– Não tem nada. - a ruiva disse suspirando e levando os papéis de encontro ao chão.

– Como assim “nada”? – Alana os pegou e começou a revirar as páginas – É, nada mesmo.

James e Sirius trocaram olhares. Lily parecia ter notado esse gesto, assim como Alana, fazendo com que encarassem os dois meninos com desconfiança. Black pegou os papeis da garota e folheou, lançou outro olhar a James, que suspirou.

– Não vamos achar nada por aqui. – o mesmo disse pegando as folhas de Sirius.

– Afinal, por que estavam procurando a ficha dela? – Alana se sentou no chão em cima de uma pilha de folhas.

– Longa história. – disse Sirius – No geral, só queríamos ver se tinha algo dela por aqui.

Lily franziu o cenho, se eles queriam saber se tinha algo dela lá dentro, isso significava que eles sabiam da possibilidade de não ter nada? A ruiva chegou a abrir a bocas várias vezes, mas retornou a fechá-la; por ora era melhor apenas escutar o que eles tinham a dizer, depois poderia jogar todas suas perguntas para receber respostas.

– Se vocês quisessem respostas para a adoção dela, eu diria que a melhor solução seria perguntar para os pais, não é? – Alana pegou um dos arquivos e começou a se abanar – Aqui dentro é muito fechado.

– Então vamos sair, não iremos precisar de mais nada por aqui mesmo. – James disse dando de ombros e Sirius ajudou a garota a se levantar.

Lily acompanhou os três, ainda calada, refletindo sobre tudo que vira até agora e imaginando tudo que ainda iria ver. Ela pensou em todos os olhares que Sirius e James trocavam, e na briga que o mesmo tivera com Remus. “Todos nós concordamos em não contar nada” dissera ele. Quem havia concordado em não contar o que para ela? James disse para que Lily não se importasse com aquilo, ele não queria que ela soubesse de algo também. Os pensamentos continuaram em sua cabeça durante o caminho de casa, James fizera questão de acompanhá-la até lá, enquanto Sirius e Alana seguiram por outro caminho.

– Boa tarde, Lily! – ela ouvira uma voz fina se dirigindo a ela. Hestia – Sua mãe estava procurando por você...

A morena estava sentada em um banco em frente a sua casa, e pareceu gelar quando notou James ao lado de Lily; James, por sua vez, ficou mais agitado e passava a mão em seu cabelo constantemente.

– Obrigada, Hest. – ela sorriu – Você saiu mesmo com aquele cara?

– Sim. – ela se levantou – O-olha, Lily, nos falamos depois, ta?

A garota saiu correndo para dentro de casa, dando uma última olhada em James e Lily. A ruiva inclinou um pouco a cabeça para o lado.

– Ela costuma ser tímida, mas não tanto. – a garota voltou a andar e James a acompanhou.

– Vocês são amigas? – ele perguntou passando a mão rapidamente pelos cabelos.

– Não... – Lily parou em frente à porta de sua casa e se virou para James – Ela é legal, mas não somos muito próximas.

– Bom. – ele olhou rapidamente para a casa dos Jones e voltou seu olhar para Lily – Nos vemos amanhã, ok?

Lily assentiu, recebendo uma piscadela de James, que logo após foi embora. Entrando em casa, a ruiva encontrou logo sua mãe, que a olhava maliciosa; ela havia visto James.

– Quem era? – ela perguntou sorrindo.

– Um amigo da escola... – Lily desconversou caminhando até a sala.

– É esse o garoto que Marlene gosta?

– Que? Não! – a ruiva se sentou no sofá, sendo acompanhada pela mãe – É o amigo dele.

– Falando em garotos e Marlene... – Lou pegou um bilhete que se localizava na mesa de centro – Ela passou por aqui hoje e deixou isso, não parecia estar muito feliz.

Lily pegou o bilhete e guardou rapidamente no bolso de sua calça, fosse o que fosse não gostaria de ler na frente de sua mãe. A ruiva se mexeu desconfortavelmente no sofá e se virou para mãe. A frase que Alana havia dito ainda estava em sua cabeça “Se vocês quisessem respostas para a adoção dela, eu diria que a melhor solução seria perguntar para os pais”.

– Mãe? – a ruiva começou a brincar com a barra de sua blusa distraidamente.

– Sim?

– Você se lembra do dia em que me adotou?- Lou ficou estática por alguns segundos, antes de relaxar e sorrir.

– Como eu poderia me esquecer? – sua mãe colocou os pés em cima da mesinha – Aquele orfanato me dava arrepios.

– Não é a única. – Lily riu e encostou a cabeça em uma almofada.

–Lembro de muitas crianças correndo e... – ela coçou a nuca – E...

– O que?

– E... – Lou franziu o cenho – Eu não me lembro direito do que vem depois das crianças.

– Ah... – Lily estreitou os olhos – Tudo bem, se lembra de quando me viu?

– Sim, sim. – ela voltou a sorrir – Você estava correndo junto com as meninas... Não, não estava com elas... Você estava junto com... Você estava vestindo... Você... Você... Eu não me lembro quando vi você...

– Não? – a ruiva arqueou uma de suas sobrancelhas – Se lembra como foi que me adotou?

– Ah, disso sim, eu assinei um papel.

– Eu estava lá quando você assinou?

– Não que eu me lembre... – Lou massageou as têmporas – Eu preciso tomar alguma coisa.

A mãe de Lily se levantou rapidamente e foi para a cozinha. Havia algo muito estranho acontecendo, talvez devesse tentar falar com seu pai mais tarde.

A garota ruiva se levantou do sofá e foi caminhando calmamente até o seu quarto, queria ver o que Marlene considerava tão importante para dar uma passada em sua casa, uma vez que a morena sempre usara a desculpa que a casa das duas eram consideravelmente distantes para que ficassem fazendo visitas toda hora uma para outra. Chegando a seu quarto a ruiva vira pela janela Gwen discutindo com Hestia sobre algo, quando as duas perceberam que Lily as observava deram um breve sorriso e fecharam sua cortina.

A ruiva deitou-se na cama e abriu o bilhete; Lily estava com problemas, com sérios problemas. Não querendo mais ler todos os insultos que o papel carregava, a garota o deixou cair no chão. Marlene achara mesmo que ela estava saindo com o Black.