Depois que toda aquela confusão começou a se acalmar, o Tony, a ex-secretária e o motorista foram acompanhados para fora da pista, então desliguei a televisão. Jhon se levantou do sofá

– Preciso ir, vou tomar um banho e sair o mais rápido possível - ele disse pondo a mochila nas costas

– O August está em casa - deduzi olhando-o

– Está... as vezes tenho vontade de... - ele se interrompi - Deixa para lá

– Eu vou com você, toda vez que eu estou lá ele ignora você, tentando me irritar... enquanto eu ignoro ele - digo me levantando

– Vai ajudar e muito - ele disse enquanto andávamos até a porta

Quando saímos senti duas coisas ao mesmo tempo. O mau pressentimento de quando alguém vai morrer e o cheiro de magia, parei e impedi o Jhon de dar mais um passo

– Está sentindo? - perguntei olhando em volta

– Sentindo o que? - ele perguntou confuso

– Cheiro de magia - respondo e olho para ele incrédula - Você não aprendeu nada no acampamento?

– No mundo normal, a nevoa é mais sensível para você do que para mim, esqueceu? - ele rabete minha pergunta com ironia e eu reviro os olhos

Me concentrei em sentir a fonte da aura magica e ela parecia vir da casa do Jhon, respirei fundo

– A fonte é ali - disse olhando a casa dele

– Monstros? - ele mais afirmou do que perguntou

– Sim, pelo menos dois - respondo e ele fica nervoso

– Su... minha mãe está lá dentro - ele falou e senti um pouco de medo na voz dele

– Fica aqui fora escondido, darei um jeito dela sair sem levantar suspeita - olhei para ele que assentiu ainda temeroso - Me dá a sua mochila

– Toma - ele diz me entregando, eu a abro, tiro a adaga do Michael que estava escondida na minha roupa e coloco na mochila - Sempre anda com a adaga do Mike?

– Sempre - respondo simplesmente - Vou fazer sua mãe sair

Ele assentiu e foi se esconder, andei até a casa e simplesmente entrei como sempre fiz. Vi a tia Marta conversando com uma mulher, aparentemente de negócios até a imagem tremeluziu e pude ver a Dracaenae, um ser com tronco de mulher e no lugar das duas pernas possuem dois corpos de cobra, ambas olharam para mim, no momento que eu entrei a tia Marta sorriu para mim, sem saber o perigo que estava correndo.

– Oi - cumprimentei educadamente e a Dracaenae assentiu

– Oi Su! Essa é a Sra Moore, ela está interessada em ver os desenhos do Jhon, para uma exposição - ela me cumprimentou e notou que eu estava com a mochila do Jhon - Onde ele está?

– Era justamente disso que vim falar, ele está lá em casa. Parece que torceu o pé andando de skate - digo um pouco preocupada - Ele me pediu que a chamasse

– Meu Deus! Eu vou lá agora - ela se virou para a Dracaenae - Com licença

– Fique a vontade, pode ir cuidar do seu filho - ela disse olhando-a

A tia Marta passou por mim indo em direção a minha casa, tudo que eu tinha que fazer era distrair a Dracaenae para que eu chegasse perto o suficiente.

– A senhora já viu os desenhos dele? - perguntei normalmente com um sorriso no rosto

– Vi alguns, mas queria ver mais e conhecer o artista - a Dracaenae disse educadamente, ela soube interpretar o papel dela direitinho

– Acho que o caderno de desenho dele está aqui, gostaria de ver? - perguntei ainda com certa distancia

– Mas é claro minha querida - disse fingindo interesse

Andei até o lado dela e coloquei a mochila ao seu lado, abri e retirei o caderno, escondendo a adaga por trás. Direcionei o caderno para ela e quando ela foi pegar tocou a lamina da adaga e recuou, em um salto. Largue o caderno e senti a benção de Hades no meu corpo, e sabia que meus olhos já haviam mudado de cor.

– O que foi? Os desenhos dele não te agradaram? - perguntei ironicamente com a adaga em punho, enquanto a olhava fixamente

– Você é a protegida de Hades - ela falou como se estivesse se preparando para atacar

– Como sabe, quem sou? - pergunto girando a agada

– Seus olhos, sua aura - ela disse me olhando - Você tem a essência dele

– Sei que não está aqui sozinha - digo ignorando a resposta que ela deu - Vocês são em quantas?

– Duas - ela responde e ouço a voz o August sair abafada vindo da cozinha, mas finjo não notar

– Bom saber - quando ia mudando a posição da adaga para arremessa-la, a dracaenae salta em minha direção

A mão reptiliana bateu com força em meu pulso, me derrubando e fazendo soltar a adaga, me recompus e ela também, mas dessa fez ela segurada a adaga para se defender. Me concentro e a minha espada aparece

– Como você...? - ela mesma se interrompeu, no momento que avancei contra ela

Ela usava a lamina da adaga para desviar minha espada, ela tentava me ferir com a adaga, mas ela passava por mim como se fosse feita de fumaça. Vendo que eu estava prestes a ataca-la novamente, ele me derrubou com um rasteira e tentou me acertar com o abajur. Eu rolei para sair da linha de tiro e o abajur se quebrou no chão. Levantei rapidamente, ela veio em minha direção, eu a esperei pronta para intercepta-la. Quando ela estava próxima, peguei impulso da mesinha de centro e pulei para chuta-la na caixa torácica, quando ela caiu cravei minha espada no peito dela. Vendo-a se transformar em poeira

Sinto o cheiro da outra dracaenae se aproximar, me viro e vejo que ela usava o August como escudo humano. Com um das facas da cozinha próxima ao pescoço dele, ele mal respirava, seus olhos vermelhos como se estivesse contendo o choro e pelo jeito dele estava bêbado novamente.

– Você matou a minha irmã - a dracaene disse chorando

– Meus pêsames - digo erguendo um pouco mais a espada e ordenei me aproximando - Agora solte-o

– Fique longe de mim - ela pressionou um pouco a adaga no pescoço dele e começou a subir a escada de costas puxando o August com ela

– É impressão minha, ou você está com medo de mim? - perguntei sarcasticamente pegando a adaga

– Não é medo - ela praticamente rosnou e o August estremeceu, me esforcei para não rir

– Se não é medo é o que? - perguntei e fiz minha espada sumir

– Você tem o cheiro da morte - ela respondeu me olhando e dei um sorriso torto

– Admito que fico feliz em saber disso - parei em frente a escada - Agora solta ele

– Se você der mais um passo eu mato ele - ela disse encostando a faca no pescoço dele e um filete de sangue escorreu

– Se você mata-lo, você perde seu escudo e eu mato você da mesma forma - digo olhando-a - Você não pensou nisso direito, não é?

– Não chega perto de mim - ela subiu mais um degrau, eu girei a agada e preparei para arremessa-la

– VOCÊ ESTÁ LOUCA!? VAI ME MATAR!? - August gritou ao ver mirar a adaga nele

– Proposta tentadora August - digo e jogo a adaga, ele fechou os olhos

A Dracaenae soltou a faca e saiu de trás do August, minha adaga ficou cravada na parede, ela se jogou contra o corrimão e o saltou, ela foi rapidamente em direção a janela, eu corri e saltei sobre o sofá e rolei para perto da mesinha de centro, desejei que meu arco e aljava aparecessem e assim eles fizeram, puxei um flecha, posicionei-a e disparei em direção a ela. Quando a flecha a atingiu ela gritou e se transformou em pó. A porta se abriu e vi Jhon e Marta entrarem, eles olharam a poeira espalhada pela sala

– Desculpe a sujeira tia Marta - ela me abraçou e sussurrou

– Obrigada, obrigada - ela repetiu e eu a abracei

– Está tudo bem - digo e ela desfez o abraço

– Mas... mas... - o August disse olhando para nós espantado

– Fica calmo, August - digo revirando os olhos

– Calmo? CALMO? - ele disse se exaltando - VOCÊ ARREMESSOU UM FACA EM MIM, SORTE QUE SUA MIRA É RUIM

– Ruim? Tem certeza? - apontei atrás dele e ele se virou ficando assutado

Ele olhou a adaga cravada na parede, pela posição indicava que ela havia passado no coração dele, ele se olhou muito assustado e viu que estava ileso

– Como isso...? - ele não teve tempo de terminar, porque ele tropeçou e rolou escada abaixo.

Pude senti o exato momento que ele morreu ao quebrar o pescoço. Quando o copo dele chegou ao chão tia Marta correu até ele, Jhon a acompanhou rapidamente, enquanto eu andei sem muito interesse até o corpo. Percebi que ela ficou sem reação, não sabia se ajudava ou se chorava em choque. Jhon ficou olhando o corpo ainda sem acreditar no que via enquanto abraçava a mãe. Em me abaixei com cuidado para não pesar no sangue que saia do ferimento da cabeça dele e cheguei os batimentos que eu já sabia não existir.

– Ele está morto - disse como se não fosse nada e subi a escada para pegar a adaga que ainda estava na parede

– O que vamos fazer? - Jhon perguntou enquanto eu puxava a adaga da parede

– Chamar a emergência - respondo como se fosse obvio e murmurei um feitiço de reconstrução, fazendo a pequena fenda que a adaga fez na parede desaparecer deixando a parede intacta novamente

– E como vamos explicar isso? - Jhon apontou para os objetos derrubados e a poeira das dracaenaes que estavam em toda a sala

Me concentrei e murmurei um feitiço fazendo tudo voltar ao lugar, usando o feitiço que controla o vento, juntei toda a poeira e a fiz sair pela janela e se espalhar pela a areia do jardim lateral da casa, voltei a olha-los

– Isso, o que? - perguntei me fingindo de desentendida e eles olhavam surpresos para a sala, que nem parecia ter ocorrido uma luta a pouco tempo

– Nossa! - tia Marta sussurrou surpresa

– Agora sei como você faz para arrumar a casa e cuidar do Buffet - Jhon comenta enquanto eu descia a escada

– Tia Marta, liga para a emergência? - falei ignorando o comentário do Jhon

– E digo o que? Não sei se consigo mentir - ela estava nervosa demais

– Tudo bem, não vai precisar mentir - ela me olhou confusa e Jhon assentiu entendendo o que eu planejava

– Como assim? - ela perguntou me olhando e eu manipulei a nevoa para ela
Por um momento ela ficou sem esboçar emoção ao reação depois começou a chorar

– Eu preciso ligar para a emergência - ela disse e andou até o telefone

Ela disse que tinha ido a casa da vizinha e quando voltou o marido estava morto, ela esclareceu que ele estava bebendo e deve ter tropeçado na escada. Em questão de minutos a ambulância do IML estava na porta da casa, ela disse que ia informar os familiares e preparar as coisas para o enterro. Ela saiu, fiquei mais alguns minutos na casa e depois fui para casa. Senti mundo girar, meu corpo fraco, fui para o sofá e deitei ali mesmo. A magia requer muito concentração e esforço, principalmente depois de estar cansada de um luta. Meu pulso estava dolorido e acho que ficará assim por dias. Fiquei olhando o teto por alguns segundos até que o cansaço me dominou e tudo escureceu

POV Stark

Sentia meu corpo dolorido, mas isso não me impediria de falar com o desgraçado que tentou me matar, policiais franceses tentavam me convencer desistir dessa ideia

– Mr. Stark, nous avons couru ses gravures. Nous avouns eu rien en retour, pas même um nom (Sr. Stark, não temos as informações. Nós não temos nada, nem mesmo um nome) - um dos policiais franceses me falou

– Où allons-nous? (Onde estamos indo?)- perguntei enquanto andava em direção a sala que ele o homem estava

– Là-bas.(Lá) - o policial me respondeu e apontou ao fim do corredor - Nous ne sommes même pas sûr qu'il parle anglais. II n'a pas dit un mot depuis qu'il est arrivé ici (Nós não temos sequer a certeza que ele fala Inglês. Ele não disse uma palavra desde que chegou aqui)

– Cinq minutes (Cinco minutos) - foi o tempo que eu pedi

. Me levaram até a sala onde ele estava, abriram e eu entrei. O homem estava sentado de costas para mim e nem se deu ao trabalho de se virar quando a porta se abriu. Entrei e esperei alguns segundos antes de andar. Coloquei as mãos nos bolsos da calça e andei até ele devagar

– Tecnologia interessante... só que tinha poucos ciclos por segundo Podia dobrar as rotações - andei até poder vê-lo e ele não parecia se importar com minha presença, nem mesmo por estar preso. Ele parecia... satisfeito, andei para perto do banco que ele estava e parei atrás do banco - Concentre a energia do repulsor nos canais de platonizados. Funciona, não muito bem. Mas é um copia aproveitável - me senti ficando de frente para a porta, apoiei os cotovelos nos joelhos e olhei minhas mãos - Eu não entendo... com uns ajustes podia ganhar muito dinheiro, podia vender pra Coreia do Norte, China, Irã. Ou oferecer no mercado negro, deve ter amigos marginais como você.

Ele finalmente me olhou e desviou o olhar para o reator em meu peito, não parecia abalado, frustrado, apenas... satisfeito. Como se ele tivesse me destruído

– Você vem de uma família de ladrões e assassinos... e agora como todo culpado tenta reescrever a sua história - ele falou, mas com um sotaque russo - E esquece todas as vidas que a família Stark destruiu.

– Falando de ladrões, onde conseguiu esse projeto? - perguntei intrigado

– Meu pai... Anton Vanko - ele respondeu me olhando

– Nunca ouvir falar - respondo sinceramente e ele continuava me olhando como se ja esperasse essa minha reação

– Meu pai é a razão de você estar vivo - ele indicou o reator em meu peito com a cabeça

– Só estou vivo, porque teve uma chance de me matar e errou - rebato olhando-o

– Errei? - ele perguntou retoricamente - Se você pode fazer deus sangrar, então o povo não vai mais acreditar nele. E haverá sangue na água e os tubarões virão... na verdade, eu só tenho que ficar aqui sentado, vendo o mundo consumir você.

– De onde você vai ver o mundo me consumir? Ah é! De uma cela de prisão, vou te mandar um sabonete - me levantei para sair, dei alguns passos e ouvir ele me chamar

– Espera Tony, antes de ir - continuei meu caminho até a porta sem olha-lo - O paladium no peito, jeito doloroso de morrer, muito lentamente, depois acaba.

A porta da sala se abriu e eu agradeci os policiais. Voltei para o hotel, me deitei na cama esperando a Pepper avisar quando íamos voltar e acabei dormindo.

Sonho ON

A garota morena, estava segurando um adaga, lutando com um monstro. Tinha a parte de cima de uma mulher, mas no lugar de pernas tinha dois corpos de cobras. Elas lutaram, a criatura atacava a garota, mas parecia não conseguir machuca-la, então deu um rasteira e jogou o abajur na direção dela, mas a garota foi mais rápida e desviou.

Logo depois elas retomaram a luta e a garota golpeou criatura que se transformou em poeira. Por trás apareceu outra criatura muito semelhante apareceu usando um homem como escudo, a criatura começou a subir a escada enquanto a garota falava com ela sem se abalar então preparou a agada para arremessa-la

. A adaga atravessou o homem sem machuca-lo e cravou na parede, enquanto a criatura pulou sobre o corrimão, a garota saltou sobre o sofá e do nada um aljava e um arco apareceram e ela disparou um flecha na criatura que se transformou em pó

Sonho OFF

Acordei sobressaltado ao ouvir batidas na porta e a Natalie entrou

– Desculpe incomoda-lo senhor Stark, mas a srta Potts pediu para chama-lo, o voo sairá em quarenta minutos - ela diz me olhando

– Está bem Natalie, já vou descer - respondo passando as mãos pelo rosto - Pode ir

– Sim, senhor Stark - ela disse retirou

Pensei que houvesse me livrado dos pesadelos com essa tal garota, depois de meses esse sonhos voltarem do nada. Acho que se eu começar a escrever esses sonhos que tenho com essa garota dá para fazer um livro. Mas o que mais me incomoda é que sinto preocupação por ela ao ver as imagens do sonho, sinto a determinação, os medos dela, como se houvesse algo que nos ligasse.

Ignoro esses pensamentos para sair do hotel e ir ao meu avião que nos esperava no aeroporto. Quando abri a porta funcionários apareceram para pegar as minhas malas e logo em seguida seguiram para o hall do hotel. Eles colocaram as malas em um carro e segui me caminho para o aeroporto, preciso falar a Pepper o que está acontecendo comigo, que eu... estou morrendo