Conselheiro Amoroso escrita por Ellen Freitas


Capítulo 19
Louisville || Katniss


Notas iniciais do capítulo

Amorezinhos!!! Helloooooooooo

Ai ai, não tenho muito o que dizer desse capítulo, estou meio coisada agora, porque acabei de terminá-lo. Sei lá, gostei dele ri em alguns momentos, mas estou triste ao mesmo tempo. #FazendoCosplayDeAnnieBipolar

Mas primeiro... Hannah Montana33, sua linda, muito muito muito obrigada pelo reconhecimento atrás da recomendação que você escreveu! Fiquei muito feliz, viu?!

Sem enrolar mais... Boa leitura!!! Até as notas finais!!! Bjs*



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Tem certeza que está bem Catnip?

― Gale, desde quando você ficou tão super protetor assim?

Desde que não via você chorar tanto como semana passada.

― Como você disse, semana passada! Eu já estou bem, foi melhor assim sabe?! ― estiquei minhas pernas para cima da mesinha de centro da sala de repouso. ― Dan estava certo, eu precisava resolver as coisas com Peeta. Agora que tenho minha resolução, posso seguir em frente, sem culpas ou arrependimentos.

Sabe? Peeta provavelmente é a última pessoa no planeta que deveria passar na minha frente agora, mas não posso negar em como ele te fez forte. Me orgulho de você. ― soltei um riso.

― Eu tenho que voltar ao trabalho Gale.

Espera. Quer sair hoje depois do trabalho?

― E a sua namorada?

Não. Eu e Madge brigamos.

― Igual ontem, e antes de ontem. E no dia antes desse.

Senti um tonzinho de crítica na sua voz...

― É que cada dia ou você ou ela vem me contar sobre os motivos idiotas que vocês discutem. Quero ver até quando isso vai durar.

Nossas brigas mantêm nosso relacionamento. E a culpa não é nossa se discordamos em 95% das coisas.

― Isso não é saudável, só pra você saber.

Ok, doutora Everdeen. Te ligo mais tarde.

― Tá bom. Beijo. ― guardei meu celular no bolso do meu jaleco e reclinei minha cabeça no encosto do sofá.

Não fui complemente honesta no que disse a Gale. A parte da verdade era que eu gostava de finalmente ter resolvido as coisas com Peeta, assim poderíamos ser amigos sem ter ninguém jogando piadinhas ou fazendo qualquer insinuação. E sem ter o eterno “se” pairando em minha mente. A parte da mentira, era que eu não estava tão bem assim.

Para todos, inclusive para o médico loiro, eu vinha agindo normalmente, como se aquela conversa não tivesse feito diferença, e que ainda éramos a dupla de meses atrás, em busca de me fazer encontrar o par perfeito. Mas por dentro eu sabia que Gale estava certo e eu já estava apaixonada por Peeta.

Aconteceu sem que eu controlasse, sem que eu sequer notasse. Depois que tomei consciência disso, não pude mais evitar que meu coração acelerasse cada vez que ele entrava no cômodo que eu estava, quando nos cruzávamos pelos corredores do hospital ou quando conversávamos. Mas isso tinha que ficar apenas dentro de mim. Eu reprimiria aqueles sentimentos até que eles morressem. Eventualmente, se não alimentados, eles iam acabar morrendo mesmo.

Daniel ainda não me cobrava uma resposta, mas eu sabia que ele queria. Ninguém pede outra em namoro e espera por um ano pra saber o resultado. Mas eu estava adiando por puro medo de não poder voltar atrás caso Peeta decidisse mudar de ideia e dar alguma chance para nós. Mas já tinha se passado quase uma semana e ele também parecia estar fingindo que nada extraordinário tinha acontecido. Ou talvez para ele não tinha acontecido mesmo.

― Um pedaço de torta pelos seus pensamentos. ― Dan sentou-se ao meu lado e beijou minha bochecha.

― Você. ― e Peeta, completei mentalmente.

― Já tem minha resposta?

― Onde está minha torta? ― provoquei.

― Para onde vai toda essa comida? ― ele falou rindo enquanto eu dava uma garfada no cremoso doce de maracujá.

― Por isso moro em Denver. Escondo toda a gordura embaixo de um milhão de casacos. ― apontei dedo para minha barriga.

― Até parece! Esqueceu que nesse fim de semana fomos no churrasco com minha família e a senhorita era de longe a mulher mais bonita de lá? Por mim usaria biquíni sempre.

Na tentativa de esquecer um pouco os acontecimentos da última vez que estive na casa de Peeta, acabei aceitando o convite de Dan, e não podia ter feito melhor escolha. Uma família grande e barulhenta em volta de uma piscina, com a fumaça de churrasco por todo o quintal era exatamente o que eu precisava no momento.

― Agora tá explicado como a carne chegou queimada no meu prato. O invés de cuidar do churrasco, você tava me secando Daniel Anderson?

― Nada perto do que meu primo Toby estava fazendo. Ele não conseguiu sobreviver depois que vi, mas a família agradeceu a carne extra!

― Você assou seu primo? ― questionei encenando uma careta exagerada de drama. ― Hannibal Lecter!

― Bem vinda aos rituais secretos da família Anderson! ― ele piscou para mim.

― Fiquei feliz que sua avó melhorou. ― deitei a cabeça em seu ombro e comecei a brincar com seus dedos, entrelaçando-os aos meus.

― Eles amaram te conhecer. Quando você não estava olhando, minha mãe perguntou umas dez vezes quantos filhos em média nascem na sua família. Ela quer uma casa cheia de netos, sabia? ― acabei gargalhando junto com ele. Dan era sempre tão feliz da vida que era impossível evitar. ― O que eu digo quando ela ligar perguntando sobre nós?

― Danny...

― É uma resposta simples, repete comigo: S-I-M. Sim. ― ele fechou os olhos. ― SIM! Viu, consigo fazer até com os olhos fechados!

― Você é incrível...

― Sinto que vem um “mas” por aí...

― Mas eu não quero entrar em um relacionamento sem ter absoluta certeza, já fiz muita burrada nesse aspecto, acredite. E se não dermos certo, ou vou perder outro amigo, ou vou ter que conviver com você mesmo sofrendo por dentro, e eu não quero isso com a gente. ― quase sem querer apliquei minha vivência com Peeta no meu relacionamento com Dan. ― Eu amo sua companhia, esses meses tem sido incríveis!

― Você ama minha companhia? Já eu, amo você. ― Dan apoiou mão em meu rosto e lançou seus lábios sobre os meus, em um beijo calmo e lento. Ela não parecia ter pressa, ou qualquer ânsia em ousar demais em nosso primeiro beijo.

Ok, só porque talvez (com certeza, na verdade!) eu esteja apaixonada por Peeta não quer dizer que eu não reconheça o valor de Dan, como ele trouxe meu sorriso de volta e em como ele se esforçava pra me ver feliz.

Não era exatamente isso que eu procurava no fim das contas?

Mas eu também não podia negar que as borboletas em meu estômago agora nem podiam ser comparadas à quantidade superior que resolviam dar as caras quando era o loiro me beijando.

― Eu espero. ― ele sussurrou ao meu ouvido antes de levantar e ir em direção à porta.

― Onde você vai?

― Na lanchonete comprar um pedaço desse negócio pra mim! Sem dúvidas, a melhor torta de maracujá da história!

Mordi o lábio rindo. Numa vida em que era me mandado o complicado e introvertido Peeta Mellark, para compensar eu tinha Daniel Anderson, o resumo e conceito de simplicidade. Então por que uma decisão que parecia tão óbvia e fácil, não era?

Resolvi pensar sobre aquilo essa noite. Ainda era início da manhã e ficar distraída sobre beijos e triângulos amorosos podia ser considerado o oposto de uma atitude profissional, principalmente para alguém que se formaria em um mês.

― Posso te fazer uma pergunta? ― Madge questionou quando a encontrei mais tarde naquele dia, já perto da hora do almoço.

― Se não for “você está bem”, fica à vontade. ― falei na defensiva, já prevendo alguma atitude de pena. Mas minha amiguinha a cada dia me surpreendia.

― Eu sei, Gale tem te atormentado, não é?! A gente brigou por isso ontem. ― antes que eu desse a mesma bronca de que dei em Gale sobre o relacionamento deles, ela continuou. ― Você falou com Peeta esses dias?

― Sim, por quê?

― E ele não disse nada de anormal? Tipo, nada?

― Hm... Ontem ele me explicou detalhadamente durante uma hora o mecanismo de atuação de um ansiolítico no corpo humano enquanto me ajudava em um estudo de caso, mas isso é normal pra ele. Por quê? Ele te disse alguma coisa? ― aquela maldita chama de esperança aqueceu meu coração e fez meus lábios formarem um sorriso.

― Peeta pediu que eu não contasse pra ninguém, principalmente para você. ― Madge parecia travar uma luta interna, ponderando se dividia o segredo ou não. ― Mas eu estou preocupada.

― Vamos Madge, desembucha!

― Ele não fala comigo sobre as coisas do passado, mas talvez fale com você.

― Se você não falar agora, eu vou ter um negócio daqueles que você vai ter que me ressuscitar aqui mesmo. Com choque.

― Ok. ― a loirinha conferiu os dois lados do corredor antes de falar baixinho. ― Ele vai voltar pra Louisville.

― Louisville? ― acabei falando alto demais.

― Shiu!

― Desculpa. Louisville, tipo a cidade natal dele?

― Essa mesma. Você tá sabendo de alguma coisa?

― Naquela noite, ele recebeu uma ligação estranha que deixou ele meio perdido. Será que é problema com algum parente? Doente, morrendo, sei lá...

― Não. Ele não esperaria uma semana se fosse isso.

― Mas é voltar, tipo, pra sempre?

― Do hospital, ele só pediu alguns dias. Estamos organizando os plantões, mas sei que ele viaja hoje à tarde.

― Hoje?

― É! Ei espera, aonde você está indo? ― Madge perguntou quando saí apressada.

― Trabalhei umas horas extras, vou falar com a Dra. Paylor pra me liberar e depois vou para casa.

― Fazer?

― As malas, é claro. Vou com Peeta.

~

Flexionei minhas costas e braços quando coloquei a mala no último degrau da escada, finalmente chegando no quarto andar, onde Peeta morava.

Maldito prédio sem elevador!

― Katniss, o que você faz aqui? ― ele perguntou surpreso quando abriu a porta.

― A mala não te deu nenhuma dica? Vou com você. ― pude ver uma expressão de surpresa por dois segundos, então ele tratou logo de disfarçar.

― Pra onde? ― rolei olhos. Peeta sempre foi um péssimo mentiroso.

― Eu sei que você tirou folga do hospital e que hoje à tarde vai viajar para sua cidade, Louisville. Então, quando saímos?

― Eu vou matar a Madge! ― ele deu espaço para que eu entrasse e fechou a porta.

― Peeta, ainda somos amigos, pensei que isso estivesse acertado.

― Sim, mas...

― E amigos viajam juntos pra cidade natal dos amigos.

― Eu sei...

― Eu coloquei esse tópico em discussão por acaso? Já decidi, vou com você.

Desde a história da ex dele, eu sabia que havia mais no passado de Peeta do que me foi contado naquela noite. Talvez houvesse uma morte de parente, uma briga com irmãos e pais ou qualquer coisa do tipo que o tinha impedido de voltar, mesmo depois de tanto tempo. E se aquilo seria difícil pra ele, eu estaria ali para ajudar. Eu provavelmente estava sendo masoquista ao insistir em passar horas na presença do cara que claramente já tinha me dado mais de um fora, mas éramos amigos acima de tudo.

― Não adianta fazer essa cara, estou acostumada com seu mal humor e careta de quem chupou limão.

― Tudo bem! ― Peeta falou rendido.

― Tudo bem? ― questionei. Foi mais fácil do que imaginei. Talvez o inconsciente dele clamasse por ajuda e apoio nessa viagem.

― Tudo bem! ― ele confirmou.

― Vai ser tão divertido. Amo viajar! Vamos de avião? Trouxe meu passaporte. Ou de carro? São 15 horas, mas tudo bem. Teremos que parar em alguns lugares pra comprar comida, porque não trouxe quase nada, só uns três pacotes de biscoito, não dá pra nada!

― Katniss...

― Onde está sua bagagem, você já arrumou certo?! Depois reclamam das mulheres, fiz minhas malas em dez minutos! Está um verdadeiro caos aqui dentro, mas não tem problema, arrumo no hotel. Aliás, vamos ficar em hotel e por quanto tempo? Porque só posso no máximo uma semana!

― Katniss...

― E que horas vamos sair, você tá bem pra dirigir à noite?

― Katniss! Louisville fica a uma hora daqui. ― ele me cortou e o olhei confusa.

― Não, Peeta, fica a quase mil e oitocentos quilômetros, eu pesquisei.

― E o Google sabe mais do que eu, que morei lá por dezoito anos? ― lhe mostrei a tela do meu celular. ― Ah, você confundiu. Essa é no Kentucky, a minha é aqui mesmo no Colorado. Em duas horas, espero estar de volta.

― Espera... Sua cidade natal fica pertinho e você nunca sequer voltou lá? Tipo nunca?

― Se você quer mesmo ir, é melhor descermos. ― Peeta desviou o assunto, pegou minha mala, o próprio celular e as chaves. ― Na volta te deixo em casa com sua bagagem.

― Ok. ― resolvi não discutir ou então ele poderia mudar de ideia em me levar, então apenas o segui em direção ao estacionamento do prédio.

A primeira metade da viagem transcorreu em um silêncio perturbador, Peeta estava bem mais calado que o normal, uma discreta ruga de preocupação fincando sua testa enquanto ele dirigia. Só trocamos uma ou outra sentença, nada além de uma conversa de estranhos. Resolvi puxar o assunto.

― Então, você pode me dizer o porquê dessa viagem repentina?

― Preciso assinar uns documentos.

― E por que folgas do hospital, já que é tão perto?

― O horário da reunião caiu no meu plantão.

― Você vai ficar me respondendo sempre em frases curtas e vagas? Qual é Peeta, me dá alguma emoção essa viagem! Seus pais estão lá? Você tem irmãos? Tios e primos? Dan tem uma família gigantesca!

― Sério que você vai falar desse cara agora? ― ele rebateu mal humorado.

― E eu tenho escolha? Você não me diz nada de você!

― Olha Katniss, concordei que você viesse comigo, mas se você não se comportar e continuar a fazer esse tipo de pergunta, estamos a apenas uns cinco quilômetros de Westminster, te deixo lá e só te busco na volta!

― Você fale direito comigo Peeta Mellark, não sou sua filha! E a culpa de você ser fechado desse jeito não é minha também. ― bufei cruzando os braços e colocando meus fones de ouvido.

Peeta e seu talento de me deixar de mal humor!

― Eles estão lá. ― ele falou depois de alguns minutos, sem tirar os olhos da estrada.

Não falamos mais durante o resto do caminho.

~

Que coisinha mais linda de fofa. ― não segurei e tive que fazer minha voz infantil pra foto que estava atrás do vidro. ― Eu vou apertar você. A Katniss vai apertar você. Ela vai. ― continuei minha conversa com a foto. Cogitei até tentar roubá-la para mim, mas o mostruário estava trancado.

O loirinho ria segurando uma placa quase do seu tamanho que mostrava que ele tinha acabado de ganhar uma Olimpíada de Matemática na categoria júnior. Eu podia ver claros traços de Prim, principalmente os olhinhos azuis que ficaram fechadinhos pelo tamanho do sorriso, que também era semelhante ao da minha princesinha. E claro, as covinhas. Peeta com oito anos na terceira série era muito fofo!

Mas espera um minuto...

Olhei a data e calculei. Se aquilo estivesse correto, Peeta seria dois anos mais novo que eu. Fiz a anotação mental de pedir a carteira de motorista dele e conferir a data de nascimento no momento que ele saísse do escritório da diretoria. Segundo ele me disse rapidamente quando chegamos ao Colégio de Louisville, a pessoa que ele iria conversar e dar os papéis para ele assinar estaria lá o esperando.

Encostei meu nariz no vidro e observei a foto mais de perto. Não, aquele com certeza era Peeta, não tinha como não ser...

― Babando no Mellarkzinho? ― uma voz feminina falou atrás de mim. ― Muito lindo, mas sempre preferi o mais velho. ― Mais velho?

Quando me virei para pedir mais explicações, ela já saía com seu rabo de cavalo castanho balançando pela velocidade da caminhada, enquanto ela terminava de ajustar alguns livros sobre os braços. Talvez fosse uma professora ou bibliotecária da época de Peeta. Pelo menos ela clareou um pouco minha mente. Aquele devia ser algum irmão mais novo.

Eu ainda estava pensando sobre o fato de conhecer Peeta há quase um ano sem saber que ele tinha no mínimo um caçula, quando meus olhos focalizaram a foto de uma equipe de torcida. As mini-saias azuis com detalhes amarelos e os tops com certeza foram feitos para chamar a atenção, mas o que se destacou para mim foi a garota no centro.

Ela ria, seu batom muito vermelho destacando seus dentes brancos, e o cabelo escuro escorria liso e brilhante até a cintura. A pose de liderança, o olhar altivo e principalmente o brilho nas íris cinzas me diziam exatamente quem era aquela.

E não é que a vadia era linda mesmo?

E por mais que eu odiasse admitir, ela lembrava bem vagamente minha aparência.

― Tudo bem, se não tem jeito... ― Peeta saiu da sala com a aparência mais mal humorada do que antes. Qual o problema desse cara com essa cidade linda?

― Não fique mais tanto tempo longe. ― uma jovem senhora alta e esbelta com alguns cabelos grisalhos começando a surgir o puxou para um abraço. ― As pessoas sentem sua falta por aqui.

― Foi um prazer te rever diretora Portia. Deixe abraços meus para todos. ― ele separou-se dela e se voltou para mim. ― Vamos?

― Hm, e quem é essa... ― Portia parou a frase no meio quando olhou para mim. Sua boca se abriu discretamente em surpresa, então ela o fechou logo em seguida.

― Algum problema? ― perguntei, rindo da reação dela.

― Ah... é que...

― Meu nome é Katniss. ― estendi minha mão para ela.

― Uau, é que vocês duas... ― ela me mediu de cima a baixo, depois olhou para o loiro, que negou com a cabeça em um pedido silencioso para que ela parasse de falar. A diretora riu constrangida e apertou minha mão.

Então eu soube exatamente do que se tratava. Peeta tinha razão quando disse que Katherine tinha um poder. Se Portia era professora ou diretora na época dele, claro que ela conheceu a namorada que “dominava” o colégio da época. E mesmo que Peeta tivesse certeza que uma pessoa como ela nunca ficaria presa a uma cidade pequena assim, eu ainda podia sentir a presença dela pairando nas paredes dali.

― Vamos Katniss, antes que escureça. Adeus diretora.

― Foi um prazer te conhecer. ― foi somente o que tive tempo de falar antes de correr atrás dele para o estacionamento do colégio. ― Custava ficar mais dois segundos e me deixar ao menos terminar de falar com a mulher?

― Não quero pegar estrada à noite. ― entramos no carro e saímos a toda velocidade do estacionamento de tijolos vermelhos.

― Por quê? Quer apreciar quão bonita é sua cidade enquanto é dia? Espera, você não quer, já que está acima do limite de velocidade!

― Eu não sou obrigado a gostar daqui.

― E por que não gostar, tudo aqui é tão lindo.

Observei as casas de madeira com paredes coloridas passarem por mim. As pessoas conversavam na rua, andavam de bicicleta, tomavam café em mesas e cadeiras colocadas nas calçadas e alguns estudantes iam na direção do colégio. Uma feirinha de rua estava montada e várias pessoas comiam, compravam bijuterias ou lembrancinhas. Louisville era o tipo de cidade pacata que eu sonhava em morar um dia, constituir uma família e criar meus filhos.

― Não gosto e ponto. ― bufei frustrada. Eu tinha que reconhecer quando tinha uma má ideia, e com certeza vir com Peeta para cá tinha sido uma.

― Podemos ir ao menos ver sua família? ― falei depois de um minuto.

― Katniss, para. ― ele pediu, um misto de raiva e súplica em sua voz.

― Eu vi a foto de um garotinho em frente à sala que você estava com a diretora. Por que nunca me disse que tinha irmão mais novo? ― ele fechou os lábios numa linha reta não me dando resposta. ― Qual o nome dele?

― Katniss, por favor...

― Olha aqui Peeta Mellark. Eu não sei qual é o seu problema com seus parentes, mas ficar fugindo para Denver ou para qualquer outro lugar do planeta não vai te fazer superar qualquer que seja a dificuldade. Estou aqui com você, custa permitir?

― Não, eu não posso. ― ele negou com a cabeça, sua voz agora mais triste.

― Por causa da Katherine? ― gritei para ele. Eu até tentava entender que a escola deveria trazer lembranças da época do colegial, mas eu não iria admitir que a raiva e a frustração dele se voltassem para mim, não era justo.

Eu não tinha culpa da cor dos meus olhos!

Me segurei no banco quando Peeta virou o volante bruscamente em direção à calçada, mesmo ainda estando em alta velocidade. Estranhei aquilo, dirigir imprudentemente era marca minha, não dele.

― Não, não é por causa da Katherine. ― o carro cantou pneu parando no meio fio, então ele saiu do banco e logo deu a volta abrindo minha porta e me tirando sem delicadeza do carona.

― Ai Peeta, você está me machucando. ― reclamei quando ele praticamente me arrastava segurando meu pulso.

― Você não queria saber da minha família?

― Peeta, devagar! Pra onde estamos indo?

― Aí estão eles. ― ele finalmente soltou meu pulso.

A sensação de ter feito uma grande, grande besteira me atingiu mais forte do que nunca. Sempre fui especialista em ferrar com coisas e relacionamentos, mas dessa vez era diferente, eu tinha o feito sangrar. Feito o coração de Peeta sangrar.

Levei minhas mãos à boca e meus olhos encheram-se de lágrimas acompanhando as dele, quando o loiro caiu de joelhos no chão, como uma criança que acabou de perder seu cachorrinho de estimação. Mas era pior, não era de animaizinhos que estávamos falando aqui.

Estávamos diante de três lápides.


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Notas finais do capítulo

Meu coração está espalhado em dezenas de pedacinhos por meu quarto. Por que tão triste, por que Peeta?! No próximo finalmente saberemos do que se trata toda a história do loiro que o fez ficar do jeitinho que ele é.
E um conselho? Aguardem ansiosos e não deixem de ler, será um capítulo daqueles... HAHAHAHAHAHAHA ~risada conspiradora e maléfica~

Comentem, favoritem, recomendem!!! CA e sua humilde autora agradecem!!!
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