A Lenda de Korra: Último Livro escrita por McCullers


Capítulo 3
Capitulo III - A confissão de Asami




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Sob a luz da lua que penetrava o quarto através da pequena fresta na janela, o avatar Korra vestia o seu pijama de forma automática enquanto sua mente lhe levava para o exato momento que ouviu as ultimas palavras de Katara.

“ – Quer que eu saia? – perguntou Tenzin quando percebeu que a mãe tinha algo importante para dizer ao avatar.

Korra olhou para o mentor e fez um sinal negativo. Ela confiava nele tanto quanto confiava em seu pai.

– Seu nome e ações serão lembrados por gerações, Avatar Korra. – disse Katara com uma voz fraca e cansada.

A perda de Bumi havia abalado a todos, mas havia destruído a mulher por dentro. O filho partiu levando parte do coração e alma da mãe deixando-a doente de tristeza.”

Em um ato de pura coragem e lealdade, o Comandante e dominador de ar, Bumi se sacrificou para que o avatar entrasse em segurança no Complexo que o palácio de Ba Sing Se havia se tornado durante a Guerra do Império. Seu sacrifício levou Korra até a sala do trono onde Kuvira se “escondia” enquanto seu exercito lutava em seu nome. Assim que a guerra terminou, com a vitória das nações sobre o império, e Ba Sing Se foi reconstruída, Rei Wu pediu que uma estátua de Bumi, feita de ouro puro, fosse colocada nos jardins reais para que todos se lembrassem de quão importante foram seus atos.

“- Não deixe que a culpa pela morte da Kuvira dominar você. Tudo que fez foi o que deveria ser feito. – Katara ergueu a mão tremula até o peito de Korra e pousou a mesma sobre o coração da moça. – Ouça como ele bate. – A velha fechou os olhos e Korra a imitou. – Triste, confuso e dolorido. Sabe... O avatar não pode carregar o peso do mundo sozinho. É muita responsabilidade. É por isso que todo avatar tem uma legião de amigos, aliados e alguém que ele sempre poderá contar acima de tudo. – Katara focou a imensidão azul dos olhos de Korra e sorriu serena. - Você vem guardando algo em seu coração há muito tempo. Aceitei e revele. Vai precisar da luz desse sentimento na hora mais escura.”

Uma voz delicada ao longe fez Korra voltar para o presente. – O que? – ela se virou atordoada e focou a silhueta conhecida.

Asami havia abandonado o conforto da companhia de Naga e havia se colocado a centímetros de sua melhor amiga.

– Eu disse “Quando foi que você fez isso?”. A tatuagem... – apontou para os finos traços que antes estavam amostra.

Korra olhou por cima do ombro e corou rapidamente ao perceber sua nudez da cintura pra cima. Ela pigarreou e virou-se rapidamente dando as costas para Asami.

– Algumas semanas atrás. – respondeu.

Asami se aproximou um pouco mais e dedilhou com as pontas dos longos dedos os finos traços que se estendiam sobre as costas de Korra. – Raava! – tornou a sussurrar. – Sinto muito, Korra. Sinto muito por tudo que aconteceu... – a morena deslizou suas mãos pelos braços bem definidos do avatar e entrelaçou seus dedos nos dedos dela. - Se precisar conversar...

– Você estará aqui. – completou a fala da amiga. – Você sempre esta aqui quando preciso de você, Asami. – falou.

– É o que os amigos fazem. – A engenheira sorriu e se abaixou para pegar a camiseta do pijama da outra que estava no chão sob o piso de madeira. – Aqui.. – disse tocando delicadamente um dos ombros do avatar e fazendo-a se virar. Asami a vestiu cuidadosamente como se fosse uma criança e tornou a sorrir no final daquele ato.

– Por que você cuida assim de mim? – perguntou Korra curiosa.

A engenheira pareceu surpresa com a pergunta e corou. Ela encarou os próprios pés descalços que estavam a poucos centímetros dos pés de Korra e suspirou. – Não tenho mais ninguém para cuidar assim. – Asami ergueu o rosto e focou os olhos do avatar. – Você e os outros são tudo que tenho.

– É. Nós somos uma família. – Korra sorriu. - Mas você ainda tem seu pai. Ele só está preso e não morto. – falou o avatar num tom de brincadeira.

Asami ouviu atentamente as palavras de Korra e revirou os olhos no fim das mesmas. Cinco anos havia se passado e desde a prisão de seu genitor, Asami não havia o visto ou falado com ele. Cada carta que lhe era enviada com o selo da prisão de Cidade República ia direto para o fogo na lareira sem ao menos ser aberta. – Às vezes eu prefiro fingir que ele esta morto. – ela falou deixando claro em seu tom de voz a mágoa que ainda sentia pelo pai

– Hmm... – o avatar fez seu típico biquinho e focou o chão. – Desculpa... – falou quase num sussurro.

– Não se desculpe. – Asami havia se transformado. De repente a pessoa mais doce e meiga que Korra conhecia havia desaparecido dando lugar a uma garota completamente amarga pela mágoa. – É melhor a gente ir dormir.

Um silêncio constrangedor se instalou entre elas e depois de alguns minutos trocando olhares, Asami tomou a frente e se afastou.

– Boa noite. – ela disse indo em direção a porta. Mas antes que a morena pudesse alcançar a maçaneta, a voz do avatar ecoou pelo quarto num sussurro quase sem voz.

– Fica. – disse. – Não vai não... – pediu quase implorando. – É difícil dormir quando você não esta por perto.

Asami pousou sua mão direita na maçaneta dourada e suspirou de cabeça baixa. Era impossível negar um pedido de Korra, ainda mais com aquela vozinha doce e infantil que ela sabia usar nos momentos certos. A garota se virou e encarou o avatar com seriedade, mas logo deixou um sorriso meigo ser desenhado em seus lábios “não coloridos”.

***

No silêncio da noite era possível ouvir os risinhos engraçados dos espíritos que brincavam correndo de um lado para o outro enquanto finos flocos de neve caiam do céu e se acumulavam no chão.

Dentro do quarto confortável e quentinho, Naga, ora e outra rosnava baixinho em protesto ao barulho animado que vinha do lado de fora.

Asami riu baixo em resposta ao último rosnado de Naga e voltou sua atenção para a dona de seus cuidados. - Precisa dormir. – sussurrou a morena com uma voz baixa e calma. Ela e a avatar estavam deitadas de frente uma para a outra enquanto mantinham seus olhos fixos uma na outra.

Korra fez um sinal negativo e ergueu uma das mãos afastando a franja dos olhos de Asami e em seguida, num movimento quase que automático, o avatar dedilhou o rosto da amiga com as pontas dos dedos fazendo a moça tocada congelar.

– Hmmm... – resmungou Korra notando a pequena cicatriz no rosto da outra. – Quando conseguiu isso? Amon? Unalaq? Zaheer? Kuvira? – citou os inimigos.

– Não me lembro. – respondeu encarando os olhos azuis da outra na sua frente.

– Já te conheço a algum tempo, sabe? Sei quando ta mentindo.

Asami sorriu. – Mentirosa!

– Tá. Eu não te conheço tão bem a esse ponto, mas esqueceu de que sou o avatar? – convencida, ela sorriu de canto. – Sinto a energia das pessoas. – Korra ergueu a mão na escuridão e balançou os dedos como se jogasse magia em alguém. – Então... – ela voltou a olhar a engenheira com seriedade. – Vai me contar como conseguiu essa cicatriz?

– Eu não queria te contar sobre isso, mas... – a morena segurou a mão de Korra e entrelaçou seus dedos nos dela. – Foi há alguns semanas... – ela suspirou e contou.

No momento que soube como a amiga ganhara aquela cicatriz, Korra sentiu um aperto tomar conta de seu peito enquanto a culpa em forma de um nó lhe enforcava lentamente. Havia machucado uma das pessoas mais importantes de sua vida. Ela se sentou bruscamente na cama e tentou fugir, mas Asami, que já estava preparada para aquilo, foi mais rápida e a segurou pela barra da camiseta do pijama. – Não! – falou quase nunca grito – Não vai embora. Não pode... – Agora seu coração acelerado deixava seu tom de voz fraco e choroso, o tornando quase impossível de ser ouvido. – Eu te amo, Korra.

Diante daquelas últimas palavras, o avatar congelou. Imaginou que jamais as ouviria novamente, mas isso não foi o que a deixou sem chão. As palavras terem partido de Asami, sua melhor amiga, foi o que a deixou sem voz.


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