De inicio eu tive receio de me aproximar, mas imediatamente lembrei de como Sirius era um intrometido inteligente, na certa ele já tinha notado a semelhança entre Harry e seu grande amigo James, e certamente só queria saber de quem ele poderia ser. Embora eu e May tenhamos instruído as crianças a não falar com estranhos, Sirius provavelmente conseguiria arrancar algo.

Caminhei lentamente ate estar a menos de um metro deles, que nem tinham notado minha presença antes de eu me manifestar.

– Harry, Agnes, o lanche de vocês está pronto, - falei tentando não olhar para Sirius. – Entrem e vão comer, May esta esperando vocês.

Sirius seguiu eles com o olhar, sem nem se virar para mim, me fazendo ergue uma sobrancelha, quando ele finalmente pareceu me notar vi todos os tipos de emoção passar pelos seus olhos: susto, reconhecimento, compreensão, felicidade e apreensão.

– Lily?! – ele perguntou em tom de diversão, como se pensasse algo que o divertia e ao mesmo tempo o deixava apreensivo.

Me sentei na beira da calça, de repente uma lembrança me vem na cabeça eu e Sirius sentados na beira do lago negro no sexto ano, quando eu começava a simpatizar com James, Sirius me contou coisas incríveis que eu nunca pensei em saber sobre James. O motivo disso? Ele tinha bebido uma poção da verdade em uma prenda, e preferiu passar o tempo do efeito ao meu lado, pois sabia que eu nunca diria o que ele me contou sobre a família, James, os Potter’s e o próprio Sirius.

Sirius se sentou no meu lado, observamos o por do sol através de duas casas e algumas arvores, esperei pacientemente pela pergunta. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7...16.

– Onde você esteve esse tempo todo? – sorri, sempre tão previsível. – James te procurou por meses, mas seus pais se recusaram a falar qualquer coisa.

– Meu trabalho me faz viajar muito, e é por isso que eu to aqui.

Teve mais alguns segundos de silencio, onde ele devia pensar se aceitava a resposta ou não.

– Você se casou? – aparentemente ele aceitou a desculpa.

– Não. – respondo dando uma risadinha.

De todas as perguntas que ele poderia fazer logo após reencontra uma amiga que não ver a sete anos com um menino que parece muito com seu melhor amigo e ex-namorado dela, sendo que esse menino tem a idade para ser filho do ex. De todas essas perguntas, ele escolheu perguntar se eu estou casada ou tive um filho ainda solteira. Exatamente a cara do Sirius.

– Nossa! Lily Evans com dois filhos e nenhum marido! Isso sim é de espantar! – é, aparentemente, Sirius Black continua o mesmo crianção de quando tinha 17 anos. – Não creio.

Soltei outra risadinha, enquanto passava a mão na testa e olhava para o lado oposto do de Sirius.

– Na verdade só Harry é meu. – respondi quando me virei para olhá-lo. – Agnes é de May, lembra dela? Mayara Smith?

– Claro que lembro! – exclamou Sirius. – ela foi a única loira que eu não me atrevi nem a chamar para sair!

Acompanhei ele numa gargalhada, sem duvida, Sirius era o tipo de amigo que você devia manter por perto, já que ele sempre te faria ri ate ter dor na barriga.

– E então? Como você esta? Onde trabalha? Solteiro, casado, enrolado?

Foi a vez de Sirius olhar para frente, onde o sol mostrava seus últimos traços laranjados do dia.

– Solteiro, ainda não encontrei a mulher para me encolerar. – sempre uma piadinha. – Trabalho na seção de autor.

– Vai achar uma mulher em breve, afinal você é um gato.

– Obrigada ruiva, mas eu disse que to solteiro não que estou parado. – ele deu o sorriso cafajeste. – mulher é o que não falta na minha vida.

– Safado como sempre! – falei. – E os outros Marotos?

Vamos ser bem sinceras, eu queria mesmo saber era de James, embora não admitisse isso nem para mim mesma. Mas graças ao meu curso intensivo de ‘como não deixa seu suspeito te reconhecer’ Sirius achou uma pergunta normal.

– Remus ta em paris, é professor, mas tem alguns problemas por causa do...hum sabe, ne...? Do probleminha peludo. – respondeu se animando. – está solteiro, ele ainda tem aquela viadagem de ‘sou um monstro não posso me apaixonar e bla-bla-bla’.

Sirius sempre foi muito sentimental... espero que você tenha notado a ironia da frase.

– Peter, bem, ele eu nem sei ao certo. – ergui as sobrancelhas em uma pergunta muda. – ele viaja muito, e quase não manda carta, e quando mandamos geralmente elas retornam. Deve ta solteiro, sempre que ele arruma alguém manda carta para mim pra pedi ajuda.

E agora vem a parte que eu mais quero ouvir.

– James mora comigo na casa ao fim da rua, no inicio foi jogador de quadribol, mas assim que Voldemort apareceu ele parou em virou auror. – bem a cara dele, se me permite o comentário. – Esta solteiro, sabe ruiva ele nunca teve um relacionamento serio, só você.

Antes de eu precisar pensar numa boa resposta para a insinuação de Sirius, ouvimos o grito de Harry, tão alto como os meus.

– Tia May, Agnes esta me perturbando!

Sirius me olhou nos olhos, como se lembrasse de algo só agora, e sorriu ao falar:

– Ele tem seus olhos.

– Também é só isso.

Sirius suspira, e eu vejo que agora vem o que eu estava esperando no inicio da conversa.

– Sabe, ele me lembra muito a James, é tem seis anos...

– Eu sou entrar, Sirius – falei querendo fugir da conversa. – sabe... para lanchar.

No dia seguinte eu e May já começaríamos a trabalhar, mas as crianças só iriam para escola na semana seguinte, e como nenhum babá estava disponível tivemos que levá-las conosco para o trabalho.

Primeira coisa que eu fiz ao achar minha sala foi dá a Harry uns cem exercícios para ele treinar leitura e escrita, coisa que ele já era muito bom. Em seguida comecei a ler o pouco que os aurores britânicos já tinham sobre o meu caso. E lá estava, na primeira folha, a confirmação do que eu vinha desconfiando desde que Sirius me falou que James era auror:

Aurores envolvidos:

Anna Belle.

James Potter.

Sirius Black.

Lucinda Finick.

Investigadoras contratadas:

Lily Evans.

Mayara Smith.

James estava na mesma missão que eu, isso quer disser que teríamos que trabalhar juntos, que quer disser que teríamos que conversar, debater, combater... tudo isso juntos, juntos!, eu estava ferrada.

Perguntei a Sirius sobre a Anna e a Lucinda.

– Anna estava na missão do Pontas. Mas se machucou seriamente na ultima saída e está internada. – explicou se jogando na cadeira giratória e dando uma volta pelo escritório, fazendo Harry ri e o acompanhar. – Já Lucinda, bem, é do setor de inteligência, meio bestinha, mas ótima no que faz.

– E o Potter? Onde esta?

– Saiu numa missão. – e dizendo isso começou a conjurar bolinha de papel e jogar no Harry, que prontamente jogava de volta com uma mira perfeita.

Era um pouco mais de seis horas quando May entrou na sala, segurando Agnes firmemente pelo pulso, perguntando se eu queria que ela levasse logo Harry.

– Claro. – falei fazendo sinal para Harry guarda suas coisas.

– Oi, loira. – cumprimentou Sirius, que ainda estava na minha sala me atualizando, galanteador.

– Oi, Totó. – May sorriu irônica, mas por baixo disso notei outro tipo de sorriso.

Talvez os trouxas estejam certos ao falar que “O primeiro amor nunca é esquecido”.

Sirius foi embora logo em seguida, me deixando sozinha. Porém em menos de 15 minutos ouvi o barulho de aparatação, o que me fez levantar com a varinha em punho e em tempo de ouvir alguém resmungar:

– Tanto tempo pra descobrir que ela não sabe nada de util.

– Quem é você. – perguntei notando que era algum auror.

Não precisei de uma resposta, assim que ele se virou reconheci o rosto que vejo todo dia correndo pela casa, com a diferença que esse rosto era quase vinte anos mais velho e tinha olhos castanhos verdeados.

– Lily?! – não sei ao certo se isso foi uma afirmação ou uma pergunta, mas sem duvida ele estava surpreso.

– Potter. – falei em falso entusiasmo.

Voltei para minha sala a fim de fugir dele, mas ele me seguiu tentando me fazer parar de andar.

– Como você chegou aqui?

– Pela porta. – respondi simplesmente, arrumando minha bolsa.

James fez um biquinho um tanto adorável, e eu precisei de uma grande força de vontade para não sorri ou encarar por horas.

– Eu te procurei por muito tempo.

– Achei ter falado para você nem me procurar. – respondi, olhei em seus olhos deixando ele ver toda a magoa que eu acumulei por todos esses anos. – tenho que ir.

E aparatei.

Mal enxerguei a rua e quase fui atropelada por Harry que vinha em sua bicicleta, provavelmente, aprontando corrida com Agnes que vinha logo atrás.

– Desculpa, mamãe.

– Mamãe?!

Me virei, vendo James que provavelmente tinha acabado de aparatar ali, ele olhava para Harry vendo todas as incrível e notáveis semelhanças entre eles. Depois me encarou e eu soube o que vinha a seguir.

– Agnes e Harry, entrem, agora! – talvez foi pelo meu tom de voz, ou eles simplesmente notaram que não deviam me contrariar naquele momento, seja o que for, eles correram para dentro, largando as bicicletas no jardins.

James esperou os dois entrarem, talvez lembrando que isso não é o tipo de conversa que se deva ter com crianças de seis anos ouvindo.

– Quem é o pai dele? – ele foi direto.

– O criei sozinha desde que ele nasceu, - falei rumando para a porta. – ele é meu. Só meu.

– Quantos anos ele tem? – James não se intimidou com meu tom agressivo.

– Não te interessa!

– Claro que interessa! – ele começou a se exaltar. – Ele se parece muito comigo sabia?!

– Tchau, Potter! – exclamei segundos antes de bater a porta em sua casa.