– Você? – ela repetiu enquanto uma careta se formava em seu rosto, com certeza as mensagens haviam sido trotes.

Lily não seria dramática a ponto de falar que preferiria que fosse um estuprador, mas a ideia de que Sirius Black tinha o número de seu celular não a agradava nem um pouco. Não que ela não se desse bem com ele, mas os dois nunca tiveram uma conversa com mais de 5 segundos de “bom dia” quando se esbarravam no corredor e nem faziam questão de passar disso.

– Eu. – o garoto respondeu e um sorriso maroto surgiu em seus lábios.

– É algum tipo de brincadeira comigo?

– Quem dera, Evans. – o sorriso continuou dominando seu rosto – Mas se você veio é porque acredita que é capaz de algo, certo?

– Todos querem acreditar que são capazes de algo. – ela disse rapidamente – É como as pessoas vivem.

– A diferença entre você e eles é que você sabe que é capaz de algo. – o garoto parecia estar se divertindo com aquilo - Pois bem, vim aqui pra te dizer uma coisa e não sairei sem dizê-la.

– Diga. – Lily respondeu rispidamente.

– 42, King’s Boulevard. – ele disse calmamente e começou a andar em direção aos corredores da escola.

– King’s Boulevard? – ela perguntou o seguindo – Isso é uma rua!

– Você acertou, parabéns! – ele disse começando a rir.

– Por que você está me dando um endereço?

– Para que esteja lá às 15:00 em ponto. – Lily pestanejou ao ouvir aquilo, ele estava marcando um encontro ela ou coisa do tipo?

– Olha, minha amiga gosta de você, eu não posso fazer isso. – e então ele começou a rir.

– Eu não vou sair contigo, eu nem ao menos estarei lá. – ele parou e se virou para a ruiva, que parou também – Mas ele estará, então esteja na frente do número 42 no horário, está bem? – ele piscou pra ela e saiu andando.

– Quem vai estar lá? – ela perguntou ainda parada.

– A pessoa que tem as respostas pras suas perguntas, ruiva.

Lily ficou parada olhando para o lugar vazio em qual segundos antes Sirius habitava, aquilo parecia mais uma caça ao tesouro antes de qualquer coisa. Ela nem sabia quem estaria esperando por ela no endereço, sem falar que a rua era quase desabitada, ela poderia acabar sendo raptada por algum maluco.

– Lily? – ela se virou ao ouvir a voz masculina atrás dela, Remus. Ele a olhava de forma estranha, como se soubesse que iria aprontar algo – Você não ia à sorveteria?

– Eu ia... – ela começou, não estava muito a fim de inventar alguma mentira para o garoto – Mas estou muito cansada para isso.

– Então decidiu ficar parada no meio do corredor? – ele sorriu, achando graça.

– Você está muito engraçadinho hoje, senhor Lupin. – ela retribuiu o sorriso e voltou a andar – Logo a próxima aula começa, vamos.

Talvez por Lily ficar pensando se iria ou não para o encontro de sabe-se lá quem ou por ter de ficar ouvindo Marlene falar que não havia conseguido encontrar Sirius durante todo o intervalo a aula passou mais devagar do que todas que a ruiva já havia presenciado.

Sirius, que era de sua sala, a encarava vez ou outra e soltava um riso para alguém que estava aparentemente perto dela, mas quando a garota se virava para ver pra quem a risada se direcionava, não havia ninguém expressando que achava graça em algo que Sirius achava.

– Se eu descubro com que menina que Sirius andou se pegando nesse meio tempo. – Marlene continuou falando sobre sua frustrante busca pelo garoto, enquanto Lily rezava para que não descobrisse que ela se encontrara com ele.

– Eu fiquei sabendo que ele foi visto com o... – Dorcas começou e seus olhos caíram sobre James, que parecia estar dormindo sob seus livros – No intervalo.

– Acabou de entrar na escola e já é amigo do Black. – disse Marlene revirando os olhos – Vai virar um “Sirius Dois”.

– Você acha que eles são gays? – Dorcas soltou, fazendo com que Lily e Marlene rissem baixo, mas recebessem um olhar repreensivo do professor.

– Não acho provável. – Marlene disse e olhou para a ruiva – Diga algo, está muito calada.

– Estou pensando. – ela respondeu.

– Em que? – Dorcas perguntou desconfiada.

– Se vocês fossem convidadas para uma festa... – Lily disse – De alguém que vocês não conhecem em um lugar não muito confiável, bem, vocês iriam?

– Depende dos gatos. – disse a morena, recebendo um olhar desaprovador de Dorcas, que pareceu entender que ela não fora convidada para uma festa.

– Depende do que você espera encontrar quando chegar, Lily. – a loira falou – Coxinhas ou bolinhas de queijo?

Marlene olhou para Dorcas como se a mesma estivesse louca, o que não era de todo uma mentira. Lily franziu o cenho entendendo apenas metade do que a amiga havia lhe dito. O que ela esperava encontrar quando chegasse lá? Alguém que lhe contaria algo que mudaria sua vida? Talvez. Alguém que fale que ela não é capaz de nada e que ela era burra demais por cair nessa? Sim, provável. Coxinha ou bolinha de queijo?

– Coxinha. – disse Dorcas depois do momento de reflexão de Lily.

– Tem razão, bolinhas de queijo têm queijo. – a morena fez uma careta e Dorcas assentiu.

– Quando é a festa?

– Hoje. – Lily recebeu um olhar pensativo de Dorcas, deveria estar debatendo se seria bom ou não que a ruiva fosse.

– Se eu fosse você... – começou a loira, que logo deu de ombros – Eu iria.

E ela seguiu o conselho de Dorcas, às 15:00 estava parada em frente a um galpão velho e a sua resposta não parecia estar por ali; e não esteve lá por mais 5 minutos, quando começou a ouvir barulho de passos. Poderia ser a pessoa com quem marcara de se encontrar ou um assaltante.

– Você veio! – uma voz grossa disse animadamente – Do jeito que Sirius disse que você ficou quando ele foi embora, achei que não viria.

– Era só o que me faltava. – ela disse ao ver o garoto se aproximando.

– Gostou do lugar, ruiva? – James perguntou quando chegou ao seu lado.

– Você mora aqui? – ela debochou.

– Claro que não, esse lugar está abandonado faz séculos.

– E você achou que seria um bom lugar pra me encontrar porque...?

– Eu terei que dar meus parabéns para eles. – ele disse com um sorriso amargo – Fizeram um excelente trabalho com você.

– O que você quer dizer com isso?

– Não se lembra mesmo? Nada deste lugar? – ele apontou para o galpão e o terreno vazio ao lado dele.

– Eu nunca vim aqui. – ela respondeu séria para o garoto.

– Eu discordo.

– Eu hein. – a mesma careta que estava em sua face quando viu Sirius se abriu para James – E você lá sabe mais de mim do que eu mesma?

– Algo assim. – ele deu de ombros e Lily revirou os olhos – Eu achei que você poderia não lembrar do lugar... – ele continuou enquanto se aproximava da porta do galpão – Então pensei que poderíamos entrar para ver se você não reconhece o local.

Lily encarou James questionando sua sanidade, enquanto o garoto abria desajeitadamente a porta. Ele a abriu um pouco e observou o lugar, um sorriso surgiu em seu rosto e então estendeu a mão para a ruiva.

– Você vem?