Saio do banheiro da caverna vestindo uma espécie de macacão de lycra preto que a Barbara havia me emprestado, pois não tem como treinar artes márcias de vestido pink e salto quinze. Me sentia nua, literalmente, descobri da pior forma que a Batgirl possui no mínimo doze centímetros a menos de quadril do que eu.

Caminhei tentando manter meu traseiro voltado para o lado da caverna onde os garotos não estavam, com minha face queimando de vergonha. Quando me viram, Barbara e Nissa deram risadinhas, John virou para o outro lado e puxou Roy junto, Dick sorriu com malicia descendo os olhos por meu corpo, Bruce me olhava sem alteração em sua face, mas seus olhos estavam escuros e perigosos. Mas o pior de todos foi Oliver, seus olhos se arregalaram e seu queixo caiu antes que ele pudesse disfarçar voltando a sua face seria habitual, confesso que não estava gostando de me sentir exposta daquela maneira, mas ver a reação dele me fez ganhar o dia!

–Acho que seria bom te emprestar uma camisa minha. –Oliver falou engolindo em seco sem se mover nenhum centímetro de onde estava.

–Concordo. –Sussurrei envergonhada abraçando meu próprio corpo.

Antes de buscar a camiseta ele lançou um olhar de advertência para Dick que fez com que ele se virasse como John e Roy. Oliver voltou com uma camisa cinza que lançou em minha direção. A vesti e ela bateu no meio das minhas coxas.

–Muito melhor. –Murmurou Bruce fazendo Oliver olhar para ele espantado. –O que foi? -Questionou sem nenhuma mudança de expressão.

–Cara, você é inacreditável. –Disse Oliver revirando os olhos.

[...]

Todos nós nos agrupamos em um canto da caverna para observar o treinamento das garotas. Aquilo já havia começado mal na minha opinião, com todos esses caras aqui vendo as formas curvilíneas do corpo dela... Não posso ficar me lembrando disso, respirei fundo tentando pensar em qualquer outra coisa que me distraísse. Que merda Felicity!

Bruce estava ao meu lado com os olhos fixos nelas, mas ao contrário de mim, parecia em total domínio de suas faculdades mentais. Roy e Dick conversavam, e isso me animou um pouco, ver como o novo amigo trouxe um pouco de alegria para meu parceiro.

–O que você acha disso? –Perguntei a Bruce seguindo a direção do seu olhar.

–Ela não vai se machucar. –Respondeu sem se virar. –No seu lugar eu estaria mais tranquilo se soubesse que ela sabe se defender, fisicamente eu digo, por que acho que você subestima a Felicity, ela pode ser perigosa se quiser. –Odeio como ele tende a sempre estar certo. -Pelo menos vai ter boas professoras, uma treinada pela Liga dos Assassinos, a outra por mim. –Ele não era arrogante, apenas constatava fatos e eu havia lutado com ele a pouco, sei que estava certo.

–Que seja. –Disse mal humorado o que fez a sombra de um sorriso passar por sua face.

Elas começaram com o básico apenas ensinado posições de luta para a Felicity que se mantinha atenta, mesmo que seus olhos denunciassem o pânico que tudo aquilo estava gerando nela. Nissa foi quem mais me surpreendeu com sua forma... Carinhosa de ensinar. Barbara apesar de ter a personalidade totalmente diferente de seu mestre, possuía sua eficiência.

–Ela é muito boa. –Elogiei.

–Barbara consegue me derrubar se quiser. –Disse Dick rindo. –Mas não conte a ela que falei isso.

–Felicity também é muito boa do seu jeito, em suas coisas, uma das melhores em seu ramo. –Elogiou Wayne de sua forma sempre prática.

–Ela derruba Oliver o tempo todo. –Brincou Diggle parafraseando Dick. –E eu já vi acontecer, várias e várias vezes. –Revirei os olhos escutando o riso dos outros.

Então tudo perdeu a graça. Elas começaram a simular lutas se alternado, primeiro Felicity apenas observou as professoras lutarem, sem se esforçarem de verdade, queriam apenas mostrar o básico para ela, nada que ela não fosse capaz de fazer ainda. Mas então chegou a vez de Felicity a primeira a ensinar foi Nissa.

–Não sei realmente se estou pronta para isso. –Começou a tagarelar nervosa. –Em Nanda Parbati vocês tem televisão, DVD... Fita cassete? –Nissa esboçou um pequeno sorriso de diversão.

–Fica calma Felicity, não é como se fossemos duelar até a morte. Só se lembre de tudo o que aprendeu hoje.

–Existe um filme, que se chama O Clube da Luta, nele os membros desse clube acreditam que do caos vem a ordem. –Ela não conseguia parar de falar. –Me sinto como o Brad Pitt agora. –Não consegui evitar o sorriso que se formou em meu rosto.

–Ela acabou de quebrar a primeira e segunda regra do Clube da Luta. –Murmurou Bruce vendo as duas começarem a luta.

–Como? –Perguntei confuso olhando Felicity cair de cara no tatame pela primeira vez.

–Primeira e segunda regra. –Dick começou a dizer. –Não se deve falar sobre o Clube da Luta. –Roy se juntou a ele fazendo coro.

–Sinceramente Oliver, você já voltou da Ilha a três anos, não custa tirar alguns minutos do seu dia para se atualizar. –Reclamou John.

Então ela passou a cair muito, cada vez de uma forma ainda pior. Quando Barbara assumiu o lugar de Nissa a coisa passou ser ainda mais brutal, pelas minhas contas Felicity já havia ganhado uns cinco novos hematomas nos últimos quinze minutos, aquilo estava sendo torturante para mim. Quando ela foi jogada pela milionésima vez no chão não pude mais me segurar. Me levantei rapidamente a peguei no colo jogando seu corpo sobre meu ombro, aquilo já tinha dado o que tinha que dar.

–Oliver o que você está fazendo? –Perguntou se debatendo. –Me coloca no chão. –Continuei a andar em direção a boate vazia no andar de cima. –Agora Oliver!

–Ok, que tal uma ronda? –Ouvi a voz grave de Bruce dizer de longe.

–O que foi isso Oliver? –Ela perguntou novamente quando a coloquei no chão no meio da boate vazia.

–Acho que é o suficiente de treino para você hoje. –Respondo autoritário.

–Você é inacreditável. –Começou a dizer nervosa. –Fica ai todo cheio de si, hora me dizendo o que não podemos ficar juntos por que não pode... Sei lá o que você não pode, hora fica me dando ordens como se eu pertencesse a você, como se eu fosse sua...

Revirei os olhos antes de calar sua boca com um beijo demorado e possessivo ao qual ela não resistiu. Prendi meus braços ao redor dela tirando seu corpo pequeno do chão para que não precisasse mais me curvar.

–Pensei que já havíamos definido isso. –Disse a ela quando nos afastamos.

–Você realmente precisa parar de ficar me beijando dessa forma. –Falou zonza.

–Estou ansioso para conseguir beijar você da forma normal. –Respondi imediatamente a fazendo rir.

[...]

Dick estava ao meu lado em cima de um prédio no Glaides, Roy e John patrulhavam o lado norte da cidade enquanto Nissa e Barbara estavam no centro.

–Aquilo foi... Interessante. –Dick ri ao meu lado.

–Oliver tem que aprender a se controlar quando o quesito é Felicity.

–Como se você fosse conseguir. –Eu o olho, e ele percebe o meu descontentamento. –Vamos lá, quando você teve um relacionamento com alguém tão... a palavra não é frágil, mas vai te que servir. –Eu não o respondo. – A última mulher da sua vida não sabia se queria te levar para cama ou roubar as joias da sua mãe. Não me entenda mal, Selina tem seus pontos fortes, sabe se defender e tudo mais...

–Você fala de mim, mas vive nesse jogo de gato e rato com a Barbara. –Eu digo para cala-lo, mas surpreendentemente ele não se acanha com a abordagem.

–Isso é um plano a longo prazo. – E pela primeira vez em muito tempo eu fico chocado, Dick Grayson estava realmente assumindo que gostava da sua parceira. – Nós dois sabemos que vamos ficar juntos, só não precisamos ficar juntos agora. Precisamos amadurecer em muitas coisas antes de finalmente estarmos prontos. –Ele dá de ombros.

Richard Grayson me dando aulas de relacionamento amoroso, e o pior e que ele estava completamente certo em tudo que falava.

‘Batman?’ –Ouço John pelo comunicador, me tirando do momento divã fornecido pelo meu parceiro.

–Prossiga.

‘Arsenal prensou um cara e conseguiu que ele passasse informação sobre uma entrega de armamento para Merlin. O local da entrega fica a quatro quadras de onde vocês estão.’

–Onde está o Arsenal?

‘A onde você acha? Nós nos separamos, estou a caminho, mas vocês já estão em posição.’

–Estamos a caminho.

Desligo o comunicador, e rastreio o localizador de Roy. Saio sem nem ao menos passar as diretrizes para Dick, não era necessário. Pulamos alguns prédios e em questão de minutos pude ver. Thea Queen, ou Thea Merlin como ela queira se chamar. Apontava uma espada para o rosto de um rapaz, não mais velho que ela, outros dois estavam caídos no chão em poças dos seus próprios sangue. Prestei atenção em seus lábios.

‘... roubado, acho que não. Agora a onde está o restante da carga?’

O garoto disse alguma coisa, mas não pude distinguir por que mantinha a cabeça abaixada.

‘Como não? Você está querendo me dizer que os armamentos sumiram? Você vai me dizer agora.’

–Por que ele não entrou ainda? – Dick aponta para a outra lateral do prédio, onde posso ver Arsenal.

–Por que está colocando o emocional na frente do racional.

Disparo uma bomba de fumaça dentro do prédio, e de imediato Dick e eu nos antecipamos à luta. Conseguimos ver com clareza, o combate é relativamente rápido e em segundo Thea está ao chão, impotente. Minha mão vai em sua garganta e a pressiono contra a parede.

–Aonde está Merlin, por que você está sozinha aqui? –Minha voz é grossa e forte.

–Por que ele confia em mim. –Sua voz esganiçada devido minha mão em seu pescoço.

–Para! –Arsenal segura meu braço e nesse momento Thea tira um punhal de sua roupa e acerta a lateral do corpo do antigo namorado.