Gale já está chegando pra nos buscar.

— Deixa de ser teimosa Jo, faz o que o Peeta disse!

— Ah, tudo bem! Mas só vou dar banho nela porque já ia fazer isso mesmo. — rolei olhos enquanto as duas saíam em direção ao que acreditei ser o banheiro, e logo disquei o número da Madge, que atendeu no primeiro toque.

— Mad?

...não meu querido, eu não posso casar com você. Eu não vou casar nunca! Não, não existe o cara certo pra mim, o certo é eu ficar cada dia mais linda, rica e solteira! — ela gargalhou. Madge obviamente tinha atendido o telefone por engano. De novo.

— Madge! — falei mais alto, na tentativa que ela me ouvisse.

Ah, um segundo senhor Adams, tem uma ligação. Fala Peet!

— Foi pedida em casamento por pacientes de novo?

Fazer o que, né? E você, já bateu saudades, me ligando até nas folgas! É muito amor envolvido! — ela gargalhou.

— Não é nada disso criatura! É a Prim!

Peguete nova no pedaço loiro? O que aconteceu com aquela garçonete de antes de ontem, a Esmeralda?

— Enobaria. — a corrigi. — E Prim é a afilhada da Katniss, filha da Johanna, te falei delas.

Ah claro, sua filha que a Kat diz que você não assume.

— Ela não é minha filha, Katniss é maluca.

Sei...

— A coisa é que a menina tá muito doente, com a uma febre pertinente. Estamos levando ela pro hospital, então você já prepara os materiais pra recebê-la. Ah, e já adianta uma requisição pra teste sanguíneo por causa de uma possível infecção e...

Sei os procedimentos Mellark. Até daqui a pouco. — e desligou.

Voltei para a sala enquanto as garotas se trocavam e arrumavam Prim. Alguns poucos minutos depois a campainha tocou e depois de um pedido/grito de Katniss, corri para a porta para atender.

― Você deve ser o Gale. ― falei para o homem alto que se encontrava na entrada.

― Desculpe, não sei quem você é. ― ele respondeu polidamente.

― Peeta Mellark. ― estendi a mão, mas ele não pareceu lembrar. ― Katniss provavelmente se refere a mim como “Professor”. ― fiz sinal de aspas.

― Ah, claro! O professor... Não sei de onde ela tira essas coisas.

― Verdade.

― Ok, isso é bonitinho, um bromance se formando e tudo, mas a Prim ainda tá meio que muito doente. Você pode vir aqui, ou tá difícil noivo? ― Katniss apareceu no corredor falando para Gale.

― Noivo? ― perguntei a ele.

― Longa história cara, depois te conto. Só outra katinice que tenho que suportar.

― Me ama demais esse grandão. ― Katniss o abraçou enquanto os dois iam para o quarto de Johanna, ele voltando logo em seguida com Prim no colo.

― Então, vai ser o seguinte. ― me adiantei já saindo. ― Vamos direto pro Pronto Socorro do Exempla, já estão nos esperando por lá. Você veio de carro, certo Gale? Eu vou na frente no meu, Katniss ajuda Johanna com Prim enquanto Gale dirige. Vamos!

― Ele é sempre autoritário assim Kat? ― ouvi Jo perguntar às minhas costas enquanto trancava o apartamento.

― Quase sempre. Mas estou dando meu jeitinho nele. ― rolei olhos já saindo do prédio.

Chegamos em pouco tempo ao hospital, que estava agitado e fervilhando como sempre. Fui diretamente pegar meu crachá e procurar minha amiga, enquanto os outros cuidavam de preencher a ficha de admissão.

― De novo aqui doutor? ― Effie perguntou sorridente.

― Meus amigos tem tendência a adoecer nas minhas folgas Effie. ― ela riu. ― Você viu a Madge?

― Ela estava há dois minutos no leito 12.

― Obrigado.

Corri até lá a tempo de ver Madge conversando e rindo para uma adolescente, que não parecia ter mais que 12 anos.

― Dra. Undersee? — a chamei. — Aquela situação que eu lhe disse...

― Uau, você agora é oficialmente a segunda pessoa com quem eu quero ser tratada da próxima vez que vier aqui! Quem é esse lindo? ― a garota começou a lançar olhares sugestivos demais para mim enquanto me analisava de cima a baixo.

― Valeu mesmo Peeta, você acabou de roubar minha fã número 1. Megan, esse é o Dr. Mellark, ele trabalha comigo aqui. Além de tudo é meu vizinho.

― Trabalho durante o dia e diversão durante a noite, entendi. ― a garota piscou para nós dois e enquanto eu provavelmente devo ter feito minha cara mais constrangida do mundo, Mad apenas ria.

― Olha a indiscrição mocinha! Eu e Peeta somos apenas melhores amigos.

― Fala sério doutora, é impossível ser “apenas amiga” de um cara gostoso como ele!

― Ok, seus analgésicos estão fazendo efeito! Volto daqui a pouco pra te ver e você continua me falando sobre esse tal de Mike.

― Pode deixar! ― Megan fez um sinal de positivo com o polegar antes de sairmos.

― Você dá liberdade demais pros seus pacientes.

― E você é chato demais!

― Professor, tem alguma lugar aqui pra eu carregar meu celular? ― Katniss veio até nós com o aparelho e um carregador da mão. ― Oi Mad!

― Katniss! Eu te abraçaria se não corresse risco de te passar alguma coisa.

― Relaxe. Tenho uma novidade pra te contar, mas temos que esperar o Professor dar o fora, ou ele vai brigar comigo.

― Já recomeçou o complô? ― reclamei.

― Quieto Peeta! Me fala agora Katniss! É sobre o cara do violão?

— Hospital. Doentes. Prim. Urgência. Isso lembra alguma coisa? ― falei apontando ao nosso redor.

― Despois você me fala então Kat, que o doutor certinho aqui enche meu saco até nas folgas dele.

― Eu não encho o saco, apenas quero as coisa sendo feitas.

― Tudo bem Madge, é o jeito dele de demonstrar que se importa.

― É, eu sei. ― e todo mundo não adora o fato delas sempre falarem de mim como se eu não estivesse ouvindo cada palavra? ― Mas onde está minha pequena paciente? Separei um quarto especial para ela.

― Logo ali. ― Katniss indicou para o ponto onde Johanna, e Gale com Prim no colo se aproximavam.

― Por aqui. ― Madge indicou o leito no quarto onde Gale posicionou a menina cuidadosamente. ― Oi Prim, Peeta tava certo, você é muito linda. ― Madge falou gentilmente com ela. Minha amiga sempre teve muito jeito com crianças.

― A senhora conhece o tio Peeta? — a garotinha falou fracamente.

― Sim, ele é meu amigo. Eu vou cuidar de você, tá bom?

― A gente pode pular a parte da conversa sem propósito e ir direto ao tratamento? ― Johanna reclamou.

― Calma Jo. ― Gale começou a conversar com Johanna tentando acalmá-la. Madge levantou o olhar e pareceu notá-lo pela primeira vez.

― Katniss amiga, quem é esse? ― Mad sussurrou mordendo o lábio.

― Gostou né? É o Gale, meu amigo.

― Fala sério, é impossível ser “só amiga” de um cara gostoso como ele. ― ela disse maliciosa imitando a voz da própria paciente.

― Às vezes eu acho que vocês duas tem mesmo 12 anos! ― cochichei pra elas cortando o assunto. ― Jo, explica pra Dra. Undersee o que Prim teve desde o início.

― Isso Jo, faz isso enquanto eu ligo pro meu amigo dar uma passada aqui.

― Espera aí bonitinho, você vai fazer o quê? ― Madge caminhou até Gale.

― Não quero lhe ofender moça, mas esse médico é meu cliente. E ao invés de parecer alguém que acabou de sair do colegial, ele já tem uma carreira em pediatria de duas décadas.

― Se ferrou Gale, mexeu com a baixinha errada! Vou procurar uma tomada. ― Katniss deu dois tapinhas no ombro dele antes de sair. Madge avermelhava de raiva.

— Olha aqui seu... seu gigante! Você acabou de cair no meu conceito passando de bonito pra caralho pra idiota pra caralho. Então a menos que você seja o pai dessa menina, saia já desse quarto e me deixa trabalhar em paz!

― Eu não vou sair e deixar Prim aos cuidados de uma médica bipolar.

― Bipolar é a mãe!

― É melhor Gale ir, deixa a gente trabalhar.

― Você também Peet, pode sair.

― Mas eu...

— Pra fora, os dois! ― ela nos empurrou pra fora e a porta foi batida nas nossas costas.

― Essa garota é má. ― Gale falou encarando a porta fechada.

― Você não devia tê-la desafiado cara.

― E você me avisa isso depois, não é? ― eu ri. ― Mas tem certeza que a Prim vai ficar bem?

― Madge pode parecer meio maluquinha, mas é uma excelente profissional. Fique tranquilo. ― os olhos cinzentos dele me encaravam preocupados e só então pude ver a discreta semelhança em tonalidade que eles tinham com o de Prim, que eram azuis acinzentados. Mas primos de segundo grau poderiam ter essa similaridade, não poderiam?

― Se você diz... Mas por via de dúvidas, vou esperar aqui na porta.

― À vontade. Vou procurar a Katniss, que pra variar, já sumiu de vista.

Demorou ainda alguns minutos até que eu avistasse Katniss conversando animada com os seguranças na entrada enquanto estava com o celular no ouvido. Todos os dias que ela decidiu me esperar sair do plantão, mais a enorme facilidade que ela tinha de puxar assunto, Katniss acabou fazendo amizade com todos que ficavam por ali.

― Aí eu disse pra ele: não é queijo, é pizza! Aí o Professor ficou com cara de “tem queijo na pizza” e eu disse foda-se! ― ela falava mais alto do que normalmente se deve falar em um hospital e os dois seguranças riam com ela.

― Katniss!

― Ah, oi Professor.

― Sua amiga é uma figura doutor.

― Sim, infelizmente ela é. Katniss, pode vir aqui um minuto?

― Pra um lugar com tomada?

― Vem! ― a conduzi gentilmente para um lugar menos movimentado com a minha mão nas costas dela. Katniss retirou o aparelho do carregador e ainda digitava algo nele enquanto me acompanhava.

― Como a Prim está?

― Madge está cuidando dela.

― Ela é perfeita pro Gale, não é?! ― ela franziu o nariz rindo com malícia.

— Não sei e isso não é da nossa conta Katniss. O tópico agora é: porque dormiu com o cara depois do primeiro encontro? Você disse que estava pronta, não precisava do ponto eletrônico e eu confiei em você. — tentei falar o mais calmo e baixo possível.

― Ah Professor, tenho minhas necessidades. E além do mais, ele é diferente. ― Katniss falou ainda de olho na tela do celular.

― “Ele é diferente”. ― imitei rolando olhos. ― Me dá seu telefone.

― Não.

― Me dá isso Katniss.

― Não, você não é meu pai. ― ela guardou no bolso da calça.

― Tá bom, então me mostra as chamadas.

― Não vou te mostrar nada Peeta Mellark. ― ela riu me provocando.

— Ok então. ― contornei a cintura dela com meus braços e peguei o celular do bolso, virando de costas rapidamente e conferindo as chamadas, enquanto ela pulava por cima dos meus ombros tentando pegá-lo de volta.

― Me dá isso!

— Quinze chamadas Katniss, sério? Não vou nem checar as mensagens.

― Invasor de privacidade!

― Não deixe seu telefone sem senha. ― pisquei pra ela, devolvendo o aparelho. ― Mas por que você está ligando tanto pra ele?

― Ele disse que me ligaria e não fez isso. Vai que foi algum problema com o telefone dele, ou operadora, sei lá... Ele podia estar sem crédito! ― apenas balancei minha cabeça em negativa a olhando pesaroso.

― Ele não vai ligar Katniss.

― Por que não?

― Já conseguiu o que queria, simples assim.

― Você não sabe disso, não conhece ele. ― a convicção que acredito que ela tentou passar saiu bem mais falha que o esperado. No fundo Katniss sabia que eu estava certo.

― Só não fica com esse telefone na mão o tempo todo esperando algo assim, ok?! É triste, deprimente e você merece mais.

― Vacilei, eu sei. Desculpa Professor. ― ela admitiu vencida.

― Tudo bem Katniss, só se cuida e se valoriza mais um pouco, tá bom?

― Você é como um irmão mais velho que eu nunca tive. Ser filha única tem suas vantagens, como ser mimada, cuidada e não ter nenhum pirralho quebrando suas coisas ou um moralista achando que manda em você. Mas acontece que agora a Prim quebra minhas e coisas e todos sabemos como você é mandão. Mas nem me importo, a questão é que...

― Kat-Cat. ― fechei os olhos e inspirei fundo ao ouvir aquela voz. Lá vem!

― Finn, seu lindão, o que faz aqui?

― Eu trabalho aqui Love, a questão é o que você faz aqui dentro de novo. Outro machucado?

― Nem é. Minha afilhada, a Prim que te disse, tá doentinha.

― A que você disse que é a filha que Peeta não assume que fez?

― Pra quantas pessoas você disse isso?

— Só pros nossos amigos em comum, relaxe. ― ela totalmente desdenhou com a mão o fato de uma fofoca dessas estar correndo por todo hospital a essas horas.

― Você é inacreditável.

― Sim, eu sou! ― rolei olhos. ― Vou buscar meu carregador ali e vamos ver a Prim. Madge está cuidando dela.

― Eu te acompanho Kat. Vejo se posso ajudar também.

― Ficou voluntário de repente, não foi Finn? ― comentei irônico.

― Já te falei Peeta, sou um cavalheiro.

Ela enlaçou o braço no dele engrenando uma conversa sobre algum momento constrangedor que ela me fez passar esses dias, enquanto eu caminhava atrás deles, não escondendo o fato de estar sobrando e bem infeliz com aquilo. Quando chegamos à porta do quarto, Gale ainda estava fora, bem mal humorado, só pra constar.

― Madge ainda não te deixou entrar?

― Aquela bebelôzinha é mais mandona que você Catnip! Deve ser alguma coisa que ensinam por aqui.

― É nada, só Mad e Peeta que tem essa mania de controle. Sou Finnick Odair. ― eles apertaram as mãos.

― Gale Hawthorne. Katniss, você pode ver se já tem alguma notícia, Peeta também foi expulso de lá.

― Eu não fui expulso, saí voluntariamente.

― Aposto que foi expulso sim, Madge faz isso direto com ele, que vive se metendo. Eu entro, todo mundo ama Finnick Odair.

― Humilde seu amigo hein Catnip?

— Ele não é lindo? ― Katniss sussurrou pra Gale que repetiu meu movimento de rolar olhos e bufar.

Você? ― a voz de Johanna se destacou lá de dentro. ― Gale, vem cá, vamos transferir Prim desse hospital agora!

― O que aconteceu? ― entrei no quarto a tempo de ver o olhar mortal de Jo sobre Finnick.

― Eu te conheço. ― Finn estalava os dedos tentando forçar a memória. ― Jo... Jo... Josette!

― Idiota!

― Vocês se conhecem? ― Katniss perguntou curiosa.

― Mais do que eu gostaria.

― Johanna! ― Finnick falou animado. ― Cara, faz tempo!

― Não o suficiente. Tá fazendo o que parado Gale, vamos embora.

— Ei, é melhor não levar a menina agora, já pedi exames. ― Madge interveio.

― Jo leva a Prim se quiser, ela é a mãe.

— Estou aconselhando como médica, mas se seu tamanho é inversamente proporcional à sua inteligência pra entender isso, não posso fazer nada!

― O que você disse?

— Ei, ei! ― interferi na discussão. ― Isso aqui é um hospital e tem uma criança precisando de cuidados enquanto vocês discutem bobagens. Madge, Finnick, olha a postura!

― Tem razão. Johanna, estou instruindo que vocês não deixem o local antes de descobrirmos o que Prim tem, mas a decisão é sua! ― ela destacou a última palavra encarando Gale.

― Ok, a gente fica. Mas ele sai. ― Jo apontou pra Finn.

― É justo. Cai fora Odair! E os outros também, quem deixou vocês entrarem mesmo?

― Ela é má. ― Gale resmungou novamente quando já estávamos fora.

― Eu vou voltar pras minhas rondas. Se a Dra. Coin descobrir que estou matando trabalho conversando com uma garota linda ela me mata. Até mais Katniss. ― ele beijou o rosto dela. ― Tchau Gale. E sem beijinhos pra você Peeta.

― Vocês podem ir Catnip. Fico por aqui com a Jo, qualquer coisa te ligo.

― Tem certeza?

― Absoluta.

― Ok então. Mas qualquer coisa me liga mesmo. ― ela lhe deu um beijo no rosto antes de sair.

― Te levo pra casa Katniss. ― ofereci.

― Já estava contando com isso Professor. Sabe, estou gostando dessa nossa fase mais evoluída. Eu aprontei e você nem gritou comigo me chamando de burra. Faz um tempão que a gente não briga.

― Em compensação parece que vamos ter temos que manter nossos amigos longe uns dos outros. O que foi aquilo naquela sala?

― Não é? Tipo, você sabia que a Jo conhecia o Finn?

― Não fazia ideia. E seu amigo também provocou bem a ira da Madge.

― Não sei dessa coisa do Finnick e da Johanna, mas Gale e Madge? Vai acabar em sexo, com certeza. Tinha uma tensão palpável, você também sentiu? ― ela dramatizou.

― Eu só vi muita briga.

― Ah Professor, você se acha o esperto, mas tem coisa que só mulher percebe. Relaxe, não é culpa sua e do seu cérebro limitado.

― Não acredito que você está me metendo nas suas fofocas.

― Não é fofoca, estou só comentando uma coisa.

― Sei... ― entramos no carro e dei partida.

― Jo e Finn claramente tiveram algo. Mad e Gale ficaram se encarando estranho. Você estava certo em não termos nada romântico. Com você sendo meu irmão mais velho, nossa relação tá segura e não vou te perder nunca! ― ela me agarrou num abraço esquisito.

Acelerei indo em direção à casa dela, sem saber exatamente porque o que Katniss falou virou algum tipo de incômodo dentro de mim.


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Notas finais do capítulo

Peeta, meu querido, você acabou de ser jogado na "brotherzone", só lamento... Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Então, gostaram do capítulo? Quando Katniss e Peeta não estão brigando, sempre vai ter alguém pra armar barraco!!! E essa história de Johanna e Prim está ficando cada dia mais enrolada, concordam?

Até os reviews!!! Bjs*