(DESCONTINUADA) Criminal Scene escrita por Scamander


Capítulo 16
16. Ad cautelam


Notas iniciais do capítulo

*por precaução
ALWAYS IN MY HEART, TODO MUNDO QUE COMENTOU NO CAP. ANTERIOR, YOURS SINCERELY, LUNA. estou emocional então vou dar balinha pra todo mundo que comentou e favoritou e recomendou (lol, duas) até agora bc vocês são os melhores e eu amo todos vcs. e também porque pressinto que logo mais meu computador vai dar o bug final dele e ai sabe deus lá quando eu vou voltar, mas ó, lembrem-se das balinhas, 'kay?



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Thalia fumava o quarto Camel quando, em meio a um amontoado de cabeças, sussurros e calem a boca, os outros cinco terminaram de ouvir a gravação pelo celular da Grace.

− Alguém pode me explicar que merda é essa?! – foi Leo quem perguntou.

Havia uma vasta quantidade de adjetivos que poderiam ser usados para descrever Leo Valdez no momento (confuso, irado, louco, irritado?), mas a coisa toda estava tão bagunçada que ele só se recostou em sua cadeira e encheu seus pulmões de ar, pensando que essa devia ser a primeira vez que ele respirava direito naquele dia.

− Qual das? – Percy perguntou, cético.

Humor-negro parecia a única opção no momento.

A mesa então caiu em um silêncio mórbido. Eles poderiam estar analisando respostas para a pergunta do Jackson (não que aquilo fosse realmente necessário) ou apenas encarando um ao outro, Leo não estava muito afim de descobrir.

Mas então Reyna olhava para Leo que encarava Percy que via Annabeth analisar Silena que, por sua vez, observava Thalia brincar com a caixa de seus Camel, o ambiente pesado demais para devolver o olhar de qualquer um. Eles praticamente transpiravam tensão.

− Eu vou matar Luke Castellan. – Silena anunciou, levantando-se.

E eles poderiam ter aproveitado dez segundos e uma bala certeira no peito, mas desperdiçaram aquele tempo impedindo que Silena cometesse alguma loucura com mais cinco ou dez minutos.

− Nós já estamos atolados até o pescoço de problemas, o que você quer mais? – Annabeth ralhou, segurando o braço de Silena enquanto Percy a prendia pelos ombros, esperando por sua próxima reação.

− Uma morte bem lenta. Ou respostas. – Silena respondeu, as palavras carregadas de amargura, e Percy soube que era seguro soltá-la.

Suspirando, ele massageou os pulsos e largou-se na cadeira entre Annabeth e ela, encarando a loira como se esperasse por alguma ordem. Ela era a líder, no final das contas. Sem votação ou consentimento de todos, mas era.

− O que nós vamos fazer? – Reyna sussurrou, a voz embargada.

O braço de Leo envolvendo-a rapidamente não passou despercebido por ninguém, mas eles preferiram deixar pra lá. Se havia alguém se beneficiando nessa loucura toda, era bom deixar assim, eles não sabiam quanto tempo duraria.

− Vamos mudar isso, como sempre fazemos. – mesmo cansada, Annabeth deu um sorriso presunçoso e, ajeitando-se na cadeira, tirou do braço um elástico amarelo, prendendo seus cabelos indiferente com a dor. – Vamos lá, o detetive vai se focar em Leo e Percy agora, precisamos mudar isso.

Mas ao invés de começarem a discutir planos para tirar dos dois meninos os holofotes da polícia, tudo o que Annabeth conseguiu foi, de Thalia, uma expressão vaga. Os outros quatro estavam ocupados demais em seus próprios mundinhos onde unhas roídas e tênis sujos eram mais interessantes que discutir sobre a realidade.

− Vamos lá, gente, é isso ou pesquisar na internet o peso da comida na cadeia. – Annabeth murmurou, cutucando Percy com o pé. A expressão irritada que ela recebeu por isso não era sua intensão, para ser honesta. Parando de mexer os pés, ela viu Percy murmurar encabulado. O que aquelas garotas tinham com sua canela, hein?

− Annabeth tem razão. – Silena disse depois de minutos em silêncio. Com um suspiro cansado, ela via os postes na rua acenderem, trazendo o vento noturno que, consigo, trouxe junto uma nova onda de energia. – Precisamos agir, porque tipo, eu realmente não acho que posso sobreviver dois meses sem fazer minha cutícula e, do jeito que as coisas estão, nem Thalia sem cigarros.

Com um olhar agradecido, Annabeth sorriu para Silena. Da maneira que pôde, ela conseguiu trazer um pouco de ânimo ao grupo.

− Ok, então, analisemos os fatos: – Reyna falou, apoiando os braços na mesa e tendo seu rosto iluminado por um dos feixes de luz mais próximos quando chegou mais para perto. – Luke Castellan parece tão envolvido quanto nós nisso tudo. Nós só precisamos saber quando tomamos um rumo e ele outro nessa história.

− Bem, a gente sabe que ele e Calipso tinham um caso. – Leo falou a contra gosto. Ele sabia que dividia a atenção de Calipso com Percy há muito tempo, mas saber que havia um terceiro nessa história mudava toda a situação. Era como se, de capacho, ele virasse um cachorrinho abandonado e carente. E a coisa toda era mais ou menos assim mesmo. – Nós só precisamos saber quão forte era.

− Bastante. – Silena se adiantou e todas as cabeças se viraram para ela. Com o rosto vermelho, ela murmurou: - Eu via os dois juntos, ok? Não era como se eles ficassem juntos na escola, na minha frente, mas a forma como ele falava ou olhava para ela- ele estava completamente apaixonada por ela. – Annabeth conseguia notar, de longe, a amargura na voz de Silena.

Annie tentava acreditar que era porque ela havia sido traída. Pelo namorado e pela melhor amiga. Mas parecia algo mais. Quer dizer, Luke não havia levantado a hipótese de ser ela quem ameaçava Calipso? Não é como se ele tivesse tirado isso do nada e, no final das contas, ela não tinha parado ali, junto com o resto da cena do crime?

− E as ameaças, vocês acham que ele estava falando sério sobre isso? – foi Reyna quem questionou.

− Ele não mentiria para a polícia. – Leo comentou, mas não tinha tanta certeza.

− Precisamos descobrir isso, então. – foi o que Annabeth disse. – Mas por ora, foquemos no Castellan.

E então Silena soltou uma risada estrangulada que, novamente, atraiu a atenção toda para ela.

− Vocês não entendem? – perguntou, um bolo na garganta impedindo que ela falasse direito. – Não é como se nós pudéssemos falar sobre uma coisa. Tá tudo interligado. Calipso, Luke, eu. Luke me disse que ela estava sendo ameaçada, mas eu não me importei. – Silena começou. – E tá, eu sou uma merda de amiga por isso. Mas quer dize, Calipso sempre foi alvo do ódio alheio. As pessoas veneravam ela porque tinham medo, naturalmente alguém tomaria coragem para se revoltar contra a hierarquia que ela criou. – dizia. – Eu supus que fosse Katie, a redatora. Ela já deixara claro que não ia com a cara de Calipso no jornal, por que não trazer isso a outro nível?

− Não foi Katie. – Annabeth adiantou-se. – Eu conheço ela. Pode ser uma vaca e tudo mais, mas ela só mandava aquelas indiretas porque Calipso arruinou seu namoro. E mesmo que estivesse chateada, não passava disso.

Annabeth não sabia exatamente porquê estava defendendo Katie, mas parecia certo. Acusar Katie Gardner de ameaçar alguém, qualquer um, por qualquer motivo que seja? Aquela mesma Katie que tinha sua mesa cercada por vasos de flores e chorava toda vez que alguém esbarrava numa de suas bromélias na redação? Vocês têm certeza? Náh. Não fora Katie quem pediu para Annabeth escrever aquele bendito obituário, no final das contas?

− Você não sabe o que as pessoas podem fazer por amor. – Silena murmurou, mas parou por ai. – De qualquer forma, eu estava lá – e com lá, todos sabiam de onde ela estava falando – para me reconciliar com Calipso e-

− Poupe seu fôlego, não estamos te julgando. – Thalia murmurou, a cara enterrada na mochila em cima da mesa, cansada de tentar abafar toda aquela conversa. – Nós precisamos focar no Leo e no Percy. – levantando sua cabeça, ela encarou os dois garotos a sua frente. – Que merda vocês estavam fazendo lá?

Os dois se entreolharam, engolindo em seco.

Como explicar para quatro meninas que eles estavam fazendo aquilo por vingança? Soava mais gay do que dito mentalmente, para ser honesta.

− Ãh, bem- Leo pigarreou.

− É meio que, hã- Percy coçou a nuca.

Aquilo era meio que bastante embaraçoso.

Annabeth deu um sorrisinho de canto e Reyna e Silena trocaram olhares. Thalia parecia ser a única realmente perdida ali e, lançando olhares para uma Reyna divertida e uma Silena vermelha, ela apenas grunhiu frustrada e enfiou-se novamente em sua mochila, sabe-se lá como. A verdade é que as outras três não sabiam exatamente o que aquilo tudo significava, mas veja bem, quando um cara se nega a falar com você é porque ou 1) ele está batendo punheta ou 2) é sobre algo constrangedor demais que certamente comprometeria sua masculinidade, e como estar de frente para elas dificultaria o item um, acho que já temos a resposta. Ou parte dela.

− Tanto faz. – Silena deu de ombros, pondo um fim naquilo tudo. Ela podia jurar ter ouvido Leo abafar um suspiro de alívio.

− O que podemos concluir é: eles ainda não vieram atrás de você para tirar satisfações sobre sua moto. – Annabeth falava diretamente com Leo. – Vamos tentar manter desse jeito.

Todos os olhares da mesa caíram no Valdez e ele pensou que talvez fosse hora de ele se pronunciar com algum discurso heroico sobre como salvaria a pátria e colocaria um fim nesse caso com apenas um estalo, mas ao invés disso, Leo fez diferente:

− O que vocês esperam que eu faça?

Annabeth revirou os olhos, mas foi Reyna quem disse:

− Você precisa sumir com essa moto, Leo.

O Valdez riu, sarcástico.

− Eu já teria feito isso se vocês não perceberam, mas olá, século XXI – estalou os dedos, o que definitivamente pôs em risco a sua masculinidade. – esqueceram que a moto foi apreendida? – as outras três trocaram olhares, duh. Leo riu cínico. – Tá, ok, vocês querem então que eu entre na delegacia e peça gentilmente que devolvam minha moto e finjam que isso nunca aconteceu?

Foi quando os outros cinco ficaram calados, com Thalia ainda enfiada em sua mochila, que Leo percebeu: era exatamente isso que ele teria que fazer.

Assim, com um “não é da minha conta” e boa sorte, Annabeth largou-os em frente à delegacia. E como uma mãe com a primeira experiência de um filho na casa de um coleguinha, pediu que eles ligassem depois. Simples assim. Leo esperava, pelo menos, que no presídio tivesse telefone.


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