POV Nico

Decidi ir a casa da Susan ver como ela estava, viajei nas sombras e fui para o beco onde nos conhecemos, andei um pouco e vi o Audi R8 estacionado em frente a casa dela. Usando as sombras entrei na casa dela

– Susan? - chamei, mas não obtive resposta - Dever estar na casa do Jhon

Subi as escadas e caminhei pelo corredor até chegar ao quarto dela, me aproximei e vi alguns papeis sobre a mesa, a maioria papeladas do Buffet, outras rascunho de projetos, me aproximei mais da mesa e ouvi a porta sendo fechada, ela provavelmente chegou agora. Andei até a janela e olhei a rua, nenhum movimento, quando estava voltando para perto da mesa, a porta se abriu abruptamente e no instante seguinte a Su, estava com a adaga que pertencia o Michael próxima a minha garganta, ao perceber que era eu ela ficou surpresa

– Nico? - ela disse se afastando - Me desculpe, eu não sabia que era você... mas o que está fazendo aqui?

– Eu disse que voltaria logo, não disse? Mas sou quem devo pedir desculpas, invadir a sua casa - falei como se nada tivesse acontecido e resolvo brincar um pouco - Só na esperava que fosse tentar me matar

– Bom... então estamos quites - ela disse em tom brincalhão jogando a adaga na cama - Afinal você também tentou me matar no dia que nos conhecemos

– Foi um acidente - me defendi

– Aqui também seria - ela diz me olhando - Ou você acha que eu te machucaria propositalmente?

– Sei que não faria - dei alguns passos a frente e abri os braços - Eu não recebo um abraço de boas vindas

– Palhaço - ela diz rindo e me abraça, sentir o calor do corpo dela, te-la em meus braços me faz esquecer de tudo de ruim que eu já vivi, todas as tristeza, amarguras, perdas, é como se com ela nenhuma dessas coisas existissem, mas ela desfez o abraço - Vou pegar as minhas coisas

– Ok! - falei e ela saiu, fui em direção a cama peguei a adaga para coloca-la na gaveta do criado mudo, mas guando a abri vi o álbum na gaveta. Coloquei a adaga e tirei o álbum, me sentando na cama para ver as fotos

– Olhando meu passado de novo - ela disse entrando no quarto

– Você não fala muito sobre o seu passado, então... - digo e levanto rapidamente o olhar, vendo-a tirar o jaqueta

– Você também nunca perguntou - ela disse se sentando ao meu lado na cama e a olhei

– Se eu perguntasse, você contaria? - perguntei fechando o álbum, mas marcando com o dedo onde eu havia parado

– Não tenho porque esconder - ela diz e tira o tênis - Mas não hoje, tive um dia cheio no Buffet e me recomendaram descansar um pouco

– Recomendação do Jhon? - perguntei e ela sentiu

– Justamente - ela respondeu, e já estava prestes a se deitar, quando falei

– Se importa? - indiquei a cama, ela negou com a cabeça. Ajeitei os travesseiros, me deitei e a puxei para que ela deitasse a cabeça em seu peito - Teve algum mal estar hoje?

– Tive - respondeu sem me olhar - Mas já tomei o medicamento, não precisa se preocupar

– Está bem - digo e ficamos em silencio, por impulso comecei a acariciar o cabelo dela

Me perdi em pensamentos, vê-la dessa forma, me fez ter ainda mais vontade de protege-la. De mante-la longe de tudo e de todos, como se a qualquer descuido ela fosse quebrar, como uma frágil flor de vidro, mas sei que apesar dela parecer delicada flor de vidro, ela é forte, determinada, corajosa, se preocupa mais com os outros antes de si mesma, são essas e todas as outras qualidades que me faz ama-la de tal forma. Percebi que seu corpo havia relaxada e quando a olhei ela estava dormindo, sua expressão serena e com a respiração calma. Decido me levantar e deixa-la descansar, mas quando me movo, mesmo que tenha sido pouco, ela se mexe e passa o braço direito por cima de mim, me abraçando como se pedisse silenciosamente para não deixa-la e eu estou disposto a atender esse pedido

– Não vou a lugar algum, meu amor - sussurrei sem que ela pudesse me escutar, dei um beijo no topo da cabeça, passei meus braços em todo dela a colhendo-a em um abraço protetor, depois de um tempo observando-a cedi ao cansaço e adormeci com ela em meus braços

Algumas Horas Depois

Abri os olhos, fitei o teto por alguns segundos, então percebi que não sentia mais a Susan abraçada a mim, olhei na direção onde estava a Susan e não a vi. Olhei em volta e a encontrei sentada na cadeira giratória em frente a bancada, o notebook estava ligado, ela mexia em alguns papeis o cabelo estava em um coque frouxo. Me levantei da cama e fui ao banheiro lavar o rosto, quando voltei ao quarto me encostei na parede observando-a trabalhar. Ela lia alguns e-mails, escrevia algumas coisas em um caderno, olhava algumas folhas sobre a mesa, enquanto lia mordia levemente o lábio inferior. Ela se levantou para pegar uma pasta e quando se virou em direção a mesa notou que eu estava em pé

– Oi - ela falou sorrindo

– Oi Su! - só então notei que ela usava um short preto e uma regata - Não sabia que usava óculos

– Ah! Mas não são de grau - ela diz tirando os óculos - São lentes de descanso, me recomendaram porque leio muito e isso acaba forçando um pouco a vista

– Entendi - digo me aproximando dela

– Está com fome? - ela perguntou colocando a pasta sobre a bancada

– Um pouco - respondi normalmente

– Vou prepara um sanduíche pra gente - ela diz caminhando em direção a porta

– Eu vou com você - digo a seguindo, ela saiu primeiro e fui logo em seguida, quando fechei a porta do quarto ouvimos

– O que ele estava fazendo no seu quarto Susan? - viro e escuto a voz da Sam

– Ele estava me fazendo companhia - Susan responde simplesmente

– Tinha que ser justamente no seu quarto, Su? - Sam perguntou séria

– Eu tinha algumas coisas do buffet pra resolver e o Nico ficou olhando o álbum da minha mãe - ela responde como se não fosse nada

– No seu quarto? - ele insistiu

– Tia, deixa de coisa por favor! Não aconteceu nada, ok? - a Su falou olhando a tia - Quer saber, não vou discutir com a senhora por causa disso

– Su, me des... - Sam começa a falar mais calma

– Esquece tia - ela falou simplesmente - Vou preparar algo para comer, vai querer também?

– Não, eu comi há pouco tempo - ela responde meio sem jeito por duvidar da Su

– Tudo bem - ela dá um passo em direção a escada - Você vem Nico?

– Estou indo - digo e olho para a Sam - Até mais Sra Agostini

– Até mais Nico! E me desculpe a forma que falei - ela fala um pouco sem jeito

– Tudo bem, agiria dessa forma ou pior se visse um rapaz saindo do quarto da minha filha - falo e ela assentiu

– Eu apenas temo que a minha menina se machuque - ela fala olhando em direção a escada, a qual a Su já havia descido

– Eu nunca machucaria a Su - digo e só então percebi que estava falando com a Sam, como se eu estivesse na primeira visita do namorado da Su

– Ela é especial para você, não é? - Sam pergunta de repente e com um sorriso singelo

– Ela é uma garota especial para todos que a conhecem - respondo sinceramente e a Sam assentiu

– Verdade - ela suspirou - Vai logo antes que a Su, comece a berrar
– Está bem - digo rindo baixo - Tchau Sam

– Tchau - ela voltou para o quarto dela e eu fui para a cozinha

– Pensei que tinha desistido de comer - Susan diz ainda de costas para mim

– Irritada pelo que a sua tia disse? - perguntei me sentando em uma das cadeiras

– Não - ela respondeu simplesmente, mas sei que é mentira

– Não mente pra mim - digo e ela me olha por cima do ombro - Me fala o que está te deixando tão irritada

– É a falta de confiança dela em mim - ela responde colocando dois pratos com sanduíche na mesa - Acho incrível que ela confie em me deixar na administração do Buffet, mas que duvide quando eu digo que não aconteceu nada

– Ela só não quer que ninguém te machuque - falo quando ela se senta na cadeira a minha frente

– Mas ela faz isso quando não acredita em mim - ela murmurou essa frase

– Sabe que não é a intensão dela - digo olhando-a

– Eu sei - ela suspira e começa a comer aos poucos

– Vou ter que ir assim que terminar - digo quando estava quase terminando

– Já? - ela diz tomando um gole de suco

– Preciso ajudar meu pai - respondo e ela assentiu

Terminamos de comer em silêncio, ela se levantou e pegou os pratos para por na pia. Me levantei e me aproximei dela

– Deixa que eu lavo - digo e ela me olha

– Não disse que teria que ir assim que terminasse? - ela pergunta em tom brincalhão

– Posso ficar mais alguns minutos - digo com um pequeno sorriso - Deixa que eu lavo

– Não precisa - ela diz, mas tomo a frente começando a lavar - Nico!

– Eu lavo e você seca, pode ser? - digo lavando o primeiro prato e entrego a ela

Em menos de cinco minutos estava tudo arrumado na cozinha.

– Agora eu preciso ir - digo olhando-a fechar a porta da geladeira

– Tudo bem, obrigada por me ajudar na cozinha - ela diz e eu assenti - Eu te acompanho até a porta

– Está bem - caminhamos até a porta - Volto assim que puder

– Tudo bem! - ela diz e abriu a porta - Te acompanharia até o beco, mas estou atolada de trabalho

– Não tem problema - demos um rápido abraço - Se cuida

– Pode deixar - ela diz e de um passo em direção a rua - Tchau Di Ângelo

– Tchau Agostini - digo e ela sorri, em seguida fecha a porta

Segui meu caminho em direção ao beco, me certifiquei que não vinha ninguém e viajei nas sombras de volta para o submundo. Reapareci no meu quarto e praticamente me joguei na cama fitando o teto de mármore negro, quando ouço batidas na porta

– Entra - digo e a porta se abre

– Oi meu filho - meu pai falou se aproximando da cama

– Oi pai - digo me sentando - Algum problema?

– Não, vim apenas para saber com a Susan está? - ele perguntou me olhando

– Aparentemente bem, tem trabalhado muito nos últimos dias - respondo e ele assentiu pensativo

– E você como está? - ele perguntou me olhando e soltei um pesado suspiro

– Estaria muito melhor se ela aceitasse fazer o tratamento - respondo olhando-o

– Tenha um pouco de paciência - ele diz me olhando - Ela vai acabar aceitando fazer o tratamento

– Meu medo é que quando ela aceitar fazer isso, seja tarde de mais - digo e não conseguir conter as lagrimas

– Não gosto de vê-lo assim, Nico - meu pai diz me abraçando - Vai ficar tudo bem

Eu apenas assenti e me acalmei um pouco, desfiz o abraço e ele sorriu. Não foi o sorriso maldoso ou irônico que ele sempre dava, era um sorriso sincero, coisa que era rara de se ver no rosto de Hades.

– Obrigado pai! - digo e ele assentiu

– É minha obrigação como pai - ele disse se levantando - Agora preciso ir, manter o submundo em ordem, não é tarefa fácil

– Eu vou ajuda-lo - digo me levantando

– Amanhã você me ajuda - ele diz me fazendo sentar na cama novamente - Por hoje, quero que descanse

– Está bem - digo voltando a me deitar e ele sai do meu quarto

Fechei os olhos, pensando em tudo que passei nos últimos meses, descobrir que a Su tem leucemia foi um forte baque, mas preciso me manter firme por ela. Ela vai precisar de todo apoio possível e farei tudo que está ao meu alcance para isso acontecer. Estava tão distraído com os meus pensamentos que sequer me lembro quando eu adormeci.

Dois Dias Depois

POV Susan

Dois dias se passaram desde a ultima visita do Nico, mas mantivemos contato pelas mensagens de iris, ele falou que estão tendo alguns problemas com a construção das novas vias do submundo, mas que Dédalo já estava dando um jeito de resolve-las. Agora são quatro e meia da manhã e já estou praticamente arrumada para ir ao buffet. Hoje é um dia especial para a tia Sam e não posso permitir que nada saia errado nessa festa. Terminei de me arrumar e fui prepara o café da manhã para tia Sam e a Barbara, depois que deixei tudo preparado, tomei meu remedio e deixe um bilhete avisando que já havia saído.

Como estava cedo, não havia muito movimento nas ruas, então podia andar um pouco acima do limite de velocidade. Cheguei ao Buffet as 6h da manhã e no momento que entrei senti o cheiro que vinha da cozinha. A equipe gastronômica devem estar aqui a mais tempo do que eu estou acordada. Andei até a cozinha do Buffet e quando entrei, tudo que se ouvia era o barulho das tampas conta as panela, a conversa dos funcionários um pedindo para que o outro vigiasse a panela enquanto pegava algo, o cooperação mutua deles era surpreendente.

E no meio daquele "furacão" estava a Sofia a coordenar tudo, verificando o trabalho de cada funcionário, andando por toda a cozinha e auxiliando os que precisavam. Me aproximei dela enquanto ela mexia o conteúdo da panela, ela estava tão distraída que sequer percebeu a minha aproximação

– Bom dia Sophie - digo e ela se assusta levemente, mas sorri ao me ver

– Bom dia Su! - ela diz colocando a tampa na panela - Tudo bem?

– Sim, e você? - pergunto olhando em volta

– Tudo bem - ela fala indo pegar algo e eu a acompanhei - Em poucas horas toda o jantar estará pronta e poderemos focar no bolo, doces e salgado.

– Ótimo! - digo e ela assentiu olhando o trabalho dos outros cozinheiros - Sabe dizer que a Emilly já chegou?

– Ela já chegou e a equipe dela também. Eles chegaram aqui as três e meia, colocaram tudo na caminhão e levaram para o salão de festas e equipe de manutenção também já está lá - ela respondeu me olhando

– Está bem! - digo pegando um dos canapés que haviam terminado de fazer - Obrigada

– HEY! - ele me repreendeu, mas me afastei sorrindo enquanto comia

– Tchau Sophie - digo me afastando e ela ri

– Tchau Su - ela falou e voltou ao trabalho

Resolvi passa na minha sala para deixar a minha bolsa e ir ao salão de festas do Buffet que ficava em outra área da cidade. Entrei deixei minha bolsa, peguei a carteira de mão, o meu celular e as chaves do carro. Estava saindo quando me vem o pensamento de trancar a porta da minha sala. Sei que nesse andar só entra coordenadores dos departamentos e os funcionários que são chamados. Confio plenamente nos responsáveis de departamento, mas um pressentimento me faz trancar a porta. Algo me diz que o dia não será tão tranquilo.