Conselheiro Amoroso escrita por Ellen Freitas


Capítulo 25
Embates || Katniss


Notas iniciais do capítulo

Tcharam!!! Não disse que não demoraria tanto?! Cheguei!!!

Já passando para agradecer à Justalover, que me deixou uma linda recomendação essa semana. Muito obrigada querida!!

Sem mais enrolações, vamos ao capítulo... Alguns de vocês ficaram felizes por ter sido a Katherine a vítima do Mike, mas eu não comemoraria agora...

Boa leitura!! Bjs*



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Descansei meu queixo na minha mão e mal notei quando meus olhos já começaram a pesar de sono. As últimas semanas tem sido intensas. Com a entrada do mês da formatura, o aumento da carga horária do estágio e todas as coisas que estavam acontecendo em minha vida agora, sono tem definido a minha vida. Logo eu que nunca tive problemas com isso.

Passos rápidos no corredor à minha frente me fizeram despertar.

― Peeta, o que faz aqui? ― perguntei ficando em pé. Ele caminhava resolutamente até mim, sem desviar o olhar do meu. Mas até onde eu lembrava, ele deveria estar na sala de preparação para o transplante. ― A cirurgia não era agora?

― Eu só precisava fazer uma coisa antes.

Minhas costas logo atingiram a parede fria do hospital quando Peeta colocou suas mãos em volta do meu rosto, e lançou seu corpo sobre o meu, me beijando. As sensações que seus beijos provocavam em mim nunca foram esquecidas, então logo que minhas pernas me traíram, apertei forte a cintura do loiro para me sustentar melhor.

Sua língua pediu passagem, para logo dar início a toda uma nova gama de impressões, que só me faziam querer estar mais perto, mais junto, sem tempo determinado para terminar.

― O quê? ― questionei, pois apesar de ter retribuído ao beijo, eu não sabia o que tinha dado nele.

― Eu amo você Katniss. ― um sorriso desenhou-se automático em meus lábios.

― Também te amo Peeta. ― foi a vez da boca dele espalhar-se em uma expressão de alegria como eu não costumava ver. Peeta se inclinou para mais um beijo quando o senti ser tirado dos meus braços.

O barulho seguinte já foi de um soco sendo dado e Peeta no chão. Eu podia ver apenas as costas e o cabelo castanho do agressor, e quando eu já iria tentar separar mais essa briga de Daniel e Peeta, fiquei estática ao ver que não se tratava do meu namorado. Era Mike Willis ali.

Eu não lembrava de quando ele tinha dado entrada, mas talvez aquela informação tenha sido protegida de mim por causa do que aconteceu na última vez. Peeta conseguiu revidar os socos e logo era ele que estava batendo, até chegarem os guardas e retirarem o prisioneiro dali, me dando a sensação de dejavù.

― Você está bem? ― ajoelhei-me ao seu lado, acariciando seu rosto machucado.

― Esse cara... ― Peeta falou revoltado. ― Deixa ele para lá. Onde a gente estava mesmo? ― sua face mudou para um sorriso sincero, que logo retribuí, antes de nos beijarmos novamente.

Senti o peso na minha cabeça escapar da minha mão, foi quando notei que eu realmente tinha dormido sentada em um dos bancos do corredor no hospital.

Eu sabia que tinha alguma coisa muito errada naquela situação, e eu nem estava falando do prisioneiro solto nos corredores. Esperar Peeta se declarar era demais...

― Katniss? ― dei um pequeno salto de susto ao ouvir a voz do loiro. ― Você estava dormindo aqui? ― ele perguntou com um sorriso no canto da boca. ― Não achei que fosse viver para ver isso.

― Estava descansando o rosto na minha mão, posso?

― Você estava dormindo! E ainda posso dizer que você estava sonhando, com alguma coisa boa. ― minhas bochechas involuntariamente esquentaram. ― Você estava rindo.

― E desde quando você é do tipo estranho que fica vendo as pessoas dormirem?

― Quando eu faço é estranho, mas quando você faz não é?

― É, eu... Eu nunca...

― Eu sei que você ficou me olhando em Louisville e depois veio com a desculpa de “escovar os dentes”. ― e eu achando que não podia ficar mais vermelha... ― Não tem problema, também te olhei quando você dormiu lá em casa.

Alguém por favor, traz o Peeta chato e controlador de volta, antes que esse aqui me mate de vergonha?

― O que você está fazendo agora? Além de me atormentar... ― desviei o assunto e falei a última frase baixinho, apenas para mim mesma, mas acho que ele ouviu, pelo pequeno sorriso que surgiu no rosto dele.

― Estou indo na sala do diretor do hospital, pra ver a coisa do transplante. Ele precisa autorizar, já que envolve um funcionário.

― Quer que eu vá com você?

― Não Katniss, você parece que precisa de cama. ― seu sorriso de ampliou e ele se aproximou do meu ouvido para falar quase aos sussurros. ― Estou falando de dormir Kat. Não precisa corar por cada palavra que sai da minha boca.

― Tá se achando né Mellark? ― rebati o empurrando para longe. ― É o frio.

― “É o frio.” ― Peeta me imitou. ― Quando você vai parar de usar essa desculpa?

― HA HA. Você não tem uma reunião ou coisa assim para ir?

― Se você não for embora agora, podemos nos encontrar no quarto do Haymitch daqui a pouco para dar a notícia a ele? Talvez isso o faça reagir...

― Tá bom, te vejo lá.

Voltei para a sala para terminar de preencher alguns formulários que anda faltavam para que eu finalmente pudesse ir embora e dormir um pouco. Se alguém me dissesse há um ano que eu estria encerrando de bom grado a minha noite às 20 horas, eu não acreditaria, mas sentindo a dor nas minhas pernas e o peso nos meus olhos, eu não via a hora de ir para casa.

― Oi amor. ― Dan chegou dando um beijo no meu rosto e sentando-se ao meu lado. ― Onde você estava?

― Terminando aqui umas coisas para poder ir para casa.

― Ótimo. Abriu um restaurante tailandês...

― Hoje não vai dar Danny, estou morta de cansaço. Acredita que eu estava dormindo em um dos corredores? ― ele riu. ― É sério! Eu não lembro de estar tão quebrada desde minha primeira semana de festas na faculdade. Vou só terminar de preencher isso aqui, e depois dar uma passada com Peeta para ver Haymitch, então vou para casa dormir até amanhã.

― Ah. ― não foi um “ah” do tipo “entendi o que você disse”, foi mais para um “ah” que diz implicitamente que você se fodeu porque falou demais. Levantei o olhar para ver o rosto chateado do meu namorado.

― O quê?

― Você não pode sair comigo, mas vai pra onde seu amiguinho quer.

― Olha Dan, não estou mesmo disposta a brigar com você por causa de Peeta, ok?! ― não dei muita importância à crise dele e continuei com a atenção ao meu trabalho.

― Você defendeu ele naquela briga! Sempre defende! ― rolei olhos. Lá vem...

― Danny... ― deixei meus papeis de lado já aceitando a ideia que teria que sair com ele hoje à noite e consequentemente teria algumas horas a menos que o planejado para dormir.

― Não vem com essa de “Danny” pra cima de mim Katniss.

― O que você quer que eu diga? Ele é meu amigo e precisa de mim.

― Ele não quer ser só o seu amigo e você sabe disso.

― Não importa o que Peeta quer, mas sim o que eu quero. Escolhi você, seu bobo. ― peguei suas mãos entre as minhas e sorri.

― E você ainda quer isso? ― fechei meu sorriso e abri minha boca para mandar um “do que você tá falando seu filho da mãe?”, mas ele continuou antes que eu falasse. ― Quer dizer, eu te pedi em namoro por dias, então você disse sim apenas quando brigou com Peeta. Eu amo você, mas não sou cego Kat.

― Você... Você tá terminando comigo? ― gaguejei a frase.

― Não Katniss, eu não estou terminando com você. No que depender de mim, isso nunca vai acontecer, mas você precisa pensar sobre suas atitudes e essa sua relação estranha com esse cara. ― ele já ia saindo quando segurei seu pulso o fazendo parar e ficando em pé.

― Minhas atitudes? Eu não fiz nada de errado! ― minha consciência me lembrou do beijo que Peeta me deu na noite do parque de diversões, mas foi ele, não eu! Eu o afastei e deixei bem claro que não concordei com aquilo.

― Também não estou disposto a brigar com você Kat. ― Dan beijou minha testa. ― Pode ir para casa descansar, a gente marca outro dia para sair.

― Dan...

― Até mais Katniss.

E mesmo eu e ele não querendo brigar, aquela foi oficialmente nossa primeira briga. Quando teve aquele embate dele e Peeta semana passada, evitei não julgar e tentar entender os motivos de ambos os lados. Cada um tinha um ponto e nenhum estava certo em sair na pancada para resolver as coisas.

Mas Daniel era um cara incrível, eu odiava vê-lo triste, e me odiava por fazê-lo ficar assim.

Terminei meus relatórios, deixei na mesa da Dra. Paylor e fui direto para a UTI ver Haymitch e ir para casa. Esse dia já estava demorando demais para acabar. Chegando lá, me surpreendi quando via através do vidro Peeta dando uma crise de estresse enquanto a Dra. Lin tentava acalmá-lo. Franzi minha testa e entrei.

― Não Kenz, não temos esse tempo!

― Peeta, você conhece os protocolos, sabe que o Dr. Snow não está errado. ― ela falava calmamente.

― O que aconteceu? ― ele finalmente pareceu notar minha presença.

― Nosso lindo diretor do hospital vetou a cirurgia!

― Por quê? Vocês não eram compatíveis ou coisa assim? ― falei a primeira coisa que me veio à cabeça, já não entendia nada de transplantes.

― O maldito disse que Haymitch não é um “candidato bom”.

― Como assim?

― O Sr. Abernathy é diabético e está com a contagem de plaquetas muito baixa, ele não sobreviveria ao pós-operatório, talvez nem à cirurgia. Isso sem falar das muitas outras comorbidades que ele tem. E ele ainda está em coma. ― Mackenzie explicou para mim, então virou-se para o loiro. ― Você sabe disso Peeta. ― a médica o confortou afagando as costas dele.

― Ele vai melhorar, eu sei disso. Haymitch é forte.

― Talvez se ele melhorar...

― Vetaria do mesmo jeito. O advogado me explicou que tem uma cláusula no testamento dele que deixa alguns poucos milhões para o hospital. Snow tá se fodendo pro Haymitch, ele só quer o dinheiro!

― Ok, vamos acalmar os ânimos e falar mais baixo na minha UTI. ― Mackenzie advertiu.

― Ela tá certa Peeta, gritar não vai adiantar.

― Eu posso vê-lo, pelo menos?

― Claro.

― Vem comigo Kat? ― sem sequer aguardar minha resposta, ele pegou minha mão e me conduziu para dentro do frio quarto da UTI.

― Ei Hay. ― o cumprimentei, me aproximando da cama. ― Se você quiser acordar, agora seria o momento perfeito, Peeta tá me estressando. ― ri e fiquei feliz ao ver que um pequeno sorriso se formou no rosto do meu amigo. Se minha relação com Dan estava em crise no momento, a com Peeta não precisaria estar também.

― Culpe o fato de você ser bilionário e querer essa vida para mim. Sim, estou reclamando.

― Bem feito pra sua cara Hay, se tivesse feito de mim sua herdeira, eu estaria bem ok com isso.

Ainda conversamos por um tempo, imaginando as respostas e comentários sarcásticos que Haymitch faria se realmente estivesse acordado ali. Minha discussão com meu namorado ainda rondava minha cabeça, e não foi nenhuma surpresa quando Peeta tocou no assunto perguntando se eu estava bem e se ele poderia fazer algo.

― Estou bem Peeta, e você? Já quer me falar o que mais está te preocupando tanto?

Mesmo depois da notícia da possível solução para o problema de Haymitch, consequentemente da herança, ele ainda parecia estar com a cabeça em outros lugares, sem contar a paranoia com locais abertos e cheio de pessoas que ele não conhecia. Desmarcamos duas vezes um passeio com Prim em um parque por ele achar que não era seguro frequentar o lugar perto da casa dele que já tínhamos ido um milhão de vezes.

― Esse cara não é para você Katniss. ― Peeta cortou o assunto.

― E você tem que relaxar, vamos resolver esses problemas aos poucos. E juntos. ― ele rolou olhos. Se ele não ia compartilhar problemas, eu também não iria. ― Viu como esse seu filho está rebelde Hay? ― percebi depois o que tinha falado, mas Peeta não pareceu se abater, na verdade ele sorriu.

― Acho melhor irmos, antes que você faça Haymitch acordar apenas para mudar o testamento. ― Peeta brincou. Dei um beijo na testa dele e Peeta apertou forte sua mão. ― Acorda logo meu amigo!

E lá vem minhas lágrimas teimosas. Já tínhamos conseguido uma solução, mas agora estava tudo nas mãos inertes de Haymitch. Mais do que nunca precisávamos de um milagre.

― Então, eu tenho que te falar uma coisa. Você está chorando? ― funguei e enxuguei o rosto com as costas das mãos. ― Katniss...

― Só quero tanto que isso dê certo Peeta.

― Ele merece, eu sei.

― Não só por Haymitch, por você Peeta. Você, mais do que ninguém, merece ser feliz também. ― o sorriso que iluminou sua face nesse momento chegou a seus olhos.

― Com você.

Tive que me afastar uns passos e desprender o olhar dele do meu para evitar que outro beijo fosse roubado ali mesmo. Considerando como Danny estava sensível, era melhor não arriscar proximidade nem com Peeta, nem com ninguém.

― O que você tinha que falar? ― disfarcei colocando uma mecha atrás de orelha e consultando as horas no relógio do celular.

― Katherine quer te ver.

― O quê? Por quê?

― Nunca saberemos, já que você não vai. Só te falei pra não correr o risco desse recado chegar por meio de outras pessoas, já que Finn e Madge parecem não ver a vaca que ela é.

― A parte da vaca até estamos de acordo, mas você não me diz o que fazer loiro. Vou se quiser. ― comecei a andar em direção à saída. Não pretendia mesmo falar com aquela criatura, mas Peeta não sabia disso.

― Não! Ela vai encher sua cabeça de besteira, vai te manipular pra fazer o que ela quiser.

― Ela não tem super poderes de convencimento Peeta, relaxe. E você a vê sempre, não vejo problemas.

― Eu estou vacinado, você não.

― Você acha... ― parei bruscamente me virando para ele, que freou a caminhada rápida em cima da hora, fazendo nós nos chocarmos.

― Você esbarra tanto em mim de propósito? Só pra eu te segurar? ― Peeta perguntou com um sorriso no canto da boca e as mãos na minha cintura.

― Que idiota, claro que não. ― retirei as mãos dele de mim. ― Eu só queria dizer que não ia ver a Katherine, mas já que você acha que tenho a mente tão fácil de controlar, vou ter que provar que não. Qual o quarto dela?

― Que merda Katniss, por que você tem que ser assim?

― Estou indo lá. Tchau.

― Então eu vou junto. ― ele já começou a me seguir.

― De jeito nenhum! Não preciso de babá.

― Pois boa sorte em achá-la nos sete andares e nos mais de quatrocentos quartos que esse hospital tem. ― Peeta parou de braços cruzados esperando minha resposta. Bufei frustrada.

― Tá, tanto faz. Mas você não vai me atrapalhar. ― me rendi apontando meu indicador para ele.

― Só se não for preciso. ― e como sempre, ele tinha que ter a palavra final.

― Me diz logo onde é o maldito quarto!

Subimos para o quarto andar com Peeta começando a me chatear com as instruções mais bobas possíveis, entre elas não ficar lá mais de cinco minutos e não fazer contato visual, como se a ex dele fosse algum tipo de monstro mitológico.

― Tá loiro, eu já entendi.

― E vou estar aqui o tempo todo.

― Ok. ― estendi a mão e peguei a maçaneta, quando Peeta segurou meu braço.

― E não liga pra nada que ela falar sobre nós. Eu e ela, quero dizer. Até a raiva já passou, no momento, eu não sinto nada além de indiferença por aquela pessoa. ― confirmei com a cabeça e entrei.

Ao olhar a figura deitada na cama, qualquer um, inclusive eu, diria que Peeta era doido e super protetor. Katherine ainda tinha gessos e ataduras em várias partes do corpo, parecia bem frágil deitada em sua maca, e algumas raladuras já se curando no rosto. Quando nos viu, ela sorriu e por algum motivo senti um arrepio.

― Você realmente veio Katniss. Eu tive que mandar recado por metade das pessoas desse hospital, mas achei que Peeta proibiria.

― O que você quer? ― fui direto ao assunto dando um passo à frente enquanto Peeta fechava a porta atrás de nós.

― Quero pedir desculpas pelo jeito que falei com você na última vez que nos vimos, na festa de aniversário do Peeta. Não é da minha conta o que você faz da vida.

― Não é mesmo.

― Você pode dormir com quantos quiser, apenas deixe ele fora da sua listinha. ― Katherine apontou com a cabeça para o loiro atrás de mim, e senti meu sangue subir à cabeça e um xingamento chegou na ponta da língua.

― Ok, já foi demais. Vamos Kat. ― ele segurou minha mão e começou a me levar para fora.

― Peeta é maior de idade e não é propriedade sua! ― rebati.

― Por enquanto.

― Katniss, vamos sair daqui. ― Peeta pediu novamente, ainda com a mão junto à minha, mas eu não estava disposta a deixar passar aquela. Em Louisville nossa briga parou no meio e muita coisa ainda tinha ficado entalado.

― Não, ele não é nem nunca vai ser, vou me certificar pessoalmente disso. Você não vai magoá-lo de novo Katherine, não vai mais quebrá-lo como antes.

― Eu não matei a família dele.

― Mas o deixou quando mais precisou! ― soltei minha mão da dele e me aproximei desafiando seu olhar cinzento. ― Você transformou o garoto mais doce do mundo que sequer tinha beijado alguém aos 17 anos em alguém que preferiu fechar o coração para o amor entrar. Você fez isso, ninguém mais! E se está achando que pode fazer de novo...

― Ah, porque você é a perfeita aqui. ― Katherine me cortou com uma ironia e gemeu fracamente antes de sentar-se mais ereta na cama de hospital. ― Você é a que estava com ele em um dia e namorando outro no dia seguinte.

― Cala a boca Katherine! ― Peeta interrompeu. ― Por isso não queria que viesse, estamos indo agora. ― ele falou para mim.

― Peeta? ― após duas batidinhas na porta, Dra. Mackenzie Lin colocou apenas a cabeça para dentro do quarto. ― Quase não te achei nesse hospital, preciso te mostrar uma coisa.

― Não é um bom momento Kenz.

― É muito importante, mesmo. ― a oriental falou séria. Ele olhou para Katherine, para mim e de volta pra Mackenzie.

― Já estávamos de saída. ― Peeta não se importou com meus protestos e me arrastou para fora do quarto. ― O que foi?

― Podemos falar um minuto em particular? Tem a ver com Haymitch.

― Claro. A gente se fala depois Katniss, e não volte lá. ― fiz uma careta quando os dois saíram juntos em direção ao elevador.

Dói não é? ― a irritante voz de Katherine veio de dentro do quarto. Sem Peeta aqui e com minha já conhecida impulsividade e falta de filtro, logo entrei de volta.

― Do que você tá falando, sua vadia?

― Apenas confirmando se você sentia o mesmo que eu. Se também sentia doer quando via o amor da sua vida dando atenção a outra mulher que não fosse você.

― Me poupe Katherine. ― tirei o foco de mim para para ela. ― Você nunca amou Peeta, ou não o teria deixado.

― Cometi um erro Katniss, um que estou mais do que disposta a reparar.

― Tarde demais, ele te odeia.

― Não odeia não, e eu só preciso de mais alguns dias pra fazer ele me amar de novo. Você não sabe como ele me olhava, o que ele falava ou fazia por mim. Esse tipo de amor não some, foi épico.

― Épico vai ser minha mão na tua cara se não deixar ele em paz.

― O que, vai me machucar mais? Porque sei que isso aqui foi sua culpa.

― Do que você tá falando?

― Michael Willis. ― gelei, e senti o sangue fugir do meu rosto. ― Ah, então você também sabe. Uma pesquisa aqui, pedaços de conversas ali e eu descobri. Estou aqui no seu lugar, esses machucados eram seus. O bom é que vou usá-los pra ter meu nerd de volta.

― Ele nunca... Peeta nunca... ― eu deveria ter rebatido com mais vigor, mas ela trazer à tona a culpa que eu já sentia foi golpe baixo.

― Peeta tem mais compaixão do que juízo naquela cabecinha dele, você já devia saber disso. Quando cheguei aqui ele ainda tinha raiva, agora sei que isso também já passou. É só uma questão de tempo e proximidade. Ele vai deixar de te amar e voltar para mim, ainda mais você esnobando ele, como já te vi fazendo. Sempre venço.

― Vai se ferrar, vai Katherine! ― elevei a voz.

― Por que eu sabia que você ia acabar voltando aqui? ― Peeta apareceu na porta. ― O que eu te disse sobre ignorar tudo que ela fala?

― Momento perfeito Peeta. ― a descarada falou calmamente como se nada estivesse acontecendo. ― Meu médico passou aqui e disse que vou receber alta em poucos dias.

― O que diabos eu tenho a ver com isso Katherine?

― Me ligaram dizendo que meu apartamento em Louisville não está mais disponível, e meu tratamento e fisioterapia vai ser todo aqui, então preciso de um lugar para ficar. ― a morena riu docemente e Peeta trocou um olhar um tanto desesperado comigo.

― Sem chance, você não vai ficar no apartamento dele!

― Isso aí.

― Sério Peeta, apenas por que ela não quer, você vai me deixar doente, na rua?

― Não é por causa da Kat, é por sua causa!

― Eu juro que não queria estar nessa situação, mas todo mundo aqui sabe que a culpa não é minha. Eu entrei nessa sem querer e agora você me nega ajuda? ― ela apelou para o coração dele.

Eu ouvi a história dela, eu recebi insultos, mas nada me fez ficar com tanta raiva quanto agora. Ainda mais quando vi que ele estava cedendo, somente pela culpa que eu sabia que ele sentia. Filha da puta!

― Eu... Eu não posso Katherine.

― Serão poucos dias. Só o tempo do tratamento, eu dou um jeito e você se livra totalmente de mim. Por favor, em nome de todos os momentos bons que passamos juntos anos atrás. Éramos amigos antes de tudo, lembra?

― Espera Peeta, você não vai...

― Eu não sei o que fazer Katniss. ― Katherine gesticulou com os lábios um “sempre venço” apenas para mim.

― Pois eu sei.

Apesar da decisão ter sido tomada no impulso, eu também não sabia o que fazer. A única certeza que eu tinha era que ela não ia ganhar dessa vez.

― Você fica lá em casa.

― O quê? ― os dois perguntaram perplexos em uníssono.

― Exatamente o que vocês ouviram. Você está convidada para ser minha hóspede Katherine.

― Eu não... ― Peeta me tirou de lá antes que ela terminasse o protesto.

― O que você está fazendo?

― Te livrando dela. Eu não vou permitir que ela se aproxime de você de novo.

― Não sou criança Katniss.

― Nem eu. E essa decisão não está em discussão. Se ela diz que precisa tanto de um lugar, ela fica, se for mentira, vamos saber.

― Saiba que eu não estou ok com isso, ainda vamos conversar muito sobre, mas antes preciso de falar uma coisa. ― um sorriso enorme surgiu no rosto dele.

― Sobre Haymitch? ― arrisquei.

― Sobre Haymitch. ― Peeta confirmou. ― Kenz disse que foi como um milagre. Depois que saímos de lá, não demorou mais de um minuto e ele acordou.

― Acordou, tipo do coma? ― falei surpresa.

― Tipo do coma. Estão fazendo alguns exames, mas ele melhora a cada minuto. ― joguei meus braços em torno do pescoço dele, o abraçando com força. ― Não vamos perdê-lo, Kat. Eu vou poder salvá-lo!

Eu estava caindo de cansaço? Sim. Meu namorado estava dando cada vez mais crises de ciúmes? Positivo. Eu logo teria uma hóspede indesejada? Infelizmente. Tentaríamos nos matar muitas vezes? Muito provável.

Mas mesmo assim, naquele momento abraçada a Peeta, eu chorava de alegria.


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Notas finais do capítulo

Katniss, assim como Peeta, agora também tem uma doida como pedra no sapato.
Mas em compensação, as esperança para nosso amado Hayhay renovaram-se!!!

Agora aos personagens de CMDPOM...

* Gale e Johanna: ainda o casal encrenca, mas são os mais justos e que visualizam os problemas mais claramente da família Mellark, por não estarem diretamente envolvidos. Criaram seu filho, Gale Hawthorne Júnior, fazendo-o ser dedicado e reto como o pai, mas com a perspicácia da mãe. Estão sempre prontos a serem os conselheiros (às vezes diretos demais, como sempre foram) e ajudar Peeta e Katniss, Cato e Clove nos dramas com seus filhos.

* Arashi Kaneko: melhor amiga de Melissa, é descendente de japoneses e mantem-se sempre calma e serena, ótima conselheira, muitas vezes servindo de apaziguadora para os estresses de Mel. É bastante inteligente, e apesar de sua beleza, é muito tímida, sendo um desafio para muitos garotos, mas sempre com a melhor amiga para defendê-la.
Será a Arden Cho, de Teen Wolf: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/236x/03/d0/ff/03d0ff8db544a5b7e3a653e61fa6c2b2.jpg

Até aos reviews, que agora estou respondendo direitinho, viu?!
Bjs*