A Lenda de Korra: Último Livro escrita por McCullers


Capítulo 4
Capítulo IV - Aceitação


Notas iniciais do capítulo

Oie Oie gente... Tudo bem? Desculpa a demora, mas essa coisa de natal feat fim de ano. É tudo muito corrido. Chorei horrores com o final de LoK. Achei aquele final perfeito. Bryke sambou.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/556907/chapter/4

Quando ouviu aquelas palavras saírem dos lábios de Asami, o avatar congelou e parecia que uma enorme mão apertava sua garganta e desse um nó bem forte em suas cordas vocais. Por mais que Korra tentasse falar ela não conseguia. Parecia ter desaprendido a falar e seu rosto sem expressão dava a entender que ela estava se desligando.

– Korra!? – a voz chorosa de Asami ecoou pelo quarto.

– E-eu vou dormir. – respondeu o Avatar se afastando depois de pegar o travesseiro e evitar os olhos de Asami.

Com o travesseiro nas mãos, Korra caminhou arrastando os pés pelo piso de madeira bem lustrado até um canto onde Naga dormia profundamente e se deitou ao lado da cadela polar. O avatar se aninhou na pelagem espessa do animal e fechou os olhos. Numa tentativa inútil de dormir, ela abriu os olhos e focou o teto branco do quarto. Ao fundo era possível ouvir o choro quase inaudível de Asami. A moça choramingava baixinho e fungava enquanto sussurrava palavras incompreensíveis pelo volume baixo da voz. Korra queria levantar e ficar ao lado dela. Queria falar algo que a acalmasse e a confortasse, mas diante da situação complicada, o avatar preferiu continuar ao lado de Naga e fingir que estava dormindo despreocupadamente. Era cruel, mas o que falar para sua melhor amiga que confessou te amar mais que amiga? Korra suspirou fundo e secou as lágrimas que molhavam os cantos de seus olhos.

Quando o dia amanheceu, Korra despertou e se viu deitada sozinha no chão do quarto. A cama arrumada deixava claro que Asami havia abandonado o lugar antes do dia clarear e Naga já havia se ausentado. Provavelmente seu pai tinha a levando para dar uma volta nos arredores da cidada.

O avatar se sentou e soltou um gemido baixo enquanto pousava sua mão esquerda na testa. Sua cabeça latejava de tal modo que a fazia sentir ânsia de vomito.

– Droga! – sussurrou se colocando de pé e cambaleando até a cama.

Korra afastou os joelhos e apoiou seus cotovelos nos mesmos. Sentia que o nada que habitava seu estômago sairia de alguma forma. Ela respirou fundo tentando acalmar seu corpo e o perfume de Asami invadiu suas narinas. O lençol branco e a fronha azul claro que a moça havia usado estavam impreguinados com o delicioso perfume que ela usava. Korra agarrou o travesseiro e o abraçou fortemente contra o peito. As ânsias de vomito passaram e lágrimas escorreram de seus olhos enquanto a sua mente confusa entrava em guerra com seu coração que carregava sentimentos incertos.

***

Passava das nove da manhã quando um grupo de pessoas se despediam uma das outras no píer e causava grande confusão aos olhos de alguns que passavam ou trabalhavam no local. Para muitos, aquilo não se parecia nem um pouco com uma despedida e sim com uma grande briga familiar. Os chefes de polícia, Mako e Lin Beifong, estavam conversando com o chefe daquela tribo da água e sua esposa. Lorde Zuko ouvia atentamente as ideias que Bataar e Bataar Jr. compartilhavam com ele e Tenzin. Suyin e Kya tentavam a todo custo separar os gêmeos Wing e Wei que brigavam por causa da chefe da Tribo da Água do Norte. Eska observava a briga de longe e se divertia, a seu modo, com o irmão Desna. Meelo e Rohan corriam de um canto para o outro enlouquecendo Pema. Kai observava os dois irmãos correrem e dava risadas de forma discreta. Jinora e Ikki discutiam sobre a menor pegar coisas emprestadas sem autorização da mais velha. Huan impaciente andava de um lado para o outro preocupado em perder suas ideias para novas esculturas. Sempre juntos, Bolin e Opal conversavam com o avatar. Se Katara estivesse ali estaria com um sorriso bondoso nos lábios enquanto observava contente a pequena confusão causada por sua família.

– Vou sentir sua falta. – disse Bolin agarrando a amiga num abraço e a erguendo no ar.

Korra soltou uma risada infantil e abraçou o amigo pelo pescoço. – Também vou sentir sua falta, Bo.

O rapaz a colocou no chão e ele ameaçou a chorar, mas fungou fundo e segurou as lágrimas. – Vou te escrever toda semana.

– Acho bom. – o avatar sorriu e desviou os olhos para Opal. – Acho bom me manter informada sobre tudo. – automaticamente, Korra olhou para a barriga de Opal que já dava indícios que ali dentro crescia dois serzinhos.

– Claro que vamos manter a tia Korra informada. – disse a dominadora de ar pousando as mãos sobre a própria barriga e fingindo infantilmente a voz.

Korra riu e correu até a garota para abraça-la fortemente.

Todos culpavam Bolin pela rapidez que as coisas aconteceram, mas ninguém mencionava o nome de Opal quando o assunto era culpa. Haviam se esquecido de que bebês não são feitos sozinhos e muito menos por uma pessoa só. Mas apesar de tudo, eles exalavam felicidade e as trocas de olhares entre eles eram as próprias palavras “eu te amo”.

– Alguém viu a Asami? – perguntou Mako se aproximando dos amigos.

Ao ouvir a pergunta do amigo recém-chegado no grupo, Korra o fuzilou com os olhos e bufou baixinho. Sem entender o porquê daquela recepção, Mako ergueu as grossas sobrancelhas e deu um passo para trás. O avatar era bem intimidador quando queria.

– Eu estou aqui. – gritou a engenheira se aproximando em passos apressados e respiração ofegante. – Meu carro quebrou no meio do caminho e tive que vir correndo. – ela respirou fundo se recompondo e sorriu. – Correr na neve é cansativo. – disse distribuindo beijos e abraços para os amigos que partiriam enquanto ignorava completamente a presença de Korra.

Mako, Bolin e Opal notaram o clima gelado e tenso entre as duas amigas, mas nenhum se aventurou em comentar. Bom, Bolin sendo Bolin abriu a boca para perguntar o que estava acontecendo de errado entre elas, mas antes que pudesse falar qualquer coisa, a namorada lhe calou a boca com um pisão forte em seu pé esquerdo fazendo o soltar um gemido rouco de dor.

– Ele esta com dor no estomago. – ela disse com um sorriso forçado nos lábios rosados. – Vem, Docinho. Vamos procurar um remédio para você. – Ela agarrou o namorado pela manga do casaco e o puxou para dentro do navio.

– Poxa, Opal! Não precisava disso. – choramingou o rapaz subindo a rampa que os levava até o navio.

Mako, Asami e Korra ergueram as sobrancelhas desconfiados daquela cena, mas nada falaram. Opal e Bolin era um casal bonito e fofinho desde que você não tentasse os entender.

O terceiro sinal sonoro foi tocado avisando que o navio partiria nos próximos minutos. Uma onda de adeus tomou o píer e rapidamente as pessoas que ali estavam foram embarcando. Os que ficavam acenavam alegremente desejando boa viagem.

– Hey, Mako... – Asami chamou o rapaz que já se preparava para subir na rampa. – Eu te trouxe isso das minhas férias. – a moça estendeu um pequeno embrulho azul na direção do chefe de polícia e sorriu sem jeito.

– Hm... – ele pegou o embrulho sem graça. Sempre ficava envergonhado quando recebia algum presente e principalmente quando vinha daquela morena.

Mako desembrulhou o presente e sorriu infantilmente quando viu do que se tratava.

– Você não usa um desde que deu o do seu pai para a sua avó. – comentou olhando o cachecol vermelho que Mako segurava em suas mãos.

– Ele é lindo. – disse corado.

A moça tomou a liberdade de ajeitar o cachecol em volta do pescoço dele e sorriu no fim.

– Obrigado, Asami. Você sempre sabe como agradar as pessoas. – Mako depositou um beijo demorado na bochecha da engenheira enquanto a abraçava fortemente pela cintura. – Preciso ir, mas prometo manter contato. – disse ele se afastando o suficiente para notar a quão mal humorada Korra estava. - Hey Korra! – Mako focou o avatar por cima dos ombros de Asami e rapidamente se aproximou. – O que houve?

Ela fez um sinal negativo com a cabeça.

O rapaz de barba rala olhou para a engenheira que empinou o nariz discretamente e logo em seguida voltou sua atenção para Korra que também tinha uma cara de poucos amigos. Sem falar nada, ele a abraçou e sorriu infantilmente quando teve o abraço correspondido.

– Não sei o que houve, mas ela esta magoada. – sussurrou ele ao pé do ouvido do avatar em relação à Asami. – Ela te olha como me olhava quando estava magoada comigo.

A moça de olhos azuis corou ao ouvir aquelas palavras e rapidamente, como se fosse um imã, seus olhos pararam sobre a engenheira que focava o vai e vem das ondas com os cabelos negros ao vento. Korra sentiu seu coração acelerar de tal forma que o mesmo passou a queimar dentro do seu peito. Ela se afastou e olhou os olhos castanhos de Mako. Ela nunca havia se sentido daquele jeito, nem quando estava com ele.

– Vou falar com ela. – foi tudo que o avatar conseguiu dizer. O acelerar de seu coração e Asami a sua frente formou um nó em sua garganta.

Assim que todos se despediram mais uma vez e novamente prometeram se ver em breve, eles embarcaram no enorme navio e partiram. Eska e Desna, que se recusavam a usar o Portal Espiritual para fazer qualquer deslocamento entre as duas Tribos, também embarcaram em seu navio e se foram. Lorde Zuko e seu neto, Iroh II, partiram em seu dragão enquanto a família dominadora de ar se foi sendo levada por Oogi, o bisão voador de confiança de Tenzin.

De repente o píer que estava movimentado pela confusão de todos, ficou completamente calmo e quieto. Tão quieto que a única coisa que se podia ouvir era o calmo barulho das ondas batendo contra as tábuas.

Enquanto Asami e Korra focavam os navios serem engolidos pelo horizonte branco e desaparecerem atrás da neblina, uma brisa fria passou por elas e consequentemente espalhou no ar o perfume que a engenheira sempre usava. O cheiro suave e adocicado invadiu as narinas do avatar e logo lhe sutil efeito. – Droga! – disse ela mentalmente. Seu coração tornou a ficar acelerado fazendo seu peito arder em chamas. Sua pele se arrepiou por debaixo do casaco que usava e suas mãos desprotegidas do frio soavam enquanto ao mesmo tempo tremiam nervosas. – O que Asami fez comigo? O que tem de errado comigo? – se perguntava mentalmente enquanto focava as próprias mãos.

Até a madrugada passada, quando a morena se declarou, Korra não havia percebido o quão gostava dela. Para ela, aquele sentimento que sentia pela amiga era uma coisa normal. Coisa de amigas. Mas agora que sabia o real sentimento da outra, ela começou a se questionar sobre seus reais sentimentos por Asami. Era amor fraternal ou carnal? Sentia certo medo da segunda opção.

Entre um pensamento e outro, Korra se lembrou mais uma vez das palavras de Katara. Ela falou de muitas coisas, mas Korra só conseguia se lembrar da parte que a mestra falava de amor. “O avatar não pode carregar o peso do mundo sozinho. É muita responsabilidade. É por isso que todo avatar tem uma legião de amigos, aliados e alguém que ele sempre poderá contar acima de tudo.”– Asami seria essa pessoa? – se perguntou e uma voz dentro de sua cabeçinha respondeu fazendo uma pergunta: - Ela já não esta sendo!? - “Você vem guardando algo em seu coração há muito tempo. Aceitei e revele.” – Aceitar o que? Revelar o que?Há muito, desde seu término com o Mako, Korra vinha guardando secretamente o medo de se apaixonar novamente. Esse medo trancou seu coração e a fez esquecer o que é realmente o amor. Assim, ela focou apenas em sua missão de ser o avatar e manter o equilíbrio. Mas agora ali, diante de um turbilhão de lembranças de momentos que teve ao lado de Asami, Korra sabia que a muito tempo ela havia reaberto seu coração. Só não havia se dado conta até a madrugada passada.

O avatar deixou de focar as próprias mãos tremulas e ergueu os olhos para olhar a morena. Asami ainda mantinha os olhos fixos no horizonte, mesmo sem nada para olhar, e a resposta veio clara em sua mente: “- Você a ama”. Korra abriu os lábios pronta para falar com a engenheira, mas foi interrompida por uma voz muito conhecida e rabugente.

– Vocês deviam se resolver.

As duas se viraram e ergueram as sobrancelhas surpresas.

– Toph!? – falaram juntas.

– Não! Um pato-tartaruga. – respondeu mal humorada. - Só um idiota não percebe o que esta acontecendo aqui.

Toph se espreguiçou e cutucou o ouvido com a ponta do dedo mindinho.

– Você não deveria ter ido com os outros? – perguntou Asami.

– Você não deveria namorar a Korra? – rebateu a velha.

Korra e Asami se olharam coradas e logo voltaram a dar atenção a Toph.

– Você falava tão bem dessa garota enquanto estávamos no pântano.

– Não falava não. – respondeu rapidamente.

– Falava sim. Sou cega e não surda. – retrucou. – Vocês jovens perdem muito tempo pensando e você é pior, Korra. Você pensa mais do que a maioria das pessoas na sua idade. – Toph colocou as mãos para pras e se arrastou para longe delas.

– Eu sou o avatar.

– E daí?

Korra fechou a cara.

– Aonde você vai? – gritou.

– Mundo Espiritual. Lá é sossegado e não tem vocês para me encherem. – a dominadora de metal sacudiu a mão no ar se despedindo e logo sumiu de vistas.

Korra fitou o resto do píer e não encontrou seus pais. Eles certamente também haviam partido com o pequeno Sokka.

Outra vez a brisa fria passou por Asami fazendo o mesmo ritual de espalhar o suave perfume da moça pelo ar. Korra aspirou aquele cheiro familiar e sorriu discretamente.

– Quer fazer alguma coisa? – perguntou voltada para Asami.

– Não! – respondeu secamente. – Estou cheia de trabalho no meu escritório. Papeis para assinar e projetos para rever. – falou como uma verdadeira empresária. – As férias acabou, Avatar Korra. – a moça lançou a Korra um olhar de desprezo e seguiu pelo píer se afastando.

Enquanto se afastava, Asami secava as lágrimas que teimavam em fugir de seus olhos e molhar sua face pálida. Ela repetia várias e várias vezes para si mesma que tudo ficaria bem, mas no fundo não tinha certeza de suas próprias palavras. Ignorar Korra era a coisa mais difícil de fazer, mas era assim que Asami estava lidando com o silêncio da madrugada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Lenda de Korra: Último Livro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.