A ruiva soltou uma exclamação, logo depois cobriu a boca e fechou os olhos, esperando que alguém a descobrisse ali. Passaram-se alguns minutos e ninguém apareceu, então Lily pegou seu celular e, engatinhando, foi para longe da janela, correndo para longe logo em seguida. Não sabia exatamente onde estava e nem o que iria fazer, apenas sentou na calçada após correr sem parar por um quarteirão. Ela estava confusa, havia muita coisa para pensar e conectar.

– Não esperava te ver por aqui. – uma voz fina disse atrás dela.

Lily virou a cabeça e avistou a garota ruiva que sorria alegremente.

– Oi, Alana. – Lily disse enquanto a outra sentava ao seu lado.

– O que está fazendo por aqui sozinha? – ela começou a olhar para os lados – Seus amigos não vieram com você dessa vez?

– Não. – a ruiva sentiu o celular vibrando no bolso, porém o ignorou, o que não passou despercebido para Alana.

– Aconteceu algo?

– Longa história.

– É algo relacionado com aquela sua ficha do orfanato?

– Eu não sei de nada. – Lily sentiu o celular vibrando novamente – Algo está acontecendo e eu não sei o que é.

– Você pode não saber, mas talvez alguém saiba.

– “Alguém” sabe.

– Então por que não pergunta?

Lily abriu a boca várias vezes e retornou a fechá-la, não sabia porque a ideia de perguntar algo para James a deixava inquieta. O celular vibrou novamente e dessa vez a ruiva o pegou na mão, havia três novas mensagens de Sirius. A garota suspirou.

“Lily?”

“Lily, é você?”

“Eu estou fazendo isso direito?”

A ruiva revirou os olhos, poderia ser do celular de Sirius, mas do jeito que a pessoa parecia estar perdida nas mensagens era muito mais provável que fosse outro ser. Alana leu as mensagens por cima de seu ombro e começou a rir.

“Lily falando”

– Sirius não é tão perdido assim quando trocamos mensagens. – a outra ruiva falou esticando as pernas para a rua.

– Então troca mensagens com Sirius, uh? – Lily perguntou sorrindo maliciosa.

– Não sorria assim para mim. – Alana cutucou o braço da outra garota.

O celular vibrou novamente na mão de Lily.

“Onde você está?”

A ruiva sentiu um arrepio passando por suas costas, talvez os garotos tenham passado na casa dela após saírem do galpão, e ela hipoteticamente teria que estar lá, pois havia dito que iria para a casa logo depois de James e Sirius irem em direção contrária a dela.

“Na rua com uma amiga”

Lily se virou para Alana, que parecia estar distraída. Ela encarava as pessoas que andavam na rua. Remus e James haviam conversando sobre a garota, “Coincidências acontecem”. Como Alana poderia ser uma coincidência? Lily passou as mãos no rosto, precisaria fazer anotações e ver se algo fazia sentido naquilo tudo.

– Você pensa demais. – Alana disse se levantando – Está ficando tarde e ainda tenho muito para andar.

– Eu acho que ir embora também seria bom. – Lily levantou-se também.

– Foi bom ter te encontrado. – ela deu um leve tapa no ombro da outra e sorriu – Mande um oi pros seus amigos.

– Um oi, sei. – Lily olhou maliciosa para Alana, que apenas sorriu e começou a andar.

– Nos esbarramos por aí.

Lily ficou parada por um tempo na rua, tentando tirar a conversa dos garotos de sua cabeça, e quando já lhe saia de mente, o celular vibrou novamente.

“Você não me parece estar sendo acompanhada por uma amiga”

– A não ser, é claro, que você tenha amigos imaginários ainda. – uma voz masculina falou atrás dela.

Por impulso, Lily soltou um grito e virou, automaticamente levando as duas mãos de encontro a barriga do garoto, o empurrando. Passado o susto, ela pode ver um James Potter com um grande sorriso no rosto parado na frente dela.

– Isso... Isso não tem graça. – ela disse colocando a mão no coração.

– Sinto muito. – ele disse ainda sorrindo, ele não sentia.

– Sabia que não era o Sirius mandando mensagens para mim. – Lily guardou o celular no bolso – Ele não é tão enrolado.

– Eu ainda não sei mexer nessas coisas. – ele fez uma careta - Eu acabei mandando uma mensagem para uma tal de Lila que ficou xingando Sirius por meia hora.

– Sirius deixou com que ficasse com o celular?

– Afanei. – ele deu de ombros.

– Que coisa feia, James. – Lily disse rindo.

– Pois saiba que escutar as conversas dos outros não é algo bonito também. – a garota empalideceu – Você tem sorte que Remus não percebeu que estava lá.

Lily sentiu seu rosto ficar cada vez mais quente. Ela não servia para ser uma agente secreta, seria descoberta pelos mafiosos e morta logo em seguida. Esse pensamento de ser morta pelos mafiosos logo se ligou com a conversa dos garotos, Remus havia dito que James fora acusado de matar sua namorada, o outro garoto disse que não fizera nada, nada proposital, mas Remus pareceu não acreditar tanto nisso. Lily deu um passo pra trás. James nunca parecera ameaçador para ela, sempre estava tão... Normal.

– Você fez? – ela perguntou.

– O que? – ele a olhou confuso.

– Sua... Sua namorada. – ela deu outro passo para trás.

James a encarou por algum tempo e depois suspirou, passou as mãos nervosamente pelos cabelos e as colocou no bolso de sua calça. Ele abriu a boca, mas parecia não saber o que exatamente falar para a ruiva, que se distanciava dele cada vez mais, o fazendo andar em direção a ela, se aproximando.

– Olha Lily... – ele começou – Eu... Eu... Sim.

Ela ficou parada o olhando por alguns segundos. James retribuía o olhar, esperando alguma reação da parte da garota, que ao sair de seu transe, saiu andando rapidamente pela rua. Lembrou da briga de James e Remus, o seu amigo dissera que James havia estado na prisão por algum tempo, ele deveria ter sido preso por ter matado a garota. Ela conseguiu andar sem ser interrompida por alguns minutos até que James a parou.

– Lily, eu não vou te jogar na frente de um carro, se é isso que está pensando. – ele disse.

A garota não pensara naquela hipótese até o momento, então quando ele sugeriu isto, ela se esquivou de James e continuou correndo. Ele a alcançou e a segurou.

– Foi acidental, está bem? Eu nunca teria feito isso com ela propositalmente.

– Não tenho como saber se está falando a verdade. – Lily disse - Afinal, eu n-nem te conheço, você é só o garoto novo da cidade.

– Droga, Lily. – James a soltou e passou as mãos pelos cabelos novamente – Você sabe que eu não sou apenas isso, no fundo você se lembra quem eu sou.

– Eu não sei do que está falando. – a garota respondeu firmemente.

– Você só tem que se lembrar, mas eu não sei como fazer isso. – o garoto murmurou agitado – Você se lembra do dia em que nos conhecemos na sorveteria?

– Sim... – Lily deixou um sorriso discreto formar-se em seus lábios.

– Quem te trouxe naquele lugar?

– Dorcas. – quando ouviu o nome da garota ele começou a andar de um lado para o outro.

– Remus disse que ela acordou, então ela sabia que tinha que te levar lá.

– Do que você está falando?

– Ela te levou lá para tentar te fazer lembrar. – James passou as mãos pelo rosto – Isso é brilhante.

– Pra tentar me fazer lembrar de que? De você? – Lily fez uma careta.

– Sim, de quando íamos para lá.

A ruiva inclinou a cabeça para o lado, desde quando ela saia com James para o Minx?

– Mas aquela foi a primeira vez que eu te vi. – ela disse

– Não, não foi. – ele disse parando de andar e encarando-a – É disso que você precisa lembrar, do antes da sorveteria, do antes da primeira coisa que você lembra ter vivenciado.

– Você parece um louco. – ela disse e ele sorriu pra ela.

– Talvez se eu... – ele se aproximou dela – Isso pode funcionar.

– Isso o que?

A ruiva deu um passo para trás enquanto encarava James com um olhar duvidoso, o garoto sorriu e segurou Lily pela cintura, fazendo com que a garota arregalasse os olhos verdes. Uma das mãos do garoto colocou um pedaço do cabelo da ruiva para trás da orelha. Lily sabia o que viria logo em seguida, e ela sabia que poderia empurrar-lo ou algo do tipo, mas a única que seus braços foram capazes de fazer foram se envolver no pescoço de James. O moreno puxou a ruiva para mais perto de seu corpo, se inclinando até que seu rosto ficasse bem próximo do de Lily. Ele sorriu mais uma vez antes que acabasse com a distância entre os dois, selando seus lábios.