Oathkeeper escrita por Denise Miranda


Capítulo 40
Jaime


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ^-^



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Porto Real fedia, exatamente como Jaime se lembrava. Havia trabalhadores por todos os lados, carregando carrinhos com comida ou lenha. Havia também o cheiro de aço sendo forjado, vindo dos ferreiros ali presentes. E também havia muitas putas, saindo dos bordéis, afim de levar alguns homens que pudessem pagar por uma noite com elas.

Jaime continuou andando. Estava com uma aparência péssima, cansada. Em sua viagem até Porto Real, nada aconteceu. Parece que a guerra está realmente no fim, percebeu. Com Stannis e Tommem morto, não sei quem será o novo Rei. Ou Rainha. Quem sabe Sansa realmente consegue o trono, vingando sua família. Ou aquela garota Targaryen do outro lado do mar. Reza a lenda que Daenerys tem três dragões. Seria uma bela visão ver Porto Real, esse ninho de ratos, queimar, pensou amargurado. Com minha querida irmã junto, eu espero.

Foi direto para o Septo, onde sabia que Tommem se encontrava. Ao chegar, não viu Cersei. Minha irmã não saiu de perto de Joffrey, por que não fez o mesmo com o garoto mais novo?, se perguntou.

– Sor Jaime.

Disse os guardas que o reconheceram. O Lannister fez um cumprimento com a cabeça e foi até Tommem. O menino estava pálido, e sua boca levemente puxada para cima. Parecia que estava sorrindo. Feliz por finalmente se livrar de sua mãe, garoto? Pôde ver que a garganta do mesmo estava cortada. Engoliu em seco. Então foi assim que ele morreu. Foi assim que minha irmã o matou.

Lembrou do dia em que Tommem vomitou quando sentiu o cheiro de Tywin Lannister apodrecendo. Nesse momento, o cheiro era o mesmo. Jaime se permitiu dar um sorriso ao lembrar do garoto quando brincava, ria, chorava, reclamava. Era tão puro. Tão jovem. Meu filho. Meu filho que nunca pude pegar no colo. Então o leão caiu de joelhos, desabando em lágrimas.

Cersei realmente o matou? Será verdade?, Jaime não podia acreditar nisto. Lembrou de como sua irmã estava arrasada com a morte de Joffrey, mesmo o menino sendo um monstro. Minha irmã é um monstro, mas certamente não uma assassina de parentes. Se lembrou da mesma pedindo a cabeça de seu irmão mais novo, Tyrion. O único irmão que me amou um dia, pensou Jaime, ainda em prantos. E mesmo assim, agora ele também quer minha cabeça.

Pensar na irmã fez crescer um ódio no peito de Jaime. Ela anda fodendo Lancel e Osmund Kettleblack, e provavelmente até o Rapaz Lua. Ela matou Tommem. Se ergueu de onde seu filho jazia, e levou involuntariamente sua mão para o cabo de Luminífera.

Saiu do Septo, em direção à Fortaleza Vermelha, afim de chegar até o quarto que sabia que era o da sua querida irmã.

Jaime sentiu arrepios na espinha ao passar pelo corredor onde levava ao quarto de Cersei. Parece que faz séculos desde a última vez que a visitei de noite, quando todos já dormiam. Sentiu cheiro de fumaça, e viu que saia do quarto da leoa. O Lannister correu e abriu a porta com um estrondo, e por um momento, achou que estava ficando louco e que havia voltado para a noite em que matara Aerys Targaryen.

Sua irmã, a bela Cersei Lannister, já não estava tão bela. Seus olhos de esmeralda, tão iguais ao de Jaime, estavam vermelhos de tanto chorar. Na cabeça havia apenas alguns tufos de cabelos dourados. Usava um vestido rosa com detalhes em ouro que deixava suas costas nua, onde podia ver marcas de chicotes e hematomas. Cersei, o que aconteceu com você?, Jaime quis perguntar, mas não achou palavras.

Cersei estava gritando, enquanto destruía seus pertences. Havia chamas na seda que cobria sua cama, e a mesma pegou um lampião que estava na parede, jogando no chão, fazendo as chamas se juntarem, começando a queimar o resto dos móveis.

– Cersei.

Jaime disse, sua voz saiu rouca. E foi nesse momento que a mulher notou a presença de seu irmão. Arregalou os olhos ao vê-lo, e se permitiu dar um leve sorriso.

– Jaime, meu amor.

Disse, sorrindo, indo em direção ao Lannister. Levou suas duas mãos até o rosto do homem, segurando-o firmemente e pressionando seus lábios nos dele. A boca dela estava seca e rachada. Ela anda fodendo Lancel e Osmund Kettleblack, e provavelmente até o Rapaz Lua. Jaime a afastou com um empurrão.

– O que está fazendo? - Gritou. - Por que está queimando tudo?

– Tiraram Tommem de mim! - Gritou Cersei de volta. Jaime sentiu um aperto no coração. Então não foi você?– Quero que queimem todos! Queimem todos! Chame o piromante!

– Cersei, - disse Jaime, segurando seu braço com a mão esquerda, firmemente, obrigando a mulher a olhá-lo. Quem é você?, quis perguntar. Eu nem te conheço mais.– me explique o que aconteceu. - Pediu. - Me explique quem matou Tommem. Eu matarei o monstro que o fez.

Cersei apenas o fitou por alguns instantes. Seus olhos tinham perdido todo o brilho, e ela nem sequer parecia lúcida.

– Eu matei Tommem. - Respondeu, sua voz sombria. - Ele me desobedeceu. Ele me enfrentou e defendeu aquela putinha da Margaery. Ele precisava pagar. - Jaime soltou o braço da mulher e foi para trás, incrédulo. - Mas eu não queria matá-lo. A culpa foi do Alto Septão, eu juro. - Disse Cersei, abrindo um sorriso como se tudo estivesse bem. - Se ele não tivesse feito tudo o que fez, - Falou, apontando para os tufos de cabelo e para os hematomas em suas costas - eu não estaria tão estressada, e não teria matado meu filho. Foi um descuido, e a culpa é do Alto Septão. Quero que me traga a cabeça dele. Não! Quero que queime-o vivo.

Por um momento, Jaime quis vomitar. Não acreditava no que estava vendo, muito menos no que estava ouvindo. Tinha milhões de pensamentos na cabeça, todas as suas memórias com Cersei voltando à tona. Ela é um monstro, percebeu. Sempre foi um monstro. Os deuses me fizeram amar uma mulher detestável.

– Então você cortou a garganta dele por um descuido? - Perguntou, gritando.

– Queime todos! -Gritou sua irmã de volta, ignorando-o. - Eu quero vê-los queimando, gritando, implorando por suas vidas! Quero que sintam o que eu senti ao perder Joffrey e Tommem! Queime todos! Queime todos!

Minha irmã virou Aerys Targaryen, pensou horrorizado. Se afastou lentamente, olhando nos olhos esmeraldas da mulher que um dia fora a sua amada irmã. Percebeu que havia cometido um erro terrível em voltar para Porto Real. Deveria ter ficado na Fortaleza dos Umber, protegendo Sansa. Com Brienne. Ela que é a mulher que eu amo.

– E mais uma coisa! - Continuou Cersei, apontando o dedo para Jaime. - Quero que me traga a cabeça de Sansa e daquela vaca enorme loira! - Gritou, e ele soube que sua irmã estava se referindo à Brienne. Parou por alguns segundos, respirando fundo, ainda olhando nos olhos do leão. - Você fará isso por mim, Jaime? Pelo amor que sente por mim? - Perguntou, agora sua voz estava doce.

– Eu te amei. - Respondeu Jaime, sua voz trêmula. Chegou perto de Cersei, lentamente, e a mesma continuou no lugar. Levou sua mão esquerda pelo rosto dela, acariciando-o, limpando suas lágrimas. - Mas você se tornou uma pessoa que eu não conheço. Você se tornou um monstro.

Eu te odeio, Jaime quis dizer, mas não teve coragem. Cersei derramou algumas lágrimas e fez cara de nojo. O empurrou e gritou:

– Não preciso de você! Nunca precisei de você! Era pra eu ter me casado com Rhaegar. - Disse, em prantos. - Era pra eu ter lindos filhos com ele. Não com você. Você foi apenas meu prêmio de consolo!

Jaime fechou sua mão esquerda em punho. Foi na direção da mulher que agora ele não mais reconhecia. Bateu no rosto da mesma com sua mão de ouro, e Cersei deu um gemido de dor. Sangue começou a escorrer pelo seu nariz, e ela caiu no chão. Jaime subiu em cima da mesma, prendendo suas pernas e dificultando para a leoa respirar. Levou sua mão esquerda até o rosto de Cersei, sentindo os traços da sua bochecha fina, de sua boca rachada, e falou, por fim:

– Eu também não preciso de você, querida irmã.

E levou sua mão esquerda e a de ouro para a garganta de Cersei, apertando-a. A mesma arranhou o rosto de Jaime, e ele pôde sentir o sangue escorrendo. Tentou lutar em vão, e Jaime pôde ver as esmeraldas perdendo o brilho.

– Você... - Começou Cersei, tentando falar enquanto restava um pouco de vida. - É... Meu valonqar.

E a mesma perdeu a cor, morrendo embaixo de Jaime. O Lannister a olhou por alguns segundos, e se permitiu chorar. Mas não por essa mulher que matou, e sim por sua irmã que amou um dia.

Fechou os olhos. Estava com seus cabelos ensebados, olheiras enormes por baixo dos olhos, quatro arranhões na bochecha direita. Era o semblante do único homem que um dia amou Cersei.

Deu um beijo na bochecha esquerda de Cersei antes de se levantar. O fogo ainda queimava no quarto, deixando difícil de respirar. Nós viemos para esse mundo juntos, minha querida irmã. Mas eu não morrerei com você, decidiu.

Graças a Varys, o leão conhecia alguns esconderijos por trás das paredes da Fortaleza Vermelha, e usou-os para poder fugir de lá. Foi embora sozinho, fitando o chão ao andar, e ninguém o reconheceu.

Se recordou das últimas palavras de Cersei enquanto fugia da cidade. Você é meu valonqar. O que isso significa?, se perguntou. Sabia que nunca ia descobrir.
Estava fora de Porto Real quando ouviu os sinos tocarem, anunciando a morte de Cersei Lannister.


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Notas finais do capítulo

"Oh, sim. Ele dezesseis, e você três. De ouro será sua coroa, e de ouro sua mortalha. E quando suas lágrimas a afogar, o valonqar enrolará as mãos em sua pálida garganta branca e a estrangulará até roubar sua vida." - Maggy, a rã.
A idéia de Jaime aparecer no momento em que Cersei está queimando tudo, completamente louca, fazendo o irmão lembrar do Rei Aerys, foi idéia da Odd Ellie, ela deixou eu usar isso na minha fic. Obrigada!



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