Conselheiro Amoroso escrita por Ellen Freitas


Capítulo 2
Eu aceito || Peeta


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!!! Voltei...

E é sério isso? Um prólogo, apenas um prólogo, e vocês me presenteiam com tantos reviews, acompanhamentos e favoritações? Muito obrigada por acreditarem na ideia da fic, aos meus leitores "clientes" e aos novos!!!

Espero que gostem desse capítulo, com primeiras interações...
Até as notas finais!!!



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— Obrigado. — paguei ao bartender e procurei uma das mesas isoladas pra esperar a minha atrasada e irresponsável melhor amiga.

Aliás, dizer que Madge era minha melhor amiga poderia ser um pouco precipitado, já que nos conhecemos há menos de um mês, quando fomos apresentados na formação da nova equipe de residentes em cirurgia do Exempla Saint Joseph’s Hospital. Quando me mudei de Louisville para cursar medicina na Universidade de Denver, Madge estudava em outro estado, mas ao terminarmos, ela, assim como eu, acabou sendo aprovada em um teste para a residência aqui.

Logo no dia seguinte, aquela mini loirinha não largou mais do meu pé, o que nem posso me queixar, já que dos meus amigos da graduação, apenas Finnick tinha sido aprovado, e eu não conhecia ninguém por ali. E ainda tinha nossa supervisora neurótica e controladora, Alma Coin, atormentando todos os novos residentes e com aquele maldito aplicativo que todos tivemos que ter, onde ela monitorava nossa localização no hospital a cada segundo.

Me foquei no gelo derretendo dentro do meu copo, evitando alguns olhares lançados na minha direção e rejeitando educadamente puxadas de conversa, já que por hoje eu não estava mesmo a fim de nada que envolvesse outra pessoa na minha cama além de mim. Ainda brinquei com minha bebida por um tempo, pois também não pretendia ingerir mais nada de álcool. Passei tempo demais vendo pessoas quebradas para querer me aventurar eu mesmo numa cama de hospital.

Quando Madge finalmente resolveu responder minhas ligações, mais de meia hora depois, ela o fez através de uma mensagem que dizia simplesmente “Conheci um cara no posto de gasolina. Te conto amanhã. Aproveite sua noite Peet!”

Você só pode estar brincando com minha cara Madge Undersee!

Me levantei, tomando todo o conteúdo já um pouco quente da bebida de uma só vez e indo em direção à saída, quando ouvi um barulho vindo do bar, exatamente do local que eu estava quando cheguei. Uma garota, a morena de olhos cinzentos que encontrei há uns minutos, estava em cima do balcão gritando para alguém algo que não consegui ouvir por conta do barulho do ambiente. Eu ainda estava olhando quando ela despencou em queda livre na direção do chão, sumindo do meu campo de visão.

Oh merda! Justo quando eu estava indo pra casa...

Corri naquela direção, afastando o aglomerado que se acumulava ali.

— Com licença. Com licença. — me esquivei das pessoas para chegar no foco da confusão. A garota estava jogada no chão e gemia um pouco. — Você está bem moça? — me agachei e perguntei com o rosto bem próximo ao dela, temendo que a garota não me ouvisse.

— Estou fazendo uma cena aqui, posso? — ela sussurrou de volta, me fazendo suspirar fundo e sentar ali no chão mesmo. Uma cena? Mereço... Rolei olhos.

— Acho melhor você levantar daí, as pessoas estão preocupadas. Vem, eu te ajudo. — me ofereci, mas ao segurá-la pelo braço senti um líquido quente molhar meus dedos. Sangue.

— Ai. — ela gemeu e quando girei seu antebraço para olhar o ferimento melhor, pude constatar um corte de uns 4 centímetros, e com uma profundidade que exigia sutura. Parabéns Mellark, encerramento de semana perfeita pra você!

— Oi, meu nome é Peeta Mellark e eu sou médico. Você precisa ir para um hospital agora, como é seu nome e você está acompanhada? — ela olhou ao redor um pouco confusa.

— Estava, do verbo meu encontro é um idiota. — ela bufou tentando sentar-se. — E não preciso de hospital doutor, estou bem, obrigada. Não gosto de injeção.

— Deixe de ser infantil moça, eu te levo. Trabalho em um hospital aqui perto, podemos ir lá. Você disse que seu nome era...

— Katniss Everdeen. Pode me chamar de Kat.

— Ok Katniss, vamos tentar estancar esse sangramento, depois você se apoia em mim para levantar, e qualquer dor além do corte, me avise. Pode me arrumar alguns panos limpos? — perguntei à atendente que correu para dentro e logo voltou com o que eu pedi. Dobrei o tecido e coloquei no local. — Mantenha pressão aqui, pode ser Katniss?

— Claro. — apoiei minha mão em suas costas e outra em seu braço. — Hm. — um gemido fraco ecoou de seus lábios, o que me fez recuar um pouco.

— Sentiu alguma coisa?

— Minhas costas, coluna, pescoço, sei lá... Dói um pouco.

— Consegue caminhar?

— Sim, eu só... A gente tem mesmo que ir ao hospital?

— Com certeza sim. Você caiu de mais de um metro de altura, pode ter fraturado alguma coisa, vamos. Obrigado. — agradeci à moça que me arrumou minhas ataduras improvisadas e a morena bonita me deu um sorriso em retorno. Quando estiver menos cansado, você deve mesmo voltar aqui Peeta!

As pessoas abriram caminho para nós pudéssemos passar e logo já estávamos no meu carro a caminho do ESJ*.

— O que deu na sua cabeça pra pular daquele jeito?

— Eu caí, ok?! E a culpa foi do Cato, ele nem me conhecia e já queria me dar um fora. Foi injusto, eu precisava de algo pra chamar atenção! — respirei fundo para não dar opinião no caso. Interferir na vida pessoal dos meus pacientes devia quebrar uns três artigos do meu código de ética.

— Tenta não se movimentar muito. — falei pra ela que gesticulava exageradamente.

— Tudo bem, desculpe. E eu achava mesmo que ia dar certo dessa vez, eu estava tão animada, mas ele de repente só queria ficar. Então, eu disse: vamos pra minha casa aí ele ficou meio...

— Chegamos. — a cortei evitando ouvir mais detalhes e estacionando na minha vaga, pegando meu crachá e dando a volta para ajudá-la a sair. — Vou te levar pro Pronto Socorro, dar uns pontos do seu braço e te levar pra fazer uma Tomografia. Tem alguém para quem você queira ligar?

— Até tem, mas não quero preocupá-los. Se você assinar minha sentença de morte, aí eu ligo. — a risada natural dela até teria me feito rir junto, não fosse o mau gosto da piada, principalmente para alguém como eu.

— Só evite usar essa palavra com “m” aqui no hospital, certo Katniss?

— Deixar de falar a palavra “morte” não vai fazê-la sumir. — encarei seus olhos sinceros por alguns segundos. Até aquele momento aquela garota tinha parecido pra mim apenas uma linda, maluca e insegura pessoa. Ouvir dela algo de uma profundidade tão grande, se você for parar pra pensar, me surpreendeu. — O que foi? Você tá me olhando esquisito. — soltei um riso.

— Desculpe.

— Agora você tá rindo sem propósito. Você tá bem mesmo doutor?

— Estou sim, então vamos cuidar de você agora. Primeiro precisamos...

— Mellark! — senti gelo na espinha apenas com aquela voz. Me virei pra encontrar Alma Coin me encarando. — Eu achei que tinha liberado você e aquela sua amiga imperativa há algumas horas.

— Dra. Coin, me desculpe. Minha amiga Katniss precisava de ajuda, ela se machucou, então a trouxe para cá. Algum problema?

— Desde isso não vire rotina! Mas ela está sob sua responsabilidade, meus funcionários estão ocupados demais pra cuidar das suas “amigas de balada”. — ela fez sinal de aspas com os dedos antes de sair dando ordens para outras pessoas.

— Bruxa!

— Fala baixo Katniss. — sussurrei caminhando com ela em direção às macas.

— Sério doutor, por que você se submete?

— Ela é minha chefe e uma cirurgiã incrível. Tenho muito o que aprender com ela.

— Só me promete que nunca vai deixar ela chegar perto de mim com uma faca.

— Ela é melhor no que faz.

— Ainda prefiro você.

— Muito gentil, mas não prefira. Vem, vou te colocar numa maca e já te atendo.

Depois de deixar Katniss deitada, fui até o posto de enfermagem do Pronto Socorro e logo sorri ao ver Effie, a chefe dali, que também ria pra mim.

— Boa noite Effie.

— Gostou mesmo daqui hein doutor Mellark, mal saiu e já voltou! E todo bonitão... — olhei para mim mesmo e eu não estava nada demais. Jeans escuro, camiseta preta e uma jaqueta, já que fazia um frio do caralho lá fora.

— Você provavelmente não está vendo minhas olheiras. Estou acabado.

— Primeira semana é sempre assim, logo você pega o ritmo.

— Tomara Effie, tomara. Tem como você mandar alguém limpar o ferimento no antebraço esquerdo da moça do leito 12 e aplicar 5mg de xilocaína no local? Vou precisar suturar. Ah, e prepare a sala pra uma TC. — falei anotando a receita. Ela levantou-se da cadeira buscando com o olhar Katniss atrás de mim.

— Hum... Encontro interessante hoje doutor? — Effie perguntou maliciosa.

— Ela? — ri e apontei com o polegar para a garota que estava distraída demais com o carrinho de parada ao lado. — Não mesmo. Vou lavar as mãos e já chego lá...

Tirei a jaqueta, dei a volta no balcão e fui direto para a pia, higienizando bem minhas mãos e pegando um par de luvas e o material para uma sutura simples. Quando me aproximei da maca, Katniss apertava os olhos e mordia os lábios com força, enquanto Effie estava com a gaze úmida olhando com dó pra ela.

— O que está acontecendo aqui?

— Doutor, graças a Deus. Eu tenho medo de injeção e de agulhas no geral!

— Você já me disse, mas relaxe. Effie só vai limpar isso.

— Ah... — ela relaxou por dois segundos apenas. — Não, espera. Vai doer?

— Katniss, por favor, colabore. — a repreendi gentilmente, então ela me surpreendeu quando abraçou-se ao meu braço com os olhos fechados, enquanto estendia o machucado para Effie.

— Vai com tudo moça! — a enfermeira riu antes de começar a limpar o local com soro e gaze, para depois aplicar o anestésico.

— Boa sorte com essa Peeta. — ela retirou-se rindo.

— Agora você vai ter que me soltar, ou não vou conseguir fechar esse buraco no seu braço. Como você conseguiu isso mesmo?

— Caí em cima do meu copo.

— Quando caiu do balcão.

— Exato. — coloquei as luvas e vi Katniss tremer. Ter fobia de agulhas é mais comum do que se imagina, mas no caso dela, parecia mais algum medo infantil. Distraí-la poderia funcionar bem.

— Então, Katniss... Quantos anos você tem?

— 22.

— Sente isso? — pressionei um pouco o local próximo ao corte e como ela negou com os olhos fechados, comecei a suturar. — Cursa alguma coisa?

— Psicologia na Universidade de Denver. Já começou a costurar?

— Já sim. Relaxe e fale comigo... Está em qual período?

— Último ano. Me formo em alguns meses. — por uma sorte divina, finalizei o primeiro ponto segundos antes dela fazer um movimento brusco e quase me fazer derrubar a agulha.

— Katniss! Não faça isso enquanto eu estiver com uma agulha enfiada no seu braço!

— Desculpa, é que eu estou nervosa!

— É o seguinte: você parece ser muito faladeira, então olhe pra mim e converse comigo, esqueça o corte.

— Ok. Bom, eu... Moro aqui desde sempre, antes com meus pais e hoje com minha amiga. Eu estava num encontro com o Cato, um cara do trabalho de Gale, que é meu melhor amigo.

— Cato é seu melhor amigo?

— Não, Gale é. E você parece ser bem forte pra um nerd. — desviei minha atenção do ferimento e vi que ela encarava meu braço, depois meu rosto. Sorri.

— Não sou nerd.

— Claro que é... Médico todo arrumadinho, que parece que sabe tudo. Você tem namorada?

— É melhor você não começar a dar em cima de mim agora. — falei rindo.

— Foi só uma pergunta inocente doutor. Se eu fosse dar em cima de você seria algo mais dramático, sensual e envolvente.

— Se jogando do balcão de um bar, por exemplo?

— Eu caí! E aquele cara foi um completo idiota, minha vida é cheia deles... Mas eu não desisto, ainda vou encontrar meu príncipe. — minha risada descrente a fez sair do modo sonhador. — O que foi?

— Me espanta você ainda acreditar nisso nessa idade.

— Como assim?

— Você já é adulta Katniss e parece que está conduzindo seus relacionamentos de um jeito muito errado. — como ela me olhou confusa, continuei. — Por exemplo, aposto que quando você conhece os caras, já se joga neles, sem ressalvas e sem deixar nenhum mistério, estou errado?

— Talvez sim, talvez não.

— E talvez o problema das coisas não darem sempre certo pra você seja isso. Quer dizer, não te conheço muito bem, mas aposto que se você fosse um pouco mais controlada, menos exagerada e mais confiante, conseguiria o cara que quisesse.

— Me ensina?

— O quê? — a encarei surpreso e ela me dava aquele olhar de criança suplicante.

— Você, me ensinar!

— Eu sou médico, não algum tipo de conselheiro ou guru amoroso. Terminei, aqui, vamos pra tomografia?

A conduzi até a sala de exames, que já havia sido preparada. Dei uma roupa leve do hospital para que ela trocasse aquele vestido justo e apertado demais, que apesar de ficar lindo nela, não colaboraria bem com todo o ambiente hospitalar. Ela acenou pra mim atrás do vidro antes de se deitar e entrar na grande barulhenta máquina.

— Alguma coisa incomum? Ela caiu de mais de um metro de altura e disse que sentia dores no pescoço e coluna. — falei ao técnico do local, que negou com a cabeça.

— Tudo normal com a sua garota doutor.

— Ela não é... Deixa pra lá!

Esperei o exame finalizar e peguei os resultados, atestando que realmente não havia nada de errado com a cabeça de Katniss. Pelo menos nada decorrente da queda.

— Duas notícias, uma boa e outra ruim. — eu disse quando ajudava a deitar em uma cama, já em um quarto.

— As pessoas têm mesmo que parar de me falar isso hoje. Meu amigo Gale me ligou mais cedo, antes que eu fosse pra Panem’s, e disse isso. Foi ele inclusive que...

— Ok, antes de você ligar de novo sua torneirinha infindável de palavras, preciso dar as notícias, pode ser?

— Claro, desculpa.

— Então... Não há nada de errado no seu exame, mas por via das dúvidas vou te deixar essa noite em observação aqui ok?!

— Posso ficar em observação em casa.

— Lá você não vai ter uma equipe de saúde se acontecer qualquer coisa.

— Só vou precisar de você. — ela riu com malícia e droga, me fez corar! — E se você não percebeu, dessa vez eu dei em cima de você.

— Você levaria um estranho pra sua cama na primeira noite? Viu, muito errado!

— Ah Peeta... Me ensina, vai? — me senti tentado a aceitar ouvindo aquela voz chamar meu nome, mas eu era mais forte que isso. Meu foco era na medicina, não em ajudar garotas malucas a encontrarem namorados.

— Você ainda está sentindo alguma dor?

— Tudo bem, falamos disso depois. Minhas costas doem, foi onde eu bati quando me jog... Caí.

— Me deixa ver... Você pode sentar de costas pra mim Katniss? — quando ela obedeceu, afastei seu cabelo para o lado e abri os botões da bata.

— Ei, não vai nem me pagar um jantar antes de tirar minhas roupas doutor? — ela gargalhou.

— Engraçadinha. Me avisa se sentir alguma dor maior quando eu te examinar.

Um exame físico rápido me mostrou que apenas alguns analgésicos seriam necessários. Anotei numa receita e entreguei a Katniss, logo me sentando na poltrona ao lado da cama.

— Você vai ficar aqui comigo a noite toda?

— Eu fiz um juramento de ajudar pessoas quando me formei e ele me colocou aqui. Não posso abandonar meus pacientes. Amanhã de manhã te levo pra casa e estamos quites.

— Quites nada, ainda vou ter que fazer algo muito legal pra te agradecer.

— Não precisa, só me deixe encostar minha cabeça alguns minutos no seu colchão. Estou exausto.

— Fique à vontade. Aproveito e conto os problemas amorosos da minha vida toda e você vê como me ajuda com seus conselhos.

Resolvi nem discutir com a teimosia em pessoa e logo apoiei o rosto ao lado do corpo dela. O sono me levou enquanto eu ainda a ouvia contar sobre vários namoros que não deram certo, na maioria das vezes por ela cobrar demais dos caras, e juro que pude sentir uma mão acariciar meus cabelos antes que eu entrasse na inconsciência.

~

— Entra, é aqui. — Katniss abriu a porta para mim e indicou a pequena sala com vários brinquedos espalhados. — A bagunça não é culpa minha.

— Tia Kat, você chegou! — uma loirinha de uns quatro ou cinco anos saiu de uma das portas no corredor e correu na nossa direção e quase fez Katniss tombar para trás com o impacto do abraço.

— Cuidado com a tia Prim, passei a noite no hospital.

— E esse, quem é?

— Esse aqui é o médico da titia, o doutor Peeta Mellark. — a baixinha se soltou de Katniss e me olhou por alguns segundos com os enormes olhos azuis, então agarrou-se às minhas pernas em um abraço.

— Tio Peeta! — Ótimo, ganhei uma sobrinha!

— Katniss, tem uma criança grudada em mim. — sussurrei pra ela, fazendo-a rir.

— Eu ouvi Peeta Mellark? — uma voz conhecida chamou meu nome lá de dentro. Uma voz que eu não ouvia há muito tempo. Não podia ser...

— Johanna Mason?

— Vocês se conhecem? — Katniss apontou o indicador para nós dois. — E porque estamos falando apenas por perguntas?

— Peeta! — Jo veio em minha direção e me deu um braço apertado. — Quanto tempo, onde você esteve?

— Onde você esteve, sumiu do nada da Universidade...

— Aconteceram muitas coisas.

— Conhece o tio Peeta mãe? — segurei o ar por alguns segundos quando Johanna colocou a pequena no colo. Mãe?

— O tio Peeta e a mamãe saíam pra beber suco juntos quando você ainda não tinha nascido Prim.

— Suco hein?

Katniss olhos novamente para nós dois, mas dessa vez, ela estreitou os olhos como se tentasse descobrir alguma coisa. Foi então que eu me toquei o que ela estava pensando... Fazia uns seis anos que eu não via Johanna e Prim tinha uns cinco anos...

Ai meu Deus!

Mas não podia ser possível, nós nunca tínhamos transado, pelo menos não que eu lembrasse.

— Por falar em suco, vou dar café da manhã pra essa aqui. A gente se fala Peeta. E Kat, você vai me explicar direitinho de onde conhece esse loiro gostoso.

— Mãe, a senhora já provou o tio Peeta? — Prim perguntou inocentemente sendo levada pela mão para o local que acredito ser a cozinha.

— Não meu amor, é jeito de dizer que ele é bonito.

— Ah...

— Doutor, a pergunta da Patinha foi muito pertinente. Você e a Jo já...

— O quê? Não que eu saiba. — respondi na defensiva.

— Ok então.

— Prim não tem pai?

— Ter ela até tem, mas a identidade dele é um segredo que Johanna disse que vai levar pro túmulo. — Katniss explicou falando sério. — Obrigada de novo. E algum conselho pra mim?

— Não se jogue mais de balcões.

— Ei, espera, não vai mesmo me ajudar a arrumar um namorado? Eu prometo ser uma aluna boazinha, não te dar trabalho nem tomar o seu tempo. Por favor...

— Eu não sou bom nisso, mesmo.

— Claro que é. Checa seu bolso traseiro direito.

— Como assim? — ao colocar a mão lá dentro, encontrei um papel dobrado com a insígnia da Panem’s Home. Nele estava escrito o nome Enobaria e um número de telefone. Quando aquilo foi parar ali?

— Viu? Você é um conquistador fofo com esse seu jeitinho. E ainda entende a mente masculina, a feminina e pode me ajudar. Você me disse que fez um juramento de ajudar as pessoas!

— Não nisso.

— Por favor, por favor, por favoooor... — ela cantarolou manhosa. Quando eu fiquei tão influenciável por garotas?

— Tá ok, eu aceito! Mas vai ser no meu tempo, nas minhas regras. E você não vai poder discutir com o que eu te ensinar. E nem vai poder contar isso como piada ou uma das suas imensas histórias pras suas amigas.

— Obrigada! — ela pulou no meu pescoço enchendo meu rosto de beijos.

— Tá vendo? É desse comportamento pegajoso que eu estou falando.

— Eu não me importo, obrigada, obrigada, obrigada. — ela continuou a beijar todo o meu rosto.

— Já chega Katniss. — a coloquei pela cintura no chão. — Tenho que ir. E não se esqueça de tomar seus remédios e cuidar dos pontos.

— Pode deixar professor.

— Não vai ser mais doutor?

— Não, agora você é meu professor.

— Então primeira lição: sem esse excesso de grude em despedidas. Um beijo único e marcante com gosto de quero mais, isso é o que você tem que dar.

— Tipo?

— Tipo isso. — apoiei minha mão no lado do seu pescoço e lhe dei um beijo no rosto. — Até mais Katniss.

Ela não disse mais nenhuma palavra, o que foi estranho. Alguns minutos depois eu já estava entrando, quase arrastado, no meu prédio. Depois de cumprimentar o porteiro, olhei para as escadas e desejei os analgésicos de Katniss ou um elevador. Eu já estava cansado da semana e passar a noite de sono mal dormido numa cadeira do hospital não tinha ajudado em nada.

— Noite boa hein Peet? — Madge apareceu só de pijamas na porta do apartamento dela, que ficava no segundo andar, um abaixo do meu. Fechei a cara pra ela e continuei a subir. — Desculpa ok?! — ela me seguiu.

— Você me fez sair de casa sem querer e me deu um bolo. Passei a noite no ESJ sabia?

— Mas pelas marcas de batom no seu rosto, você encontrou o amor! — Que merda Katniss, tinha que faer isso?!

— Encontrei uma maluca que se joga de coisas pra chamar atenção, isso sim!

— Pode dizer o que quiser, mas esses seus olhinhos azuis estão diferentes. Mais brilhantes.

— Dá um tempo Mad, que agora vou finalmente dormir um pouco.

— Peeta encontrou o amor... — ela desceu cantarolando enquanto eu fechava minha porta.

Eu jurei não me apaixonar mais, e isso aconteceria justo com Katniss? O oposto de tudo que admiro nas mulheres? Eu até poderia ter concordado em ajudá-la, mas eu tinha absoluta certeza de que Katniss Everdeen não era, e nem nunca seria o amor da minha vida!


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Notas finais do capítulo

Aeeee!!! Peeta concordou em ajudar e a aventura começa!!!
Até os reviews pípol... Me digam o que estão achando!!!
E favoritem, recomendem e aquela coisa toda!!! Bjs*

* ESJ: sigla pra Exempla Saint Joseph's, hospital que Peeta e Madge trabalham.