(DESCONTINUADA) Criminal Scene escrita por Scamander


Capítulo 11
11. Jigsaw women with horror movie shoes


Notas iniciais do capítulo

*mulheres enigmáticas com sapatos de filmes de terror
'Ello, vocês! Feliz 2015, minha gente! Como foram sem mim? Muito mal, eu sei, minha ausência desperta isso nas pessoas.. Eeenfim, de volta a ativa, eu espero, estou aqui com o primeiro capítulo de 2015.
Acho que está faltando alguma coisa nesse cap., mas pra não abusar da sorte, preferi deixá-lo assim mesmo. De qualquer forma, acho que ficou bom. Então, o que me dizem?
xx Luna.



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Quando Reyna chegou em casa, ela preferiu esquecer momentaneamente que tinha que estar no trabalho (há duas horas atrás, para ser mais exata). Largada no sofá com as pernas esticadas e os braços abertos, tudo o que sua mente processava eram ecos vagos das vozes de Thalia e Leo discutindo quando ela se despediu deles na porta de sua casa e do cheiro de cravo vindo das velas aromáticas que Rachel espalhara pela sala.

Pela primeira vez, ela não reclamou do cheiro forte. Ou do mofo no sofá. Ela estava mais que satisfeita quando suas costas encostaram no estofado encardido e seus músculos agradeceram pela superfície macia (Nota mental: nunca esconda-se embaixo de uma mesa quando for roubar as filmagens de um hospital. Você pode acabar com uma dor de coluna. Ou ir preso, também.).

Vendo a figura pálida e arruivada de Rachel E. Dare arrastar-se com uma manta trezes vezes maior que ela pelo cômodo, Reyna apenas fechou os olhos e tentou ignorar a presença da outra garota até que a pergunta lhe foi feita:

− Você não devia estar no trabalho?

Ah, claro, o trabalho.

No pacote de visões de Rachel devia estar incluso prever quando sua melhor-amiga está cansada demais para pensar que poderia ter perdido o emprego ao faltar seu trabalho, mas não estava. Assim, ela apenas sentou-se ao seu lado com uma xícara quase vazia de chá de hortelã, ainda esperando sua resposta.

Reyna realmente pensou no que responder. Seu trabalho no Lótus era, embora Rachel negasse, o que pagava boa parte de suas contas, então ela não poderia dizer que simplesmente não estava afim. Mas “oh, desculpe Rach, estava ocupada demais roubando as filmagens de um hospital para pensar em trabalhar hoje” não era exatamente algo que poderia dizer.

Dando de ombros, a garota murmurou que já estava indo.

Rachel parecia querer falar alguma coisa, mas se calou, aparentemente lembrando ela não teria o chá que estava tomando se Reyna não pegasse turnos extras no Lótus.

Alguns diriam que aquilo de o trabalho da garota sustentá-las era um absurdo, mas Reyna não se importava. Rachel estava feliz cursando astrologia na faculdade enquanto lia a linha de vidas alheias, então estava tudo bem. E de qualquer forma, ela ainda recebia uma quantia generosa de sua família todo mês, então ocasionalmente ela não se importava em servir socialites aos sábados e quarentões em dia de jogo.

Hoje, no entanto, aquilo estava sendo insuportável. Já era a segunda vez que ela tinha que tirar a mão de um daqueles bêbados de debaixo de sua saia e, infelizmente, os Yankees estavam ganhando, o que não era algo bom quando se tinha um Wally de pelúcia na cabeceira da cama.¹

− Doçura, enche mais uma jarra dessa belezinha pro papai aqui. – um dos caras próximo a televisão gritou e Reyna podia jurar que conseguia sentir seu cheiro de álcool de detrás do balcão.

Trocando um olhar significativo com Octavian, ele apenas sorriu cético e voltou a mexer na caixa registradora, agradecendo a uma mulher que aparentava pressa enquanto devolvia seu troco. Ela (a mulher) provavelmente era mais uma das desavisadas que não sabia que aquele era Dia de Jogo no Lótus.

Com um suspiro, Reyna pegou uma Stella de dentro do freezer e tirou um abridor do bolso de seu avental, enquanto caminhava até o cara que lhe chamara de doçura. Ela lhe mostraria o quão doce era se não estivesse trabalhando.

− Está aqui. – ela forçou um sorriso simpático enquanto colocava a garrafa em frente ao homem.

Ele devolveu o gesto, revelando a falta de dentes da frente e provavelmente lhe lançaria uma cantada fajuta se os Sox não tivessem marcado um ponto e sua mesa não tivesse começado a gritar junto a ele. Ao menos, o homem tinha bom gosto.

− O dinheiro ainda está comigo. – Octavian cantarolou.

Ela sabia que entrariam em apuros se seu chefe descobrisse, mas os dois costumavam apostar coisas diversas (como quem ficava no caixa e quem iria atender os clientes) toda vez que era Dia de Jogo. Eram apostas bobas, mas pesavam em dias como aqueles, quando Reyna era obrigada a levantar-se novamente de onde estava para atender mais uma mesa com três Stellas na mão.

Bufando, ela olhava o placar e secretamente estava gritando junto ao homem do ‘doçura’ para que eles virassem a tabela. Ela podia não gostar tanto de ficar no caixa quanto Octavian, mas ainda queria a gorjeta da mesa sete aquela noite.

− Onde está o teu pitel, Loueh? – ela ouviu um dos homens perguntar ao que colocava as garrafas de cerveja em frente a três de seus companheiros.

− A donzela sumiu, aquela danadinha. – outro homem provocou, dando uma piscadela para o cara que Reyna servia.

− Ela apareceu na televisão um dia atrás, ‘cê sabia? – um barbudo com cerveja demais em seus fios grisalhos perguntava sem tirar os olhos da televisão.

− Sim, aquela dali sempre gostou de atenção. – assim que o homem respondeu, as narinas da garota ficaram impregnadas com bafo de cerveja. Estava próxima demais do homem para não notar a quantidade de álcool que ele estava ingerindo aquela noite.

Reyna franziu a sobrancelha momentaneamente, demorando-se mais para abrir a tampa da última garrafa.

− Não é à toa que terminou assim. – ele complementou.

Por um momento, ela prendeu a respiração. Não podiam estar falando de quem Reyna achava que estavam falando, podiam? Quer dizer, Calipso não era do tipo “pitel” de ninguém e aqueles homens estavam bêbados demais para falar coisa com coisa. Deviam estar falando de uma das prostitutas presas nas últimas noites. É, deviam.

− Quantos anos tinha mesmo? – perguntou o barbudo.

− Dezesseis, aquela dali. Só fui descobrir naquele dia.

− Caaara, ‘cê ‘tava saindo com uma de menor?! – o primeiro assustou-se.

− Aquela vadia mentia a idade dela, como é que eu vou saber?! Ela rebolava como uma profissional. – o homem deu de ombros e o Reyna franziu o nariz em desgosto, aquela definitivamente não era Calipso. – ‘Cê se parece com ela, sabia? – ele olhou para Reyna, que arregalou os olhos e colocou a garrafa rapidamente em sua frente, não querendo mais ficar ali agora que tinha sido notada. – Tem o mesmo cabelo. E um corpinho... – estalou a língua e dois homens próximo a ele assobiaram.

Reyna deu dois passos pra trás, sentindo-se nauseada.

− Você tem dezesseis, né, doçura? – ele perguntou.

Ela assentiu, assustada demais para pensar com sensatez.

− Eu já te vi conversando com a danada, até. – ele dizia e Reyna podia jurar que iria desmaiar ali. – Ela me falou sobre você, a Calipso.

Leo não estava irritado quando lançou aquele pen-drive em sua cama. Oh, não, ele não estava irritado, ele estava irado.

Sentia sua coluna latejar enquanto largava-se na cama e tirava o pen-drive de debaixo de si, segurando-o sem a menor delicadeza. Já não importava mais aquela merda toda, por que deveria ter cuidado? Passara a porra de um aperto pra que aquilo tudo não valesse nada porque Annabeth aparentemente era tão preciosa que não podia quebrar a unha e já estava na UTI.

Mas ora, quem ele estava querendo enganar? Não era culpa de Annabeth, ela estava mal, segundo Percy, mas porra, ele poderia ter sido preso e Thalia disse que todo seu trabalho podia ser deixado pra depois, era isso mesmo? Ele não estava com a coluna entrevada para deixar aquilo pra depois.

Soltou um grito raivoso e logo escondeu o rosto no travesseiro, irritado demais para falar algo coerente quando viu Charles, seu irmão, correr para dentro de seu quarto.

− Cara, tudo bem? – Beckendorf assustou-se.

Leo olhou para ele pelo canto do olho.

Oh sim, estava tudo bem. Tudo perfeitamente bem. Queria apenas testar suas cordas vocais, sabe? Quem sabe não entrasse para o coral da escola se achasse que tinha um bom gritinho? Love Me Harder parecia ser uma boa música, de qualquer forma.

− Certo, então. – o irmão revirou os olhos, sem precisar de resposta. – Só me diga o que eu falo pro pai quando ele descobrir que você faltou as últimas aulas, hum?

O Valdez fitou-o por um momento, querendo saber o que significava aquela pergunta. Sendo um Valdez, ele apenas queria dizer que ha, você está ferrado quando o papai descobrir, mas Charles era antes de tudo um Beckendorf de dois anos antes de Esperanza aparecer. Talvez fosse por ser tão generoso que ele ainda morava com o pai, fodido demais para entrar numa faculdade e encontrar algo decente para fazer que não descontar sua frustração em metal.

− O prodígio da família aqui é você, não me peça pra responder essas coisas. – Leo resmungou e ouviu Charles rir.

− Certo então, garoto incompreendido, volte a descontar sua raiva no travesseiro. – e então ele saiu e Leo pensou que talvez tivesse sido infantil demais com aquilo tudo, mas só talvez.

Olhando para o teto, ele girava o pen-drive entre os dedos enquanto acalmava a respiração. Ainda estava com raiva, mas Charles estava tão ridiculamente certo que fazia com que ele se acalmasse só com meias palavras (a maldição de não ser um Valdez).

Descendo o olhar para a parede coberta de pôsteres de bandas que Leo ouvia aos catorze anos em sua fase rebelde sem causa, ele encarou seu computador por um momento, ponderando suas próximas ações.

Devia esperar que todos estivessem juntos para ver aquelas filmagens, ele sabia, mas fora ele quem arriscara o pescoço para conseguir os vídeos, devia ter algum tipo de privilégio, certo? Era como se o computador piscando o convidasse a pôr um fim em sua frustração, mas algo o impediu.

O pen-drive não era seu e as filmagens foram separadas para a polícia, quem não garantia que seria rastreado assim que abrisse o primeiro arquivo? Sua vida podia não ser Transformers, mas não era como se todo típico adolescente invadisse o sistema de um hospital.

Mas era um hospital público, afinal. E de qualquer forma, ele teria tempo para queimar o computador antes de ser pego e achava que tinha dinheiro suficiente para uma passagem para Rhode Island caso as coisas fugissem de controle.

O que diabos estava pensando? Era só por a merda do pen-drive na entrada USB, pronto, estava feito. E foi o que ele fez.

O pen-drive foi reconhecido e logo a tela de seu computador foi preenchida pela cena do hall do hospital onde eles estavam há pouco (péssimas, péssimas lembranças de lá). Com um estalo, ele notou Calipso no canto da tela, conversando com alguém. Estava linda, como antes. O vestido branco e o brilho labial só realçavam sua beleza, ele poderia olhá-la por horas.

Mas Leo tinha um trabalho a fazer.

Piscando, voltou a realidade a analisou o local novamente. Não precisou de muito para reconhecer a figura parada em frente a Calipso, o que ele precisou foi de tempo para entender o que acontecia e, depois, para digerir o que tinha acabado de ver.

Lá estava Calipso, os cabelos emoldurando seu rosto, o vestido moldando suas curvas e os lábios umedecidos não por batom, mas pelo final do beijo molhado que dera na figura a sua frente.

Luke Castellan.

Assim que colocou o carro na garagem, a primeira coisa que Thalia quis fazer foi chamar um táxi para ir imediatamente atrás de Annabeth. Para falar a verdade, ela teria voltado para o hospital assim que Percy disse sobre o estado da garota, mas antes de tudo, ela ainda tinha que devolver o carro de Zeus antes que ele notasse sua ausência e entre aproveitar cinco minutos com a amiga (e depois ser esfaqueada até a morte por ter pego o carro do pai) e pegar um táxi e passar a noite ao seu lado, ela realmente preferia a segunda opção.

No entanto, assim que estacionaram, Silena implorou para que lhe deixasse ir ao banheiro e ela não teve outra alternativa que não esperar pela garota.

Não que fosse sua responsabilidade lidar com Silena (elas tinham um ano de diferença, por favor!), mas a garota estava tão atordoada desde o início daquela manhã que quando pediu para ir com Thalia ver Annabeth, ela viu-se sem alternativa. E mesmo sabendo que poderia pedir que Jason cuidasse dela (era sua cunhada, era mais sua obrigação que de Thalia) para depois levá-la para o hospital, Thalia viu-se sentando no parapeito da janela, observando o pomar de frutas da casa vizinha.

Que irônico seria, então, se Luke Castellan estivesse andando por aquelas árvores agora, em sua direção.

Por um momento, ela pensou em descer da janela e, talvez, até se esconder, mas então parou. Não tinha porquê fazer isso. Mas no fundo, no fundo, ela estava um pouco assustada com o aviso de Luke.

Será que ele se lembrava da gravidade daquele olhar? Fazia mais de sete anos que eles não o usavam, então ele não devia mesmo. E de qualquer forma, aquilo era brincadeira de criança, de quando eles tinham sete anos e gostavam de caçoar dos olhares que Zeus lançava a filha toda vez que saia para brincar com Luke (naquela época, eles se achavam grandes demais para receber aquele tipo de olhar), mas aquela manhã, quando Luke olhou-a daquela forma... não parecia brincadeira.

Mas talvez, só talvez, fosse uma maneira de ele relembrar dos velhos tempos. Luke sempre fora disso, Thalia devia estar inventando coisas. Estava cansada, era só uma brincadeira, claro.

− Você não me ouviu. – a voz causou-lhe um arrepio na espinha.

Era Luke. Ele estava em seu jardim, há alguns metros de distância, e por mais que sua voz fosse séria, ele parecia relaxado enquanto arregaçava as mangas de sua camisa, sua cicatriz ganhando uma nova forma ao que seus lábios se esticaram num sorriso sem sentimentos.

− Desculpe? – ela piscou, olhando-o com suas íris tempestade.

− Meu aviso. Você não o ouviu. – ele repetiu.

− Você não me disse nada. – ela comentou, balançando as pernas enquanto apoiava as mãos ao lado da cintura, olhando-o de forma inquisitiva.

O que Luke estava fazendo ali?

− Tome cuidado, Thalia. – ele repetiu e lançou-a aquele olhar. Por um momento, a expressão neutra se desfez e a própria Grace sentiu que o ar estava diferente, mais pesado. – Elas eram melhores amigas por um motivo.

Thalia fingiu-se de desentendida.

− Thalia, vamos?

Os dois viram Silena passar pela porta da frente. Havia prendido o cabelo e estava esfregando os pulsos, parecia nervosa. Por um momento, Thalia pôde captar algo novo nos olhos de Luke ao que esse se dirigiu a Silena, mas ao invés de a garota recuar, ela sustentou o olhar.

− Olá, Silena. – Luke olhou-a apático e Silena afundou as unhas na palma da mão.

Thalia ainda repetia para si mesmo que eles já havia namorado, era natural aquele desconforto, claro.

Tentando não pensar em mais nada, ela apenas pulou pela janela e chegou próximo a Silena, decidindo que talvez fosse bom as duas procurarem um táxi por perto. Ela precisava de ar.

− Vamos, Silena. – ela puxou a garota pela manga, mas esta encarou Luke uma última vez antes de seguir Thalia.

Aquele não era um olhar assustado, como o que vinha bancando desde o início, e nem de longe era parecido com o que dava a ele quando ainda namoravam, não. Silena queria aquilo quando fixou seus olhos no do Castellan, como num desafio.


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Notas finais do capítulo

1. Wally é o mascote do Red Sox, adversário dos Yankees.

E ai, gente, queria saber o que vocês tão achando da história e o que vocês esperam a partir de agora. Me chamem lá no Twitter (@foolzlarry), eu mordo! :3



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