(DESCONTINUADA) Criminal Scene escrita por Scamander


Capítulo 28
28. Aqueles que nunca mentiram.


Notas iniciais do capítulo

eu teria postado esse capítulo no dia seguinte, na verdade, mas eu resolvi acompanhar o 5onthewall com minha amiga e a trouxa aqui ficou olhando duas horas pra um homem pichando uma parede. btw *momento divulgação* os ricos baixam she's kinda hot no itunes nem do fandom eu sou porém não custa nada fazer meu papel né. (saudades vírgula)



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Silena engoliu em seco.

Sentada em frente a Percy e Annabeth, parte dela estava tentada a provocá-los, sabendo que algo realmente grande havia acontecido ali poucos minutos antes de ela chegar, mas outra parte, aquela que era muito maior, temia que os dois garotos recusassem a sua proposta e todo o seu plano fosse perdido.

Aquilo era muito mais que um simples convite para ir ao parque. Mais um dos deslizes que já haviam cometidos, e os seis iriam pegos sem dúvidas. Uma vez que encontrasse Leo naquelas filmagens, a polícia faria ligação com todos os outros e ela sabia que não teriam mais chances.

Silena ficou realmente surpresa ao saber que Annabeth estava pedindo ajuda à ela. Presumiu que o nível de desespero da garota era tanto, que ela foi capaz de engolir seu ego para pedir ajuda a alguém – à Silena. Embora, agora, desde que vira a reação de Annabeth ao saber que lhe mandara uma mensagem, suspeitasse que aquele havia sido um engano. Se o caso fosse esse, a menina estava grata por isso ter acontecido.

— Eu estava pensando... – ela começou com a voz macia, procurando pelas palavras certas. – Vocês sabem, não há uma maneira boa de sair dessas. Nós sabíamos que, uma hora ou outra, alguém ia precisar ajudar e-

— Vá direto ao ponto, Silena. – Annabeth murmurou, dez vezes mais mal-humorada depois de beber.

A menina lançou-lhe um sorriso amarelo. Ela já esperava pelos gritos antes mesmo de começar a falar, mas tentou manter sua melhor postura ao encarar Percy e Annabeth, tentando transmitir que estava certa do que queria, copiando o mesmo olhar que Drew era capaz de lançar a ela nessas horas.

— É um plano bem simples, na verdade. Colocamos mais alguém nessa história, alguém inocente. Se essa pessoa estiver mesmo com a ficha limpa, e ela vai estar, o detetive logo irá descartá-la, e nós já estaremos bem longe de sua memória até lá. – sua fala era mansa, tentando não fazer muito alarde porque, olá, era de alguém inocente que eles estavam falando.

Annabeth franziu o cenho, tentando entender a última parte, mas Percy já tinha tomado sua decisão:

— Envolver uma pessoa inocente? – perguntou, as sobrancelhas curvando-se em raiva. – De jeito nenhum! Por Deus, Annabeth, não me diga que está pensando em concorda com isso. – ele exasperou-se ao ver a expressão pensativa da loira, ao seu lado no sofá. Gesticulou, apontando para Silena. – Ela ‘tá querendo meter alguém que não tem nada a ver com isso pra conseguir tirar a gente dessa. Você realmente acha que uma filmagem estúpida vale isso?!

— Não é uma filmagem estúpida, Percy. – Silena tentou manter a voz suave, embora a testa estivesse enrugada em irritação. – Foram duas. Uma foto, uma filmagem. Dois deslizes. Três, se você quiser contar com o assassinato.

Bem, ela não era assim tão boa quanto Drew mantendo a pose.

— Um deslize. Leo já se livrou das fotos. – o Jackson argumentou, tentando manter a voz calma. Ele estava se segurando para não gritar, mas toda a disposição que tinha para dar um chilique fora embora desde que começara a beber com Annabeth.

— Oh, jura? Então me diga, por que eu ainda consigo ver seu rosto estampado em todos os jornais da cidade? – Silena sorriu, azeda, embora se recusasse a aumentar o tom de voz.

A mente bêbada de Annabeth estava num verdadeiro conflito. Ela não queria envolver alguém inocente nessa história toda por causa de filmagens que ela nem sabia se valiam tanto assim, mas seu eu perfeccionista fazia questão de pôr um fim em todas as provas que traziam até eles, apenas por precaução. Leo e Percy não foram nem um pouco cautelosos com as fotos, e com o rosto de Reyna parcialmente exposto nas filmagens mais recentes, ela não sabia a quantos passos o detetive estaria de conciliar tudo e chegar até eles. (Annabeth esperava honestamente que demorasse para descobrir a resposta.)

Exatamente por isso – por estar desesperada demais para esperar por outra grande ideia – ela preferia ignorar todas as falhas naquele plano, e estava realmente tentada a aceitá-lo. Se não fosse por Percy exclamando em seu ouvido e Silena pressionando-o, é claro.

— É a porra de um inocente, Silena! – ele gesticulava, quase acertando Annabeth com um braço. – A gente combinou, nós não colocaríamos a culpa em outra pessoa para livrar a gente.

— Nós não vamos culpá-la, - Silena manteve a voz baixa e aquecida, uma cópia perfeita da própria mãe, ou das irmãs. – ela só será uma pequena distração para o detetive por um tempo.

— Ela?! Céus, você já até tem um alvo! – dizia Percy, desacreditado. Ele estava começando a suspeitar que aquela garota era louca.

— Vai ser melhor, até para que nós possamos colocá-la dentro, que a pessoa seja alguém que conheceu Calipso. Rachel é uma ótima escolha – dizia Silena, diplomaticamente -, ela e Calipso estavam realmente próximas antes de... tudo.

– Você tá ouvindo o que essa dissimulada tá dizendo, Annabeth?! – o Jackson olhou para ela, desacreditado.

Até então, Annabeth mantivera-se calada, ocupada demais com os próprios pensamentos para pensar em dizer alguma coisa. Com os dois pares de olhos voltados a ela, no entanto, a loira foi obrigada a falar alguma coisa.

— É uma opção. – ela terminou dizendo.

O olhar que Percy lançou a menina foi capaz de encolher seu coração a uma única câmara. Desapontamento e frustração escorriam por seu rosto quando o garoto soltou um barulho inconformado (algo como um ‘eu não acredito) e saiu porta a fora, tremendo o cômodo quando bateu a porta ruidosamente.

Annabeth ainda estava assustada demais com o comportamento repentino de Percy para dar atenção à Silena, mas a garota parecia um poço de calmaria ao levantar-se de seu lugar e sentar no sofá junto à Annabeth. Sorrindo afetuosamente, ela passou um braço pelo tronco da loira, confortando-a.

— Não se preocupe, querida. – Silena parecia estar se dando conta do poder que sua voz exercia nos outros, e a loira até mesmo se endireitou para ouvi-la falar. – Homens são assim mesmo, explosivos. – disse, rindo graciosamente. Annabeth precisou olhar duas vezes para saber que não era a mãe da garota que falava com ela. – Logo ele vai entender que é para um bem maior, mas nós precisamos organizar tudo e-

— Eu preciso pensar, Silena.

O interior de Annabeth, no entanto, dizia para que ela berrasse um ‘não’ nítido e claro, capaz de fazer o próprio Percy ouvir de sabe-se lá onde estava, embora o fato de que eles envolveriam alguém inocente pesasse mais na hora de sua escolha que o sorriso orgulhoso que estaria estampado no rosto de Percy ao saber que ela negara o plano.

O problema era que Silena sabia usar as palavras, escolhê-las a dedo; despejando-as com cuidado e sendo capaz de convencer qualquer um. Bêbada e desesperada, tudo o que Annabeth foi capaz de fazer foi pedir por tempo.

A outra garota pareceu acatar seu pedido de bom grado, caminhando sozinha para a saída e cantarolando um ‘me ligue quando tiver decidido’ antes de sumir pela porta da frente, batendo-a suavemente, diferente de Percy em sua saída teatral.

Leo acabou levando Reyna para o trabalho após terem terminado de escrever o obituário na meia hora restante que tinham até o turno da garota começar. O Valdez pareceu preocupado ao saber que a garota se atrasaria para o trabalho, mas a menina parecia relaxada demais para que ele se importasse ainda mais.

Depois que ele deixou Reyna junto a um Octavian furioso (e Leo só se lembrou do nome dele porque o garoto estava repondo alguns cupcakes na vitrine de doces), o garoto achou que seria mais tranquilo voltar para casa a pé depois daquele dia estressante.

Mais tranquilo minha bunda.

Afrodite fizera questão de comprar uma casa num complexo residencial muito bem localizado, ela gostava de repetir. Mas por acaso, esse complexo localizava-se tão bem que ficava do outro lado da cidade. E mais uma vez, Leo fora o último a saber.

Logo nos primeiros doze minutos de caminhada, ele quase foi atropelado por duas motos em alta velocidade. Meia hora depois, preso num sinal vermelho numa rua movimentada, ele só teve tempo de congelar antes de ouvir um sussurro no pé de seu ouvido, avisando para que ele desvirasse os bolsos e mantivesse a calma (ninguém faria mal a ele, dizia a voz, pft) e, sem pensar duas vezes, o garoto se meteu no meio daqueles carros, não parando de correr até que estivesse na portaria do condomínio.

Ele ainda teve que esperar que alguém tivesse a decência de atender o interfone, porque aparentemente ele não era “um rosto conhecido” para o porteiro, e ele “apenas gostaria de checar”. Bufando, Leo chegou em casa exausto, com as costas doendo pelo segundo dia seguido, e é claro que foi recebido por um grito agudo e uma risada escandalosa.

— Ai meu Deus, a Silena tem um namoradinho! – a voz estridente de Drew ecoava pelo segundo andar.

Leo lamuriou-se, encostando a cabeça na parede, pensando seriamente em fazer todo o caminho de volta e pedir um daqueles cupcakes do Lótus. Quem sabe assim ele não teria que lidar com os gritinhos de suas meia-irmãs.

Seja o que Deus quiser., foi o que Leo pensou, tomando impulso e fazendo seu caminho até as escadas, querendo chegar logo no quarto.

Ele conseguia ouvir Silena mandando que Drew largasse seu celular antes mesmo de pôr os pés para dentro do corredor, e o Valdez nem teve a chance de chegar no topo da escada, pois já estava sendo empurrado por uma Drew risonha, que descia as escadas correndo, com um celular quase colado em seu rosto cheio do que Leo esperava que não fosse lama, nem algo pior.

— Leeeeo, você sabia que a Sil tem um namoradinho?! – Drew exclamou da ponta da escada, sorrindo maldosa. Será que aquela seria uma boa hora para lembrá-la do que quer que estivesse em seu rosto?

— Drew, volte aqui com meu celular! – Silena gritou, a voz fina. Ela parecia realmente apavorada com o pensamento de que sua irmã poderia estar lendo as mensagens de seu celular.

E ela estava. A menina não queria nem imaginar o que aconteceria se Drew percebesse do que se tratava aquela conversa, ou com quem ela conversava. Um arrepio percorreu sua espinha, e ela voltava a correr atrás de Drew sem nem parar para falar com Leo, a principal razão de ela ter voltado para casa aquela tarde.

— Dreeew, por favorrrr! – o Valdez conseguia ouvir a outra implorando, e se não tivesse lhe visto antes, podia jurar que ela estava chorando.

Leo revirou os olhos, ignorando aquela voz em sua cabeça que lhe dizia para ir lá ajudar Silena. No momento, o chuveiro parecia mais tentador que qualquer outra coisa, até mesmo para um salvador da pátria fodido como ele.

O garoto ainda precisou esperar Piper terminar de fazer suas sobrancelhas (o que era um processo bem estranho de se observar) antes que pudesse tomar seu banho e se jogar na cama. E até que Silena pegasse seu celular de novo e cessasse os gritos, Leo já havia desistido de tentar dormir e resolvera fazer seu dever de física.

A que ponto chegamos.

— Leo?

O Valdez ergueu a cabeça, vendo Silena aparecer por trás de sua porta com o celular em sua mão. Ele franziu o cenho, imaginando um universo paralelo onde Silena pediria para esconder seu celular em seu quarto. Nessas horas, Leo culpava totalmente o sono por sua estupidez.

— Sim? – perguntou, as sobrancelhas ainda arqueadas.

A menina entrou de vez no quarto, fechando a porta atrás de si. Ela ainda mantinha um aperto firme em seu celular, como se esperasse que Drew saltasse de algum canto da parede para roubar seu celular de novo.

— Annabeth me pediu ajuda, você sabe, com as filmagens e tal. – a menina disse, sentando na cama do garoto. E não, o garoto não sabia de nada disso. Desde quando Annabeth confiava em Silena? – Eu também estranhei. Mas o importante é que eu tenho um plano, e tenho quase certeza de que ela vai aceitar. – a garota abriu um sorriso largo.

— Desembucha.

Quando Silena terminou de contar, Leo estava rindo. Tipo, rindo mesmo. Plenamente, com direito a lágrimas e mãos na barriga. Ele gargalhava tanto que precisou de um momento para recuperar o ar, e depois encarar Silena com um olhar gozado.

— Você ‘tá louca?!

A garota deu de ombros. Ela abriu a boca para responder, mas Leo adiantou-se, falando primeiro:

— Eu espero que você saiba que a Reyna vai te matar.

Com isso, ele arqueou uma sobrancelha e apontou para a porta, pondo um fim naquela conversa. Silena saiu de lá batendo a porta com um estrondo. Pobrezinha.

Foi no banheiro que Annabeth notou o primeiro hematoma. Estava enrolando uma toalha limpa em seu próprio corpo, com os pensamentos altos demais, quando seu olhar parou no próprio reflexo. Ela abafou um grito e aproximou-se da bancada onde tinha o espelho, correndo os olhos pela região do colo e tirando seu cabelo de lá, apenas para ter a confirmação de que seu pescoço estava cheio de marcas de dentes e chupões deixados por Percy aquela tarde.

A garota sentiu-se impelida a tocar numa daquelas marcas, passeando os dedos pela região de sua clavícula antes de pressionar levemente a ponta do dedo indicador num dos chupões ali perto. A sensação que sentiu foi parecida com a de quando Percy sugou aquele ponto, embora ela ainda preferisse a experiência real.

Seus olhos estavam vidrados no reflexo do espelho quando ela inclinou-se para ainda mais perto, encontrando chupões abaixo do queixo e até a marca de dois dentes próximo a seu maxilar.

Annabeth arregalou os olhos. Ela estava assim tão bêbada para permitir que alguém fizesse aquilo em ela? Parte dela, no entanto, sentia-se orgulhosa de si mesmo ao passear as mãos por todo o colar de chupões em seu pescoço, sabendo que a pele de Percy não devia estar muito diferente.

Embora escondesse, a loira perguntava-se o que teria acontecido aquela tarde se Silena não tivesse interrompido. E deslizando as unhas com um pouco mais de firmeza por toda a pele manchada, uma parte de si praticamente gritava para que fosse atrás de Percy para descobrir.

Ela devia estar enlouquecendo, é claro.

Mas pela primeira vez aquele dia, a loira conseguiu parar de pensar em Silena e em suas palavras suaves enquanto encarava os hematomas por todo seu pescoço.

Ela estava vidrada, na verdade. Seus olhos não conseguiam desgrudar das manchas em sua pele arrepiada pelos próprios dedos. A cada toque, uma lembrança vinha em sua cabeça. Passando por um chupão na parte escondida do lóbulo de sua orelha, ela lembrava-se de como o Jackson gostou de provocá-la naquela região; ao pressionar um roxo enorme em seu pescoço, ela quase pôde sentir a vibração que os sons roucos de Percy provocavam em seu pescoço; a mordida próxima ao queixo fez com que ela fechasse os olhos em deleite, e a garota ainda conseguia sentir a boca dele pressionada contra a sua enquanto brincava com seu lábio inferior.

Annabeth foi dormir pensando naquilo, esquecendo-se das palavras de Silena e da certeza de que ela precisava fazer algo para que aquilo não se tornasse a sua única solução. E aquilo pode ter sido seu maior erro.

— De jeito nenhum! – Reyna bateu as mãos na mesa, assustando alguns clientes que lanchavam aos arredores.

Leo lançou um olhar cético a Silena.

— Eu te disse que ela não ia concordar. – estalou a língua no céu da boca, a postura relaxada desfiava a meia-irmã a atirar-se em cima da mesa para tirar a expressão debochada de seu rosto a tapas. Silena estava a um passo de fazer isso.

— Seja racional, Reyna, é a nossa única chance. – Annabeth tentou, batendo as mãos nas têmporas porque, honestamente, nem ela concordava com isso. Especialmente quando o olhar de um Percy furioso seguia todos os seus movimentos.

Mas Annabeth realmente tentou. Ela tomou um dia inteiro tentando encontrar uma outra saída (e estava para se convencer de que aquelas filmagens não valiam aquilo tudo), mas lá estavam eles mais uma vez no Lótus na tarde seguinte. Reyna estava em seu turno, e Annabeth combinou com Silena de se encontrarem para contar aos outros sobre sua grande ideia. No caso, Percy já sabia porque estava junto a Annabeth quando Silena disse à ela, e Leo porque Silena era bocuda demais para não acabar falando. Se Thalia estivesse aqui (e se eles ao menos soubessem onde ela estava), ela provavelmente estaria fumando um de seus Camel, seu novo vício, enquanto dava de ombros; mas com Reyna era diferente.

Porque, veja bem, eles podiam roubar arquivos do computador de um hospital, invadir uma delegacia (duas vezes) e Reyna não iria questionar. Ela acabaria aceitando aquilo de uma forma ou de outra, mas aquelas coisas não envolviam mais ninguém além deles. Quando invadiram o hospital, os seis fizeram isso por conta própria, e o máximo que Reyna precisou fazer foi derrubar dois cafés no meio da delegacia, aquilo não custaria a inocência de alguém.

Mas o plano de Silena?

— Você ‘tá louca?! – Reyna esbravejou. Dessa vez, até Leo se assustou com o tom da garota. Aquela sensação que sentira quando Reyna fez exatamente o que ele disse que ela faria sumiu num instante, sendo substituída pelo medo de que algum dos clientes no Lótus ouvisse a conversa. Ele não sabia dizer qual seria a reação do casal na mesa ao lado se eles acabassem descobrindo que as pobres crianças ao seu lado haviam matado alguém enquanto comiam um de seus sanduíches naturais. – A gente combinou, porra. A gente combinou. Sem envolver gente inocente, caralho. Lembra? Ninguém aqui é culpado pela nossa merda.

Silena ficou calada, e Annabeth teve que morder a língua para não acabar falando o que não devia.

— Reyna, controle-se! – foi Leo quem falou, a voz dura enquanto encarava a garota com os olhos profundos. Até Annabeth conseguiu notar a tensão que pairava entre aqueles dois.

Reyna olhou para ele, estupefata, mas não ousou mais abrir a boca.

— Olhe, eu não concordo com isso. Honestamente, eu nem sei como vocês conseguiram meter a Rachel nessa história. – ele disse, encarando Annabeth e Silena. A loira pensou em deixar claro que não tivera nenhuma parte naquele plano ridículo, mas Silena tomou sua frente:

— É simples, pensem comigo: Rachel e Calipso estavam bem próximas antes do assassinato, o que será um argumento válido para que o Detetive e sua equipe vasculhem o histórico dela. Até que eles se cansem de achar provas, qualquer memória que o Detetive tenha da gente já vai ter sumido, e quando isso acontecer, Rachel também não será mais lembrada. – ela falou, sorrindo orgulhosa de si mesma.

— Ah, e enquanto eles não cansam de atormentar a pobre Rachel, o que você pretende que eu faça? – Reyna perguntou, soltando farpas pela boca. – Eu não sei se você sabe, florzinha, mas eu tenho ligação direta com a Rachel. Qualquer coisa que envolva ela, vai acabar chegando em mim.

Mesmo sem encará-lo, Annabeth ainda conseguia sentir o olhar orgulhoso de Percy sobre Reyna, e ela sentiu o estômago borbulhar por causa disso. Devia ter sido ela a receber esse olhar, ela a encontrar um bom plano e ela a desbancar Silena. Mas tudo o que conseguiu receber, logo em seguida, foi um arquear de sobrancelhas da parte do garoto, dizendo algo como um “eu não te disse?”.

— Isso não vai acontecer se você conquistar a confiança dele primeiro, bobinha. – Silena lançou-lhe um sorriso azedo, embora algo morto dentro dela tivesse se manifestado. Déjà vu.

— Que merda você ‘tá dizendo, sua maluca? – Percy perguntou, certo de que Silena havia enlouquecido de vez. Ele sabia que um daqueles seis acabaria assim, sempre acontece com um dos culpados no final.

O sorriso de Silena sumiu, e ela encarou o Jackson com uma expressão séria. A garota não gostara nem um pouco daquilo. Silena não estava maluca, e ela não tinha dito nenhuma merda. Era um plano muito bom, na verdade, e até agora tinha dado certo, ela tentou repetir para si mesma.

— Vocês não leem jornal, não?! – exclamou.

— Da última vez que peguei em um, eu estava na capa. – Leo resmungou, empurrando seu queixo contra a mão, apoiando o braço na mesa.

— Pois bem, já que não é de conhecimento geral, eu gostaria de avisá-los que uma das mulheres que trabalhava na delegacia, fiscalizando os computadores, foi demitida. – a menina anunciou formalmente, endireitando a postura. Ela tinha disso às vezes, Calipso dizia ser super-bizarro. – Há uma vaga sobrando na equipe do detetive.

Annabeth cuspiu toda sua Diet Coke, que por sorte não acabou pegando em Reyna, desatando a rir. Reyna, por sua vez, estava mais preocupada lidando com o sentimento de culpa dentro de si, sabendo agora que fora culpada pela demissão de um inocente. E estava prestes a arruinar a vida de outra pessoa. De Rachel.

— Você acha que eles vão aceitar Reyna numa equipe de investigação? – Annabeth batia em seu próprio peito, tentando parar de rir. Se pudesse se inclinar mais um pouco, Percy conseguiria ter a visão completa do colar de chupões que havia feito nela na tarde anterior. Ele tentou reprimir, mas sentiu-se realmente orgulhoso de si mesmo por saber que era ele o responsável por todas aquelas marcas em Annabeth. – Por favor, Silena, ela é uma garota ainda! – dizia, apontando para Reyna, que não sabia se devia sentir-se ofendida com aquela afirmação. – O Detetive lida com casos sérios, investigações. Ele não precisa de uma garota branca* para atrapalhar sua vida.

Ok, agora Reyna estava ofendida.

Mas o sorriso de Silena não fraquejou nem por um milésimo.

— Ele não, mas a delegacia sim. – disse, terminando sua conversa com Annabeth. Inclinando-se para Reyna, a menina continuou: – Inscreva-se como estagiária. Diga que está interessada em seguir carreira policial, e que gostaria de se habituar com o meio em que está. É bem fácil, na verdade, uma mentirinha de nada comparada a todas as outras.

Reyna analisou-a, comprimindo os lábios.

— Se eu fizer isso, por que ainda precisamos culpar Rachel?

— Nós não vamos culpar Rachel, Deus! – Silena exasperou-se, soltando ar pela boca. – Nós vamos.. encontrar um jeito de nenhum de nós, incluindo ela, acabar atrás das grades. Com você lá dentro, tudo vai ser mais fácil.

A outra menina virou-se para os outros três, inconformada.

— Vocês estão ouvindo o que ela ‘tá dizendo?! Que merda você tem na cabeça, Annabeth, pra aceitar isso? – ela disse, apontando para a loira. A Chase estava bem cansada de ter tanta gente apontando para seus erros. – Vocês simplesmente decidiram culpar alguém porque parece mais fácil do que arcar com os próprios erros e-

— Opa, opa, me inclua fora dessa! – Annabeth aumentou o tom de voz, mas as pessoas que ainda estavam no Lótus estavam ocupadas demais com seus próprios problemas para dar ouvidos a uma discussão adolescente. – Eu podia estar muito bem na minha própria casa nesse exato momento, mas é claro que Percy e Leo tiveram que tirar aquelas fotos ridículas e foder com tudo! – dizia, alterada. Com a menção de seus nomes, os dois garotos se viraram inconformados para confrontá-la. A loira, no entanto, continuava gesticulando, cansada de carregar toda aquela culpa sozinha. – E como se não bastasse, você e a sua dificuldade em pedir ajuda – ela se direcionava a Reyna – vem e estragam ainda mais as coisas e ag-

— Ah, quer dizer que agora a culpa é minha? E que por isso você tem que culpar a Rachel, pra me punir? – as narinas de Reyna inflaram, inclinando-se enquanto colocava as mãos no próprio peito, enfatizando mais a frase.

— Deus do céu, ninguém tá culpando ninguém aqui! – Silena intrometeu-se, angustiada. Por que era tão difícil entender aquilo?!

— Primeiro de tudo – Reyna continuou, ignorando a garota a sua frente. –, nada disso teria acontecido se não fosse pela grande ideia do Leo de tirar a porra da foto, ent-

— Claro, agora sou eu quem é o culpado. – Leo praguejou. – Eu só quero lembrar que o Percy estava lá comigo, ‘tá?

— Não vem com treta pro meu lado, Valdez. – Percy dizia, já na defensiva, os olhos azuis faiscando. – Eu te disse pra ir embora, a gente já tinha a porra da moto, mas é claro que voc-

— Se a Reyna não tivesse essa dificuldade enorme em admitir que não consegue pedir ajuda, nós talvez já tivéssemos resolvido isso. – Annabeth apoiou a cabeça em seu braço, comentando como quem não quer nada.

Reyna fuzilou sua cabeleira loira com o olhar, rebatendo:

— Oh, claro. Então me diga, Annabeth, o que você faria no meu lugar?

— Não é como se você tivesse tentado me impedir, também! – era Leo, falando com Percy.

— Agora você tá dizendo que a gente só tá nessa porque eu não te arrastei pra longe daquele computador, é isso?! – Percy riu, sarcástico. Leo Valdez era uma piada.

— Eu não estou dizendo que eu não faria melhor, mas talvez se trabalhássemos juntos n- Annabeth se embolava com as palavras, tentando responder Reyna e todos aqueles olhares letais.

— Porque você é uma excelente companheira de equipe, não é mesmo, Annie? – disse, interrompendo a loira. – Só me lembre: quem é mesmo a pessoa que está passando esses dias todos em casa enquanto os outr-

— MEU DEUS, CALEM A BOCA!

Não seria eufemismo dizer que Silena conseguiu a atenção de todos dentro do estabelecimento. Até mesmo uma senhora de idade que passava por ali em sua moto elétrica virou o rosto, vendo o rosto da menina queimar por todos aqueles olhares direcionados a ela.

A menininha sentada com os pais há duas mesas de distância ainda a encarava quando ela voltou a falar, inclinando-se para que pudesse falar mais baixo. Nenhum dos outros quatro precisou chegar muito perto, porque já estavam todos perto demais para serem capazes de apontar um para o outro durante a briga.

— Certo, calem a boca. – Silena repetiu, o rosto totalmente livre do vermelho agora. Sua expressão estava mais dura, e ela não hesitou em olhar firmemente para Reyna quando falou: – Nós vamos fazer isso. Nós vamos pôr a cul- nos livrar da culpa e Rachel vai nos ajudar nessa.

E no mesmo tom de voz, dez vezes mais cortante, Reyna respondeu:

— Faça isso, e você não será capaz de ver o próximo amanhecer. – abrindo um sorriso, ela se dirigiu para os outros três, encostando-se na cadeira: – Isso vale para vocês também, queridos.

Leo quase pôde ver a trilha de fumaça que Reyna deixou por seu caminho quando voltou para o serviço, um olhar cada vez mais frio em seu rosto.


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Notas finais do capítulo

nem falei direito com vocês nas notas iniciais porque minha vida tá um completo caos e olha, honestamente, alguém sabe qual o botão em que aperta pra eu aparecer rica e famosa em LA?
sinto muito por esse capítulo muito longo e muito ruim, eu tentei dar o meu melhor. e eu também sinto muito, mas eu to sem cabeça pra responder comentários agora, então eu só vou aqui agradecer porque a esse ponto se eu ler um dos comentários de vcs eu me desato a chorar.
então, a pergunta de hoje é: vocês conhecem alguma piada tão ridícula, mas tão ridícula que chega a te fazer rir? se vocês tiverem, por favor, me mandem, eu to precisando.
eu vi essa no tumblr, então lá vai: um romano chega num bar, ergue dois dedos e fala 'cinco cervejas, por favor'. ldbvgfjksdvgk *ninguém entendeu* eu fiquei um tempo assim tipo ãhn ai eu entendi e comecei a rir que nem retardada pois é.
vou tentar att amanhã. xx