(DESCONTINUADA) Criminal Scene escrita por Scamander


Capítulo 3
03. Ab alio spectes alteri quod feceris


Notas iniciais do capítulo

*Quem faz mal, espera outro tal

Boatos de que a Scamander foi abduzida por ETs que a mantem refém são verídicos - or nah. Mas acho que sim, porque, gente, quem sou eu e o que fiz com a Luna? Postando no dia seguinte?!
A única coisa que tenho a dizer é: vocês me mimam demais. Mas não parem com isso. Estou amando cada comentário sobre a história e não sei se foi porque o último capítulo foi legal ou a sorte está a meu favor, mas espero que continue sendo assim. *o*



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Percy xingou baixinho, tomando cuidado para que sua mãe, na porta ao lado, não ouvisse. Sentia-se culpado não só por ter matado alguém, mas por dar a Sally Jackson um filho criminoso. Sua mãe não merecia isso.

Ele havia chegado em casa de madrugada e notado a mãe no sofá. Havia adormecido enquanto esperava-o para jantar. Ele sentiu as lágrimas escorrerem enquanto levava-a, com cuidado, para sua cama. Arrumara tudo como não fazia há anos e depois sentara-se na porta do quarto de sua mãe, vendo-a dormir. Será que um dia ela perdoaria o filho pelo que fizera?

Amava-a tanto.

Desde que seus pais se divorciaram e Poseidon passara a administrar uma agência de cruzeiros, ela fora a única imagem de família que tivera. Não podia se lamentar, fingir que sua vida era sofrida, porque Sally nunca deixara isso acontecer, mesmo quando Gabe, seu futuro marido, entrou em sua vida.

Ele não gostava de Gabe, nem um pouco. Não entendia como a mãe conseguia sequer suportá-lo, mas vira o brilho em seus olhos quando apresentara o noivo para o filho e isso foi o suficiente para que ambos fizessem um pacto silencioso de se suportarem.

Sentando-se finalmente para comer, Leo ainda conseguiu acompanhar sua futura-madrasta, que poucos minutos antes havia acordado de seu sono de beleza e tagarelava sem parar sobre inutilidades.

– Honestamente, eu não acho que essa padaria onde você compra o café seja tão boa, querido. – ela ia dizendo para seu pai, que apenas sorria, apaixonado pela mulher a sua frente. – Quando nos mudarmos para nossa casa, vou levar Marcie para cozinhar. Você vai amar a comida dela, Heffy.

Leo não sabia de onde Afrodite havia tirado aquele apelido ridículo e nem tampouco como seu pai deixava-a fazer aquilo, mas esperava, do fundo do coração, que nunca permitisse que uma mulher tratasse-o da mesma forma.

– Estou tão ansiosa para nos mudarmos! – ela batia palmas, bebendo sua vitamina. Natural, eca. – Por sinal, amor, temos que chamar um jardineiro o mais rápido possível, já se passaram dois meses desde que assinamos contrato, duvido que ainda estejam cuidando da casa da mesma maneira.

O garoto já havia visto várias mulheres falando enquanto mexiam as mãos, mas Afrodite conseguira inventar um hábito ainda mais irritante: Mexer o dedo indicador. Era como se todos os movimentos tivesse reservados para aquele único dedo de unha bem feita.

– Ah, e estive pensando na sua oficina. – ela começou. Leo parou de comer para ouvir do que se tratava. – Acho que devia repensar naquela minha sugestão. Nós podemos construir uma nova garagem e deixar a antiga para você trabalhar-

– Oi? – Leo se intrometeu na conversa.

– O que foi, queridinho? – Afrodite perguntou.

Sua doçura deixou Leo com diabetes.

– Você está pensando em se desfazer da antiga oficina, pai? – ele virou-se para o pai.

Hefesto abriu um sorriso forçado.

– Filho, eu estive pensando e-

– E vai vender a oficina que a mamãe construiu? – Leo aumentou o tom de voz.

– Ai, nossa, só por isso. – Afrodite olhou-o desdenhosa.

– Só por isso? – Leo pousou seu garfo na mesa. Mantenha a calma, Valdez. – Será que por baixo dessas camadas de maquiagem não tem sequer um neurônio funcionando? Você ao menos sabe alguma coisa sobre essa oficina?

– Leo! – o pai exclamou, mas Afrodite erguera aquele bendito dedo.

Leo tinha vontade de pegar uma faca e cortá-lo só para passar o tempo.

– Deixe que eu lido com isso, Heffy. – ela sorriu para o futuro marido, acariciando sua mão. Virando-se para Leo, contudo, sua expressão mudou completamente: - Primeiro, Valdez, eu não uso maquiagem, ok? Beleza natural. – fútil, fútil, fútil, sua mente gritava – E, não que importe, mas sugeri a venda da oficina justamente por sua causa.

– Por minha causa? – Leo olhou-a, descrente.

– Sua mãe morreu lá, certo? – não havia um pingo de ressentimento no rosto de Afrodite quando ela soltou aquelas palavras. – Você tem que superar isso, Leo.

– É fácil falar, não? Coitado, perdeu a mãe... Agora vamos manda-lo seguir em frente. – ele forçou uma voz parecida com a de Afrodite.

Ela parecia ofendida. Vendo que Hefesto estava pronto para intervir, Afrodite se adiantou:

– Exatamente, Leo. Porque, sinto lhe dizer, já se passaram mais de doze anos desde a morte de Esperanza e você tem que seguir em frente. – ela dizia, sua cara de megera cada vez mais aparente. – Ficar aí, olhando para o retrato da mamãe enquanto chora com o dedo na boca não vai trazê-la de volta. Ela morreu, garoto. Estou te fazendo um favor quando digo para venderem aquela oficina, e, ainda mais, quando falo o que ninguém foi capaz de dizer nesses últimos doze anos.

– Pai! – Charles, seu irmão, que outrora assistia ESPN, levantou-se.

Não conseguia acreditar que seu pai assistia aquela mulher humilhar Leo sem fazer nada.

– Afrodite, chega. – Hefesto sussurrou.

Leo, que havia levantado-se devido à sua estatura que, obrigado pai, conseguia ser menor do que a da mulher, largou-se novamente na cadeira. Sabia que as palavras haviam surtido o mesmo efeito no pai porque, sim, ele também sofria com a morte de Esperanza mesmo depois de todos aqueles anos. Então por que, Deus, ele permitia que aquela mulher fizesse aquilo não com seu filho, mas com si mesmo?

Afrodite, percebendo o que acabara de falar, arregalou os olhos.

– Oh, Heffy, desculpe. – ela pediu, baixinho. – Leo-

– Não, já entendi. – ele sorriu cínico para ela. – Minha madrasta querida apenas está me ajudando a seguir em frente. Agradeço a preocupação, mas estou bem sendo um bebê chorão.

E dizendo aquilo, se retirou.

Thalia entrou em casa silenciosamente. Sabia que sua família já estava acordada, não era esse o motivo de seus passos lentos. O que ela queria, na verdade, era não chamar atenção para si. Sua cota de aborrecimentos já havia estourado, não precisava de mais uma briga familiar para enriquecer seu dia com mais histórias agradáveis.

– Thalia!

Tarde demais.

Vendo que tanto seu pai quanto seu irmão estavam na sala, arqueou as sobrancelhas. Há quanto tempo sua família não se reunia? Até mesmo os jantares ficavam por conta de cada um.

Quando seu pai levantou-se com uma expressão aflita, ela entendeu que algo muito errado havia acontecido. Ouvindo o barulho da televisão, ela viu a matéria que passava. Estavam mostrando a Casa do Lago de Annabeth.

A polícia pegou o testemunho de duas garotas que, na noite de ontem, estavam próximos ao local do assassinato. – a mulher dizia. – As revelações, diz a polícia, não são de grande ajuda, mas os investigadores contam com a ajuda dessas duas jovens para resolver o caso.

Prendendo a respiração, ela olhou para seu pai.

– Thalia, você está bem? – ele olhava-a assustado.

Ainda com as sobrancelhas unidas, ela largou sua sacola no chão.

– Sim... – disse, sem entender o motivo de sua pergunta.

– Ficamos tão preocupados com você! – ele exclamava. – Aquela menina, Calipso... Ah, Thalia, só de pensar que podia ter sido você a morrer... – Zeus estava com cara de choro.

Ainda atônita, ela sentiu seu pai espreme-la num abraço. Em todos os seus dezesseis anos de vida, nunca vira-o tão aflito. Zeus não era disso, de ficar abraçando-a e demostrando seu amor. Na verdade, a maioria das vezes ela chegava a duvidar se ele a amava. Agora, contudo, depois da possibilidade de perde-la, o pai parecia finalmente ter despertado a pouca compaixão que havia em seu coração.

Jason, que havia se levado tão instantaneamente quanto Zeus olhava tudo estranhamente. Duvidava que o irmão também não quisesse estar ali – a probabilidade, na verdade, era de Jason abraça-la, não do pai -, mas o menino assistia tudo distante. Thalia não queria pensar nisso, mas achava que, talvez, ele estivesse com ciúmes.

– Hã... pai? – ela perguntou, já sentindo-se incomodada com a posição.

Ele então soltou-a. Os olhos vermelhos.

– Me lembre de nunca mais deixa-la sair. – ele disse, tentando se recompor. – E não quero nenhum dos dois falando disso para ninguém, estão entendidos?

Ele lançou um olhar ameaçador para os dois filhos.

Thalia tinha que admitir, gostava mais do pai dessa forma. Não de ele proibindo-a de ter uma vida social – e que vida ela tinha, afinal -, mas aquele pai só amores era demais para processar.

Dirigindo-se para seu escritório, Thalia conseguiu ouvir Zeus assoar o nariz. Em outra ocasião, provavelmente estaria rindo daquilo.

– Isso foi estranho. – ela comentou, olhando para Jason. – O que foi? – perguntou, vendo que o irmão olhava-a torto.

– Nunca mais faça isso com a gente, ok? – ele disse, tentando manter a pose neutra.

– Eu só fui pra Casa do Lago. – ela falou, estupefata.

– E voltou com a história de um assassinato para contar. – Jason comentou.

Thalia, que pegava sua sacola, largou-a novamente no chão e olhou-o, assustada.

– Quer dizer, você não viu nada mesmo?

– Não, Jason. – ela disse, a voz arranhada. – Nós sequer saímos da casa direito.

– Então por que a moça do jornal anterior disse que vocês seriam chamadas novamente para a delegacia? – Jason não parecia ter engolido aquela história.

– Sei lá. – ela tentou olhá-lo como se não suspeitasse de nada. – Estão desesperados por pistas, talvez?

– É, deve ser. – ele disse, voltando a se sentar no sofá e, dessa vez, mudando para o canal de esportes.

Annabeth havia se trancado no quarto desde que chegara. Ao contrário de Thalia, sua recepção não havia sido tão boa. Sua mãe, Atena, já sabia sobre os recentes acontecimentos próximos a Casa do Lago e estava uma pilha de nervos. Gritava no telefone, dizendo que, com o assassinato, a casa perderia clientes interessados em passar as férias no que virara agora o palco de um homicídio.

Apertando o travesseiro na cabeça, tentando não ouvir mais nenhum dos gritos de Atena, a loira sentia os olhos cada vez mais cheios de lágrimas. Queria chorar, gritar, espernear, mas sua mente parecia unicamente feita para reviver cada uma das memórias da noite anterior.

Nas vezes que abria os olhos, tentando procurar um pouco de lucidez no furacão de insanidade que a consumia, via derramar-se de sua sacola as roupas do dia anterior.

Colocara em sua cabeça que, logo que chegasse em casa, queimaria tudo, mas olhando para elas... desejava que tudo sumisse e ela não fosse obrigada a tocar em nada que a lembrasse de Calipso ou do que fizera com ela.

Espremendo as pálpebras uma contra a outra, pensava que tudo era aquilo sua culpa. Se não tivesse iniciado a briga com Calipso, nenhum deles estaria encrencado e sua mãe não teria problemas aquele ano com as finanças.

Não que Atena carecesse de dinheiro. Era sócia de uma construtora internacional, dona de várias casas de veraneio ao redor do mundo e, recentemente, entrara no ramo das ações. Algo arriscado a se fazer, mas se havia algo que Annabeth sabia que a mãe gostava eram apostas. Ela sempre ganhava, afinal.

A loira, contudo, não era tola. Sabia que poderia acordar sem nada amanhã, mas a mãe era esperta o suficiente para não converter toda a sua fortuna em ações. O que tinha em sua conta era suficiente para o resto de sua vida.

Mas nem todo o dinheiro da mãe seria suficiente caso descobrissem seu envolvimento com a morte de Calipso. Numa política como na qual viviam, e principalmente lidando com um homem como Atlas, ela ficaria aliviada com a prisão perpétua.

Reyna sabia, porém, que aquela era apenas uma ilusão de Annabeth. Ainda assistindo televisão, ela via o pronunciamento de Atlas sobre a morte da filha numa coletiva.

– Não sei quem fez isso com Calipso – ele dizia, a expressão ameaçadora. -, mas sei que não tem amor próprio pela vida.

O que você diria para o assassino se ele estivesse assistindo-o? – uma jornalista gritou numa das últimas cadeiras.

Ele sorriu diabolicamente. Olhando de relance para sua mulher que chorava num canto próximo a ele, disse:

– Você destruiu minha família. – e virando-se para a câmera, terminou: - Apenas vou retribuir o favor.

A televisão foi desligada logo em seguida.

– Chega. – Rachel decidiu, ainda com o controle apontado para a TV.


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Notas finais do capítulo

Sim, a Afrodite é uma vaca. Sim, o Percy dramatizou demais. Sim, eles vão se fuder e, por último, sim, eu estou tentando postar o mais rápido que posso.
Digamos que venho aprendendo uma lição desde que meu computador começou a dar os bug dele (mas te amo, tá?): nunca deixe nada para amanhã. Então capítulo pronto significam capítulo postado. Quer dizer, já tenho mais dois capítulos prontos, também, mas vou dar um intervalo de tempo porque entendedores entenderão.



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