Conselheiro Amoroso escrita por Ellen Freitas


Capítulo 28
Despedidas || Peeta


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!!!

Voltei com o penúltimo capítulo!!! E quando eu disse que seria o último do Peeta, apenas quis dizer que seria o último narrado por ele, já que o final é com a Kat e o epílogo será como o prólogo, em terceira pessoa...

Me desculpem por ainda não ter respondido os reviews, essas semanas foram puxadas e bem regadas a constrangimento e alguns machucados (quem está no grupo sabe bem...). Então queria agradecer à Elisangela Salvatore pela adorável recomendação. Me deixou muito feliz, obrigada!!!

Agora peguem os lencinhos, ajustem-se nas cadeiras e boa leitura!!! Bjs*



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Senti os dedos de Katniss entrelaçarem-se aos meus, mas o aperto que tentava transmitir força não chegou a alcançar seu objetivo.

Eu queria trocar a minha vida pela de Prim, até morrer se preciso, mas não antes de matar o responsável por aquele sofrimento em mim e em todas as pessoas que eu me importava, que por acaso estavam reunidas na sala de Katniss.

― Por que não me contou isso antes Peeta? ― Madge exibia um misto de pesar e indignação.

― Que se foda você Mad, quero saber porque não contou antes à polícia? ― Johanna andava de um lado para outro. ― Se estava em risco a vida da minha filha...

― Minha filha. ― falei não com a intenção de desmerecê-la, apenas para atestar que eu também tinha enormes motivos para estar surtando.

― Eu a criei desde que não tinha pai, perdeu a mãe e foi rejeitada pelos avós! Minha filha!

― Ashley morreu? ― questionei perplexo e ela pareceu se dar conta que tinha falado demais.

― Isso importa agora? Quero minha filha de volta! ― ela desabou a chorar e Gale se ergueu do sofá para envolvê-la em um abraço de urso, que ela aceitou relutante.

― Poderia ao menos ter avisado antes sobre Katherine. Sou seu amigo há anos cara, pensei que confiasse mais em mim. ― foi a vez de ouvir a lamentação de Finnick.

A reunião de emergência tinha sido marcada logo após sairmos da escola.

A autorização, que estava com minha falsa assinatura, falava que Prim deveria ser entregue a Michael W. O psicopata ainda estava trancafiado e outra pessoa tinha ido pegá-la, mas minha loirinha era esperta. Não entendo como ela tinha concordado em sair com um desconhecido assim tão fácil.

Mas a situação pôs a todos juntos nesse momento, onde contei, numa versão resumida e apressada, todos os fatos da minha história. Desde a morte da minha família, à traição de Katherine, as ameaças de Mike, tudo. Gale, Madge e Finnick me olhavam com pesar e uma pontada de ressentimento, enquanto Johanna estava furiosa, e com razão. A culpa era minha.

― Culpar Peeta não vai adiantar de nada agora! ― Katniss largou minha mão ficando em pé e falando com autoridade. Se a situação não estivesse tão ruim, eu juro que teria dado um sorriso, afinal, ali ela era a única razão que não me fazia desmoronar como há quase oito anos. ― Temos que dar um jeito de resolver isso.

― Chegar na polícia e dizer: “Sabe o cara que vocês mantêm trancado a sete chaves? Pois é, ele sequestrou minha filha!” ― Jo encenou ironicamente se soltando de Gale. ― Façam-me o favor... ― a porta do seu quarto foi batida com força quando ela entrou.

― Eu vou falar com ele! ― levantei-me resoluto já indo em direção à porta. ― Mike quer me atormentar, se ele souber que já estou bem ruim, talvez me diga onde ela está.

― Ei, vai com calma, ninguém vai te deixar entrar lá agora, já é noite!

― Sai da minha frente Gale. ― ordenei entredentes para o moreno que se posicionou entre mim e a porta.

― Não. ― Madge cruzou os braços sobre o peito ficando ao lado do namorado. ― Você não vai sair daqui nesse estado.

― Madge...

― Não adianta grunhir Peeta Mellark, concordo com a loirinha. ― me virei para encarar Finnick. ― Você não vai tomar esse peso nas costas sozinho, como sempre fez! Estamos aqui com você.

― Sim, estamos. ― Katniss se agarrou ao meu braço, me dando um sorriso triste, mas sincero.

― Amanhã cedo vamos ao presídio e conversamos com ele. Nem pense por um segundo que você irá sem mim, eu conheço esse mundo melhor que você, além das regras daquele lugar. ― assenti concordando com Gale.

― Certo. Eu e Gale vamos na delegacia reportar o sumiço. Finn, você vai procurando em hospitais, pode ser? ― Madge sugeriu.

― Também vou procurar.

― Nada disso, você fica aqui com Katniss e Johanna. Pode causar um acidente se dirigir assim!

― Mas nem fodendo que ficar parado Madge, me desculpe! A culpa disso tudo é minha e eu não vou simplesmente sentar e esperar uma ligação que pode nem acontecer. ― doeu mais do que imaginei falar as essas palavras.

― Custa escutar a porra de um conselho pelo menos uma vez na vida Peeta?!

― Custa, e muito Finn! Eu agradeço a ajuda, mas nada me segura aqui! ― meus amigos resmungaram frustrados antes de sairem. Peguei minhas chaves em cima da mesa de centro e vi Katniss buscar o casaco. ― Você não vai comigo. ― falei simplesmente não acreditando que ela realmente achou que eu concordaria com essa possibilidade.

― Claro que vou, aqui eu também não fico!

― Que droga Kat, não!

― Tá Peeta, acho que já passamos dessa fase de você achar que manda em mim.

― Você não entende? ― passei as mãos pelos cabelos. ― Não posso te perder também!

― Como assim criatura, perdeu o juízo?

― Eu o desafiei, e agora ele quer tirar tudo que eu... que eu... amo. ― gaguejei um pouco no final, as palavras ainda eram difíceis para mim. Katniss arregalou um pouco os olhos cinzentos e abriu discretamente a boca puxando ar para os pulmões. Continuei. ― Ameaçando tirar minha profissão, Prim, você... Nunca discutimos sobre isso, mas você sabe que aquele acidente com Katherine foi proposital. Ele sabe que pode me atingir machucando você, por isso não te quero lá fora!

― Eu não quero te deixar sozinho... ― ela murmurou chorosa.

― Sua amiga também precisa de você. Fique aqui, tranque a porta, não saia até que eu volte, e espere por notícias. Ficarei bem.

― Mas Peeta... ― o celular dela começou o característico toque da marcha nupcial. Nunca consegui a convencer a mudar aquele toque e agora já me parecia até engraçado e charmoso. ― É o Dan. Tinha marcado de sair com ele hoje, mas com essa coisa toda, esqueci de avisá-lo. ― puxei o ar, tentando controlar minha respiração.

― Você podia chamar esse cara para não te deixar aqui só. ― ela franziu as sobrancelhas com estranheza.

― É isso que você quer?

― É isso que você precisa. ― destaquei bem a última palavra. ― Fica salva. ― me despedi com um beijo em seu rosto e saí porta afora, me arrependendo no instante seguinte de não ter a beijado de verdade e ter dito o “eu te amo” com todas as letras.

~

A busca durante toda a noite tinha sido em vão.

Ninguém tinha visto uma criança com a descrição de Prim nos arredores da escola e também não havia muita gente para se preguntar sobre nesse horário. Finnick e Madge não tiveram muito sucesso.

Passei no meu apartamento, tomei um banho e já fui para a casa de Katniss, onde encontraria Gale para ir ao presídio. Depois de duas batidas, Daniel atendeu a porta.

― Ah, você. ― ele não pareceu nem um pouco feliz em me ver. ― Katniss não está.

― O quê? ― gritei, entrando sem convite. ― Você a deixou sair? Ela não te contou o que está acontecendo?

― Contou, mas o que você queria que eu fizesse? Algemasse a menina na mesa pra não ir na padaria na esquina? Você é o protetor obcecado aqui, não eu! ― eu não estava mesmo disposto a brigar, mas Daniel estava dificultando para mim.

― Perigo de vida cara, de vida! Prim está desaparecida, coisa pior pode acontecer com Katniss e você deixa ela ir comprar pão sozinha?

― Katniss é teimosa e você sabe. E não vamos fingir que não sabemos de quem é a... ― ele se interrompeu.

― A culpa? ― questionei. ― Se está insinuando que eu não sei que a culpa é minha, você está errado, eu sei. Por isso quero evitar que Katniss...

― Ah Peeta, tá bom, não quero brigar. ― ele me cortou.

― Ótimo, porque também não quero perder tempo com você. ― alfinetei de volta.

O silêncio pesou e já estava ficando constrangedor demais, nós dois sentados no sofá da sala e ninguém resolvendo aparecer naquele maldito apartamento.

O telefone dele começou a tocar, e quando ele enfiou a mão no bolso, antes de conseguir tirar o aparelho, uma caixinha preta voou e saiu quicando pelo tapete da sala. O impacto a fez se abrir e exibir um anel com um diamante solitário em cima.

E eu achando que seria impossível meu coração se apertar mais.

― Você vai... Você vai pedi-la em casamento?

― Não era para você ter visto isso. ― ele recolheu a caixinha e guardou no bolso.

― Você vai? ― insisti.

― Você não iria? Eu a amo.

― Eu também. ― ele deu um riso irônico.

― Agora você admite? Agora?

― Qual o problema do agora?

― O problema é que você teve essa oportunidade antes e deu pra trás! Peeta... Você é um cara legal, todo mundo sabe disso, e fora o fato de estar tentando roubar minha namorada há meses, não tenho absolutamente nada contra você.

― Tá bom. ― minha vez de ironizar.

― É sério! Mas a questão é que você se preocupa tanto com a Katniss, mas não está nem aí em deixar perto dela o maior causador de problemas: você mesmo.

― Isso não é...

― Mesmo? Não é verdade? Para e analisa por dois segundos.

Então eu parei e analisei por dois segundos e o cara não estava errado. Que merda!

Eu sabia que era esse ímã de problemas e até tentei ficar longe dela, amorosamente falando, por uns tempos, mas me permiti ser egoísta ao ponto de parar de lutar contra esse sentimento e buscar ser feliz junto de Katniss. E mesmo que odiasse admitir eu era sim o maior causador dos problemas dela. Mas se a morena não parecia se importar, por que eu iria? Porque você a ama, seu idiota, deveria ser mais altruísta! A voz da minha consciência alertou. Quieta consciência!

― Desculpe o atraso. Vamos Peeta? ― Gale entrou na sala. Assenti e o acompanhei ainda martelando as palavras em minha mente.

Fizemos um caminho silencioso até o presídio, onde logo nossa entrada foi liberada.

― Tem certeza que quer entrar? Eu posso falar com ele.

― Ele não vai falar nada de útil para você Gale. Eu vou. ― como na outra vez, ele tinha um sorriso vitorioso nos lábios. Apertei as mãos em punho.

― Hey Peeta, como vai?! Depois de todo esse tempo de amizade, acho que já podemos começar a nos tratar pelo primeiro nome, não é? ― Mike soou falsamente incerto.

― O que você fez com minha... Com Prim? ― o sorriso dele se alargou e soquei a mesa para não socar-lhe a cara.

― A menina é sua filha, Denver toda já sabe. E eu não fiz nada. ― o psicopata olhou por cima do meu ombro para Gale. ― Trouxe companhia? Outro amigo para minha listinha? Tem Prim e Katniss, claro. Haymitch, Finnick e Madge... ― por questão de segundos consegui impedir que Gale fizesse o que queria ainda a pouco. Ele acabou não se controlando à menção de Mad. ― Ah é, ouvi falar de você também grandão. O namorado da loirinha. Conheci no hospital, gostosinha pra caralho. ― tive que o segurar novamente.

― Ok, Gale, você não está ajudando.

― Esse filho da puta...

― Eu sei, mas ele só está te provocando. Me deixa falar só com ele, prometo não fazer nenhuma besteira.

― Isso Gale, vaza! ― Mike o dispensou com a mão, fazendo o barulho irritante das algemas contra o metal da mesa.

― O que você quer? Qualquer coisa. ― apelei quando estávamos a sós.

― Eu já disse como adoro quando as pessoas usam as palavras “qualquer coisa” logo depois da frase “o que você quer”? Esperei você baixar a guarda depois daquela confusão de dois meses atrás e funcionou perfeitamente. Você é tão estúpido... ― respirei fundo sem paciência.

― Você conseguiu, ok? Você venceu, estou aqui disposto a qualquer coisa para ter minha filha de volta, agora me fala. O que quer?

― Quero você no meu lugar, doutorzinho...

― Isso é impossível, já que não matei ninguém. ― respondi seco.

― Você não sabe o que está perdendo. ― como não falei nada e me mantive sério, ele continuou. ― A coisa que mais gosto na vida é poder, sabe? Meu dinheiro me dá isso, o sofrimento das garotas que matei me deu isso, até que me vi numa cama de hospital dependente de um merdinha como você. Eu te odiei por isso. E te odiei ainda mais quando você salvou a minha vida depois daquele dia que conheci Katniss. Eu não queria morrer, mas nem a porra do poder sobre minha vida ou morte eu tinha, mas você sim.

― Maior arrependimento da minha vida.

― A questão é que quero você sozinho, quebrado, isolado. Como eu. ― Mike cruzou os braços e se tranquilamente encostou no apoio da cadeira enquanto eu o encarava atônito.

Eu já tinha visto ódio pessoalmente, eu já tinha até sentido essa coisa horrível no meu peito, mas nunca tão forte, tão claro, tão intenso. Por algum motivo aquele bandido tinha depositado em mim toda a raiva das pessoas e a frustração por ter sido pego, e eu não podia fazer absolutamente nada, principalmente quando ele tinha minha filha.

― O que você quer de mim afinal? ― perguntei vencido e cansado de lutar contra ele. ― Entendi, você me odeia, quer me ver sofrer, quer que eu fique miserável como você. Estou sofrendo agora, não é o bastante?

― Seria, se eu não soubesse que não importa o que eu te tire, você consegue algo de novo. Então, quero você longe.

― Longe de quê?

― Hm, estava esperando você perguntar. ― Mike apoiou os cotovelos sobre a mesa para se aproximar de mim. ― Longe da sua filha, do seu amor, dos seus amigos. Quero você longe de tudo que te faz feliz, só assim não teria mais interesse neles. ― ele manteve o olhar preso ao meu aguardando uma resposta. ― Mais simples do que você achou que seria, não é?!

― Não posso fazer isso. ― falei baixinho, quase que para mim mesmo, meus olhos começando a arderem.

― Você que sabe Johnny. Ou eu tiro você deles, ou tiro eles de você. ― quando não contive mais, as lágrimas teimosas encheram meus olhos, turvando um pouco minha visão. ― É isso aí. É esse cara bem ferrado que quero ver. Você tem uma semana. ― ele deu duas batidas na mesa chamando a atenção do guarda. ― Terminamos aqui.

― E sobre Prim? ― perguntei antes de sair.

― Você acha mesmo que sou a pior pessoa do mundo, não é? ― ele se divertiu com a própria ironia. ― Jamais machucaria uma criancinha, sua filha tá bem. ― como o olhei em dúvida, Mike continuou a falar. ― Que horas são? Nove horas, eu acho. Liga pra Katniss, ela já deve estar com a menina nesse horário. Por falar nela, diz que a gente se vê em uma semana. Ou não. ― o dar de ombros foi a última coisa que via antes de fechar a porta atrás de mim e encontrar um Gale andando de um lado para outro com o telefone no ouvido.

― Katniss, acabou de ligar, elas já estão com Prim. ― soltei um riso sem humor com a constatação de que tudo que Mike falou era verdade. E se o doido podia cumprir a promessa de devolver Prim, eu tinha absoluta certeza que ele ficaria bem feliz em cumprir a terrível parte que correspondia à Katniss.

~

― Minha princesa. ― mesmo depois de alguns minutos, eu ainda murmurava escondendo minhas lágrimas nos cabelos loiros de Prim enquanto a apertava em meus braços. ― Eu te amo tanto.

― Por que o tio Peeta tá assim?

― Ele apenas sentiu sua falta Prim. ― Katniss explicou com olhos marejados.

― Mas agora você precisa descansar. ― a entreguei relutante para Johanna, já que se dependesse de mim, jamais a tiraria do meu campo de visão novamente.

― Me conta isso direito. ― falei a Katherine, ainda me recuperando da “pequena” crise de choro que acabei tendo ao tê-la comigo sã e salva.

― Ontem eu tinha ido pegar umas coisas em Louisville pro meu novo apartamento, aí hoje de manhã quando estava voltando, a vi caminhando sozinha perto da rodoviária. Ela disse que uma moça bonita a tinha deixado lá, aí eu perguntei se ela queria ir para casa, ela disse sim e aqui estamos. ― deu de ombros e a encarei com estranheza.

― Prim só fala que passou a noite brincando com a tal moça bonita e muito legal e que depois ela a deixou e disse que em breve a encontraríamos. ― Kat explicou. ― Eu não entendo Peeta, é como se tivesse sido apenas um susto ou um aviso. ― Um aviso de que você será a próxima e que as lágrimas não serão de alívio com o resultado! Minha mente completou. ― O que você acha que significa?

― Eu não sei Katniss. ― menti. ― Mas agora vou voltar ao hospital, tenho que dar uma satisfação sobre meu sumiço de hoje.

― Você acha que é seguro para ela agora? ― Gale questionou.

― Por enquanto sim. Mike garantiu que...

― Você confia naquele doido? ― Daniel, quem eu tentei ignorar desde que cheguei, resolveu falar.

― Ele cumpre as promessas. Lidaremos com ele amanhã, por hoje todo mundo merece um descanso. Inclusive você Gale, obrigado por estar lá.

― Prim é uma das pessoas mais importantes para mim, claro que estaria. ― acenei uma confirmação de leve com a cabeça.

― Até mais pessoal.

― Peeta! ― Katniss me chamou e veio em minha direção. ― Você vai ficar bem? ― dei um passo instintivo para trás, me afastando dela, talvez meu cérebro reagindo à atestação de Daniel e ameaça de Mike sobre eu oferecer problemas e perigo à morena.

― Vou ficar. Todos vamos. ― sorri fracamente. ― Tchau Katniss. E Katherine... Você pode vir aqui fora um minuto? ― não esperei para ver a reação das pessoas e já saí para o corredor.

― Você tinha que ver a cara que a Katniss fez quando você me chamou aqui. ― ela veio fazendo graça, mas mantive-me sério. ― Devia ter tirado uma foto...

― Katherine, dá um tempo, vai? ― falei impaciente.

― O que você quer meu amor? Me agradecer por ter salvo a vida da sua filha?

― Olha, eu não sei como isso aconteceu e não posso negar que te devo uma, mas nada mudou entre a gente. Era isso que eu queria te dizer, que ainda não ligo para você e te quero distante de mim e de quem realmente importa.

― Eu sou o amor da sua vida Peeta, aceita isso.

― Não, entenda que...

― Você me amou por muito tempo, foi para o fundo do poço por mim.

― O orgulho que tá saindo da sua voz no momento, me mostra como eu estava errado naquela época. Agora eu sei quem você é, e não importa o que diga ou faça, nunca mais sentirei nada além de indiferença por você. ― me virei para ir embora.

― Eu não vou desistir, viu?! Farei o que for preciso, mas você não vai mais se ver livre de mim. Vai me amar de novo Peeta Mellark! ― não me dei ao trabalho de olhar para trás e já saí do prédio indo para casa e logo depois para hospital. Eu precisava e iria resolver minha vida hoje.

~

Nossos copos chocaram-se levemente no contato do vidro e o líquido amarelo no interior deles veio em ondas até a borda, quase derramando por ainda estarem cheios.

― Alguém aqui tinha dúvida que Peeta seria o primeiro a terminar essa porra? ― Finnick falou entusiasmado depois do brinde.

Eu, ele e Madge estávamos em um bar, onde os convidei a sair depois do plantão para beber um pouco. Apesar de estranharem minha disposição, aceitaram de bom grado quando disse que tinha adiantado as coisas e já estava com meu certificado da conclusão da residência em mãos.

― Eu tinha, já que peguei um monte de atestados. Fiz até uma cirurgia!

― É, mas quando não estava morrendo de pneumonia ou em pós-operatório, vamos combinar que você não tinha bem uma vida social...

― Minha vida social esse ano foi muito bem, obrigado.

― Até se apaixonar pela Kat, não é meu amigo? Depois disso, seu amiguinho aí teve que ser contentar com a friendzone. ― os dois gargalharam às minhas custas.

― E vai me dizer que você está dando suas escapadas com a Annie? Duvido!

― Não é da sua conta!

― Vocês lembram daquele dia antes do desastre do primeiro encontro do Peeta com a Kat, que eu disse que os dois eram dois alérgicos a compromissos, idiotas, narcisistas, babacas, meios lerdos, um tantinho assim retardados...

― Ok, Mad, nós entendemos. ― Finn a cortou.

― Então... Vocês não são mais isso, mas agora estão aí, ainda sozinhos. Acho que o problema tá com vocês, sabe?

Ah, porque o Gale é o melhor advogado do mundo! ― a imitei.

O meu grandão nunca perdeu um processo. ― Finnick entrou na brincadeira. ― Gale... Gale... Gale...

― Vão se ferrar! Gosto dele, e daí?

― Alguém aqui também se apaixonou Finn. ― trocamos uma risada e Madge fechou a cara não gostando da brincadeira, apesar de não ter discordado com a afirmativa.

― Perdi meu direito de exercer minha profissão, estou desempregado, não posso ver minha namorada e estou enfrentando um processo judicial. Madge, se apaixonar é o de menos.

― Um psicopata ficou obcecado por mim, minha ex louca voltou para me atormentar, o cara que eu considero como pai quase morreu, o diretor do hospital que trabalho me odeia e estou sem um pedaço do meu fígado. Ah, e o namorado perfeito de Katniss vai pedi-la em casamento.

― Tem razão cara, sua vida é a mais fodida de todas.

― Vocês estão fazendo isso errado. ― Madge se pronunciou. ― Se estamos aqui comemorando a “formatura de Peeta”, vamos falar de coisas boas que aconteceram esse ano. Passei em um dos melhores programas de residência em cirurgia do país, tive a oportunidade de trabalhar ao lado de grandes cirurgiões, conheci os olhos verdes mais idiotas e divertidos, me mudei para o prédio do cara mais chato e mais altruísta do universo e... Me apaixonei. ― não pude deixar de soltar um riso pela felicidade da minha amiga.

― Passei em um dos melhores programas de residência em cirurgia do país ao lado do meu melhor amigo, conheci uma loirinha antipática, saí com muitas mulheres, mas conheci a mais incrível e especial delas. No fim das contas, me apaixonei pela primeira vez na vida. ― Finn falou rindo e ambos me olharam em expectativa.

― Hm, deixa eu ver... Passei em um dos melhores programas de residência em cirurgia do país, e trabalhei no que eu amo ao lado dos meus dois melhores amigos. Consegui finalmente superar a morte da minha família e descobri um novo pai que quer me obrigar a aceitar uma herança de alguns milhões de dólares. Descobri uma filha e me apaixonei quando não achei ser mais possível.

E ter que abrir mão de tudo isso me doía a um ponto que ninguém conseguiria imaginar, e eu nem queria que eles tentassem.

― Foi um ano bom. ― Finn concluiu.

― Sim, foi, mas ainda não explica porque Peeta parece estar se despedindo da gente.

― Exatamente o que eu ia comentar. ― os dois me encararam e ri sem humor, olhando meu copo.

― Vocês me conhecem demais, estou começando a ficar assustado.

― Somos amigos, vizinhos e colegas de trabalho há um ano Peet e, apesar de sermos notavelmente atraentes, nunca transamos.

― O que diabos isso tem a ver Madge?

― Significa que gastamos muito tempo conversando. ― ela explicou.

― E entre nós dois nunca vai rolar nada, mesmo se insistir Peeta, então... ― Finnick brincou, afinando a voz.

― Estou indo embora daqui há dois dias. ― despejei.

― O quê? ― Finn questionou perplexo e estranhei quando Madge começou a rir. Eu não esperava que ela fizesse drama, mas rir foi demais.

― Ela tá brincando, não está? Você está brincando, não está?! ― o sorriso da loirinha foi se desfazendo à medida que ela me batia e eu não ria de volta.

― Eu menti sobre minha conversa com Mike dias atrás, não foi pacífica como fiz parecer. Ele... ele está me obrigando a isso. Prim foi só um aviso que, apesar de preso, ele pode ter acesso a todo mundo que eu amo.

― E você vai deixar o louco vencer assim? ― Mad quase gritou.

― Madge, fica calma.

― Não, eu não vou ficar calma. Escuto que meu melhor amigo está indo Deus sabe pra onde, e tenho que sorrir e acenar um adeus? Vai se ferrar Peeta! ― ela jogou a bolsa sobre o ombro e saiu do bar.

― Pensei que ela fosse reagir melhor.

― Isso é sério, você vai ter que ir?

― Sim.

― E logo agora?

― Eu nunca quis matar ninguém Finnick, mas naquele momento, minha vontade era de apertar o pescoço do cara até que todo o ar saísse dos pulmões dele, mas eu não iria fazer isso. ― ele balançou a cabeça concordando. ― Mike ameaçou todos, e disse que Katniss seria a próxima se eu não fosse embora em uma semana.

― Se ele te odeia tanto, porque nunca tentou nada diretamente contra você?

― De acordo com o filho da mãe, a morte seria boa demais para mim. Ele quer me ver sofrer e me afastar de todo mundo, me deixando no fundo, como ele.

― Tem certeza que matá-lo não é uma opção? ― ele riu triste.

― Apesar de ser um idiota, vou sentir sua falta Finn. E vê se toma juízo e acerta essa coisa com a Annie. ― me levantei jogando uma nota em cima da mesa. ― Agora deixa eu ir atrás da loirinha, antes que ela conte para a Katniss.

― Então não posso falar pra Kat-Cat?

― Faz esse favor pra mim?

― Mas você é um filho da puta mesmo, não é Peeta? Tá indo embora, mas não pode deixar de me pedir favor...

Nosso abraço foi meio torto, forte demais, mas sincero. Finnick Odair foi minha amizade mais longa e abrir mão dela quando meu amigo mais precisava de mim me partia o coração, mas tudo era para protegê-lo. Ele merecia ser feliz e enquanto eu estivesse por perto, não seria.

Haymitch teve uma reação parecida quando o visitei ontem, mas não depois de me mostrar mais de dez maneiras de “comprar” uma solução definitiva com Mike, mesmo eu relutando veementemente, sem querer me igualar ao tipo que faz ameaças ou paga pessoas para fazer mal a outras. No final das contas, ele respeitou minha decisão.

Quando desci do meu carro no estacionamento do prédio, fui direto para o apartamento de Madge. Ela demorou a atender, e quando abriu a porta vi seus olhos e nariz vermelhos.

― O que é? ― ela perguntou sem rodeios.

― Posso entrar?

― Faz o que quiser. ― adentrei o apartamento, fechei a porta atrás de mim e a envolvi em um abraço, ouvindo-a soluçar em meu peito.

― Eu achei que você ia ser a mais fácil de dar a notícia. ― Madge era forte e determinada, em nenhum momento imaginei que ela fosse desabar assim.

― Você não vai voltar... ― ela choramingou e não pude dizer nada para consolá-la, a não ser que mentisse. Eu não tinha mesmo certeza quando voltaria, muito menos se voltaria.

― Todo mundo vai ficar bem.

― Eu não vou, porra! Quem vai ser o chato da minha vida?

― Finn e Gale vão dar conta do trabalho, tenho certeza. ― eu ri na esperança de fazê-la parar de chorar.

― Pra onde você vai exatamente? ― ela perguntou quando nos sentamos no sofá.

― Se eu te contar você vai surtar. Você quer surtar? ― ela arregalou os olhos verdes parecendo lembrar de algo.

― Ai meu Deus, Prim já sabe? E Katniss? Como ela reagiu?

― Considerando a sua reação, estou com medo. Quer ver série e conversar a noite toda? Vai saber quando faremos isso de novo...

― Eu te odeio por estar me fazendo passar por isso loiro azedo dos infernos.

― Também te amo loirinha enjoada. ― beijei seus cabelos passando o braço por seus ombros.

~

Johanna abriu a porta e me deu passagem. A cara dela não era de bons amigos, mas eu podia ver um pouco de compaixão no fundo dos seus olhos, pois mesmo ainda estando chateada sobre a coisa do sequestro de Prim, quando contei o motivo de partir, ela amoleceu um pouco.

― Obrigado por me deixar fazer isso.

― Tem certeza que quer fazer? Prim só tem seis anos.

― Se tivesse outra opção, eu juro que não faria Jo, mas Prim precisa saber.

― Eu sei. Vamos, ela está desenhando no quarto.

― Posso te fazer uma pergunta antes? Sobre Ashley...

― Deixa isso pra lá Peeta, você não precisa de mais isso...

― Sim, eu preciso.

― Ok. Depois que Prim nasceu, ela entrou em depressão pós-parto. Os pais dela insistiam que a menina fosse dada para adoção ou para o pai, mas ela não queria... Um dia ela não aguentou a pressão e tomou toda uma cartela de remédios para dormir. O corpo dela foi encontrado um dia no celeiro da fazenda, apenas porque Primrose estava chorando muito. ― senti o sangue se esvair do meu rosto. ― Você está bem? ― neguei com a cabeça e ela pareceu se dar conta de algo. ― Meu Deus, sua mãe! Me desculpa Peeta. Não foi culpa sua, ela já estava ruim antes de você, e os pais dela... Por mais que tenha dito isso mil e uma vezes, não foi sua culpa.

― Tudo bem Jo. ― tentei me recuperar e por um milagre consegui fazer isso rapidamente. ― Digamos que já estou bem calejado de histórias tristes, mas hoje a noite não é sobre mim.

― E Katniss? ― ela perguntou. Já tinha virado uma tradição a todos a quem eu dava a notícia seguir perguntando sobre minha relação com a morena.

― Estou deixando o mais difícil pro final, se é que me entende.

― Você tem medo dela conseguir te fazer ficar, não é?

― Ela merece ser feliz, só isso. Dan pode dar isso a ela, não eu.

― Quem ela ama não é sua escolha, Peeta. ― meneei a cabeça.

― Posso escolher que não seja eu. Ela demora a chegar? Não quero encontrá-la hoje.

― Acho que sim. Katniss me disse que iria jantar com Daniel naquele restaurante chique perto do hospital, sabe? ― só o mais caro e romântico lugar de Denver. O perfeito local para o pedido de casamento que, até onde eu sabia, ainda não tinha acontecido. Sorri falsamente.

― Podemos falar com Prim agora?

― Sim, vamos. E vai com calma, lembra que um pai na vida dela tem sido apenas um sonho até hoje.

― Eu sei.

Quando me viu na entrada, a menininha correu para meus braços e me puxou para a mesa que estava cheia de folhas de papel em branco, algumas já preenchidas com desenhos infantis e coleções de cera espalhadas por todo lado. Depois de me obrigar a fazer um desenho que me surpreendi em não ter ficado uma completa droga, resolvi puxar o assunto. Jo tinha nos deixado sozinhos e esse era o momento.

― Prim, posso te contar uma história? ― os olhinhos azuis como os meus me encararam brilhando.

― Sim, tio Peeta. Vou buscar um livro.

― Que tal eu contar uma que você ainda não ouviu ou leram para você? ― propus, e ela concordou animada em expectativa.

― Vem pra cá tio. ― Prim convidou depois de pular na própria cama. Sentei na ponta do colchão e pigarreei antes de começar.

― Bom... ― percebi que eu não fazia ideia como contar uma história para uma criança.

― A tia Kat, o tio Gale e a mamãe sempre começam com “era uma vez”. ― sorri por ela parecer ler meus pensamentos.

― Tudo bem. ― pigarreei novamente.

“Era uma vez uma princesa muito linda, tinha os cabelos castanhos e os olhos da cor do mel que as abelhinhas fazem. Um dia ela conheceu um jovem cavaleiro loiro, bem atrapalhado e meio idiota, mas mesmo assim o ajudou quando ele chegou no reino. Ela deu carinho, ajudou a arrumar um lugar para dormir e tratou ele muito bem.”

Eu tentava falar calma e pausadamente, apesar do meu coração acelerado.

“Mas um dia o cavaleiro, que na época era muito malvado, decidiu que não queria mais namorar, aí os dois se separaram. Ele foi estudar para ser médico e ela foi para a fazenda muito bonita dos pais dela. Alguns meses depois nasceu uma princesinha linda, com os cachinhos dourados e olhos azuis como os do cavaleiro.

“Então aconteceu algo muito triste: a mãe da menininha morreu quando ela nasceu. Mas uma tia muito legal cuidou da menina como se fosse filha dela mesmo, ela cresceu e ficou mais linda do que a mãe.

Anos depois o cavaleiro encontrou a menina e logo descobriu que ela filha dele. O rapaz estava diferente, não era mais malvado. Os dois ficaram muito amigos, e ela chamava ele de tio, sem saber que era o papai dela...”

― Peraí tio, essa história está meio estranha. ― a esse ponto eu já estava quase chorando por relembrar minha história com Ashley, mesmo a versão resumida e mais cor de rosa. ― Não parece uma história de princesa. ― eu ri.

― Essa esperteza você provavelmente aprendeu com Johanna.

― Ahn? ― cheguei mais perto.

― Prim, você tem razão, não é uma história de princesa. Na verdade, o cavaleiro loiro sou eu. ― ela franziu as sobrancelhas sem entender. ― E a menininha loira é você. ― Prim levou algum tempo pensando na pequena história antes de finalmente resolver falar.

― Minha mãe não morreu, ela é a Johanna. E o senhor não é meu pai, é meu tio.

― Prim... ― segurei suas pequenas mãozinhas entre as minhas, a fazendo olhar diretamente para mim. Respirei fundo. ― Há muito tempo conheci uma garota muito doce e especial, como uma princesa de verdade, e o nome dela era Ashley. Nós namoramos e ela ficou grávida de você.

― Minha mãe não é minha mãe?

― Johanna sempre vai ser sua mãe, ela cuidou de você desde que era bem pequeninha. Mas você nasceu de outra pessoa, a Ashley.

― Então se a Ashley é minha mãe de barriga, o senhor é meu pai? ― a pergunta foi tão simples, mas não tive reação nenhuma além de confirmar com a cabeça. ― Eu tenho um pai, e ele é o senhor? ― ela ficou em pé no colchão, não escondendo a agitação.

― Se você quiser, sim eu sou. Eu sei que você pode levar um tempinho, mas quando quiser eu vou... ― ela saltou no meu pescoço me abraçando apertado.

― Pai! ― não contive mais minhas lágrimas devolvendo o abraço em seu diminuto corpo. ― Agora a gente vai junto viajar, e o senhor vai na minha escola pra mostrar para todas minhas amigas como meu pai é lindo e legal. Então podemos ir também...

― Prim. ― a chamei com meu coração mais apertado do que nunca. ― Eu adoraria fazer tudo isso com você, eu já te amo mais que a mim mesmo, mas infelizmente não poderemos.

― Claro que a gente pode tio Peeta, quer dizer, papai. Na minha escola tem uma festa que os pais vão com seus filhos e a Tiffany sempre pergunta porque nunca fui.

― Me desculpa Prim, mas não vai dar. Eu vou ter que fazer uma viagem amanhã.

― E quando o senhor volta? Depois de amanhã?

― Er... Vai demorar um pouquinho mais do que isso. Talvez muito mais. ― admiti triste.

― O quê? ― o grito veio de Katniss, que estava com o ombro apoiado no batente da porta, os olhos molhados de lágrimas. ― Você está indo embora?

Não era para ela descobrir assim.

Droga, droga, droga.


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Notas finais do capítulo

Ai ai meu coração... Agora a despedida mais difícil!!!
Não tenho muito o que comentar aqui, apenas que a cada capítulo, meu coração se aperta de saudades antecipadas.

Sobre CMDPOM, nossa penúltima protagonista:
*Melissa Mellark: a gêmea mais jovem, tem sérios problemas pois quer sempre manter o controle sobre toda sua vida acadêmica. É inteligente e muito dedicada aos estudos, não deixando nada nem ninguém ficar no meio do seu sucesso na escola e futura entrada na faculdade, e exclui qualquer tipo de romance de sua vida. Tem aptidão para praticamente todas as matérias, um QI bem elevado e é ótima com computadores, apesar de não se atentar muito a vaidades. É bastante teimosa e não se cala diante de algo que ela julgue errado ou injusto. Abomina o comportamento de Oliver e prefere manter a distância do primo.
Por questões óbvias, Melissa também será a Danielle Campbell, numa versão não tão arrumada...

Então é isso, vejo vocês nos reviews... Favoritem, recomendem!!!
No próximo, conheceremos Oliver e o final da nossa amada CA!!!
Bjs*