– Eu sou James Potter. – disse o moreno.

A loira, que estava atrás da ruiva, pulava de excitação; por parte do fato do garoto quase ter pendurado uma placa no hotel de seu pai com os dizeres “procura-se ruiva” e por uma feliz coincidência de Lily ser ruiva, porém no momento, ela não tinha só a cor avermelhada em seu cabelo, como também um tom amarronzado, rosado e até esbranquiçado. Napolitano. Napolily.

– É Potter o sobrenome dele. – Dorcas disse se colocando ao lado da amiga – Eu sou Dorcas e essa daqui é a Lily.

A ruiva poderia ter sorrido, poderia ter apertado a mão que James lhe estendeu para a ruiva naquele instante, mas a probabilidade d’ela fazer isso era o mesmo de começar a fazer uma performance de My Copycat naquele momento; no way. A mão de James abaixou-se e Dorcas bateu discretamente no braço de Lily.

– É, eu sou Lily. – a garota forçou um sorriso.

– Prazer Lily, Dorcas. – os olhos do garoto não se desgrudavam dos dela, nem um segundo sequer. E então ele apontou para a cabeleira ruiva – Casquinhas são ótimos chapéus, não acha?

Não dava para saber se ele estava debochando de Lily ou se estava falando sério, mas a mesma levou o comentário como a primeira opção, não aparentava ser um pedido de desculpas, nem de longe. Seu rosto começou a ganhar um tom avermelhado; talvez vergonha ou talvez raiva.

– Doe, você jogou seu sorvete fora? – a ruiva perguntou para a loira ao seu lado.

– Ahn... – a menina olhou para o sorvete que continuava em suas mãos, não seria uma boa ideia deixá-lo nas mãos de Lily, esta suspirou – Não.

– Tem certeza que está ruim o bastante para não querê-lo mais? – Lily encarava James sem nem ao menos piscar, o moreno a olhava confuso.

– Acho que sim... – Dorcas sabia que não deveria entregá-lo a ruiva, ela parecia estar um pouco alterada para lidar com um sorvete de morango ruim em suas mãos.

Embora a loira achasse uma ideia ruim ela lhe entregou, lhe deu o sorvete, que num segundo estava na mão de Lily e no outro estava espalhado pelo rosto de James, centralizado em seu nariz. Dorcas encarou a cena com uma falsa cara de repreensão e um olhar divertido. James estava inexpressivo, ou talvez fosse apenas o morango e a casquinha cobrindo sua face.

– Casquinhas são ótimos narizes também. – pronunciou-se a ruiva, com um sorriso cruel surgindo em seus lábios. E então ela pegou sua mochila e saiu da sorveteria.

Lily sabia que se arrependeria, fora apenas o calor do momento que havia feito com que ela fizesse aquilo. Ela não se importava de estar suja com sorvete no meio da rua (talvez os olhares que as pessoas dirigiam ao seu cabelo lhe incomodassem um pouco sim).

– Me espera! – gritou Dorcas correndo atrás de Lily, que diminui os passos – O que foi aquilo?!

– Casquinha de morango. – a ruiva respondeu quando a outra chegara ao seu lado.

– É, eu vi, eu estava lá. – a loira começou a rir – Que drama todo foi aquele? “Casquinhas e narizes”.

– É mais fácil tirar do nariz do que do cabelo. – Lily murmurou irritada quando um grupo de crianças começou a rir da mesma.

Ela parou perto de uma lixeira na calçada e começou a tirar pedaços de casquinha de seu cabelo e jogá-los fora. Dorcas tirou um lenço de sua mochila e passou-o levemente no cabelo de Lily. No final não havia quase vestígio de que um sorvete passara por lá, porém havia deixado um rastro pegajoso pra quem ousasse passar a mão nele.

– Vou precisar de um bom e longo banho. – disse a ruiva retornando a andar com Dorcas.

– Já estamos quase chegando à sua casa. – a loira olhou com nojo para a cabeleira de Lily.

Então elas viraram uma esquina e puderam ver a casa dos Evans; não era nada muito chamativo, mas não chegava a ser parecido com um barraco ou coisa do tipo. Era bem aconchegante, um ar de casa de família, o que Lily gostava muito, uma vez que amasse sua família.

–Eu vou te deixar por aqui. – disse Dorcas parando lentamente.

– Tudo bem, amanhã veremos se meu cabelo estará curado. – Lily soltou uma risada fraca, nada muito verdadeiro e bateu na mão da loira, que logo pegou outro caminho e foi se distanciando cada vez mais até não poder ser mais vista pela ruiva.

A mesma bufou ao chegar à porta de casa, estava cansada. Cansada mentalmente pela aula da qual acabara de sair e fisicamente após ter caminhado para o caminho de casa. Abriu a porta, não avistou ninguém, todos trabalhando ou estudando.

– Mais espaço para mim. – ela sorriu e foi direto para o banheiro tomar um banho numa tentativa de tirar tudo que sobrara do sorvete em seu cabelo.

Banho pode resolver qualquer coisa, não importe o quão mal as coisas estejam, um longo banho sempre pode resolver as coisas. Era a filosofia da vida de Lily; as coisas estão ruins? Tome um banho e melhore imediatamente.

– Lily? – uma voz feminina podia ser ouvida do lado de fora do banheiro, o que fez a ruiva dar um salto, não esperava que alguém chegasse essas horas.

– Já saio. – disse ela enquanto desligava o chuveiro e corria para o quarto.

Depois de alguns minutos Lily já estava vestida e com os cabelos novos em folha, abriu a porta do quarto e uma menina morena de cabelo enrolado entrou voando em seu quarto. Gwenog Jones, sua vizinha desde os 12 anos de idade, elas se davam bem, mas não chegavam a se considerar amigas. Seus pais estavam viajando para algum tipo de segunda lua de mel e deixaram Gwenog com sua prima mais nova, Hestia; o senhor Evans havia dito para as duas que qualquer coisa que precisassem poderiam pedir ajuda para alguém da família, e então lhes deu uma cópia da chave.

– Lily! – ela falou animadamente enquanto abraçava a ruiva.

– Gwen! – Lily sorriu, gostava do jeito agitado que a morena conseguia ter.

– Eu tenho uma emergência em minhas mãos, uma das grandes. – Gwen soltou a ruiva e começou a andar de um lado para o outro do quarto – Hestia vai sair com um garoto.

–Ah... – a ruiva não sabia como poderia ajudar em uma situação como aquela, talvez a morena só quisesse desabafar isso com alguém já que tinha um instinto super protetor com a prima.

– Acontece, Lily... – Gwen sorriu sem graça – Que ela não tem nada para usar no dia. Então eu pensei que ela é baixinha, como você.

– Entendi. – a ruiva sorriu – Mas não sei se minhas roupas são boas para sair com algum garoto.

Gwenog bufou de frustração, então Lily pensou, poderia ter um jeito de ajudar a garota, seria como jogar ela e sua prima no meio de uma toca de lobos famintos, mas ela parecia estar pedindo por isso em seus olhos.

– Eu conheço alguém que pode ajudar. – Lily pensou em um trio de garotas que ficariam felizes em ajudar alguém a se vestir, estaria fazendo bem para ambos os lados – Só um minuto.

A ruiva deixou a garota animada em seu quarto enquanto procurava por seu celular em sua mochila no banheiro, havia uma mensagem nova para ela; provavelmente Dorcas que lhe perguntara se seu cabelo teria ficado menos nojento do que já estava. Mas não, a mensagem vinha de um número desconhecido.

“Eu posso te ajudar a descobrir o que você é capaz de fazer.”