Mesmo que a ruiva achasse que era estranho beijar um garoto que conheceu em menos de uma semana ela não poderia negar, James Potter beijava muito bem. Quando o beijo se encerrou, Lily olhou para o moreno em sua frente, ela sentiu seu estômago embrulhar como acontecera na primeira visita da garota ao galpão, a mesma sensação de ter vivenciado o momento antes, ela sabia, de alguma forma, que já havia beijado James antes. O garoto a encarava com expectativa, esperando que a ruiva se lembrasse de algo.

– E então? – ele perguntou.

– É como se eu... Nós... – ela começou – É como...

– Um déjà vu?

– Algo assim. – ela disse e James sorriu animadamente – Mas como é possível que eu tenha feito alguma coisa que eu não me lembre?

– Você vai descobrir com o tempo. – ele deu um tapa de leve no ombro da garota – Não posso te dar as respostas, já comentei isso contigo.

– Eu sei. – ela bufou frustrada – Então me leve até elas.

James piscou para a garota e segurou em sua mão, a levando para algum lugar. Lily ainda não confiava totalmente no moreno, de propósito ou não, ele ainda sim matara a namorada. Se ele fosse para cima da ruiva, ela não teria chances, não tinha Dorcas ao seu lado para tentar distraí-lo ou ameaçá-lo com golpes de caratê que provavelmente não eram golpes e não tinham nada de caratê.

– O que Dorcas tem a ver com tudo isso? – a garota perguntou depois de alguns minutos – São aquelas “vibrações” estranhas que ela sente?

O moreno olhou para ela como se dissesse que não poderia contar nada sobre o assunto, a ruiva apenas suspirou e continuou a andar com James. Ela começara a perceber que ele estava a levando para casa quando chegara a sua rua, estava muito distraída para ter notado isso antes.

– Que fim teve a reunião de vocês? – ela perguntou – Alguém mudou pro teu lado?

– Eu acho que consegui convencer Remus. – ele disse – Mas não vou conseguir nada das outras duas.

– Eu nunca imaginei que as Jones estariam nessa também. Não somos muito chegadas, tudo bem, mas sempre que precisei de algo elas estavam lá pra ajudar.

– Você nem imagina o quanto suas palavras fazem sentido. – James riu – Mas pense comigo, do jeito que as coisas são hoje em dia, não seria certo deixar duas adolescentes morando sozinhas, certo?

– Elas não moram sozinhas, Gwen tem os pais dela, mas eles estão viajando e deixam os meus cuidando delas.

– E você se lembra de algum dia ter visto os pais dela?

– Mas é claro que... – Lily pensou um pouco, tentando lembrar-se dos rostos dos pais de Gwen, porém não conseguiu lembrar-se de nada e sentiu uma breve dor de cabeça. Isso fez com que a ruiva se lembrasse de Lou, que em um momento parecia ter certeza sobre como fora a adoção de Lily, e no outro aparentava que tudo havia se esvaído de sua cabeça – Eu não... Não me lembro. Isso quer dizer que...

– Ela não tem pais.

– Mas... – a ruiva colocou a mão livre na cabeça, massageando-a – Não tentarei entender agora.

Os dois continuaram andando juntos em silêncio, passaram lentamente em frente a casa de Hestia e Gwen, que pareciam não ter chegado ainda. Quanto mais próximos que ficavam da porta da casa de Lily, mais lentamente eles andavam. O celular da garota vibrou em seu bolso, porém ela ignorou daquela vez e continuou a segurar a mão de James.

– Precisaremos de livros. – James disse quando chegaram em frente a casa da garota – Poderíamos ir à biblioteca amanhã.

– Okeijo. – ela respondeu fazendo com que o garoto a encarasse com certa dúvida no olhar.

– Você é um pouco estranha. – ele disse ainda a encarando – Mas eu gosto disso.

Lily sentiu seu rosto esquentar e abaixou a cabeça, logo sendo erguida pela mão de James que continha um sorriso contagiante no rosto.

– Se tudo der certo, você logo irá se lembrar de tudo. – ele passou a mão pela bochecha da garota – E tudo ficará mais fácil.

James aproximou-se mais do rosto da ruiva e selou seus lábios brevemente, deixando as bochechas da garota mais vermelhas do que já estavam. Ela não iria se acostumar com aquilo tão cedo.

– Nos vemos na escola, então. – disse ele enquanto se afastava para ir embora.

Lily acenou em despedida e ficou o olhando ir embora. O lembrete de que amanhã seria o último dia de aula de semana lhe ocorreu e a fez se sentir um pouco mais aliviada, embora achasse que seu final de semana seria turbulento, igualmente aos seus últimos dias. Entrou em casa e avistou seus pais juntos na sala, penso se eles deveriam saber algo sobre o que estava acontecendo, ou se eles sabiam que os pais de Gwen nunca existiram de verdade.

– Tudo bem, querida? – Lou perguntou se voltando para a garota ruiva.

Lily sorriu e assentiu. Seus pais provavelmente sabiam menos que ela. A garota foi para o seu quarto e deitou em sua cama, pegando logo o celular para ver quem lhe tinha enviado mensagem. Era um número desconhecido, a garota suspirou.

“Oi, aqui é a Alana. Sirius me pediu pra avisar que se James quebrar o celular dele, pode-se considerar um garoto morto. Até mais.”

A ruiva riu e colocou o celular em sua cama. Ouviu passos pelo corredor e logo seu pai apareceu no vão da porta.

– Sua mãe disse que anda perguntando sobre sua adoção... – ele parecia nervoso – Você quer conhecer seus pais...?

– Ah não. – ela falou rapidamente – Só estava querendo saber como que vocês, sabe, me escolheram.

– Você andava com uma placa escrita “me escolham” por aí. – ele falou sério.

Lily olhou descrente para o pai, que logo começou a rir, fazendo com que a ruiva risse nervosa.

– É brincadeira. – ele depositou um beijo em sua testa – Está com fome? Sua mãe fez espaguete novamente.

A barriga da ruiva deu sinal de vida naquele exato momento, fazendo com que seu pai risse novamente e saísse do seu quarto falando sobre salsichas picadas serem um ótimo acompanhamento para o espaguete. Lily sentiu a cama vibrar levemente e olhou para o seu celular. Uma mensagem de Remus. A garota estranhou, Remus nunca fora de tocar em celular ou em algo muito tecnológico que não fosse o precioso computador que ele não deixara ninguém tocar.

“Vou passar na tua casa um pouco mais cedo amanhã, preciso te mostrar algo.”