Conselheiro Amoroso escrita por Ellen Freitas


Capítulo 24
Herdeiro || Peeta


Notas iniciais do capítulo

Oiiieeee!!! Olha eu aquiiii!!!

~le leitores: Não Ellen, não adianta vir com essa animação pra cima da gente depois de um mês e quatro dias sem dar as caras.~

Mil desculpas gente, o que começou com problemas pessoais, passou para uma fase de ocupação extrema, bloqueio criativo e viagens nos fins de semana, resultado: demora! Mas agora voltei para não deixar mais meus lindinhos na mão!!!

* Climnestra
* Maysa Cardoso
* Rebecaisa
Essas foram as lindas que escreveram divinas recomendações que faziam minha consciência gritar todos os dias: Levanta Ellen e vai escrever!!! Muito obrigado mesmo meninas, significa muito saber que vocês se envolvem tanto com a estória, a ponto de ler tão vorazmente e gastar tempo recomendando. Morri de rir com "faça essa história virar filme/seriado". HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

Enfim, chega de tagarelar aqui, que sei que vocês estão ansiosos para saber o que aconteceu.
E leiam as notas finais, é muito importante!! Bjs*



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― E então? ― Katniss tinha um olhar apreensivo e os braços cruzados na frente do peito tentando inconscientemente se proteger de algo. ― Como ela está?

― Uma concussão, três costelas quebradas e uma fratura simples na perna direita. ― os olhos da morena se encheram de lágrimas, e apesar dela sempre ser um exemplo de compaixão com tudo e todos, eu sabia que aquilo não era pela Katherine. ― Alguns dias e ela vai ficar bem. ― Kat não conseguiu mais se conter e começou a chorar até chegar ao ponto de soluçar. A envolvi em um abraço.

― A culpa é minha. Era pra ter sido eu. ― ela murmurava com o rosto escondido em minha camiseta ainda do dia anterior.

Era verdade.

Quando ouvi as batidas em minha porta na noite anterior, o primeiro sentimento que me tomou foi raiva. Raiva de quem quer que tenha interrompido meu momento com Katniss, mas ao ler o recado que passou por baixo da minha porta, a preocupação me tomou.

Quatro palavras: “um presente pra você”.

Mike Willis havia feito aquilo. De algum modo ele conseguiu que alguém fizesse o trabalho sujo do atropelamento e invasão do meu prédio, apenas para me mostrar com qualquer um ao meu redor poderia ser atingido. Obviamente, houve uma confusão e a semelhança física entre Katherine e Katniss acabou salvando minha morena, mas colocando a outra numa cama de hospital.

Tudo para me atingir, tudo porque o desafiei. No final das contas, a culpa era minha.

― Eu já te disse, eu nunca vou deixar nada de ruim te acontecer. ― sussurrei em seus cabelos, a apertando mais forte.

― Katniss! ― nos separamos ao ouvir a voz alarmada de Dan atrás de nós. ― Você tá bem! ― ele lhe deu um abraço tão forte que quase a derrubou. ― Soube agora que o Dr. Mellark tinha dado entrada aqui com uma garota acidentada e com suas características. Você me matou de susto! ― o fisioterapeuta se afastou um pouco parecendo checar se não havia nada quebrado nela.

― Eu estou bem Dan.

― Você ainda está com a roupa de ontem. ― ele olhou de relance para mim notando que eu também estava com os mesmos trajes da noite anterior. ― Eu te levo para casa.

― Espera. ― Katniss parou de ser quase arrastada para fora. ― Peeta... ― ela se aproximou de mim. ― E você, como vai ficar?

― O que importa é você agora, descanse. Vou dar uma última checada em Katherine, e depois vou para casa, não se preocupe. E se você conseguir falar com a Jo, explica para ela a confusão de ontem e porque não pude ficar com Prim a noite toda.

― Ok. ― Kat confirmou com a cabeça. ― Mais uma coisa... ― ela se aproximou do meu ouvido para falar. ― Não foi culpa sua.

Eu não conseguia explicar como nem quando ela obteve esse poder sobre mim. Mesmo sem eu ser o tipo que sai falando por aí o que está pensando, Katniss conseguia saber o que passava por minha cabeça, sem que eu sequer cogitasse em dizer para alguém. E ultimamente, ela sempre tinha as palavras ou ações certas para me dizer, independente do quanto eu já tinha ferrado nossa relação.

Fiz carinho em seu rosto e me inclinei um pouco para um beijo na testa, e foda-se o que o babaca do namorado dela fosse achar. Com o ódio que eu estava sentindo do Mike, eu não recomendaria que ninguém me enfrentasse agora.

― Não faça nada estúpido.

― Prometo. ― Katniss acariciou meu ombro.

A ideia que rondava minha mente desde ontem não era realmente estúpida em minha opinião, entretanto nem de longe seria algo que Katniss aprovaria, então preferi deixá-la ir embora sem mais uma preocupação em sua cabeça. Mas quem me conhecia bem já deveria saber que eu nunca ficaria de braços cruzados diante dessa situação de perigo, principalmente se a envolvesse.

~

O ranger do portão me incomodou mais uma vez. Os guardas não pareciam mais felizes à medida que eu me aproximava da sala de visitas da prisão de segurança máxima de Denver.

― Vocês têm dez minutos. ― confirmei com a cabeça e entrei.

― Hey Johnny! ― Mike parecia animado e nem um pouco surpreso em me ver. ― Achei que te veria ontem por aqui. Talvez você não ame tanto a Katniss quanto eu imaginei... ― cravei minhas unhas nas palmas da mão, me controlando para não bater nele e ser expulso dali mais cedo. Me forcei a dar um sorriso presunçoso.

― Katniss? Ela está muito bem, obrigado pelo interesse em nossa vida. ― o cara abriu a boca surpreso por alguns instantes. ― Pois é, você e seus “amigos” não são tão espertos quanto acharam. ― sentei na única cadeira do outro lado da mesa e ficamos em silêncio por alguns segundos. ― Qual o seu problema comigo?

― Ninguém me desafia, doutorzinho.

― Pois deixe Katniss fora disso. Ela não te fez nada!

― Eu não quero te matar Johnny. Quero te ver sofrer e tenho meios para isso, acredite...

― Então você admite que tentou machucar Katniss para me atingir? ― tentei fazê-lo confessar qualquer coisa e talvez render uma punição mais pesada.

― Eu não admito nada. É só um aviso, porque somos parceiros.

― Fica longe dela! ― ordenei me levantando da cadeira bruscamente a ponto dela cair para trás com um estrondo. ― Você não vai querer me ver retaliar.

― Você é tão estúpido. ― ele riu. ― Eu descobri o nome dela, foi uma questão de tempo para descobrir o seu. Não pode ser só vocês dois, tenho certeza que tem mais alguém que você ame. E essa pessoa já está na minha lista Peeta Mellark.

Senti meu coração apertado, porque existia sim uma pessoa que eu amava, mais até do que a mim mesmo. Primrose.

― O que você quer que eu faça? ― baixei a guarda, tentando em vão esconder meu desespero, e ele deu um risinho.

― Quero te ver sofrer, então sofra. Depois a gente conversa mais. Terminamos aqui, guarda! ― Mike falou mais alto para o vigia que guardava a porta pelo lado de fora, que logo veio para levá-lo para a cela.

Meu coração estava apertado e meu estômago revirava de nervoso. Se alguma coisa acontecesse com minha filha, eu não me perdoaria jamais!

O caminho para meu apartamento foi um borrão, e por sorte eu não bati o carro em alguma árvore ou poste. A entrada do meu apartamento ainda exibia algumas manchas de sangue, que logo tratei de limpar de um jeito um tanto quanto maníaco.

O cheiro dos produtos de limpeza ainda estava em minhas mãos, quando tomei um banho e me preparei para voltar ao hospital para meu plantão da tarde, só Deus sabendo como eu lidaria com tantos problemas enquanto ainda tinha que cuidar das pessoas. Haymitch, Katherine, Katniss, Prim, Mike. Minha mente rodava.

― Peeta, preciso falar contigo. ― Finnick me interceptou assim que cheguei para trocar de roupa. Respirei fundo para não descontar nele. ― A coisa com Ann tá meio parada, ela teve alta e eu...

― Finn. ― o cortei. ― A gente pode ver isso depois? Eu não estou muito bem agora.

― É que hoje é a consulta dela com o psicólogo, e achei que seria a oportunidade perfeita para encontrar com ela, sabe?!

― O que eu tenho que fazer? ― perguntei rendido e em busca de uma distração.

― É assim que se fala cúmplice! É simples...

Em teoria realmente era simples. Eu teria que confirmar o horário e me certificar se a consulta seria feita apenas pela Katniss. Então eu a distrairia, enquanto Annie, com a desculpa de uma pausa para uma água ou coisa assim, se encontraria com Finnick na sala de repouso.

Tudo seria maravilhoso, romântico e essa coisa toda de Romeu e Julieta, se meus pensamentos não estivessem a mil por hora em lugares bem distantes de Verona.

O maldito aplicativo resolveu me atormentar quando eu estava no corredor pronto para entrar no segundo quarto das rondas daquela tarde com a Dra. Coin.

― Doutora? ― a questionei, e ela assentiu mal humorada.

― Vá logo garoto, eles também me avisaram aqui. ― a médica olhava para a tela do próprio celular. ― Como você conseguiu se meter até com lei?

Franzi as sobrancelhas, então chequei de onde vinha o chamado: do setor jurídico do hospital. Será que eles descobriram sobre minha visitinha ao presídio?

― Doutor Peeta Mellark?

Esperei encontrar uma junta de advogados prontos a tirar a minha pele por interagir sem permissão com um criminoso que era meu paciente, mas fui recebido por um jovem que com seus trinta e poucos anos, cabelos loiros em corte militar e um alinhadíssimo terno cinza.

― Sou eu.

― Por favor, sente-se. Meu nome é Gloss Mitchell. ― apertamos nossas mãos e ele indicou a cadeira à sua frente. ― Tem ideia do porquê foi chamado aqui?

― Posso explicar. ― comecei. ― Ele começou apenas como um paciente meu.

― Eu sei disso, por isso o jurídico do hospital mandou lhe chamar. É mais comum do que você imagina advogados de pacientes procurarem hospitais. Geralmente resolvemos tudo antes que chegue aos ouvidos de vocês médicos, mas esse caso é especial.

― Os advogados dele procuraram o hospital? ― falei perplexo. ― Mas só faz algumas horas que eu falei com ele!

― Impossível, já que de acordo com meu arquivo, ele está em coma induzido faz quase três dias. ― olhei para ele confuso.

― De quem estamos falando?

― Paciente Haymitch Abernathy. De quem o senhor está falando?

― O que aconteceu com Haymitch? ― desviei do assunto realmente preocupado com o que poderia estar acontecendo com meu amigo, que necessitaria até de advogados no meio da história.

― Pois bem. Não sei se é de seu conhecimento, mas o senhor Abernathy é portador de uma fortuna avaliada em setecentos e oitenta milhões de dólares em ações na empresa que ele é proprietário, sem contar mais alguns milhões em contas bancárias e propriedades imobiliárias. ― ainda fiquei alguns segundos absorvendo as informações. Claro que eu sabia que Haymitch era milionário, mas não tinha ideia que era tanto.

― Por que... Por que você está me falando isso?

― Porque, se infelizmente o Sr. Abernathy vier a falecer, isso tudo será seu.

~

― Ei Katniss. ― a chamei algumas poucas horas depois quando a vi entrando no consultório. ― Você está melhor?

― Não sei se um dia eu vou ficar melhor Peeta, mas sinceramente, você parece pior. Tem alguma coisa te preocupando? ― dei um suspiro cansado e Kat me olhou curiosa.

Da minha longa lista de preocupações, eu ainda teria que acrescentar uma herança bilionária condicionada pela morte de um grande amigo. Isso sem contar os rumores que se espalhariam do que eu poderia ter feito para Haymitch me escolher como único herdeiro. Mas eu não ia preocupar Katniss com tudo.

― Posso te dar uma lista em ordem alfabética. ― respondi vagamente.

― Depois do seu plantão, pode ser, sou todo ouvidos.

― É melhor deixar isso para lá e seguir em frente Kat, deixa que eu resolvo.

― Você não vai me afastar de novo, vai?!

― Não é isso linda, apenas não te quero preocupada. ― o primeiro sorriso do dia surgiu em meus lábios quando vi ela corar.

Me senti tentando a comentar sobre o beijo da noite anterior, mas resolvi me conter. No meio de tanta coisa acontecendo, ela estava com medo e confusa demais para retribuir qualquer sentimento no momento. E ainda tinha o idiota do namorado dela... Mas no meio de tudo, a única coisa que eu tinha certeza era Katniss, e o quanto eu queria ficar com ela.

― O que você vai fazer agora? ― perguntei acariciando seu braço.

― Tenho a consulta da Annie. A Dra. Paylor está com outros residentes, entao estou sozinha nessa.

― Mas já?! ― consultei o relógio e já estava quase anoitecendo, foi quando percebi que talvez eu tenha gasto tempo demais divagando sobre meus dramas.

― Tem alguma coisa pra fazer nesse horário Peeta?

― Não. Quer dizer, mais ou menos. Até daqui a pouco. ― dei um beijo em seu rosto e já saí discando o número de Finn e mandando mensagem.

Meia hora depois estávamos nós dois na espreita no corredor ao lado.

― Valeu por estar fazendo isso cara, significa muito.

― Só tente não perder sua licença por causa de uma mulher.

― Eu não estou preocupado, então você não precisa estar. ― Finnick riu e deu um tapa em meu ombro, voltando sua atenção para a porta do consultório de psicologia alguns metros à frente.

― É rápido, prometo. ― Annie falou ao fechar a porta atrás de si. O sorriso que se abriu no rosto de Finn ao vê-la fez um pouco das minhas preocupações com o fato de eu estar ajudando a quebrar alguns artigos do nosso código de ética se dissiparem.

― Vocês têm cinco minutos. ― avisei. ― Ultimamente Katniss sempre sabe quando estou mentindo e eu não quero mesmo brigar com ela. ― os dois riram e trocaram um olhar cúmplice que não entendi bem, antes de entrarem em uma das salas de repouso. Respirei fundo e fui em direção à sala. ― Hey Kat!

― Estou com paciente agora Peeta. ― ela respondeu com um pequeno sorriso.

― Onde? ― olhei ao redor para a sala vazia, já entrando. ― Preciso te contar uma coisa.

― É sério Peeta, Annie vai voltar em alguns minutos, depois a gente se fala.

― Haymitch me colocou como seu único herdeiro.

― O quê? ― ela perguntou chocada. ― Como assim, explica esse negócio direito. ― ri internamente por meu plano estar dando certo.

― Eu não sei, apenas me chamaram no jurídico e disseram que ele tinha mudado o testamento e feito isso.

― Caramba Peeta, o que você vai fazer?

― Não sei, mas é complicado. Eu sei que não é certo aceitar o dinheiro, mas de acordo com o senhor advogado capa da Men’s Health não é tão fácil assim me livrar de mais de um bilhão de dólares. Ele disse também que vou enfrentar uma investigação por parte do hospital, e que devo torcer pra não aparecer nenhum parente reivindicando o dinheiro, ou as coisas ficarão bem piores.

― Nossa, eu não sei nem o que dizer... Mas a gente pode conversar depois? A Annie...

― Tá na sua cara que você tem alguma coisa para dizer Katniss, pode falar. ― apelei na esperança que ela esquecesse Annie por mais alguns minutos.

― Você sabe o certo a se fazer Peeta, pode ser o mais difícil, mas apenas faça. ― Katniss levantou-se, indo em direção à porta. A acompanhei quase correndo até o corredor.

― E sobre a Katherine, você não precisa mesmo se preocupar, vai ficar tudo bem. ― tentei enrolar mais um pouco.

― Você me disse isso hoje, o que tá acontecendo com você? ― ela me olhou com estranheza, varrendo meu rosto em busca de respostas. Abri a boca para responder, quando fomos interrompidos por Dan.

― Aí está você. Estranhei quando vi Annie por ali, pensei que vocês duas tinham algo marcado.

― Nós temos, só que ela já está demorando demais para beber um copo de água.

― Eu a vi, não faz nem dois minutos, entrando em uma das salas de repouso. Aquele seu amigo, estava junto, como é mesmo o nome dele? ― enquanto Daniel ainda tentava lembrar o nome, Katniss me olhou furiosa. Ela claramente tinha entendido qual o meu papel ali.

― Eu posso explicar.

― Cala a boca Peeta, cuido de você depois.

― Como assim?

― Esquece Dan, apenas me mostra onde você os viu.

― Nessa sala aqui no corredor do lado, mas o que Peeta tem a ver com isso?

― Espera Katniss, as coisas não são como você pensa. ― ela ignorou nós dois e entrou na sala sem bater.

A cena adiante não poderia ser mais comprometedora. Correção, se tratando de Finnick poderia ser muito mais, mas apenas o simples beijo que nós presenciamos já foi o suficiente para o pequeno surto de Katniss.

― Annie! ― a garota e meu amigo se separaram no susto. ― Volte já para o consultório!

― Eu posso explicar... ― Finn começou.

― Não, nenhum dos dois mulherengos aqui pode. ― ela apontou para nós dois depois que Annie já havia saído. ― Isso não é certo, não saudável para ela. ― a morena virou-se para mim. ― E eu até poderia esperar uma idiotice assim da parte do Finnick, mas da sua Peeta?

― Eles se amam Kat.

― Ah, e agora você entende disso? ― Kat desafiou, mas pareceu se arrepender no instante seguinte do que tinha falado.

― Você sabe que sim. ― falei mais baixo. Depois de compartilhar cada pequeno detalhe de tudo que aconteceu comigo, ela mesmo tinha dito que meu problema não era não amar, mas sim sempre acabar perdendo quem eu amava demais.

― Me desculpa Peeta, eu não quis... ― a frase dela foi interrompida por uma risada sarcástica de Daniel.

― Qual a graça seu babaca? ― eu não iria aceitar mesmo que um fisioterapeutazinho de merda que sequer me conhece, ficasse rindo da minha cara.

― Você, você é a graça aqui. ― senti meu sangue ferver e apertei minhas mãos em punho do lado do meu corpo.

― Dá um tempo Danny... ― Katniss começou a o empurrar para fora da sala.

― Não, Katniss agora eu quero saber o que eu fiz de tão engraçado pro seu namoradinho estar se divertindo tanto.

― Esse seu truque de bancar a vítima e fazer Katniss sentir culpa e pena de você. Não cola mais cara, parte pra outra.

― O que você disse? ― parti para cima dele, mas fui detido por Finnick.

― Lembra quando saímos naquele dia pro jogo de basquete Kat? ― o cara começou a falar para ela. ― Eu já gostava de você, e sabia que Peeta também, mas dei a oportunidade para ele. Eu perguntei com todas as letras se ele queria ficar com você, se ia te fazer feliz, e sabe o que ele respondeu?

― Katniss, eu não... ― tentei em vão o interromper.

― Nada! Ele não disse nada, meu amor! E agora que você dá uma chance pra alguém que quer te fazer feliz, ele fica te cercando? Me poupe.

Doeu ver como Katniss me olhou. Decepção, tristeza.

Eu poderia jogar na cara dele a nossa conexão em Louisville, como nos beijamos na noite anterior e como ela ainda parecia mais ligada a mim do que nunca, mas isso machucaria e magoaria Katniss mais do que ela já estava.

E depois dos péssimos dias que eu estava tendo, com meu mundo desmoronando novamente parte por parte, Dan falou a coisa errada na hora mais errada possível. Finnick não foi mais capaz de me conter quando me soltei dele e já desferi o primeiro soco, o derrubando no chão.

― Seu filho da mãe. ― movimentei os dedos da mão e a articulação do meu ombro direito, não escondendo uma pontada de orgulho. ― Não fala de mim sem saber.

― Parou! ― Katniss deu a ordem, ajudando o namorado fracote dela a levantar.

― Eu não vou perder pra ele de novo. ― Daniel falou antes de levantar rapidamente e também me atacar com um soco, me fazendo cair e sentir a dor cortante acima da minha sobrancelha.

― Eu mandei parar! ― ainda podia ouvir Katniss gritando enquanto brigávamos no chão. ― Pois não parem e continuem parecendo duas crianças... Peeta! Danny! ― ela falou irritada, até que senti Finnick ficar entre nós e escapar por pouco de levar ele mesmo uma pancada.

― Tira ele daqui Katniss! ― meu amigo pediu e Kat saiu com Daniel, enquanto sentei bufando no sofá acariciando um local doído nas costelas. ― Perdeu o juízo?

― Parece ser uma coisa em comum entre a gente. ― rebati. ― Isso começou porque você não tomou cuidado.

― Nem vem Peeta! Te agradeço muito por tentar ajudar, mas todo mundo sabe que o motivo de vocês dois estarem se esmurrando aqui foi outro. Eu vou ver se acho a Annie antes que ela vá embora. Vai dar um jeito nessa sua cara, vai.

O espelho me mostrou que Finn estava certo, minha cara estava péssima. Coloquei um pouco de gelo numa compressa e saí disfarçadamente do hospital e sentei-me em um dos bancos que ficava meio isolado na lateral do prédio.

Daniel tinha provocado, mas eu acabei perdendo a cabeça. Eu queria bater em Mike Willis por ameaçar Katniss e machucar uma inocente. Eu queria bater em Haymitch, por além de estar quase me deixando, ainda ter inventado essa história de herança. Mas principalmente, eu queria bater em mim mesmo por ter deixado as coisas saírem tanto do controle.

― Um analgésico por seus pensamentos. ― Katniss sentou-se ao meu lado minutos depois e me estendeu um comprimido. Ri fracamente aceitando a gentileza, mas sem ter coragem de olhá-la nos olhos. ― O que está te incomodando tanto hoje Peeta?

― Tem tantos jeitos diferentes de responder isso, e nenhum deles é bom.

― É, eu sei. ― Katniss relaxou no banco ao meu lado. ― Dan mandou eu te pedir desculpas.

― Não, ele não mandou. ― atestei.

― É, não mandou. ― mesmo sem o mínimo clima para piadas, acabamos rindo juntos. Kat começou a estalar os dedos mostrando desconforto. ― Mas você merece um pedido de desculpas mesmo assim. Não por rolarem no chão brigando como dois animais, por isso vocês dois merecem uns tapas. Mas pelo que ele disse. Não pode culpá-lo Peeta, ele não te conhece.

― Você também merece uma explicação sobre o que ele disse a meu respeito daquele dia no jogo de basquete.

― Danny fala demais. ― ela coçou um ponto imaginário no pescoço e mordeu o lábio olhando para a grama sob nossos pés, que agora refletia um pouco da luz alaranjada por por do sol. ― Foi verdade?

― Eu tinha medo Katniss. ― justifiquei. ― Tinha medo por você que, na minha cabeça, poderia e iria se machucar comigo. Eu tinha medo por mim que já não conseguia mais viver se te perdesse.

― Peeta, não me fala essas coisas...

― É sério. ― segurei suas mãos. ― Eu não tenho mais medo disso. Eu quero isso!

― Você está dando mais motivos do meu namorado fazer outro corte no seu lindo rostinho. ― ela puxou as próprias mãos para seu colo.

― Você pode tentar esse relacionamento por quanto tempo quiser, mas ele não é o cara para você, eu sei disso.

― Como pode saber?

― Porque conheço ele e conheço você. E também conheço o cara certo para você. ― fixei meu olhar no dela e mesmo suas bochechas adquirindo um tom de rosa, ela não desviou o olhar.

― Tchau Katniss. Tchau Dr. Mellark. ― desviamos os olhos um do outro quando Annie passou por nós acenando timidamente.

― Bem lembrado, estou com raiva de você por isso. Que história é essa de apoiar as loucuras de Finnick?

― Não é loucura Katniss, eles se amam. Não sei como, mas é verdade. ― ela pareceu distante pensando por algum tempo.

― Ainda preciso pensar mais sobre isso. Não estou apoiando, mas preciso pensar.

― Depois o cabeça dura sou eu.

― Cabeça dura e herdeiro.

― Nem me fala. Sete anos atrás, coloquei na minha cabeça que eu já tinha passado por tudo de ruim que alguém deveria enfrentar na vida e que dali para frente seria só coisa boa. Então a vida vem e me ferra de novo. ― ela riu.

― Você provavelmente é a única pessoa do planeta a ficar se lamentando por poder ganhar mais de um bilhão de dólares.

― Não a esse custo. Além disso, nunca fui muito ligado a dinheiro e essas coisas. Escolhi a medicina por vocação, não por status e fortuna.

― Eu sei. Nesse ponto, você e Haymitch são iguais. Acho que por isso ele te escolheu.

― Sabia que até nosso tipo de sangue é o mesmo? O raro e cobiçado O negativo.

― Sério? Eu disse que ele era você daqui a alguns anos. Claro, tirando a parte que seu fígado é completamente saudável e tudo. Poderia até doar.

Katniss ainda tagarelava, mas minha mente já viajava por minhas pesquisas.

O transplante de fígado é um dos poucos que pode ser realizado entre duas pessoas vivas, e que graças à grande tolerância imunológica do órgão, não exige tanta compatibilidade histológica, apenas no tipo sanguíneo ABO.

Eu era jovem, saudável, sempre me alimentava bem e praticava exercícios físicos, tinha o mesmo tipo de sangue, logo, o candidato ideal. Haveriam alguns processos judiciais a serem resolvidos, afastamento do trabalho, riscos cirúrgicos, mas nada disso importava agora.

Em minhas mãos eu tinha muitos problemas que eu não tinha controle e não poderia solucionar, mas esse sim. Eu poderia salvar meu amigo.

― Você. É. Uma. Gênia. ― falei animado dando-lhe um beijo na testa e já levantando e voltando em direção ao hospital.

― O que foi que eu disse?

― Você, minha querida, acabou de me dar a solução para salvar a vida de Haymitch.

Mesmo sem entender bem, ela riu. O dia tinha sido muito ruim mesmo, mas graças a Katniss, eu finalmente via uma solução. E quem sabe com ela, eu acharia as outras em breve. Eu não podia perder isso. Não podia perder Katniss.


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Notas finais do capítulo

Então?! Mereço alguns reviews, mesmo com a demora?!
Espero que tenham gostado...

Agora como prometi no último capítulo, a partir desse colocaria nas notas finais a caracterização de alguns novos personagens de "Como me (des)apaixonei por Oliver Mellark". Mas como sou divergente e ninguém me controla, decidi começar com alguns que vocês já conhecem, para irem entrando no clima.

* Peeta e Katniss: mantém seu amor como na adolescência, sendo o suporte e apoio um do outro. Ele se tornou o presidente mais bem sucedido da história Mellark’s e ela uma das principais editoras de um importante jornal local. Depois de terem sucesso e orgulho no modo como Madge cresceu, vivem tendo que resolver os problemas que o caçula cria em todo lugar que passa.

* Cato e Clove: não brigam como antes, mas ainda não entraram em um completo acordo sobre como criar as gêmeas. Enquanto Clove decide por liberdade e oportunidade de aprender com os próprios erros, Cato se mostra um pai ciumento que quer evitar que as filhas se machuquem e que se envolvam romanticamente com qualquer um, característica essa que o leva a ser enganado muitas vezes por elas. Ainda tem um filho mais novo, de apenas cinco anos, que é mimado e querido por todos na família.

Ansiosos? Eu estou!!! No próximo capítulo tem mais... Bjs*